Archive for 6 Setembro, 2010
Qual deveria ser o preço de um livro digital?
A prática actual é a de disponibilizar os livros digitais a um preço ligeiramente inferior (em apenas alguns poucos euros) às correspondentes edições em papel, o qual não deixará de ser entendido pelos leitores como excessivo.
A questão que se coloca é: «Qual deveria ser o preço de um livro digital?» – de forma a assegurar o equilíbrio de interesses de autores, editores, livreiros… e leitores. Ou, de outro modo, quanto é que o leitor estará disposto a pagar por um livro desmaterializado?
Estas foram as perguntas que a editora Bélial decidiu colocar aos utilizadores da sua recentemente lançada plataforma de difusão digital, em paralelo com a disponibilização – em regime de preço livre (ou seja, o leitor pagava o que entendia “justo”, ou, se o pretendesse, não pagava mesmo nada) – de duas obras literárias.
Os resultados da experiência foram os seguintes: do total de 334 descargas de livros, 155 deram lugar a pagamento, enquanto 179 foram realizadas a título gratuito. O preço médio dos downloads pagos foi de 4,72 €; o valor mais baixo pago pelos utilizadores foi de 1 € (8 casos), sendo os preços mais comuns de 5 € (46 casos) e 3 € (23 casos); o preço máximo pago foi de 15 €!
Há mesmo quem defenda que deveria ser dada esta possibilidade aos leitores de uma forma mais generalizada: apreciar um livro e pagar apenas na medida da satisfação obtida relativamente à obra – ou “ver primeiro e pagar depois”, em contraponto à lógica tradicional de “pagar para ver”, que nos é imposta pelo marketing.
Esta revolução da economia do livro conduzir-nos-ia novamente à questão inicial: supondo que gostei do livro que li, quanto deverei pagar? Qual será o preço justo? Qual o valor mínimo que deveríamos pagar ao autor? 1 €? 2 €?