Archive for Julho, 2017
4.ª vitória de Christopher Froome no “Tour”
Se a prova do ano passado havia sido já bastante equilibrada, a deste ano – 104.ª edição da mais importante competição velocipédica mundial – caracterizou-se por um extremo equilíbrio, com os três primeiros separados por menos de 30 segundos até ao derradeiro contra-relógio, ontem disputado, situação porventura inaudita.
Não obstante, controlando toda a corrida – sabedor da sua vantagem em tal especialidade do contra-relógio, em relação aos seus mais directos concorrentes -, o ciclista britânico Christopher Froome garantiu o triunfo pela quarta vez na Volta a França em Bicicleta (sendo agora o único a deter tal registo, superado por apenas quatro “mitos” do ciclismo), terceira consecutiva, confirmando o seu actual domínio a nível do panorama mundial da modalidade, apenas por uma vez tendo falhado a vitória nos últimos cinco anos (devido a queda, em 2014).
Numa prova em que alguns dos principais nomes cedo ficariam afastados, na sequência de quedas, casos de Richie Porte, Alejandro Valverde (respectivamente 5.º e 6.º classificados há um ano), Geraint Thomas ou Mark Cavendish (para além do líder da classificação por pontos e vencedor de cinco etapas, Marcel Kittel), a grande desilusão foi o colombiano Nairo Quintana (3.º lugar no ano passado e 2.º do “Giro” em 2017), apenas 12.º na geral final. Ao invés, destaque, pela positiva, para o seu compatriota, Rigoberto Uran, surpreendente vice-líder, enquanto Romain Bardet, que, até ao penúltimo dia, mantinha o 2.º lugar (que alcançara na edição precedente), salvava uma posição no pódio… por um segundo.
Nesta edição apenas um português integrou o pelotão do “Tour”, Tiago Machado, registando uma discreta posição, pese embora na primeira metade da tabela classificativa, não obstante todo o trabalho que, quase diariamente, desenvolveu na frente da corrida, procurando apoiar o seu colega Alexander Kristoff, que, contudo, acabaria por ver goradas as suas ambições de poder chegar à vitória numa etapa.
Classificação geral final:
1º Christopher Froome (Grã-Bretanha) – Team Sky – 86h 20′ 55”
2º Rigoberto Uran (Colômbia) – Cannondale Drapac – a 00′ 54”
3º Romain Bardet (França) – AG2R La Mondiale – a 02′ 20”
4º Mikel Landa (Espanha) – Team Sky – a 02′ 21′
5º Fabio Aru (Itália) – Astana – a 03′ 05′
6º Daniel Martin (Irlanda) – Quick Step Floors – a 04′ 42”
7º Simon Yates (Grã-Bretanha) – Orica – Scott – a 06′ 14”
8º Louis Meintjes (África do Sul)) – UAE – Team Emirates – a 08′ 20”
9º Alberto Contador (Espanha) – Trek – Segafredo – a 08′ 49”
10º Warren Barguil (França) – Team Sunweb – a 09′ 25′
…
74º Tiago Machado (Portugal) – Team Katusha Alpecin – a 02h 43′ 36”
É a seguinte a lista completa dos vencedores da maior prova de ciclismo mundial:
- 5 vitórias – Jacques Anquetil (1957, 1961, 1962, 1963 e 1964), Eddy Merckx (1969, 1970, 1971, 1972 e 1974), Bernard Hinault (1978, 1979, 1981, 1982 e 1985) e Miguel Indurain (1991, 1992, 1993, 1994 e 1995);
- 4 vitórias – Christopher Froome (2013, 2015, 2016 e 2017)
- 3 vitórias – Philippe Thys (1913, 1914 e 1920), Louison Bobet (1953, 1954 e 1955) e Greg Lemond (1986, 1989 e 1990)
- 2 vitórias – Lucien Petit-Breton (1907 e 1908), Firmin Lambot (1919 e 1922), Ottavio Bottecchia (1924 e 1925), Nicolas Frantz (1927 e 1928), André Leducq (1930 e 1932), Antonin Magne (1931 e 1934), Sylvère Maes (1936 e 1939), Gino Bartali (1938 e 1948), Fausto Coppi (1949 e 1952), Bernard Thévenet (1975 e 1977), Laurent Fignon (1983 e 1984) e Alberto Contador (2007 e 2009);
- 1 vitória – Maurice Garin (1903), Henri Cornet (1904), Louis Trousselier (1905), René Pottier (1906), François Faber (1909), Octave Lapize (1910), Gustave Garrigou (1911), Odile Defraye (1912), Léon Scieur (1921), Henri Pélissier (1923), Lucien Buysse (1926), Maurice De Waele (1929), Georges Speicher (1933), Romain Maes (1935), Roger Lapébie (1937), Jean Robic (1947), Ferdi Kubler (1950), Hugo Koblet (1951), Roger Walkowiak (1956), Charly Gaul (1958), Federico Bahamontes (1959), Gastone Nencini (1960), Felice Gimondi (1965), Lucien Aimar (1966), Roger Pingeon (1967), Jan Janssen (1968), Luis Ocaña (1973), Lucien Van Impe (1976), Joop Zoetemelk (1980), Stephen Roche (1987), Pedro Delgado (1988), Bjarne Riis (1996), Jan Ullrich (1997), Marco Pantani (1998), Oscar Pereiro (2006), Carlos Sastre (2008), Andy Schleck (2010), Cadel Evans (2011), Bradley Wiggins (2012) e Vincenzo Nibali (2014).
