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O Pulsar do Campeonato – 28ª Jornada
(“O Templário”, 04.05.2023)
Há uma semana aqui tinha deixado escrito que seria uma possibilidade “remota” a de o Amiense vir ainda a chegar ao título. Pois, no futebol como na vida, num ápice tudo pode mudar – mea-culpa, que com os anos que levo a acompanhar o futebol, já vi ocorrer tantas improbabilidades, que, de facto, não deverá nunca, antecipadamente, excluir-se qualquer cenário.
De facto, o conjugar de resultados da antepenúltima ronda, com os candidatos ao título, U. Tomar e Fazendense, a serem, ambos, assaz inesperadamente, derrotados em casa, fez com que a turma de Amiais de Baixo tivesse recuperado, face a cada um desses dois rivais, cinco pontos de atraso em apenas dois jogos, tendo, sensacionalmente, igualado os unionistas no comando!
Subsiste, por ora, a questão de o Amiense ter desvantagem no confronto directo, o que, não obstante o “choque” com o desaire caseiro sofrido, proporciona ao U. Tomar como que uma “vida extra”, tendo mantido – mercê da derrota imposta pelo Ferreira do Zêzere nas Fazendas – a liderança do campeonato, e a posição privilegiada, de ser o único a continuar a depender só de si.
Fazendo um “ponto de ordem”: U. Tomar (dispondo este, como referido, de vantagem no critério de desempate, mercê de goleada por 4-0) e Amiense partilham agora o topo da classificação, ambos com 62 pontos, tendo-se visto o Fazendense – após 17 jornadas consecutivas em que ocupara uma das duas primeiras posições – relegado para o 3.º lugar, somente um ponto abaixo!
Destaques – Comecemos, então, por dar o devido relevo ao excelente campeonato que o Amiense vem realizando, sendo o clube com menos derrotas na competição (apenas quatro, das quais três na primeira volta). Recebendo o 5.º classificado, Mação, não vacilou, impondo-se por seguro 2-0, somando terceiro triunfo sucessivo (sexto, nas últimas sete jornadas).
Tendo apenas o 8.º ataque mais concretizador da prova, mas a segunda defesa menos batida, a formação dos Amiais beneficia de um excepcional grau de conversão dos seus golos (44) em pontos (62) – por exemplo, o U. Tomar regista uma paridade perfeita (62 golos vs. 62 pontos).
Num Domingo marcado por uma anormal propensão para resultados favoráveis aos visitantes (o Amiense foi, justamente, o único visitado a vencer), constituiu também destaque maior o triunfo averbado pelo Ferreira do Zêzere no reduto do Fazendense (repetindo o êxito da primeira volta), mercê de um solitário tento, nos últimos minutos da primeira parte, o suficiente para que os ferreirenses possam, enfim, sossegar, agora com a permanência já matematicamente garantida.
De sensação foi também o desfecho da partida entre o Alcanenense e o Cartaxo, com os cartaxeiros a ganhar por 2-1, ficando em posição muito favorável para garantir igualmente a manutenção, necessitando apenas mais um ponto – sendo que, não obstante, terão um embate crucial na próxima jornada, recebendo o Benavente, o rival directo nessa disputa (uma destas duas equipas será despromovida), necessitando os benaventenses de recuperar seis pontos de atraso.
O que, a avaliar pelo desfecho da passada semana, parece (com todas as reservas necessárias nas circunstâncias…) um cenário pouco “plausível”, atendendo à forma inequívoca como o Benavente foi desfeiteado no seu terreno, perdendo por 0-3 com o absolutamente tranquilo Torres Novas, que, ascendeu, entretanto, a um notável 8.º posto (para além da deslocação ao Cartaxo, o Benavente terá, na derradeira ronda, o “derby” municipal, enfrentando o Samora Correia).
