Archive for 3 Novembro, 2013
U. Tomar – Centenário (VI)
(“O Templário”, 31.10.2013)
A 28 de Dezembro de 1941, dando sequência a uma progressão gradual encetada nos anos mais recentes, o União, pela primeira vez na sua história, conquistava o título de vencedor da sua zona (Norte) do Distrital, da época de 1941-42, no termo de um muito disputado campeonato, com uma espécie de final, na derradeira ronda, entre os dois grandes rivais tomarenses:
«O Estád[i]o Municipal, vulgarmente conhecido pelo «Campo do Sporting» registou no passado domingo uma considerável assistência, talvez a maior da presente época. O União e o Sporting, velhos rivais, poderiam ganhar o título máximo da prova e em qualquer deles ficava bem, visto que são, sem contestação, os melhores «teams» da região.
Ganhou o União por 4-0. Resultado que não traduz fielmente o desenrolar da partida, pois ela decorreu, de uma maneira geral, equilibrada, demonstrando o União mais conjunto. […]
Os grupos alinharam:
União – Aníbal; Marques e Alberto; Cardoso, Machado e César; Inácio, Terras, Victor Hugo, Tôrres e Firmo.
Sporting – Carlos Lanceiro; Souto e Basso; Armando, António Silva e Elísio; Henriques, Rui Silva, Apleton, Fernandes e Silvestre.»(1)
Culminando uma temporada a todos os títulos notáveis, a 26 de Abril de 1942, goleando o U. Entroncamento pela categórica marca de 6-0, na última jornada da prova, o União de Tomar sagrar-se-ia também vencedor da sua série (“Província do Ribatejo”) do Campeonato Nacional da II Divisão – apenas na sua segunda participação na competição, após a estreia no ano anterior – assim obtendo o seu primeiro título de Campeão Provincial do Ribatejo:
«Sob a arbitragem do Sr. Carlos Mariano da A. F. S. os «teams» alinharam da seguinte forma: União do Entroncamento – Fernando; Cipriano e Calado; Afonso, Madeira e Carreiro; Tavares, Américo, Louro, Varandas e Lacueva. União de Tomar – Aníbal; Marques e C. Alberto; Mário, Cardoso e César; Sousa, Terras, Vitor, Tôrres e Firmo.
O jogo foi disputado quási sempre debaixo de chuva tendo na primeira parte caído duas fortes bátegas que transformaram por completo o rectângulo numa lamaçal onde os jogadores se moviam com visível dificuldade
O jogo foi disputado quási sempre debaixo de chuva tendo na primeira parte caído duas fortes bátegas que transformaram por completo o rectângulo numa lamaçal onde os jogadores se moviam com visível dificuldade.»(2)
O União faria ainda mais nesta brilhante época de 1941-42, vencendo os três Campeonatos em disputa: o Regional (Zona Norte do Distrital), o Provincial (II Divisão Nacional) e o Distrital da II Divisão.
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O pulsar do campeonato – 5ª jornada
(“O Templário”, 31.10.2013)
Num campeonato (I Divisão Distrital) este ano com maior extensão (26 jornadas) do que vinha sendo habitual nos últimos anos (considerando apenas a primeira fase das épocas anteriores), pode dizer-se que “ainda a procissão vai no adro”… mas, também, continuando nos provérbios, que “a candeia que vai à frente alumia duas vezes”.
E a verdade é que, pelo menos até agora, a formação do Torres Novas – e não obstante aproveitar do facto de ter disputado já quatro partidas em casa, o que poderá não ser despiciendo – tem revelado plena eficácia, somando cinco triunfos noutros tantos encontros realizados, liderando destacada, com 15 pontos, tendo, nesta última ronda, vencido pela categórica marca de 3-0 o até então 3.º classificado, Pontével – contando também com o ataque mais concretizador (13 golos) e a defesa menos batida (apenas 2 golos sofridos).
Pelo que começou a cavar um fosso face à concorrência mais directa, com o Fazendense agora já a quatro pontos, Amiense e Pontével ambos a seis, At. Ouriense a sete, e Coruchense e Mação já a oito longínquos pontos!
