Archive for Fevereiro, 2022
O Pulsar do Campeonato – 19ª Jornada
(“O Templário”, 24.02.2022)
Era grande a expectativa para avaliar como reagiriam – vencidos e vencedores – às emoções fortes da ronda anterior, em que os dois guias tinham sido derrotados pelos dois 3.º classificados. Pois, três destes clubes saíram-se bem a contento na jornada 19, somando importantes triunfos. A excepção acabou por ser o U. Tomar, outra vez derrotado pelo Samora Correia (a única equipa que, nesta edição da prova, “subtraiu” os seis pontos aos unionistas), desfecho que se traduziu na perda da liderança que ostentava desde o primeiro dia deste campeonato, há cinco meses!
Trata-se, não obstante, de uma perda “à condição”, dado que, mantendo os tomarenses um jogo em atraso, desperdiçaram, até agora, o mesmo número de pontos (onze) que os riomaiorenses. Assinala-se, contudo, uma importante vantagem na diferença de golos – saldo de 15 – a favor do grupo de Rio Maior, nesta altura com o ataque mais concretizador e a defesa menos batida.
Destaques – O maior destaque vai para o bom momento do Mação – vindo de três desafios sucessivos ante os dois comandantes, nos quais tinha batido o U. Tomar, e imposto dois empates ao Rio Maior (um deles em jogo da Taça, mesmo que tenha acabado por ser afastado no desempate da marca de grande penalidade) – que obteve uma vitória afirmativa em Torres Novas, por 3-1.
Apesar de ter entrado a perder, sofrendo um golo logo no minuto inicial (o 21.º de Miguel Miguel no campeonato), os maçaenses mantiveram a serenidade, operando reviravolta que se revestiu de alguma naturalidade, marcando por três vezes num espaço de vinte minutos (entre os 56 e os 77).
Noutro plano, esteve também em evidência o Ferreira do Zêzere, que, ganhando ao Abrantes e Benfica por 2-1, não só confirma a boa recuperação que vem realizando (dos 14 pontos somados, dez foram averbados nas últimas seis jornadas), como, tendo reduzido o atraso face ao U. Almeirim para um único ponto (e tendo o At. Ouriense agora a cinco pontos), volta a estar bem dentro da disputa pela permanência, o que, a dada altura, chegou a parecer tarefa ciclópica.
Precisamente, o U. Almeirim foi derrotado, no seu próprio reduto, pelo Benavente, por convincente marca de 1-3, voltando a ver-se em situação muito delicada na pauta classificativa – enquanto, em paralelo, os benaventenses, igualando assim o Abrantes e Benfica no 7.º posto, praticamente garantiram, desde já, um final de temporada bastante tranquilo.
Também o Amiense fez boa operação, indo ganhar 2-0 ao Cartaxo, ascendendo mesmo à 6.ª posição, e somente um ponto abaixo do Alcanenense, podendo, pois, visar mais alto na tabela. Quanto aos cartaxeiros, a atravessar crise de resultados, tendo somado apenas um ponto nos quatro últimos encontros, não estarão ainda definitivamente a salvo de maiores preocupações.
Surpresa – A grande surpresa da ronda foi o desaire – segundo consecutivo, depois de uma excelente série de onze vitórias – sofrido pelo U. Tomar, novamente batido (1-2) pelo Samora Correia (10.º), única equipa que, na primeira volta, tinha conseguido já desfeitear os nabantinos.
Entrando praticamente a perder (sofrendo o primeiro golo logo aos dois minutos), a turma unionista “acusou o toque”, não conseguindo, ao longo da primeira metade, atingir o rendimento habitual. Na segunda parte, pese embora a pressão intensa, com múltiplas ocasiões de perigo, os homens da casa mostraram-se deveras ineficazes. Já próximo do minuto 90, arriscando tudo, abdicando de um defesa central, uma perda de bola viria a custar o segundo tento adversário. O ponto de honra do União acabaria por chegar demasiado tarde, já em período de compensação.
Trata-se de um forte contratempo face às aspirações dos tomarenses, os quais terão de reagir de pronto, face aos muito exigentes compromissos que se perfilam no horizonte (deslocações às Fazendas de Almeirim, já neste fim-de-semana, e, em Março, a Benavente… e a Rio Maior).
Confirmações – Reagindo positivamente a momento que parecia poder ser de alguma oscilação (dois empates com o Mação e derrota ante o Fazendense), o Rio Maior aproveitou da melhor forma tal surpresa, recebendo e goleando categoricamente (5-0) o Alcanenense, ainda 5.º classificado, em mais uma inequívoca prova de força. Os riomaiorenses seguem com registos notáveis, quer a nível de golos marcados (51, à média de 2,7), como de golos sofridos (11).
