Archive for 6 Outubro, 2013
U. Tomar – Centenário (II)
(“O Templário”, 03.10.2013)
No decurso de um período de mais de seis anos, desde a sua fundação, em Maio de 1914, até Janeiro de 1921, o União de Tomar terá certamente vencido alguns dos vários jogos-treino que iam sendo realizados, tendo por adversários, essencialmente, outros grupos de Tomar. Porém, a primeira vitória do União de que dispomos de confirmação documental escrita, por via dos jornais da época, é da referida data:
«Realisou-se no passado dia 23 Janeiro [de 1921] um desafio de Foot-Ball entre os grupos Victoria F.B. Club e União Caixeiros Thomar, sendo o resultado favorável ao U. C. T. por 3 bolas.»(1)
Dando mais um pequeno salto no tempo, na sequência da instituição da denominada “Liga Tomarense de Futebol”, na temporada de 1923-24 (época em que o União de Tomar, contudo, não participaria ainda na prova), a estreia unionista nessa competição viria a ocorrer apenas em Novembro de 1924, já na sua segunda edição, também assinalada pelo primeiro jogo de cariz oficial (dado a Liga Tomarense ser filiada na então União Portuguesa de Futebol, antecessora da actual Federação Portuguesa de Futebol) entre as duas principais agremiações desportivas de Tomar, com o triunfo sportinguista a saldar-se, desta feita, por um solitário tento:
«No passado dia 9 [de Novembro de 1924] realisou-se no Campo do Sporting o segundo desafio da primeira volta do campeonato de Tomar, entre Sporting e União. A chuva que durante o desafio, caiu torrencialmente não permitiu a qualquer dos grupos produzir o seu melhor, e assim assistimos mau grado nosso a um encontro em que predominou o pontapé para a fren[t]e e salvo raras excepções. […]
Pelo jogo desenvolvido tira-se por conclusão que o União tem poucos treinos, e os homens do Sporting que nos diziam formarem uma linha formidável, não conseguiram deslumbrar a assistência. […]
É marcado «corner» ao União que apontando por Picôto é transformado em «goal» por José da Silva, que ao dar a cabeça envia a bola á trave; levando porem efeito entra, quando o guarda-redes se encontrava encostado á balisa contraria.
O efeito deste «goal» produzido entre os homens do Sporting é de tal ordem que se abraçam mutuamente.
Obtido este ponto, os homens do Sporting tentam assentar jogo; porem, os homens do União atacam com inergia e invadem frequentemente o campo do adversário, não lhes sendo possível no entanto marcar.»(2)
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(2) Cf. “Eco Sportivo”, 23 de Novembro de 1924
O pulsar do campeonato – 2013-14 – 2ª jornada
(“O Templário”, 03.10.2013)
Não foi feliz o União de Tomar na sua partida de estreia da época em que comemora o seu centenário. Numa das suas mais longas deslocações neste campeonato, até ao sul do Distrito, a Pontével, onde não tinha boas recordações do encerramento da temporada anterior, o União – que vencera recentemente (há três semanas) a equipa pontevelense, em encontro a contar para a 16.ª edição do Torneio Fernando Matias, por 2-1, o que lhe proporcionara, aliás, a conquista desse troféu – não conseguiu, desta feita, evitar novo desaire, perdendo… por 1-2.
A demonstrar que “não há dois jogos iguais”, e que os encontros de cariz particular ou amigável são bem distintos da “competição a doer”, a turma unionista, pese embora tenha entrado em campo com uma boa disposição, cedo se veria em desvantagem, vítima de um lance de desconcentração defensiva, logo à passagem do quarto de hora.
Não acusando em demasia o tento sofrido, o União prosseguiria em boa toada; assim, por volta da meia de hora de jogo, num lance rápido de contra-ataque, com um jogador nabantino a isolar-se na direcção da baliza contrária, apenas seria travado em falta, mesmo antes de entrar na área de rigor… foi assim evitado o golo tomarense, mas tendo por “contrapartida” a expulsão do jogador do Pontével, que, desta forma, teria de actuar, durante mais de uma hora em inferioridade numérica.
