Posts filed under ‘“Blogosfera” em 2006’

BLOGOSFERA EM 2006 (X)

Integrado no programa das “Comemorações do Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor“, realiza-se a 21 de Abril uma mesa redonda com a designação “Webblogs: o autor/editor”, moderado por Isabel Goulão (Miss Pearls), com a participação de: Francisco José Viegas (A Origem das Espécies), Catarina Campos (100nada), João Villalobos (Prazeres Minúsculos), Rui Branco (Adufe) e Ana Cláudia Vicente (Quatro Caminhos).

Estiveram em debate temas como:
– A dicotomia autor/editor e a questão da validação dos conteúdos;
– Novos caminhos da informação e de debate;
– O uso integrado das tecnologias ao serviço da criatividade;
– O uso de blogues na educação e no desenvolvimento do gosto pela escrita.

O dia 25 de Abril marca o fim de “O Vilacondense”.

No dia seguinte, após um interregno de mais de 2 anos, dava-se o regresso (por pouco tempo… apenas até 1 de Agosto) de um dos melhores blogues da fase de grande “explosão” da blogosfera, em 2003, nomeadamente para promover o livro lançado pouco tempo depois, com uma selecção de textos do “Desejo Casar“:

Como é que se reabre um blogue? Indo directamente ao assunto. Informando que, quase três anos depois do fecho do estabelecimento, voltamos a desejar casar. Pelo menos por uns meses. Assumindo que, para além de querermos saber uns dos outros, trazemos um objectivo interesseiro no enxoval da noiva – o lançamento de um livrinho que reúne algumas das coisas que aqui fomos publicando (o Luís, responsável pela selecção da tralha, dirá quando e onde). Fazendo notar que, se virmos bem, o mundo não mudou assim tanto desde que fechámos a loja: continua a haver solidão, parquímetros e o Mário Crespo. Como é que se reabre um blogue? Voltando a dar-lhe corda. Enchendo o depósito. Chamando o resto da turma. Arrumando a pistola no saco. Perdendo a vergonha na cara.”

A 27 de Abril, era apresentado novo blogue do Público, da autoria de José Milhazes, correspondente na Rússia.

No mesmo dia dava-se o lançamento em livro do “Jaquinzinhos”, de João Caetano Dias, reunindo uma selecção dos melhores textos publicados no blogue “sulista, sportinguista e liberal”

O final do mês de Abril coincide com o termo do Bombyx-Mori.

1 Dezembro, 2006 at 12:55 pm Deixe um comentário

BLOGOSFERA EM 2006 (IX)

A 20 de Abril, Pacheco Pereira escreve uma crónica no “Público”, sob o título “A fauna das caixas dos comentários”, abordando a questão dos comentadores anónimos nos blogues.

A fauna das caixas dos comentários
José Pacheco Pereira

“A Rede está a mudar tudo, a criar coisas novas, a realizar outras muito antigas que as tecnologias até agora existentes ainda não permitiam e a dar eficácia a velhos, e muitas vezes maus, hábitos que existiam no mundo exterior e agora passam para o mundo interior da Internet. Alguns casos recentes voltaram de novo a mostrar a Internet sob uma luz pouco amável, bem preconceituosa aliás, porque nada do que lá se faz se deixou de fazer cá fora. O que há é um upgrade tecnológico no crime, que a Rede melhora e nalguns casos favorece pela sua acessibilidade e universalidade. São estes os múltiplos exemplos da chamada “fraude nigeriana”, ou os casos de que leva os incautos a fornecerem palavras-passe de acesso a contas bancárias; os casos de “cyberstalkers”, pessoas que perseguem outras cujo nome e morada aparece na Internet. Isto tudo depois da pedofilia, e de outras utilizações criminosas da Rede.

O que é novo na Rede, quer na “normal” quer na criminosa, são as características psicológicas especificas do mundo em linha, em especial a exploração da fronteira, mais ténue do que parece, entre a realidade e a virtualidade. E isso traz elementos novos como se vê se analisarmos para além do crime em si. Um caso actual é o do assassinato de uma menina de 10 anos, por um autor do blogue chamado “Strange Things are Afoot at the Circle K.”, que tinha feito pouco antes um comentário sobre canibalismo. O que há de novo neste caso e no interesse mediático sobre ele, é que em vez de um diário em papel, ou escritos mais ou menos dementes ou geniais, como era o caso pré-Internet do Unabomber, agora, quase de imediato, todos se voltam para o blogue, para o perfil do blogue, para o rastro na Rede do putativo criminoso. A Rede fica indissociável da nova identidade das coisas, como se entre o mundo virtual e o real a teia fosse completa. E, se calhar, é.

