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EQUADOR
Estado independente do Noroeste da América do Sul, com a área de 270 667 km2 e aproximadamente 13 000 000 habitantes. O Equador estende-se ao longo do Oceano Pacífico. Confina a sul e a este com o Peru, a norte com a Colômbia e a oeste com o Oceano Pacífico. A capital é Quito. A língua oficial é o espanhol e a unidade monetária é o sucre.
[…] Os territórios que formam hoje o Equador pertenceram primitivamente às tribos índias Caribes, Mayoides e Quíchuas. Os Caras, ou Quitus, submeteram esses povos e foram depois conquistados pelos Incas (nos fins do século XV). Os conquistadores espanhóis chegaram durante o reinado de Atahualpa (1532), mas só cerca de 1534, Sebastião Benalcázar iniciou a conquista do território. O domínio espanhol perduraria por três séculos.
[…] No fim do século XVIII e começo do século seguinte, as províncias espanholas da América foram agitadas pelo desejo de independência. Quito constituiu o primeiro governo autónomo da América (1809). Lá se reuniu, em 1811, o I Congresso dos Povos Livres, que declarou a total independência do Equador. Porém, a luta pela independência durou anos, associada ao movimento geral de insurreição capitaneado por Simão Bolívar, tendo sido um dos seus generais, A. José de Sucre, o vencedor da batalha decisiva, em Pichincha. Reconhecida a independência pela Espanha, o Estado de Quito foi integrado, com a Venezuela e a Colômbia, na Grande Colômbia. Esta desmembrou-se em 1830, formando-se três Estados soberanos, e só então surgiu o nome de Equador em vez do de Quito.
[…] Em 1859, o país quase soçobrava no caos, quando se impôs a figura controversa de Gabriel Garcia Moreno. Tomou em suas mãos um país caótico e encaminhou-o para a senda do progresso, tendo sido assassinado em 1875. O século XX iniciou-se com uma sucessão de governos autoritários. As dificuldades económicas e os problemas sociais levaram a uma crónica intervenção militar no processo político. Em 1941, o Peru invadiu o Equador e apoderou-se de uma parte do seu território amazónico.
[…] Ao longo da década de 70, a economia do Equador renasceu com os lucros do petróleo, embora sujeito às flutuações do seu preço, à altíssima taxa de inflação e a diversas catástrofes nacionais, como o dilúvio de 1983 e o sismo de 1987.
[…] Em 1995 o país retomou o velho conflito com o Peru relativo a 340 km2 de floresta supostamente rica em ouro, pacificado com a assinatura do acordo de paz de Itamarati. Em 2000, um golpe de Estado depôs o presidente Jamil Mahuadu Witt e o vice-presidente Noboa Bejarano assumiu o poder. Gutiérrez Bordua é o presidente do Equador desde 2003.
“A Enciclopédia”, edição Editorial Verbo, SA / Público, 2004
[2258]
COLÔMBIA
Estado do noroeste da América do Sul, com a área de 1 141 748 km2 e aproximadamente com 41 000 000 habitantes. Confina a norte com o Panamá e o mar das Caraíbas, a este com a Venezuela e o Brasil, a sul com o Peru e o Equador e a oeste com o Oceano Pacífico. A capital é Bogotá (Santa Fé de Bogotá). A língua oficial é o espanhol. A maioria (90 %) dos colombianos é católica. A unidade monetária é o peso.
[…] Os descobridores espanhóis Alonso de Ojeda (1499), Rodrigo de Bastidas (1500) e Cristóvão Colombo (1502) foram os primeiros a avistar terras de Colômbia, mas só em 1536 a 1538, com o nome de Nova Granada é que o território veio a ser conquistado pelos Espanhóis. Em 1538, G. Jiménez de Quesada chegou ao planalto da savana de Bogotá e funda a cidade de Santa Fé de Bogotá. Nova Granada ficou unida à Venezuela e ao Equador.
