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Liga dos Campeões – 5ª jornada – Bayern – Benfica
Bayern München – Manuel Neuer, Rafinha, Jérôme Boateng, Niklas Süle, David Alaba, Joshua Kimmich, Arjen Robben (72m – Renato Sanches), Thomas Müller (81m – Woo-Yeong Jeong), Leon Goretzka, Franck Ribéry (77m – Sandro Wagner) e Robert Lewandowski
Benfica – Odysseas Vlachodimos, André Almeida, Germán Conti, Rúben Dias, Alex Grimaldo, Ljubomir Fejsa (76m – Alfa Semedo), Rafa Silva, Pizzi (45m – Gedson Fernandes), Gabriel, Franco Cervi e Jonas (59m – Haris Seferović)
1-0 – Arjen Robben – 13m
2-0 – Arjen Robben – 30m
3-0 – Robert Lewandowski – 36m
3-1 – Gedson Fernandes – 46m
4-1 – Robert Lewandowski – 51m
5-1 – Franck Ribéry – 76m
Cartões amarelos – Arjen Robben (24m) e Franck Ribéry (33m); Alfa Semedo (87m)
Árbitro – Daniele Orsato (Itália)
Três palavras se impõem para definir este jogo: vergonha, passividade e injustificável.
Tendo o AEK-Ajax sido jogado em horário precedente, do seu desfecho (triunfo da formação holandesa) decorria que – ao entrar em campo no Allianz Arena –, por um lado, o Benfica tinha já garantida a continuidade nas provas europeias, por via da transição para a Liga Europa; por outro, se a possibilidade de apuramento para os 1/8 de final da Liga dos Campeões era já uma quimera, passava a afigurar-se como uma “impossibilidade” prática (seria necessário ganhar por, pelo menos, dois golos de diferença em Munique…).
Neste contexto, de absolutamente nenhuma pressão competitiva (ninguém exigiria a tal altamente improvável vitória) – em que, portanto, o jogo poderia ser gerido com serenidade, sem precipitação, com rigor táctico a nível defensivo e espreitando a possibilidade de construir lances de ataque, ou, talvez com maior propriedade, de contra-ataque, perante o previsível assumir da iniciativa ofensiva por parte do Bayern –, é completamente injustificável a exibição benfiquista.
Faltou tudo: não houve rigor na defesa, mas, antes, uma extrema passividade, proporcionando fartas facilidades de movimentação ao adversário, as quais estiveram na origem de todos os cinco tentos sofridos; em 90 minutos não se conseguiram criar mais do que dois lances de futebol ofensivo (um deles resultando no solitário golo); o contra-ataque foi praticamente inexistente e, em absoluto, inofensivo.
Qualquer “estratégia” que tivesse sido delineada rapidamente ruiria: logo aos 13 minutos, aproveitando a tal passividade, o já veterano Robben, em progressão desde a linha lateral direita, tirou do caminho quatro adversários, internando-se e rematando sem hipótese de defesa para Vlachodimos – o único a salvar-se do “naufrágio” colectivo (tendo “salvo” outras duas flagrantes ocasiões de golo, que negou a Lewandowski e a Müller); pior, o holandês repetiria, quase a “papel químico”, a jogada, à passagem da meia hora, com o mesmo desfecho, ampliando para 2-0.
A apatia da defesa benfiquista ficaria igualmente patente nos lances do terceiro e quarto golos sofridos, também muito similares, ambos apontados por Lewandowski, na sequência de pontapés de canto, com o polaco, nas duas vezes, à entrada da pequena área, a saltar mais alto e a conseguir antecipar-se às “marcações” dos defesas benfiquistas, cabeceando inapelavelmente para o fundo da baliza.
Pelo meio, o único momento positivo para o Benfica: logo a abrir a segunda parte, Rafa, com um toque subtil, a libertar a corrida de Gedson, que, após excelente combinação com Jonas, surgiu isolado frente a Neuer, e, com grande personalidade, sem vacilar, não desperdiçou a oportunidade para marcar, menos de 40 segundos após ter entrado em campo!
Porém, o tónico anímico que tal golo poderia consubstanciar, até no suster da avalanche alemã, não resistiu mais do que cinco minutos. Até final, numa fase em que o Bayern, notoriamente, “tirara já o pé do acelerador”, espaço ainda para o consumar da goleada, com o francês Ribéry, uma vez mais a beneficiar da permeabilidade da defesa benfiquista, sem marcação, a “empurrar” a bola, sem dificuldade, para as redes do desamparado Vlachodimos.
A vergonha (benfiquista) deste jogo reside sobretudo na forma fácil como o Bayern dispôs do jogo a seu bel-prazer, sem sequer ter de se empregar a fundo, como se o Benfica fosse uma vulgar equipa de terceiro escalão, denotando absoluta incapacidade de oferecer a mínima resistência ao adversário, que tantas dificuldades tem experimentado frente a alguns dos menos cotados opositores da “Bundesliga”…
Um desempenho do conjunto benfiquista para reflectir e agir: torna-se imperioso sacudir rapidamente a letargia e marasmo em que a equipa caiu, sem ideias, falha de organização, com um técnico a não conseguir sair do espartilho de um modelo esgotado, aparentando mesmo uma incompreensível falta de ânimo e motivação.
A questão que se coloca, perante a profundidade do problema, é se haverá ainda possibilidade de se virem a revelar “Campeões” a reagir a esta péssima fase, ou se, ao invés, teremos pela frente o que poderá ser um longo e penoso final de época.