Mas não é este apenas o único aspecto interessante, há outro para que não se tem chamado a atenção: o mundo muito próprio dos que escrevem sobre textos alheios nas caixas de comentários dos blogues ou de órgãos de comunicação em linha. O Things are Afoot at the Circle K. continua em linha e tem, à data em que escrevo, 644 comentários na última nota escrita pelo seu autor, todos eles posteriores ao conhecimento do crime. O blogue continua vivo mesmo depois da prisão do seu autor.

Mas os 644 comentários empalidecem face aos portugueses 1321 comentários do Semiramis cuja anónima autora teria morrido de morte súbita, suscitando as mais contraditórias versões na própria caixa de comentários do blogue. Deixando de parte a polémica sobre as caixas de comentários abertas ou moderadas, ou sobre a sua própria utilidade e valor, deixando de lado também a história pessoal inverificável do que aconteceu à sua autora (ou autor?) anónimo, o interessante é registar que o que há nesse blogue é uma comunidade que aproveita o “lugar” para se encontrar. A caixa de comentários tornou-se numa espécie de chat, que parasita a notoriedade do blogue, como já acontecera no Espectro com os seus finais 494 comentários, onde as pessoas se encontram numa pequeníssima “aldeia global”, que tomam como sua.”

“O comportamento destas pessoas-em-linha é compulsivo, eles “habitam” nas caixas de comentários que são a sua casa. Deslocam-se de caixa para caixa de comentário, deixando centenas de frases, nos sítios mais díspares, revelando nalguns casos uma disponibilidade quase total para comentar, contra-comentar, atacar, responder, mantendo séries enormes que obedecem à regra de muitos frequentadores desta área da Rede: horário laboral na maioria dos casos, quebra no fim-de-semana e nos feriados. São pessoas que estão a escrever do seu local de trabalho ou de estudo, de empresas ou de escolas, onde tem acesso à Internet. Há no entanto, alguns casos de comentadores caseiros e noctívagos, que só podem estar a escrever noite dentro, como era o caso nos primeiros anos da blogosfera portuguesa, antes de se democratizar. É um fenómeno aparentado com muitas outras experiências comunitárias na Rede, mas está longe de ser o mundo adolescente dos frequentadores do MySpace ou dos “salas” de conversa virtual.

No caso português, os comentadores não parecem ser muitos, embora a profusão de pseudónimos e nick names, dê uma imagem de multiplicidade. São, na sua esmagadora maioria, anónimos, mas o sistema de nick names permite o reconhecimento mútuo de blogue para blogue. Estão a meio caminho entre um nome que não desejam revelar e uma identidade pela qual desejam ser identificados. Querem e não querem ser reconhecidos. É o caso da “Zazie”, do “Euroliberal”, do “Sniper”, do “Piscoiso”, “Maloud”, “Bajoulo” “Xatoo”, “Atento”, Dasanta”, “José”, “e-konoklasta”, “Cris”, “Sabine”, “José Sarney”, “anti-comuna”, etc,, etc. Trocam entre si sinais de reconhecimento, cumprimentam-se, desejam-se boas férias, e formam mini-comunidades que duram o tempo de uma caixa de comentários aberta e activa, o que normalmente dura pouco. Depois migram para outra, sempre numa tempestade de frases, expressando acordos e desacordos, simpatias e antipatias, quase sempre centrados na actividade de dizer mal de tudo e de todos.

Imaginam-se como uma espécie de proletariado da Rede, garantes da total liberdade de expressão, igualitários absolutos, que consideram que as suas opiniões representam o “povo”, os “que não tem voz” os deserdados da opinião, oprimidos pelos conhecidos, pelos célebres, pelos “sempre os mesmos”. São eles que dizem as “verdades”. Mas não há só o reflexo do populismo e da sua visão invejosa e mesquinha da sociedade e do poder, há também uma procura de atenção, uma pulsão psicológica para existir que se revela na parasitação dos blogues alheios. Muitos destes comentadores têm blogues próprios completamente desconhecidos, que tentam publicitar, e encontram nas caixas de comentários dos blogues mais conhecidos uma plataforma que lhes dá uma audiência que não conseguem ter.