[…] A independência da Colômbia foi proclamada em 1811, graças ao génio militar e político de Bolívar. Mas as represálias espanholas não se fizeram esperar e só em 1819 foi criada a República da Colômbia. Após a morte de Bolívar (1830), a Grande Colômbia que compreendia os territórios do Equador, Venezuela e Panamá desfez-se com a independência do Equador e da Venezuela e em 1903 do Panamá. Portugal foi o primeiro país europeu a reconhecer a independência da Colômbia. Com autonomia e independência, a Colômbia viveu anos conturbados, vítima de sucessivas revoluções.
[…] Os partidos tradicionais mantiveram o seu poder até aos anos 90, mas o desassossego civil, a guerrilha entre os cartéis da droga não cessaram por todo o país, assumindo proporções espectaculares pelas implicações na ordem social e política, tendo sido necessário empreender, no terreno, uma verdadeira guerra, em que se evidenciou também a pressão de outros países, nomeadamente os EUA. Em Junho de 1991, o narcotraficante Pablo Escobar (do poderoso cartel de Medellin) rende-se às autoridades. Neste ano a nova constituição substitui a de 1886. O sistema político tem-se mostrado incapaz de pôr termo à insegurança generalizada provocada por raptos, assassínios e pela corrupção.
A Colômbia tem a maior tradição literária da América Espanhola. […] Um dos mais celebrados escritores contemporâneos é Gabriel Garcia Marquez (1928), autor da obra Cem Anos de Solidão, que foi galardoada com o Prémio Nobel da Literatura em 1982. […]
“A Enciclopédia”, edição Editorial Verbo, SA / Público, 2004
[2254]
CHILE
Estado da América do Sul, com a superfície de 756 626 km2 ocupando a vertente ocidental da cordilheira dos Andes, desde a fronteira do Peru à Terra do Fogo e uma população aproximada de 15 milhões de habitantes. Confina a Este com a Argentina, a norte com a Bolívia e o Peru e a oeste com o Pacífico. A capital é Santiago do Chile. A língua oficial é o espanhol e a unidade monetária é o peso.
[…] Fernão de Magalhães foi o primeiro ocidental a contactar com terra do Chile em 1520. O Chile entra na história com a chegada do capitão espanhol Diego de Almagro (1535-1536). Em 1540, outro capitão, Pedro de Valdivia seguiu o caminho do árido deserto de Atacama e chegou às margens do rio Mapocho. Em 1541, fundou a cidade de Santiago, que seria capital da província. Supersticiosos e primitivos, os araucanos possuíam, contudo, um verdadeiro génio militar, que se opôs com êxito aos Europeus em 1553, 1579 e 1598. No entanto, em 1600, o Chile tornou-se uma colónia espanhola e esse domínio durou cerca de dois séculos.
[…] Em 1810, procede-se à designação de uma Junta do Governo que abre caminho à independência do Chile. Presidida por Bernardo O’Higgins e com a ajuda do argentino San Martin, após as batalhas de Chacabuco (1817) e Maipo (1818), o Chile torna-se independente.
[…] Em 1833, instituiu-se uma Constituição que regeria o país até 1925. O Chile venceu a guerra entre 1879 a 1884 contra a Bolívia e o Peru, por motivos fronteiriços.
[…] Em 1970, Salvador Allende ganha as eleições presidenciais, tornando-se no primeiro chefe de Estado marxista de um país latino-americano. Allende prossegue uma política socialista de expropriações e nacionalizações que lesou diversos interesses, entre os quais norte-americanos, e provocou graves problemas económicos e um descontentamento generalizado e, em 1973, após um período particularmente agitado, eclodiu um golpe militar – a que Allende não sobreviveria –, encabeçado pelo general Augusto Pinochet, que derrubou o governo vigente e reprimiu duramente os seus apoiantes.