Surpresa – Foi fértil em surpresas a 28.ª jornada, mas – para além dos triunfos já objecto de realce, averbados por Ferreira do Zêzere, Cartaxo e, em certa medida, até no caso do Torres Novas – o desfecho mais imprevisível foi a derrota caseira sofrida pelo U. Tomar ante o At. Ouriense, modesto 10.º classificado, que vinha de uma difícil vitória (por tangencial 3-2) ante o “lanterna vermelha”, tendo, no início do mês de Abril, sido goleado, no seu terreno, por 2-7, pelo Fátima…
Até ao passado Domingo o União tinha um fantástico registo de 18 vitórias em 18 jogos (!) face a todos os (dez) clubes classificados abaixo do 6.º lugar deste campeonato. Um desempenho “perfeito”, irremediavelmente “manchado” por esta derrota, num dia em que “tudo saiu mal”.
Os tomarenses quase entraram a perder, começando por ser surpreendidos com o tento adversário, logo aos onze minutos. Tendo demorado a “reentrar no jogo”, conseguiriam, ainda assim, empatar pouco depois da meia hora. Praticamente à meia hora, mas do segundo tempo, o U. Tomar operaria a reviravolta no marcador (num livre superiormente apontado por Wemerson Silva), chegando ao 2-1, pensando-se que o mais difícil estaria feito.
Porém, apenas quatro minutos volvidos, também na conversão de um livre, o conjunto de Ourém restabelecia a igualdade. Faltava ainda algum tempo (cerca de um quarto de hora, mais o período de compensação), mas, contra todas as expectativas, acabaria por ser o At. Ouriense a chegar ao golo da vitória (3-2)… ao minuto 93. Desta feita a “estrelinha” nada quis com os unionistas.
Pela positiva fica uma nota, ainda assim de grande relevância: se faltavam três vitórias para o título, passaram a faltar, agora, “apenas” duas… nos dois desafios que resta disputar, em Salvaterra de Magos e, em Tomar, ante o Mação. Tudo continua, pois, “nas mãos” do União.
Confirmações – O Águias de Alpiarça, recebendo o Samora Correia, somou nona derrota consecutiva, tendo perdido por 1-2, um registo muito negativo, que, inevitavelmente, ditou já, em termos matemáticos, a sua despromoção ao escalão secundário.
Os alpiarcenses acompanham, pois, o Entroncamento AC, também desfeiteado em casa, pelo Salvaterrense, pela mesma marca (1-2) – restando apurar o terceiro emblema a despromover.
Fátima e Abrantes e Benfica, aspirantes à final da Taça do Ribatejo – com a teórica vantagem de, na 1.ª mão das meias-finais, terem, ambos, empatado em terreno alheio – protagonizaram um empolgante embate, culminando na repartição de pontos, fruto de um certamente “entretido” 3-3.
II Divisão Distrital – A fase final da competição tem sido marcada, após a realização das suas quatro primeiras rondas (de um total de dez) por uma imprevista sucessão de goleadas, outra vez com o Tramagal em grande evidência (ganhando por 6-1 no terreno do Espinheirense), enquanto o Forense respondia à derrota da semana anterior, com um triunfo por 5-1 ante o Vasco da Gama.
Não tendo Riachense e Moçarriense desfeito o nulo, o Tramagal e o Forense repartem a liderança, com mais dois pontos que o grupo dos Riachos, estando a turma da Moçarria um ponto abaixo.
Antevisão – Neste fim-de-semana o Distrital da I Divisão dá lugar à 2.ª mão das meias-finais da Taça, com a disputa das partidas: Abrantes e Benfica-Torres Novas; e Fátima-Alcanenense.
Na II Divisão destacam-se os encontros: Tramagal- Riachense; e Moçarriense-Forense.
A fechar este artigo, aqui deixo o muito merecido destaque, extra-futebol, à fantástica proeza do Sporting de Tomar, sagrando-se vencedor da Taça de Portugal em Hóquei em Patins – depois de, nas meias-finais, ter batido categoricamente o Campeão nacional em título e anterior detentor do troféu, FC Porto, impondo-se, na Final, ao Sporting –, no que constitui, não só a mais brilhante página da centenária história do clube, como um feito sem superação a nível do desporto tomarense. Um justo prémio para todos (atletas, técnicos e dirigentes) por tantos anos de esforços.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 4 de Maio de 2023)