A competição não se disputou nas épocas das duas Guerras Mundiais (1915 a 1918 e 1940 a 1946). Foram anuladas as classificações (7 vitórias) de Lance Armstrong nas edições de 1999 a 2005.
Chile – Alemanha (Taça Confederações – Final)
Chile – Claudio Bravo, Mauricio Isla, Gary Medel, Gonzalo Jara, Jean Beausejour, Marcelo Diaz (53m – Leonardo Valencia), Charles Aranguiz (81m – Angelo Sagal), Arturo Vidal, Pablo Hernández, Eduardo Vargas (81m – Edson Puch) e Alexis Sanchez
Alemanha – Marc-Andre Ter Stegen, Matthias Ginter, Shkodran Mustafi, Antonio Ruediger, Joshua Kimmich, Lars Stindl, Sebastian Rudy, Jonas Hector, Leon Goretzka (90m – Niklas Süle), Julian Draxler e Timo Werner (79m – Emre Can)
0-1 – Lars Stindl – 20m
Cartões amarelos – Arturo Vidal (59m), Gonzalo Jara (66m), Eduardo Vargas (75m) e Claudio Bravo (90m); Joshua Kimmich (59m), Emre Can (90m) e Sebastian Rudy (90m)
Árbitro – Milorad Mažić (Sérvia)
Após uma avassaladora entrada em campo da selecção do Chile – muito mais experiente que a alemã, a qual apresentou um grupo muito jovem, com média de idade inferior em mais de cinco anos e meio ao adversário -, criando diversas ocasiões de perigo, bastaria afinal um erro da defesa chilena (um “brinde”, que Stindl, de “baliza aberta”, não desperdiçou) para que a Alemanha conquistasse o seu primeiro troféu nesta competição.
Na segunda parte, os sul-americanos, “vendendo cara a derrota”, porfiaram, tudo procurando fazer para chegar ao golo, mas, para além de se terem mostrado excessivamente perdulários, acabaram por se desequilibrar em campo, concedendo espaços para várias investidas da turma germânica, a justificar assim o triunfo na prova.
Palmarés da Taça das Confederações:
1992 – Argentina
1995 – Dinamarca
1997 – Brasil
1999 – México
2001 – França
2003 – França
2005 – Brasil
2009 – Brasil
2013 – Brasil
2017 – Alemanha
Portugal – México (Taça Confederações – 3.º/4.º lugar)
Portugal – Rui Patrício, Nélson Semedo, Pepe, Luís Neto, Eliseu, Danilo (82m – André Gomes), Gelson Martins, João Moutinho (82m – Adrien Silva), Pizzi (91m – William Carvalho), Nani (70m – Ricardo Quaresma) e André Silva
México – Guillermo Ochoa, Miguel Layun, Néstor Araujo, Hector Moreno, Luis Reyes, Hector Herrera, Rafael Marquez (106m – Marco Fabián), Andres Guardado (80m – Jonathan dos Santos), Carlos Vela, Javier Hernández “Chicharito” (85m – Raúl Jiménez) e Oribe Peralta (61m – Hirving Lozano)
0-1 – Luís Neto (p.b.) – 54m
1-1 – Pepe – 90m
2-1 – Adrien Silva (pen.) – 104m
Cartões amarelos – Nélson Semedo (26m); Rafael Marquez (16m), Raúl Jiménez (94m) e Hector Moreno (98m)
Cartões vermelhos – Nélson Semedo (106m); Raúl Jiménez (112m)
Árbitro – Fahad Al Mirdasi (Arábia Saudita)
Não valerá a pena perder muito tempo com este tal jogo “sem razão de existir”. Conseguiu-se (“in extremis”) o mais importante: ampliar para 14 o total de jogos consecutivos sem derrota em fases finais de grandes competições internacionais. Paralelamente, o triunfo final e consequente 3.º lugar do pódio dão também um sabor mais “doce” e confiante à selecção nacional, na saída desta prova e antes de se abalançar à derradeira e decisiva fase de qualificação para o Mundial de 2018.