Não são bem “Trolls”, sabotadores intencionais, mas têm muitas das suas formas perturbadoras de comportamento. A sua chegada significa quase sempre uma profusão de comentários insultuosos e ofensivos que afastam da discussão todos os que ingenuamente pensam que a podem ter numa caixa de comentários aberta e sem moderação. Quando há um embrião de discussão, rapidamente morto pela chegada dos comentadores compulsivos, ela é quase sempre rudimentar, a preto e branco, fortemente personalizada e moralista: de um lado, os bons, os honestos, os dignos, do outra a ralé moral, os ladrões, os preguiçosos que vivem do trabalho alheio, e dos impostos dos comentadores compulsivos presume-se. O que lá se passa é o Far West da Rede: insultos, ataques pessoais, insinuações, injúrias, boatos, citações falsas e truncadas, denúncias, tudo constitui um caldo cultural que, em si , não é novo, porque assenta na tradição nacional de maledicência, tinha e tem assento nas mesas de café, mas a que a Rede dá a impunidade do anonimato e uma dimensão e amplificação universal.

O que é que gera esta gente, em que mundo perverso, ácido, infeliz, ressentido, vivem? O mesmo que alimenta a enorme inveja social em que assentam as nossas sociedades desiguais (por todo o lado existe este tipo de comentadores), agravada pela escassez particular da nossa. Essa escassez não é principalmente material, embora também seja o resultado de muitas expectativas frustradas de vida, mas é acima de tudo simbólica. Numa sociedade que produz uma pulsão para a mediatização de tudo, para a espectacularização da identidade, para os “quinze minutos de fama” e depois deixa no anonimato e na sombra os proletários da fama e da influência, os génios incompreendidos, os justiceiros anónimos, o “povo” das caixas de comentários, não é de admirar que se esteja em plena luta de classes.”

Inevitavelmente, seria acesa a polémica provocada na blogosfera por este artigo, de que são exemplos – para além… dos comentários (via e-mail) no Abrupto -, estas entradas no Blasfémias (de Gabriel Silva, de João Caetano Dias e de Rui Albuquerque), mas igualmente na Grande Loja do Queijo Limiano (também aqui e aqui), no Tugir, e ainda de alguns dos visados (Zazie e Sabine), entre muitos outros.

30 Novembro, 2006 at 8:55 am Deixe um comentário

BLOGOSFERA EM 2006 (VIII)

A 18 de Abril é anunciada a criação de um fórum sobre Podcasting e Podcasts para a Comunidade Portuguesa, visando disponibilizar informação sobre os vários podcasts portugueses, onde seria possível encontrar anúncios de novos programas, notícias sobre podcasting e até alguns contactos de podcasters.

Numa evocação lançada pelo Rua da Judiaria e Miniscente, e debatida, entre outros, pelo AdufeA Origem das EspéciesQuase em Português e Tugir, relembra-se, a 19 de Abril, o 5º centenário do “Pogrom de Lisboa”.

“No “pogrom” de Lisboa de 19 de Abril de 1506, durante o reinado do Rei Manuel I de Portugal, um “cristão-novo” (judeu obrigado a converter-se ao catolicismo sob pena de morte) expressa as suas dúvidas sobre as visões milagrosas na Igreja de S. Domingos em Lisboa. Como consequência, cerca de 4000 judeus, homens, mulheres e crianças, foram massacrados pela população católica, incitados por frades dominicanos. Os judeus foram acusados entre outros “males”, de deicídio e de serem a causa da profunda seca que assolava o país. A matança durou três dias. No seguimento deste massacre, do clima de crescente Anti-Semitismo em Portugal e do estabelecimento da Inquisição, (o tribunal da Inquisição entrou em funcionamento em 1540 e perdurou até 1821) muitas famílias judaicas fugiram do país.”

Para além das “polémicas” (também aqui), é fundamental ler as entradas no “Rua da Judiaria” (O Massacre de Lisboa – I, II, III, IV, V, VI e VII).