Até final do primeiro tempo, a formação rubro-negra daria ideia de que a reviravolta no marcador poderia estar ao seu alcance, tendo desperdiçado mesmo uma soberana ocasião para repor a igualdade. Porém, logo a abrir a segunda metade do desafio, o lance culminante, de infelicidade para o União, resultando num auto-golo, que, conforme desde logo se poderia recear, viria a ser determinante no desfecho da partida. A perder por 0-2, a equipa, naturalmente, perderia boa parte da tranquilidade necessária, que lhe permitisse construir jogadas com “princípio, meio e fim” e, sobretudo, denotando alguma dificuldade na zona da concretização.
O golo que os unionistas tanto procuraram apenas surgiria a cerca de dez minutos do termo do encontro. Tarde demais; a partir daí, mesmo contando com cinco minutos de tempo de compensação, já pouco se jogaria, tantas e com tanta frequência foram as interrupções de jogo, com o Pontével, naturalmente, tentando perder o máximo de tempo útil, visando preservar este importante triunfo. Para o União, o sabor amargo da derrota, associado à sensação de que tinha condições para regressar a casa com um resultado positivo.
Nos outros jogos desta segunda ronda, destaque para a categórica margem da vitória do Mação em Abrantes (3-0), que possibilita aos maçaenses partilharem o comando, precisamente com o Pontével, únicas equipas a averbarem duas vitórias nas duas partidas iniciais da competição. Segue-se-lhes outro dueto, formado por Amiense e Fazendense; o grupo de Amiais de Baixo, depois da vitória, em terreno alheio, frente aos Empregados do Comércio, não foi agora além do empate (1-1) na recepção ao Cartaxo; já a turma de Fazendas de Almeirim, que começara por empatar em Coruche, recebeu agora e bateu, curiosamente, também aquela mesma equipa de Santarém (2-0).
O U. Chamusca, que registara um mau arranque, com o desaire caseiro ante o Pontével, surpreendeu agora com a vitória em Benavente (1-0); reparte o 5.º lugar com o Torres Novas, que, com um jogo a menos, fez também a sua estreia, vencendo, em casa, a vizinha formação do Assentiz (2-0).
Fruto dos dois empates obtidos, Cartaxo e Coruchense posicionam-se a meio da pauta classificativa. Na parte baixa da tabela, integrando um quarteto com apenas um ponto, situam-se, de forma algo imprevista, At. Ouriense e Benavente, e, porventura com menor surpresa, Assentiz e U. Abrantina. Finalmente, na cauda, ainda em branco no que respeita a pontos, U. Tomar (com um jogo a menos) e Empregados do Comércio.
Antes da antevisão da próxima jornada, uma breve referência aos resultados das equipas representantes do Distrito no Campeonato Nacional de Seniores, com o Alcanenense, venturoso, a ganhar ao Fátima com um golo já em período de descontos, enquanto o Riachense perdeu 2-3 em Leiria, com o União local. As formações de Alcanena (com um jogo em atraso) e Fátima, tendo somado 7 pontos em quatro jornadas, integram um trio que ocupa o 3.º lugar; o grupo de Riachos, com um único ponto somado, ocupa um outro terceto, o do fundo da tabela.
Na terceira ronda do Distrital, o União de Tomar recebe o Benavente, num desafio em que se deseja seja preservada a tranquilidade, e, se possível, com um triunfo unionista. O Mação, recebendo o Coruchense, poderá eventualmente isolar-se no comando, uma vez que o Pontével terá uma difícil deslocação até Assentiz. Nas restantes partidas, em que a tendência de equilíbrio parece imperar, com encontros de interesse, como são os casos, em particular, do U. Chamusca – Amiense e do Cartaxo – Fazendense, será difícil antecipar o desfecho, não obstante algum ligeiro favoritismo que possa ser atribuído a Torres Novas e At. Ouriense, que, contudo, actuarão ambos em terreno adversário, respectivamente frente a U. Abrantina e Empregados do Comércio.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 3 de Outubro de 2013)