O Pulsar do Campeonato – 23ª Jornada
3 Abril, 2022 at 11:00 am Deixe um comentário
(“O Templário”, 31.03.2022)
Não obstante se tenham registado cinco triunfos dos visitantes (apenas U. Tomar e Amiense venceram em casa) a 23.ª ronda do Distrital da I Divisão caracterizou-se, em termos gerais, pela lógica: foram derrotados todos os clubes que ocupam os sete últimos lugares, tendo-se registado uma igualdade, num confronto em que o anterior 5.º classificado recebeu o 4.º da tabela.
Os principais beneficiados da jornada foram o Rio Maior – superou, aparentemente com facilidade, o que se antecipava poder ser uma deslocação de alguma complexidade, a Torres Novas, encurtando assim a “distância” que o separa do presumível título – e o Fazendense, aproveitando o empate do Mação, para se isolar no 3.º lugar.
Destaques – A primeira nota de realce vai justamente para a presteza com que o Rio Maior se desembaraçou do seu adversário, em Torres Novas, onde, apenas com um quarto de hora, ganhava já por 2-0, tendo arrumado a contenda antes da meia hora de jogo, fixando o que seria o 0-3 final.
Precisamente o mesmo desfecho (0-3) averbado pelo Fazendense, num categórico triunfo obtido no “derby”, no terreno do U. Almeirim, agravando a situação delicada que o 1.º classificado do campeonato de há dois anos (então interrompido, devido ao surgimento da pandemia) atravessa, actualmente no penúltimo lugar, portanto em posição de despromoção (a consumar-se, no final, tal traduzir-se-ia na segunda descida de divisão sucessiva dos almeirinenses) – por agora, com sete desafios por disputar, dois pontos abaixo do Ferreira do Zêzere e a quatro do At. Ouriense.
Em destaque estiveram também as equipas do Alcanenense, Samora Correia e Benavente, pelas vitórias alcançadas extra-muros: 2-1 pela turma de Alcanena, no difícil reduto de Salvaterra de Magos (tendo, aliás, liderado por 2-0 quase até final da partida); 2-0 por parte do grupo de Samora Correia, no Cartaxo; e, igualmente por 2-1, pelo conjunto de Benavente, em Ferreira do Zêzere.
Em função destes resultados os vencedores firmam-se na disputa pelo 5.º lugar, actualmente pertença do Alcanenense (5.º), mas somente um ponto acima de Samora Correia e Benavente. Ao invés, os vencidos vêem-se mais distanciados da primeira metade do quadro, ocupando agora o 10.º (Salvaterrense), 12.º (Cartaxo) e 14.º lugar (Ferreira do Zêzere).
E, se no caso dos emblemas de Salvaterra e Magos e do Cartaxo, respectivamente com doze e dez pontos de vantagem sobre os ferreirenses, a sua situação é de grande tranquilidade quanto ao objectivo de permanência no escalão principal, já o emblema do Zêzere deu “um passo atrás” na recuperação que vem encetando (mesmo que, no imediato, sem repercussão a nível da ordenação dos clubes na tabela), sobretudo por se ter tratado de desaire caseiro.
Acresce que a equipa de Ferreira até começara por se colocar em vantagem, vindo a sofrer o tento do empate à passagem da hora de jogo, para acabar por ver consumar-se a reviravolta no marcador já em período de compensação, perdendo um ponto que poderá vir a ser relevante.
Quem parece encaminhar-se irremediavelmente para a divisão secundária é o Glória do Ribatejo, com o 6-0 sofrido em Amiais de Baixo a poder indiciar como que um “atirar de toalha ao chão”.
Confirmações – Numa jornada sem grandes surpresas – mesmo considerando os mencionados êxitos de Alcanenense e Samora Correia, em terreno alheio –, anota-se a repartição de pontos no Abrantes e Benfica-Mação (empate a duas bolas), o que, não tendo sido um desfecho de todo negativo para os abrantinos (face ao potencial do adversário), acabou por lhes ser duplamente penalizador: por um lado, deixaram escapar – num único minuto, entre o 62 e o 63 – a vantagem de dois golos que tinham alcançado logo nos dez minutos iniciais; por outro, baixaram à 8.ª posição, pouco condizente com as suas aspirações, ainda que o 5.º lugar esteja só a dois pontos.