[…] Em 1981 foi aprovada uma nova constituição (revista em 1989 e 1991), e em 1988, realizou-se um referendo nacional que decidiu a realização de eleições livres em 1990, altura em que Pinochet é substituído por Patrício Aylwin, um democrata-cristão que procede à liberalização do regime e consolida os êxitos económicos do país, sem que o velho general deixe de permanecer figura tutelar do regime. Em 1994, Eduardo Frei Ruiz-Tagle, também democrata-cristão e apoiado pela esquerda moderada, é eleito presidente do Chile, confirmando a chefia de Pinochet como líder do exército até 1997. Desde 2000 que Ricardo Lagos Escobar é o presidente chileno.
[…] Seguem-se os três expoentes máximos da poesia chilena: Vicente Huidobro (1893-1948), criador do «imaginismo», Gabriela Mistral (1899-1957, Prémio Nobel em 1945) e Pablo Neruda (1904-1973, prémio Nobel em 1971), cujas obras se difundiram pelo mundo inteiro. […] Mais recente é a obra de Isabel Allende e de Luís Sepúlveda.
“A Enciclopédia”, edição Editorial Verbo, SA / Público, 2004
[2251]
BRASIL
A República Federativa do Brasil é o maior país do mundo latino e um dos maiores do Globo, com uma superfície de 8 511 965 km2 e cerca de 175 000 000 habitantes. Confina com todos os Estados sul-americanos, exceptuando o Chile e o Equador: com o Uruguai a Sul, a Argentina, o Paraguai e a Bolívia a sudoeste, com o Peru a oeste, com a Colômbia a noroeste, com a Venezuela, a Guiana, o Suriname e a Guiana Francesa a norte. Ocupa cerca de metade do continente sul-americano e é um dos cinco maiores países do mundo.
[…] O grito do Ipiranga – Independência ou morte! – dado por D. Pedro, príncipe regente, em 7.9.1822, significou, assim, uma simples consequência da política joanina, embora habilmente trabalhada por José Bonifácio, a princesa D. Leopoldina e os patriotas, pois então D. João VI já regressara à Europa, por imposição da Revolução de 1820. Proclamada a independência, foi o Brasil erigido a império e o príncipe regente coroado imperador como D. Pedro I. Na curta história do primeiro reinado, desenrolaram-se os acontecimentos da Guerra da Independência, da Constituição de 1824 e da Revolução Pernambucana (1824), que o jovem imperador pôde conduzir com felicidade, porquanto obteve de Portugal o reconhecimento da independência, outorgou uma Constituição ao Império e fez executar os rebeldes de 1824.
[…] Os sucessos da morte da imperatriz D. Leopoldina, do mau destino da Guerra da Prata, do agravamento da situação financeira do país, a par da ocorrência de choques entre lusos e brasileiros e da regência de ministérios instáveis comprometeram deveras a posição de D. Pedro I, que se viu obrigado a abdicar do trono em favor de D. Pedro de Alcântara, então criança de 5 anos (7.4.1831).
[…] Com a declaração da maioridade de D. Pedro II, inaugurou-se em 1840 o segundo reinado, sob o ceptro de um monarca sensato. […] Em 1870, divulgaram os republicanos o seu famoso Manifesto, logo seguido da Convenção de Itu (1873), com que partiram para a luta contra a monarquia. O desgosto de boa parte da oficialidade do exército (Questão Militar), o abandono pelo clero da sua devoção à coroa em virtude dos infelizes eventos da Questão Religiosa (1872-1875) e, principalmente, a alienação pela classe agrícola da causa monárquica, motivada pela cruzada abolicionista – que redunda na libertação dos escravos, pela Lei Áurea, de 13.5.1888, assinada pela princesa D. Isabel –, precipitaram a proclamação da república, em 15.11.1889, pelo marechal Deodoro da Fonseca.