O Público assinalava a data, referindo a iniciativa de Nuno Guerreiro (Rua da Judiaria):

Judeus assinalaram 500 anos de massacre “esquecido” em Lisboa 
19.04.2006 – 22h19   Lusa

Uma oração hebraica e algumas velas acesas junto a uma oliveira marcaram hoje a evocação dos 500 anos do massacre de milhares de judeus em Lisboa, em que participaram algumas dezenas de membros da comunidade judaica. No largo de São Domingos, vários judeus, alguns usando o tradicional “kippah” na cabeça, juntaram-se em oração lembrando o “pogrom”, o massacre que começou na igreja que ali se encontra, seguindo um apelo lançado pelo blog Rua da Judiaria. […]”

Também o Diário de Notícias evocava a data, com o artigo “500 anos para lembrar e pedir perdão”:

Sejamos honestos… Há alguém que goste de judeus?” A frase não é de um dos frades dominicanos que terão incitado as gentes lisboetas ao massacre de 4 mil cristãos-novos, em 1506, durante a “semana santa”. Não tem cinco séculos, nem sequer um: é de há dias, escrita na Internet como comentário anónimo à iniciativa de Nuno Guerreiro Josué, que no seu blogue ruadajudiaria.blogspot.com propôs o assinalar da data com uma vigília no Rossio. […]”

29 Novembro, 2006 at 8:58 am Deixe um comentário

BLOGOSFERA EM 2006 (VII)

A 10 de Abril, na sequência do termo d’O Acidental, Paulo Pinto Mascarenhas lançava o ABC, “em trânsito” para a sua fixação “exclusiva” no blogue da Revista Atlântico, a partir de 27 de Junho.

Iniciava-se também o “Blasfémias Médicas”, blogue temático, especialmente dedicado a assuntos de medicina – então anunciado como o primeiro de uma futura «Rede Blasfémias»; a 23 surgiria o “Vídeo Blasfémias“, especialmente dedicado a filmes e imagens animadas.

A 13, o Kontratempos resolve promover a divulgação de actos administrativos que podem ser desburocratizados na função pública, “pequenos obstáculos que surgem na vida de todos os dias e que as medidas mais macro do governo dificilmente conseguirão eliminar”.

No dia 15, em artigo no Público, João Pedro Pereira aborda os “Novos caminhos da Internet”:

Nós, a Rede
15.04.2006 – 08h53 : João Pedro Pereira

“Antes, a Internet era um sítio onde os utilizadores entravam e permaneciam temporariamente. Um parêntesis na vida real, que decorria off-line. Hoje, as pessoas têm uma identidade online, partilham fotografias e vídeos, discutem as notícias, colocam os pensamentos e episódios privados ao alcance de um qualquer motor de busca. “A nossa vida está online e parece que isso interessa aos desconhecidos”, explica José Luís Orihuela, professor na Universidade de Navarra, em Espanha, e autor do blogue eCuaderno. O crescente ritmo de adesão, ao nível social das tecnologias de informação, está a contribuir para um processo imparável de digitalização e virtualização de muitas das nossas experiências quotidianas”, defende Orihuela, para quem o correio electrónico, os chats, os sistemas de mensagens instantâneas, entre outros, “mudaram as práticas sociais e comunicativas”.

A World Wide Web representa uma fatia significativa destas novas formas de socialização. Nascem todos os dias serviços que tornam a Web num espaço de interacção e são cada vez mais aqueles que acorrem aos chamados sites de “social networking” para manter contacto com amigos ou para travar novos conhecimentos, através de um sistema que permite “conhecer” os amigos dos amigos e assim formar uma rede digital de amizades.

Números de um estudo recente levado a cabo nos EUA dão conta da importância crescente desta chamada “Web social”, que faz parte daquilo que muitos especialistas definem como “a segunda geração da Web”. Enquanto os tradicionais gigantes on-line, como o portal Yahoo! ou a leiloeira eBay, mantiveram praticamente inalterados os seus números de acessos, o Blogger (o serviço de blogues do Google), a Wikipédia (uma enciclopédia que qualquer um pode alterar) ou o MySpace (um site de “social networking”) cresceram, respectivamente, 528, 318 e 275 por cento entre 2004 e 2005.

Este recente boom da Web social está relacionado com o aparecimento de ferramentas que permitem que qualquer pessoa comunique, publique e coopere de forma simples, considera Orihuela. “A chamada “Web social” não é mais do que “a Web das pessoas”, aquilo que esta sempre deveria ter sido: um espaço para a criação colectiva de conhecimento, para a cooperação no trabalho à distância e para a publicação à escala universal de todo o tipo de conteúdos.”