Quanto ao Fazendense, prossegue a sua excelente fase, com um único empate cedido (por curiosidade, em Samora Correia) nas últimas oito rondas, tendo, pois, somado nesse período um total de 22 pontos, de um máximo possível de 24! Desta vez, coube ao At. Ouriense (13.º) ser derrotado em casa, mesmo que por tangencial 0-1, pela formação das Fazendas de Almeirim.
Por fim, no “derby” do município de Salvaterra, numa partida repleta de incerteza, com reviravoltas no marcador, o Salvaterrense ganhou por 3-2 à equipa da Glória do Ribatejo, dando um passo importante a caminho da manutenção, ao mesmo tempo que afasta ainda mais o adversário de tal aspiração, agora já com seis pontos de atraso do penúltimo classificado.
II Divisão Distrital – O principal realce vai para o empate (1-1) imposto pelo Porto Alto ao líder Forense, o que possibilitou ao Águias de Alpiarça reduzir para três pontos a desvantagem.
Entroncamento AC (vitória por 2-0 frente ao Riachense) e Fátima (após um empolgante 5-4 no terreno do Vasco da Gama) praticamente garantiram já o apuramento para a fase final, o mesmo se podendo dizer de Moçarriense (12.º triunfo em outros tantos jogos, ganhando 3-0 no Pego) e Espinheirense (4-0 em Alferrarede), ampliando para seis pontos a diferença face ao Tramagal.
Liga 3 – O U. Santarém conseguiu manter até final o nulo na recepção ao guia, U. Leiria, subindo uma posição (é agora 10.º classificado), um ponto acima de Oriental Dragon e Oliveira do Hospital, quando faltam disputar apenas duas jornadas nesta primeira fase da competição.
Campeonato de Portugal – O Coruchense sofreu muito imprevisto desaire caseiro, baqueando por 1-5 (tendo chegado, aliás, a estar a perder por 0-5 até ao derradeiro minuto) ante o Sp. Ideal, clube que subsiste em posição imediatamente abaixo da turma de Coruche, a qual, à entrada para a última ronda (em que visitará o líder, Belenenses), reparte o 6.º lugar com o Operário Lagoa.
Antevisão – No principal escalão do futebol distrital o “jogo grande” da 20.ª jornada será o que coloca frente-a-frente o Fazendense e o U. Tomar, actuais 3.º e 2.º classificados, respectivamente, um teste da maior dificuldade para os nabantinos, face ao grande momento de forma dos visitados.
Quanto ao agora líder isolado, Rio Maior, recebe o Ferreira do Zêzere, sendo amplamente favorito, não obstante a boa recuperação dos ferreirenses. Na disputa pela manutenção afigura-se crucial o embate entre Glória Ribatejo e U. Almeirim, no qual os donos da casa “terão de pontuar”.
Na II Divisão Distrital, destaca-se o desafio entre os dois primeiros classificados da série B, Fátima-Entroncamento, separados por três pontos, o qual poderá provocar alteração no comando. Mais a Sul o guia incontestado, Moçarriense, recebe o actual 3.º classificado, Tramagal.
Na Liga 3, na penúltima ronda da primeira fase, o U. Santarém desloca-se ao terreno do “lanterna vermelha”, Oliveira do Hospital, na perspectiva de poder vir a somar algo à sua pontuação. Quanto ao Campeonato de Portugal tem a última jornada da sua fase inicial agendada apenas para 6 de Março, sendo este fim-de-semana aproveitado para jogos de acerto de calendário.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 24 de Fevereiro de 2022)
Liga Conferência Europa – Sorteio dos 1/8 de Final
Olympique Marseille – Basel
Leicester City – Rennes
PAOK – Gent
Vitesse – Roma
PSV Eindhoven – København
Slavia Praha – LASK Linz
Bodø/Glimt – AZ Alkmaar
Partizan – Feyenoord
Os jogos da primeira mão serão disputados a 10 de Março, estando a segunda mão agendada para 17 de Março.
Liga Europa – Sorteio dos 1/8 de Final
Rangers – Crvena zvezda
Sp. Braga – Monaco
FC Porto – Olympique Lyon
Atalanta – Bayer Leverkusen
Sevilla – West Ham
Barcelona – Galatasaray
RB Leipzig – Spartak Moskva
Betis – E. Frankfurt
Os jogos da primeira mão serão disputados a 10 de Março (9 de Março, no caso de FC Porto e Betis), estando a segunda mão agendada para 17 de Março.