Podemos considerar três fases distintas na história republicana: a da chamada República Velha (1889-1930), com os seus 10 quadriénios presidenciais; a da República de 1930 – dos governos de Getúlio Vargas –, encerrada em 1945; e a da 3ª República, iniciada em 1946, com a promulgação da quarta Constituição Republicana, até aos nossos dias.
“A Enciclopédia”, edição Editorial Verbo, SA / Público, 2004
[2247]
BOLÍVIA
A Bolívia tem uma superfície de 1 098 581 km2 e uma população de cerca de 8 450 000 habitantes, tendo fronteiras com o Brasil, a Norte e a Este, com o Paraguai, a Sudeste, com a Argentina, a Sul, e com o Chile, a Sudoeste.
A capital administrativa localiza-se em La Paz, sendo a capital constitucional em Sucre. As línguas oficiais são o espanhol, o quéchua e o aimara.
Do século V a. C. ao século XIII d. C. floresceu no actual território boliviano a civilização de Tiahuanaco. Nos começos do século XIII a Bolívia foi incorporada no Império Inca.
Em 1536, o Alto Peru foi conquistado pelos espanhóis, tendo deste modo caído o último reduto dos Incas. Em 1552 teve início a primeira diocese criada em território boliviano. As minas de prata de Potosi, descobertas em 1545, contribuíram para o desenvolvimento da colónia, que até 1776 dependeu do vice-reino de Lima, sendo então integrada no vice-reino do Rio de la Plata.
Após algumas tentativas insurreccionais, como a dos Tupac Katari (1770) e Tupac Amaru (1780), as expedições militares de A. J. Sucre e S. Bolívar, vitoriosos dos espanhóis em Ayacucho (1824), levaram à independência do Alto Peru, em 1825, que tomou o nome de Bolívia (em homenagem ao seu libertador).
Não tem sido pacífica nem gloriosa a história deste país. De 1825 a 1860 teve 11 constituições políticas e 70 presidentes; nos seus primeiros 160 anos de existência conheceu cerca de 200 revoluções.
De 1825 a 1935 a Bolívia perdeu 54 % do seu território; após uma guerra com o Chile (1879-1884), teve de ceder-lhe todo o litoral do Pacífico (120 000 km2) – Antofagasta e Atacama; em 1903, viu-se obrigada a entregar ao Brasil o território do Acre e parte do Mato Grosso; depois de uma guerra com o Paraguai (1932-1935), viu-se privada do território do Chaço (rico em petróleo).
A Bolívia tem sido periodicamente abalada por reivindicações dos mineiros índios contra as grandes empresas e palco de lutas conduzidas por guerrilheiros revolucionários, das quais o caso Régis Debray e a captura e morte de «Che» Guevara são os episódios mais conhecidos.
A nível cultural, destaque para a música; a Bolívia possui duas correntes bem diferentes: por um lado, o trepidante ritmo da música espanhola semelhante à de outros países da América Latina e, por outro, a música dos planaltos, de origem índia, lenta e triste, cujo principal instrumento é a flauta de cana, dos pescadores do lago Titicaca.
“A Enciclopédia”, edição Editorial Verbo, SA / Público, 2004
[2236]
ARGENTINA
A Argentina é o país mais meridional da América do Sul, dispondo de uma superfície de 2 780 092 km2 (3 694 km de comprimento e largura a variar entre 400 km e 1 460 km) e uma população de cerca de 37 milhões de habitantes.
Faz fronteira com o Chile a Oeste e a Sul (no extremo do continente), com a Bolívia e o Paraguai a Norte e com o Brasil e o Uruguai a Este, tendo também costa atlântica a Sudeste.
É uma união federal, formada por 22 províncias, sendo Buenos Aires a capital, com uma população de cerca de 13 milhões de habitantes na sua área metropolitana. As principais cidades são Córdoba, La Matanza, Rosário, Mar del Plata, La Plata e Tucumán. A língua oficial é o castelhano.