A ideia de usar o mundo on-line como um espaço social está, contudo, longe de ser nova. Mas, antes, a Internet era “uma outra vida, onde as pessoas representavam” e se escondiam atrás do nick ou avatar (o nome que se dá à imagem usada pelos utilizadores de chats ou fóruns para se identificarem), explica Paulo Querido, autor do livro Amizades Virtuais, Paixões Reais e co-autor do site DoMelhor.net, no qual os utilizadores escolhem, comentam e votam nas melhores notícias. “Hoje não há duas vidas”, refere. “E as pessoas já não têm a mesma necessidade de ter nicks.”

Inspirados pela filosofia da Web social e pelos potenciais lucros gerados pelas visitas diárias de milhares de utilizadores, surgem constantemente novos serviços destinados a todo o tipo de nichos: mapas que permitem assinalar as casas dos amigos, agendas on-line para que qualquer pessoa possa saber quais os compromissos de outra, sistemas para partilha de sites favoritos ou páginas onde é possível seguir comentários deixados em weblogs e as respectivas respostas. “Estamos a descobrir uma verdade elementar da nossa espécie”, diz Orihuela. “As pessoas querem comunicar e cooperar umas com as outras. Hoje, finalmente, dispomos de ferramentas para o fazer à escala planetária”.”

28 Novembro, 2006 at 8:02 am Deixe um comentário

BLOGOSFERA EM 2006 (VI)

É então apresentado pelo Governo o programa “Simplex”, um conjunto de 333 medidas de desburocratização, que, naturalmente, viria a ser amplamente debatido na blogosfera.

A 2 de Abril, é anunciado o fim d’O Acidental.

No dia 5, no Abrupto, numa iniciativa inédita na blogosfera portuquesa, inicia-se a pré-publicação de uma edição da “Guerra & Paz Editores”, excertos do novo livro de Agustina Bessa-Luís.

No mesmo dia, Clara Ferreira Alves publica artigo no “Diário Digital”:

“Os jornais ainda não encontraram a fórmula para combater os seus dois inimigos, a televisão e a net, incluindo esse novo mundo da blogosfera, que será em breve um velho mundo e sofrerá o seu backlash. A blogosfera é um saco de gatos que mistura o óptimo com o rasca e acabou por tornar-se um prolongamento do magistério da opinião nos jornais. Num qualquer blogger existe e vegeta um colunista ambicioso ou desempregado ou um mero espírito ocioso e rancoroso. Dantes, a pior desta gente praticava o onanismo literário e escrevia maus versos para a gaveta, agora publicam-se as ejaculações. Mas, sem querer estar aqui a analisar a blogosfera e as suas implicações, nem a evidente vantagem dessa existência e da qualidade e liberdade que revela por vezes, destituindo do seu posto informativo os jornais e televisões aprisionados em formatos e vícios, o resíduo principal de tudo isto é que os jornais mudaram, e muito, e mudaram muito rapidamente. Parafraseando Pessoa na hora da morte, We know not what tomorrow will bring.”

A 6 de Abril, na revista “Sábado”, José Pacheco Pereira analisa um estudo da Marktest sobre a leitura de blogues (questão também debatida por David Justino, no Quarta República), colocando «sérias reservas», nomeadamente em função das premissas em que se baseou a recolha da amostra.

No dia 8, menos de 3 meses depois do seu “regresso” e na sequência de uma reduzida participação, Daniel Oliveira abandona o Aspirina B… anunciando que regressará em breve, com outro projecto. O Arrastão viria a surgir pouco tempo depois…

No dia seguinte, nasce o Extratexto, blogue dedicado à edição, indústria editorial e ao mercado do livro em Portugal.

Ao mesmo tempo, no Íntima Fracção, Francisco Amaral publicava uma relação de temas musicais, colocando à eleição dos seus leitores a indicação dos que deveriam constar numa colectânea dos 22 anos do prestigiado programa radiofónico.

27 Novembro, 2006 at 8:33 am Deixe um comentário

BLOGOSFERA EM 2006 (V)

O mês de Março fica marcado, logo a 5, pela polémica entre Vasco Pulido Valente e Clara Ferreira Alves (“Uma Santanete”), que culminaria com o anúncio por parte desta da interposição de processo por difamação contra Pulido Valente… e, cinco dias depois, com o termo de “O Espectro”.

