Archive for 17 Setembro, 2010
Megalomania
Presidente da Federação Portuguesa de Futebol desde 1996, Gilberto Madaíl teve a felicidade de contar com uma geração de talentosos jogadores para – potenciando os seus sucessos desportivos, consubstanciados nas qualificações para a Fase Final dos Europeus de 2000 e 2008 e dos Mundiais de 2002, 2006 e 2010 – se afirmar no dirigismo desportivo.
Determinado e ambicioso, teve um papel importante no impulsionar das candidaturas à organização do Europeu 2004 e, de forma mais surpreendente, ao Mundial de 2018.
As suas tendências megalómanas começaram por ser vincadas com a contratação de Luiz Felipe Scolari – que acabara de se sagrar Campeão Mundial – para seleccionador nacional, entre 2003 e 2008, o qual, sendo um técnico sofrível, teve o mérito de aproveitar o trabalho que anteriormente havia sido desenvolvido (por Carlos Queiroz e sua equipa, nas camadas jovens, e por José Mourinho, no FC Porto, consecutivamente vencedor da Taça UEFA e da Liga dos Campeões, nos anos de 2003 e 2004), incentivando um forte espírito de grupo, culminado com o atingir da Final do Euro 2004 e das 1/2 Finais do Mundial 2006.
Terminada a era Scolari, Madaíl “não se ficou por menos”: não se poupou a esforços para contratar Carlos Queiroz, então conceituado pela posição ocupada no Manchester United – visto como sucessor de Sir Alex Ferguson -, cometendo porém um erro que lhe viria a ser fatal, a excessiva extensão do contrato celebrado (4 anos), que conduziu às peripécias conhecidas, que culminaram na sua demissão por alegada justa causa (decorrida apenas metade do período contratual), que bem cara poderá vir a sair aos cofres da Federação.
Numa incrível e desesperada “fuga para a frente”, Gilberto Madaíl coloca agora José Mourinho – e, ao mesmo tempo, e, a par com o técnico português, ambos colocam também Florentino Pérez -, numa posição muito desconfortável, que não deveria nunca ter sucedido: Madaíl foi a Madrid aliciar um profissional com contrato (obviamente de exclusividade!) com o Real Madrid, para – qual homem providencial ou “salvador da pátria” – se ausentar durante cerca de 10 dias, de forma a poder orientar a selecção nacional em dois jogos de apuramento para o Europeu de 2012, a disputar nos próximos dias 8 e 12 de Outubro.
Inacreditável!
Em meu entendimento, Mourinho não deveria sequer ter permitido esperanças a Madaíl. Diplomaticamente, deveria ter deixado claro de forma definitiva que o seu projecto profissional actual não é compatível com aventuras desta índole. Ao deixar a porta “entreaberta” – justificando-se com o seu patriotismo, disponibilizando-se a “custo zero” -, empurrando a decisão para o Presidente do clube que representa, coloca sobre ele uma pressão injustificável, ao mesmo tempo que, inevitavelmente, não deixa de se fragilizar como profissional perante a sua actual entidade patronal (o que, mais tarde, não deixará de lhe ser cobrado, caso as coisas não lhe corram bem no clube).
Mesmo se admitíssemos que, hipoteticamente, a ideia de Madaíl tivesse alguma base lógica ou racional (ele próprio a apresentou como uma iniciativa “emocional”!…) – o que, como afirmo, não me parece ser, de todo, o caso – surge óbvio que, uma vez mais, o presidente da Federação tem um erro crasso: antes de chegar à fala com Mourinho, impunha-se o entendimento prévio com o Real Madrid (a autorização do clube para que se abordasse o técnico).
A seguir o desenvolvimento desta verdadeira epopeia…
Água potável só em 2200!
Que mundo é este em que vivemos?
Reconhecido pela ONU como um dos “Direitos do Homem”, há ainda cerca de 900 milhões de pessoas sem acesso a água potável (e cerca de 2 600 milhões – cerca de 40 % da população mundial! – sem acesso a saneamento básico).
Pior – verdadeiramente inconcebível… – um estudo recente de uma ONG britânica (WaterAid) aponta que apenas no século XXIII deverá ser possível alcançar esse acesso universal, em particular, no caso da população subsariana!
…Ao mesmo tempo que as lojas Louis Vuitton em Paris anunciam a redução do seu horário de funcionamento em uma hora, visando evitar ruptura de stocks por ocasião do Natal!
Que mundo é este que criámos?