O FLAGELO DO DOPING (X)
1 Setembro, 2006 at 6:12 pm Deixe um comentário
Em conclusão, não será porventura descabida a ideia de que – pelo menos em determinadas modalidades (em particular, no ciclismo, halterofilismo e atletismo) –, para além da ingestão de “suplementos vitamínicos”, o recurso a outras substâncias sintetizadas será generalizado a nível dos principais praticantes.
Todas as equipas de ciclismo de topo dispõem de equipas médicas que prescrevem aos seus atletas dietas, regimes alimentares e suplementos cientificamente estudados; a imagem que parece transparecer é que os ciclistas de alta competição “testam” diariamente os seus limites, não só os físicos ou fisiológicos, mas também os da validade (em termos de quantidade) da ingestão de substâncias cujo consumo excessivo é considerado ilegal; parece uma espécie de jogo do “gato e do rato”, em que se procura maximizar a utilização dessas substâncias, visando melhorar as capacidades físicas, até à fronteira determinada pelos índices estabelecidos pela legislação desportiva.
Já na década de 80, esta prática massiva fora “cientificamente” aplicada em particular às atletas e nadadoras da ex-RDA; a velocista Marita Koch, que estabelecera, ao longo da sua carreira, entre 1977 e 1987, diversos recordes mundiais e obtivera diversos títulos e medalhas olímpicas, admitiu ter sido dopada, numa prática sistemática nos atletas do seu país; outras atletas (de estafetas) requereram mesmo que o seu nome fosse retirado da lista de recordistas mundiais).
Com a queda do muro de Berlim, e consequentes alterações políticas a leste, nomeadamente com a absorção da RDA na Alemanha, assistiu-se, na década de 90, a uma transferência dessas práticas dopantes para atletas chinesas.
Num contexto de agressiva competitividade – inserido numa sociedade em que a meritocracia individual parece ser um valor cada vez mais relevante e em que as grandes proezas atléticas são pagas a “peso de ouro”, a par dos ainda maiores proventos decorrentes de contratos publicitários – o desporto mundial encontra-se portanto numa encruzilhada, em que a suspeita se generaliza de forma acelerada, tal a abrangência de casos entre os maiores atletas a nível mundial.
Como combater este flagelo, que desvirtua a verdade desportiva, quase obrigando a que o doping seja prática de adopção comum para que os principais competidores se defrontem em condições equitativas?
Qual o caminho a seguir quando tantos dos grandes campeões – quais “heróis” populares -, parecem denotar ser afinal ídolos de “pés de barro”?
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