Segundo notícia do Público de 20 de Março – entretanto objecto de rectificação (ver esclarecimento por Luís Santos, no Atrium) – teria havido contactos entre o Ministro dos Assuntos Parlamentares e alguns responsáveis de blogues:

“Proposta do ministro dos Assuntos Parlamentares
Blogues poderão vir a aceder a comunicados do Governo 
20.03.2006 – 10h42    Maria José Oliveira (PÚBLICO)

O ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva contactou vários autores de blogues temáticos com vista a receberem informações diversificadas sobre comunicação social. Desde o início deste mês que o assessor para a comunicação social de Santos Silva, Carlos Narciso, tem vindo a publicar nas caixas de comentários de diversos blogues o seguinte texto, acompanhado do seu endereço electrónico: “Gostaria que me indicassem um email para vos enviar informação com relevância para eventual publicação no vosso blogue”.

O assessor enviou a mesma mensagem para 14 blogues, entre os quais se contam o Blogouve-se, Ponto Media, Jornalismo e Comunicação, Atrium, NetFM, Travessias Digitais, Chão de Papel, Intermezzo e JornalismoPortoNet.

Contactado pelo PÚBLICO, Carlos Narciso afirmou que Augusto Santos Silva, apesar de ter pedido a lista de blogues, ainda não decidiu sobre o envio de comunicados. “O ministro ainda vai ponderar sobre o assunto”, explicou.

Em causa poderá estar o alargamento da discussão pública sobre as leis da rádio e da televisão ou a legislação sobre a concentração de meios de comunicação social. Questionado sobre a possibilidade de os bloggers virem a ter acesso à bancada de imprensa da Assembleia da República (refira-se que desde o ano passado que os bloggers podem assistir aos briefings diários na Casa Branca), Carlos Narciso disse que o ministro não coloca essa hipótese.”

No final do mês de Março, a 29, o “caso” João Pedro George vs. Margarida Rebelo Pinto chegava aos jornais: “a escritora Margaria Rebelo Pinto e a editora Oficina do Livro interpuseram uma providência cautelar no sentido de impedir a publicação do livro Couves & Alforrecas, Os Segredos da Escrita de Margarida Rebelo Pinto, no qual o crítico João Pedro George analisa a obra da autora de Não há Coincidências”.

Numa organização promovida por José Carlos Abrantes, prosseguiam os debates sobre a blogosfera, nomeadamente sobre blogues temáticos: “Os blogues temáticos aparecem com forte credibilidade. Muitas vezes são feitos por especialistas que problematizam, em profundidade, um tema.”

24 Novembro, 2006 at 8:53 am Deixe um comentário

BLOGOSFERA EM 2006 (IV)

A 10 de Fevereiro era anunciado o 3º Encontro Nacional e 1º Encontro Luso-Galaico sobre Weblogs, agendado para 13 e 14 de Outubro de 2006, numa organização do Centro de Estudos das Tecnologias, Artes e Ciências da Comunicação da Universidade do Porto com o apoio da Licenciatura em Jornalismo e Ciências da Comunicação, com coordenação de Fernando Zamith, procurando “juntar investigadores, utilizadores e interessados em weblogs em Portugal e na Galiza. Este encontro tem como principal objectivo contribuir para a exploração deste tema e fomentar o desenvolvimento de uma comunidade de reflexão e investigação transdisciplinar nesta área.”

No dia 14, João Carvalho Fernandes anunciava a suspensão do Fumaças (um dos blogues “históricos”); regressaria pouco tempo depois, a 26 de Maio.

Dois dias depois, a 16, iniciava-se o “Mundo Pessoa”,  Blogue da Casa Fernando Pessoa.

A 21 de Fevereiro, Pacheco Pereira enunciava no Abrupto as “Dez Leis do Abrupto sobre os Debates na Blogosfera”, completadas aqui e com versão revista a 2 de Março. 

23 Novembro, 2006 at 8:39 am Deixe um comentário

BLOGOSFERA EM 2006 (III)

A 2 de Fevereiro, o Proximizade, lançado 3 meses antes, registava um “passar de testemunho”: porque “não podemos ficar insensíveis nem indiferentes aos que de (quase) tudo necessitam“; infelizmente, este projecto de solidariedade via blogosfera acabaria por ver a sua actividade suspensa.

O mesmo dia marca o início da colaboração de João Morgado Fernandes no Mau tempo no canil, a qual se prolongaria até 25 de Abril (não obstante a “despedida” apenas a 25 de Agosto).

A 5 de Fevereiro, dá-se outra “passagem de testemunho”, na plataforma weblog.com.pt, com a sua transmissão para a esfera do portal aeiou.pt.