O U. Tomar, recebendo o At. Ouriense, também envolvido na luta pela manutenção (é 13.º classificado, somente dois pontos acima da “linha de água”, num cenário de virem a ser três os clubes a despromover) debateu-se ainda com a “ressaca” do insucesso do fim-de-semana anterior.
Com a equipa a denotar dificuldade em “carburar” da forma habitual, só à beira do termo da primeira parte os nabantinos conseguiriam chegar ao golo – num lance assinalado por uma infelicidade, com o guardião contrário a atingir, inadvertidamente, um companheiro, que, caindo desamparado no terreno, foi submetido a assistência médica no local, com o jogo interrompido durante cerca de meia hora, tendo sido transportado para o hospital. Acima de tudo, os votos são, naturalmente, da sua boa recuperação e pronto restabelecimento.
Na segunda metade, a turma unionista continuou exposta aos perigosos contra-ataques da formação de Ourém, com o guarda-redes Ivo Cristo a ter papel fundamental na preservação da vantagem das suas cores. Mesmo depois de terem chegado a 2-0, os visitados, tendo consentido a redução para a diferença mínima, voltaram a oscilar. A tranquilidade só chegaria na fase final, com mais um golo apontado, a estabelecer o resultado de 3-1.
Será um desafio a requerer grande superação o que o União enfrenta até final: o de, sem vacilar, tentar vencer jogo após jogo, ansiando que o rival na luta pelo título possa vir a ter alguma quebra.
II Divisão Distrital – Mercê da difícil vitória, por tangencial 3-2, alcançada no terreno do Rebocho, o Forense garantiu, a uma ronda do final da primeira fase do campeonato, a última vaga de acesso à disputa do título de Campeão e de promoção à I Divisão (três primeiros da fase final).
Estão já matematicamente apurados: Águias de Alpiarça e Forense (Série A); Fátima e Entroncamento AC (Série B); e Moçarriense e Espinheirense (Série C). O Marinhais (tendo goleado por 5-0 em Benfica do Ribatejo) é quem ficou mais próximo, posicionando-se quatro pontos abaixo dos dois primeiros da série A – na série C o Tramagal está seis pontos atrás do 2.º.
Campeonato de Portugal – Em jogo de “acerto de calendário”, o Coruchense entrou com o “pé direito” neste “mini-campeonato” (apenas seis jornadas) para disputa da manutenção nos Nacionais, ganhando por 2-1 na recepção ao V. Sernache. Reparte, pois, o 1.º lugar com o Marinhense (que vencera, na estreia, na semana anterior, em Peniche), ambos com três pontos.
Antevisão – Na divisão principal os dois primeiros jogam em casa, com o Rio Maior a receber o Salvaterrense, enquanto o U. Tomar disputará um “clássico”, com o vizinho Ferreira do Zêzere, muito necessitado de pontos. De interesse será também o Samora Correia-Abrantes e Benfica.
Na derradeira ronda da II Divisão o Marinhais terá a visita do Forense, num embate no qual, porém, os visitados não conseguirão já superar a desvantagem, que os arredou da fase final. O Fátima recebe o Riachense, bastando-lhe pontuar para confirmar o 1.º lugar da série. Num “quase derby” o Moçarriense desloca-se ao Espinheiro, procurando completar o trajecto 100% vitorioso.
Na Liga 3 o U. Santarém terá um encontro crucial, na Cova da Piedade, clube que o precede na classificação, e que poderá ser o de mais plausível ultrapassagem, na busca pela manutenção; no Campeonato de Portugal o Coruchense recebe o Marinhense, em mais um difícil compromisso.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 31 de Março de 2022)
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