Efectivamente, a turma de Fazendas de Almeirim, que apenas registara um empate nas quatro jornadas iniciais, cedeu nova igualdade na deslocação a Tomar, numa partida em que chegou a dispor de vantagem no marcador, mas na qual, o União de Tomar, denotando uma boa capacidade de reacção – tal como revelara já no desafio contra o Benavente – conseguiria restabelecer a igualdade a uma bola. Para os tomarenses foi um pequeno passo, um simples ponto, mas que poderá ter reflexos positivos bem mais amplos, a nível da confiança que poderá proporcionar ao grupo.
Também o Amiense não conseguiu fazer melhor na visita a Assentiz, empatando, igualmente a um tento, somando já o terceiro empate na competição, contando apenas duas vitórias em cinco jogos. De entre os candidatos ao título, pior está o Mação, que, contrariando a lógica, cedeu um imprevisto desaire caseiro (e logo por 0-2) ante o conjunto dos Empregados do Comércio, de Santarém.
Depois da goleada da pretérita semana, frente ao U. Chamusca (5-0, em encontro da Taça do Ribatejo), o Cartaxo, principal decepção da prova até ao momento (recorde-se que militava, na época transacta, no Nacional da III Divisão, onde, porém, teve desempenho bastante fraco), não foi além do nulo na recepção a um seguro Coruchense; os cartaxenses são os únicos ainda sem ganhar, tendo-se isolado na posição de “lanterna vermelha”, contando apenas três pontos; ao invés, a equipa de Coruche (apenas com três golos sofridos, segunda melhor defesa, a par do Fazendense), continua invicta (à semelhança de Torres Novas, Fazendense e Amiense), apesar de apenas por uma vez ter ganho.
Falando do U. Chamusca, voltou a registar um mau resultado, perdendo em casa ante o At. Ouriense (equipa sempre a disputar os lugares da frente) por 0-2; pior indício: em cinco jornadas marcou apenas um golo. Por fim, numa partida entre duas agremiações que, até agora, têm estado algo aquém das expectativas, a U. Abrantina conseguiu obter a primeira vitória, derrotando o Benavente por 3-2.
Diversamente do que se verifica nos lugares de topo da tabela, na metade de baixo da pauta classificativa assiste-se a um grande equilíbrio, com o primeiro e o último destes sete concorrentes separados por apenas dois pontos, cabendo ao Assentiz (com cinco pontos) liderar este “mini-pelotão”, que, curiosamente, agrega nada menos de cinco equipas com desempenho idêntico – todas com uma vitória e um empate, e três derrotas: Benavente, Empregados do Comércio, U. Tomar, U. Abrantina e U. Chamusca.
Na próxima ronda, o guia, Torres Novas, terá um “teste” mais sério à efectividade da supremacia que vem evidenciando, deslocando-se a Benavente. Outro desafio de interesse será o Pontével-Mação, com os maçaenses já com margem de erro muito estreita, na perspectiva de encetar uma recuperação que os possa conduzir até aos primeiros lugares.
No Coruchense-U. Chamusca, a expectativa, pelo menos em teoria, será a de um prélio com poucos golos, porventura a tender para a igualdade. Também o Empregados do Comércio-Cartaxo deverá permitir aquilatar melhor sobre a real valia destes dois grupos.
Por fim, no Fazendense-Assentiz, Amiense-U. Abrantina e At. Ouriense-U. Tomar, as formações da casa gozam de amplo favoritismo. Assim tal possa ser desmentido em Ourém, como foi, na última jornada, em Mação…
Na II Divisão Distrital, os anteriores líderes a Norte, Atalaiense e Pernes foram ambos derrotados (respectivamente por Caxarias e Pego), tendo o Tramagal aproveitado para se guindar ao comando isolado da série, agora seguido pelo Pego, a um ponto. A Sul, nada de novo: U. Almeirim e Porto Alto continuam a ganhar, somando quatro triunfos consecutivos, dispondo já de quatro pontos de vantagem sobre o mais imediato perseguidor, Barrosense.
No Campeonato Nacional de Seniores, uma ronda positiva para as equipas do Distrito, com os triunfos do Alcanenense sobre o Portomosense, e do Fátima perante o Caldas (ambos por 1-0) – ocupando agora tranquilos 3.º e 4.º lugar, respectivamente; por seu lado, o Riachense continua com dificuldade em adaptar-se ao ritmo competitivo desta prova, tendo somado mais uma derrota (1-4) na Lourinhã, pelo que continua no último posto, a par da equipa de Porto de Mós.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 31 de Outubro de 2013)