Mas, ademais desses factores, relevante terá sido também a demonstração de que temos disponíveis muitas e válidas soluções para reforçar o grupo: foram oito as alterações face ao jogo anterior, frente ao Chile (para além guarda-redes, Rui Patrício, apenas dois jogadores de campo se mantiveram, Eliseu e André Silva – até porque não estavam já disponíveis alternativas para as posições específicas que ocupam, dadas as ausências de Raphaël Guerreiro e Cristiano Ronaldo).
Dando expressão à máxima de que “não há dois jogos iguais”, foi bastante distinto o cariz deste encontro, comparativamente ao desafio inicial antes esta mesma selecção do México (muito mais conservadora em termos de “rotação” de jogadores), com Portugal a entrar muito melhor no jogo, de forma desinibida, que poderia ter resultado numa posição de vantagem logo à passagem do quarto de hora, não fora André Silva ter sido o quarto jogador luso a desperdiçar, de forma sucessiva, neste torneio, uma grande penalidade, permitindo a defesa ao guardião contrário.
Até final da primeira metade, sentindo de alguma forma a “malapata”, a selecção não conseguiria manter o bom nível exibicional com se apresentara de início. Não obstante, continuava a controlar o jogo, com o México a procurar apostar no contra-ataque.
Na segunda parte, cedo a selecção nacional se viu em desvantagem, com mais um lance infeliz, num auto-golo, dado a bola ter tabelado em Luís Neto, traindo o guarda-redes português.
A equipa acusou o tento, de alguma forma descompensou-se, permitindo então espaços aos mexicanos, que, por mais de uma vez, poderiam ter ampliado o marcador, não fora a excelente actuação de Rui Patrício, com um par de soberbas intervenções, positivamente a negar o golo aos norte-americanos.
Até final, por vezes “mais com o coração que com a cabeça”, a formação portuguesa buscaria o golo que lhe possibilitasse evitar o desaire, acabando por ser premiada já no início do tempo de compensação (como que “retribuindo” o tento do empate mexicano na ronda inaugural, também averbado após os 90 minutos).
No prolongamento, agora impulsionado pela força mental de ter conseguido aquele golo tardio, foi o conjunto luso a entrar novamente mais afirmativo, arrancando nova grande penalidade, desta feita bem convertida por Adrien Silva, colocando Portugal em vantagem.
Depois de uma grande penalidade desperdiçada, um golo na própria baliza, Portugal conseguiria uma inédita e altamente improvável “tripla” conjugação adversa, com Nélson Semedo a ver o segundo cartão amarelo, sendo expulso, apenas dois minutos volvidos. Preparávamo-nos para sofrer de novo, quando, num lance entre dois benfiquistas, Jiménez, inadvertidamente, atingiu Eliseu, resultado no mesmo desfecho do seu colega na Luz, Nélson Semedo, ficando as equipas novamente igualadas em número de elementos, acabando dez contra dez.
Na parte final do prolongamento, os mexicanos, já de “cabeça perdida”, não teriam o discernimento para forçar nova igualdade, o que proporciona a Portugal uma saída airosa desta prova, em que – conforme o “balanço” já anteriormente realizado – registou bom desempenho, dignificando o título de Campeão Europeu que ostenta, dando alento para a continuidade de resultados muito positivos, beneficiando da renovação que se começa a fazer sentir, com jovens talentos de grande valor.