Liga Conferência Europa – “Play-off” intercalar (2.ª mão)
2ª mão 1ª mão Total Qarabağ - Olympique Marseille 0-3 1-3 1-6 Maccabi Tel-Aviv - PSV Eindhoven 1-1 0-1 1-2 Slavia Praha - Fenerbahçe 3-2 3-2 6-4 PAOK - Midtjylland 2-1 (5-3gp) 0-1 2-2 Randers - Leicester City 1-3 1-4 2-7 Bodø/Glimt - Celtic 2-0 3-1 5-1 Partizan - Sparta Praha 2-1 1-0 3-1 Vitesse - Rapid Wien 2-0 1-2 3-2
Na edição de estreia da Liga Conferência Europa destaca-se o contingente dos Países Baixos, com nada menos de quatro representantes (AZ Alkmaar, Feyenoord, PSV Eindhoven e Vitesse). Para além deste apenas a França (Olympique Marseille e Rennes) mantém mais de um clube na competição. Tal como no caso da Liga Europa, Inglaterra (Leicester City) e Itália (Roma) registam uma única equipa. Por seu lado, Alemanha, Espanha e Portugal não dispõem de qualquer representante em prova.
Liga Europa – “Play-off” intercalar (2.ª mão)
2ª mão 1ª mão Total D. Zagreb - Sevilla 1-0 1-3 2-3 Olympiakos - Atalanta 0-3 1-2 1-5 Real Sociedad - RB Leipzig 1-3 2-2 3-5 Napoli - Barcelona 2-4 1-1 3-5 Betis - Zenit 0-0 3-2 3-2 Rangers - Borussia Dortmund 2-2 4-2 6-4 Sp. Braga - Sheriff Tiraspol 2-0 (3-2gp) 0-2 2-2 Lazio - FC Porto 2-2 1-2 3-4
Os principais contingentes a marcar presença nos 1/8 de final da Liga Europa são os de Espanha (Barcelona, Betis e Sevilla) e Alemanha (Bayer Leverkusen, E. Frankfurt e RB Leipzig), Portugal (FC Porto e Sp. Braga) e França (Monaco e Lyon). Inglaterra (West Ham) e Itália (Atalanta) contam apenas um representante ainda em prova.
Liga dos Campeões – 1/8 de final (1.ª mão)
16.02.2022 – Salzburg – Bayern – 1-1
15.02.2022 – Sporting – Manchester City – 0-5
23.02.2022 – Benfica – Ajax – 2-2
22.02.2022 – Chelsea – Lille – 2-0
23.02.2022 – At. Madrid – Manchester United – 1-1
22.02.2022 – Villarreal – Juventus – 1-1
16.02.2022 – Inter – Liverpool – 0-2
15.02.2022 – Paris Saint-Germain – Real Madrid – 1-0
Liga dos Campeões – 1/8 final (1.ª mão) – Benfica – Ajax
Benfica – Odysseas Vlachodimos, Gilberto Moraes (90m – Diogo Gonçalves), Nicolás Otamendi, Jan Vertonghen, Alejandro “Álex” Grimaldo, Rafael “Rafa” Silva, Julian Weigl, Adel Taarabt (85m – Paulo Bernardo), Everton Soares (62m – Roman Yaremchuk), Gonçalo Ramos e Darwin Núñez (90m – Valentino Lazaro)
Ajax – Remko Pasveer, Noussair Mazraoui (90m – Devyne Rensch), Jurriën Timber, Lisandro Martínez, Daley Blind (73m – Nicolás Tagliafico), Edson Álvarez, Steven Berghuis, Ryan Gravenberch (73m – Davy Klaassen), Antony Matheus dos Santos, Dušan Tadić e Sébastien Haller
0-1 – Dušan Tadić – 18m
1-1 – Sébastien Haller (p.b.) – 26m
1-2 – Sébastien Haller – 29m
2-2 – Roman Yaremchuk – 72m
Cartões amarelos – Darwin Núñez (46m), Gonçalo Ramos (49m) e Roman Yaremchuk (72m); Noussair Mazraoui (23m), Steven Berghuis (45m) e Antony Matheus dos Santos (87m)
Árbitro – Slavko Vinčić (Eslovénia)
O resultado final foi claramente lisonjeiro para o Benfica. Não sei se é “suposto” festejarmos (enquanto benfiquistas) um empate em casa. Mas é também de “noites europeias” como esta que se forjou a mística e prestígio internacional do Benfica.
Contrariamente ao proclamado por Nélson Veríssimo, a abordagem do jogo por parte das duas equipas cedo denotou que esta não era uma eliminatória “50/50”. A diferença de intensidade competitiva foi demasiado flagrante, como se se enfrentassem uma equipa assustada, retraída, e outra, plena de confiança na sua superioridade, com uma dinâmica imparável.
O “onze” benfiquista, evidenciando dificuldades de organização, cometia falhas sucessivas, nem sempre resultado de “erros forçados” pelo adversário. Cabal exemplo, nessa fase inicial do jogo, foi dado pelo primeiro golo dos neerlandeses, aproveitando uma perda de bola (situação já antes repetida) de Grimaldo (não tendo conseguido fazer a recepção apropriada), com Tadić a surgir completamente liberto de marcação ao segundo poste, a alvejar a baliza num remate de primeira, algo “acrobático”, após cruzamento largo.