O espanhol J. Diaz de Solis chegou ao estuário do Rio da Prata em 1516, tendo Pedro Mendoza fundado Santa Maria del Buen Aire em 1536. Após ataque dos índios, seria reconstruída em 1580, por Juan de Garay, passando a ter a denominação de Buenos Aires.
O território argentino foi dependente do vice-reino de Lima até 1776, altura em que foi criado o vice-reino do Rio da Prata. O vice-rei espanhol do Rio da Prata seria deposto em 1810, vindo José de San Martín a proclamar a independência da Argentina em 1816, no Congresso de Tucumán.
Em 1835, o general Rosas instaura uma ditadura, a qual se prolonga até 1852. Em 1880, Buenos Aires passa a ser a capital federal, iniciando-se então a chegada de numerosos emigrantes europeus.
A partir de 1930, o país entra em crise, até que, em 1946, Juan Domingo Péron inicia um período de ditadura com o apoio dos “descamisados”, as camadas mais pobres da população, beneficiando de reformas sociais, da partilha das grandes propriedades rurais e, sobretudo, da popularidade da mulher, Eva Péron.
Entrando em conflito com a Igreja Católica, acabaria por ser derrubado pelo exército em 1955. De 1955 a 1972, o país passou por uma série de governos instáveis, principalmente de cariz militar, os quais seriam também depostos por golpe militares.
Em 1973, procurou institucionalizar-se a democracia, com o regresso de Péron, na sequência das eleições presidenciais de 1973. Péron viria a ser substituído pela viúva, Isabel Péron (sua segunda mulher), criando-se contudo um clima de guerrilha que originaria novo golpe de Estado em 1976, impondo-se novamente o regime militar, liderado sucessivamente pelos generais Jorge Rafael Videla, Roberto Viola e Leopoldo Galtieri.
Na sequência da ocupação das Ilhas Malvinas (Falkland), a Argentina entrou em guerra com o Reino Unido. A forte derrota sofrida em 1982, conduziria à instauração de um regime de cariz democrático, sucedendo-se como presidentes Raul Alfonsin, Carlos Menem, após o que o país entrou num período de grave crise económica e política, de que procura actualmente sair.
Os grandes nomes da cultura no país foram: José Hernández (1834-1886), Jorge Luís Borges (1899-1986), Júlio Cortázar (1914-1984) e Ernesto Sábato (1911), todos na literatura; e, na música, Carlos Gardel (1887-1935) e Astor Piazzola (1921-1992).
“A Enciclopédia”, edição Editorial Verbo, SA / Público, 2004
[2233]
INDEPENDÊNCIAS SUL-AMERICANAS (VI)
A independência hispano-americana não teve como única consequência política o estabelecimento de governos republicanos e constitucionais em lugar da monarquia Borbónica espanhola.
Em 1830, os territórios que haviam estado submetidos à coroa espanhola dividiam-se em 11 nações, número que, em 1903 (com a desintegração final da América Central, a independência da R. Dominicana e Cuba e a criação do Panamá por cisão da Colômbia) ascenderia a 18, marcando um forte contraste com a unidade preservada na América portuguesa e com a união federal que as colónias inglesas na América haviam estabelecido sob a égide dos Estados Unidos, no final do século XVIII.
Não obstante a história comum de conquista, colonização e governo imperial, e pese a existência de uma língua e um património cultural comuns, a América espanhola desintegrar-se-ia por completo.
Factores geográficos e históricos explicam a desagregação da América. A complexidade do território contribuiu para a separação e formação de núcleos populacionais com sentimentos locais.
A aparente unidade formal da colónia, acabou por revelar-se uma variedade a nível de diversidade racial e, particularmente, de estruturação económica, acabando por resultar no nascimento de nações que quase repetiam o antigo quadro da divisão administrativa colonial, até na demarcação das suas fronteiras, tão vagas e imprecisas com outrora, originando conflitos internacionais e ajustes territoriais durante o século XX.