No dia 6, João Pedro da Costa – deixando o Aspirina B – regressava ao Ruínas Circulares, não obstante alguma irregularidade na sua publicação.

Quase três anos antes, Pedro Rolo Duarte “insurgia-se” contra alguns blogues, de “bloggers” que dispunham já de outros fóruns para expor as suas ideias. No dia 8, em texto publicado no Diário de Notícias, faria um “mea culpa”, referindo inclusivamente a vontade de criar o seu próprio blogue!

“Dois anos depois (e muita pancada levada em tudo o que era blogue nacional, como se tivesse criticado o meio em si, o que obviamente não sucedeu…), no momento em que vejo Vasco Pulido Valente chegar à blogoesfera, não resta palavra sobre palavra desse meu texto. Engoli-as todas, uma a uma, humildemente. Confesso que há sempre um bom bocado do meu dia que é passado a saltitar de blogue em blogue, lendo o que pensam aqueles que respeito ou admiro, ou descobrindo talentos desconhecidos. Tenho a minha lista de favoritos. E já tive, heresia das heresias, a tentação de criar o meu próprio blogue…”

Viria a protagonizar, a partir de 15 de Maio, um programa diário na Antena 1, sobre a blogosfera: “Janela Indiscreta”!

22 Novembro, 2006 at 8:10 am Deixe um comentário

BLOGOSFERA EM 2006 (II)

A 19 de Janeiro, o jornal “Público” lançava o blogue do provedor dos leitores,  uma iniciativa pioneira entre as publicações portuguesas: “O blog do Provedor dos Leitores do PÚBLICO foi criado para facilitar a expressão dos sentimentos e das opiniões dos leitores sobre o PÚBLICO e para alargar as formas de contacto com o Provedor”.

“A preocupação de transparência entre quem faz o jornal e quem o lê também pode passar pelo recurso às novas tecnologias, que tendem a ter um peso cada vez maior no nosso quotidiano“, sublinha o provedor Rui Araújo, acrescentado que esta “é mais uma aposta do PÚBLICO, do PÚBLICO Online e do provedor, para que os leitores tenham cada vez mais voz no jornal que é o seu“.

A 21, tinha início o Blogue da Revista “Atlântico”, agrupando alguns conhecidos autores, também já com colaborações anteriores em outros blogues, sob a coordenação de Paulo Pinto Mascarenhas, numa publicação que aposta na opinião, no ensaio, e na crítica de livros, cinema e restaurantes, a par de crónicas sobre diversas áreas.

No dia 23, o Blasfémias atingia 1 milhão de visitantes (marcas já antes alcançadas, nomeadamente, pelo Abrupto e pelo Barnabé), traduzindo inequivocamente o interesse que os seus textos, comentários e análises despertam e a importância relativa do blogue no panorama “blogosférico” português, a qual se veio consolidando.

O final do mês de Janeiro fica assinalado por uma nota que não poderia omitir, a do fim do Janela para o rio, um dos blogues mais activos nos seus anos iniciais.

21 Novembro, 2006 at 8:03 am Deixe um comentário

BLOGOSFERA EM 2006 (I)

O ano de 2006 inicia-se com a revelação do que pareciam ser mais algumas demonstrações da inesgotável capacidade de renovação da blogosfera:

– a 3 de Janeiro surgia O Espectro, pela mão de Constança Cunha e Sá. Ainda antes do termo do seu primeiro mês de actividade, a 29, seria palco da chegada de Vasco Pulido Valente à blogosfera; não obstante, o blogue acabaria por ter uma existência limitada (pouco mais de dois meses), tendo sido suspenso a 10 de Março, por alegada “falta de tempo”;

– a 6, em paralelo com o termo do Afixe, dava-se o simultâneo início do De Vagares; porém, também neste caso, o novo blogue – sentindo a falta de “pujança” do seu predecessor – acabaria por não perdurar por muito tempo, suspendendo a publicação em Setembro (“Requiem”, a 3; “Fim de emissão?”, a 17);

– os regressos de Pedro Boucherie Mendes (a 13), um dos “históricos” da grande “explosão da blogosfera”, há já 3 anos e meio (então com o Guerra e Pas), agora Aos 35; e

– a 16 de Janeiro, de Daniel Oliveira (integrando – também por pouco tempo… – a equipa do Aspirina B).

20 Novembro, 2006 at 10:10 am Deixe um comentário

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