[2230]
INDEPENDÊNCIAS SUL-AMERICANAS (V)
Tendo presente o carácter regional ou local que o movimento político adquiriu desde o início, começou a exercer-se uma soberania em termos regionais, em torno das capitais dos vice-reinados.
A ideia da união defendida por Simão Bolívar, San Martín, Hidalgo, entre outros, evocando a Monarquia e o Império, viria a ser derrotada.
Bolívar defendia a união como forma de defesa do Continente, e sobretudo, devido aos interesses comuns e às afinidades culturais.
Em 1824, convidaria o Peru, Colômbia, México, Guatemala, Rio de la Plata e Chile a constituir uma Confederação. Os representantes dos 4 primeiros reuniram-se no Congresso do Panamá em Junho de 1825, mas os seus acordos não vingariam em termos históricos.
Ao contrário, assistir-se-ia a um processo de desagregação: nações confederadas durante a Guerra da Independência, como a “Grande Colômbia”, separar-se-iam em 1830, originando diferentes nações: Venezuela, Colômbia e Equador; ao mesmo tempo que Regiões unidas administrativamente desde os tempos da colonização, como a Capitania Geral e a Guatemala, converter-se-iam em 5 países independentes: Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua e Costa Rica.
[2227]
INDEPENDÊNCIAS SUL-AMERICANAS (IV)
A reacção absolutista de 1814 manifesta-se com o regresso ao poder de Fernando VII, que ignora a Constituição Liberal de 1812, inaugurando uma política de “pacificação” da América, o que culminaria numa resposta americana (dominada pela burguesia crioula), com a propagação dos ideais independentistas, a partir do Vice-Reino de Nova Granada e no Vice-Reino do Prata, transformando-se em “Guerras patrióticas de libertação”, iniciadas em dois sentidos:
(i) a partir do Norte, lideradas por Simão Bolívar, expulsando os espanhóis da Colômbia, Venezuela e do Equador;
(ii) a partir do Sul, sob o comando de San Martín, libertando a Argentina, o Chile e o Peru; a vitória de Ayacucho, em 1824, colocaria termo ao domínio espanhol na América.
O movimento liberal espanhol de 1820 voltaria a impor a Constituição de 1812, impedindo a vontade real de enviar fortes contingentes militares para novamente “pacificar” a América.
Alcançada a independência, surgiu a necessidade de organização, colocando-se como questão prévia prioritária resolver o problema das nacionalidades: criar uma única ou várias nações?
[2223]
INDEPENDÊNCIAS SUL-AMERICANAS (III)
As invasões francesas aceleraram a decadência da Coroa Espanhola. A crise monárquica de 1808, provocada pela abdicação de Fernando VII e Carlos IV a favor do irmão de Napoleão (José Bonaparte), cuja reacção foi o movimento “Juntista”, quer em Espanha, quer na América – tornando-se a América espanhola, por lei de 1809, parte integrante da Coroa –, levaria a que, de uma atitude inicial de fidelidade, se derivasse gradualmente até à autonomia separatista, por via das influências dos ideais revolucionários.
Os combates agudizavam-se, em particular nas zonas de grande implantação de forças espanholas, como o México e o Vice-Reino de Nova Granada (Venezuela, Colômbia, Equador e Panamá).
Ao invés, o Paraguai, com o golpe de José Gaspar Francia, declarava a independência em 1811, sem que chegasse a haver um conflito aberto.
À excepção do Vice-Reino da Prata (Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia), os realistas espanhóis conservariam uma posição dominante até 1814.
Em Maio de 1814, em manifesto dirigido aos americanos, estes eram intimados a depor a sua atitude de rebeldia e a submeter-se ao Rei – pretendendo retornar-se à situação de 1810, ignorando o ocorrido durante o período de ausência do trono do monarca -, apoiando-se em contingentes militares enviados para o México e Venezuela.
[2221]