Seria da forma mais improvável que, escassos minutos volvidos, o Benfica reporia a igualdade no marcador: o defesa central, Vertonghen (antigo jogador do Ajax, onde completou a sua formação, tendo integrado a equipa principal do clube de Amesterdão de 2007 a 2012 – antes de enfileirar, durante oito temporadas, no Tottenham), aventurando-se pelo meio-campo contrário (acorrera à marcação de um pontapé de canto), driblou um adversário na zona central, ensaiou um remate que foi rechaçado, recuperou a bola, descaindo para a esquerda, avançou até à linha de fundo, procurando “cruzar” para a zona da pequena área – onde não havia nenhum jogador benfiquista, mas vários do Ajax, tendo a bola tabelado… no “ponta de lança” Haller, autor involuntário de um auto-golo!
Foi “sol de pouca dura”. Apenas mais três minutos decorridos o próprio Haller recolocava a sua equipa em vantagem, marcando, agora, na “baliza certa” (na sua perspectiva, claro), aproveitando uma defesa incompleta de Vlachodimos. Foi o 7.º jogo do franco-marfinense na Liga dos Campeões e, de forma incrível, o 7.º jogo a marcar consecutivamente na competição – registo nunca antes visto –, num total de 11 golos, que leva já nesta sua época de estreia no torneio (não obstante contar já 27 anos, tendo antes passado, no decurso da sua carreira, pelo Utrecht, Eintracht Frankfurt e West Ham).
Até ao termo da primeira metade subsistiria o desequilíbrio, a par de algum descontrolo da parte do Benfica, que bem poderia ter saído para o intervalo com, pelo menos, outros tantos tentos sofridos (não fossem as intervenções do guarda-redes grego, uma bola no poste, e uma recarga falhada de Haller).
A segunda parte seria substancialmente diferente: a ideia que fica é que o Ajax, perante tamanhas facilidades com que lidara até então, como que se “acomodou”, limitando-se a adormecer o jogo, confiante, não só de que a vitória não lhe escaparia, como, com naturalidade, seria ampliada a margem. Mas não… Era não contar com o impacto do apoio entusiasta dos adeptos benfiquistas, levando a equipa “ao colo”, capacitando-a animicamente e impulsionando-a a reverter a situação.
E, claro, necessariamente, também com uma mudança de atitude dentro de campo, de grande entrega, com um inesperado “playmaker” a revelar-se em Taarabt, deambulando por todo o campo, a puxar também pelos companheiros, a solicitar a velocidade de Rafa na direita e a fogosidade (mesmo que, por vezes, inconsequente, por menor inteligência emocional) de Darwin a partir do flanco esquerdo. Tudo isto coroado com a alteração estratégica delineada por Nélson Veríssimo: a entrada de Yaremchuk, enquanto o incansável Gonçalo Ramos descaía para a zona intermediária, agora em apoio à dupla mais ofensiva. A que acresceria, uma vez mais, a intervenção “salvadora” de Vlachodimos (por volta do minuto 65), a evitar o que poderia ter sido o terceiro golo adversário, o que, a acontecer, teria selado o desenlace da partida.
Bastariam dez minutos após a entrada do ucraniano em campo – curiosamente, num lance de insistência, depois de um potente remate de meia distância de Gonçalo Ramos (assistido por Rafa, embalado em velocidade, após uma recuperação de bola na sequência de canto a favor do Ajax), que “levava fogo”, o qual o guardião neerlandês não conseguiu igualmente suster, mais não conseguindo que repelir a bola para a sua frente – para, muito focado, de forma bastante oportuna, se antecipar ao guarda-redes, cabeceando sem apelo para o fundo da baliza. O golo que, certamente, mais terá desejado marcar em toda a sua carreira, dedicando-o ao povo da Ucrânia, numa hora grave para o país, enfrentando a inadmissível agressão russa.
Daí até final, ainda com cerca de vinte minutos por jogar, o Ajax, tendo quebrado o ritmo que impusera na primeira parte, denotaria maiores dificuldades em voltar a reactivar a dinâmica inicial, num contexto agora já distinto. Vlachodimos ainda seria chamado a mais duas intervenções, a remates de Antony, mas o 2-2 não se alteraria até final, colocando assim travão à caminhada triunfal do Ajax na presente edição da prova, depois de ter vencido todos os seis jogos da fase de grupos (frente a Sporting, Borussia Dortmund e Beşiktaş).
Os adeptos benfiquistas saíam satisfeitos com o desempenho da equipa – e, sobretudo, com a capacidade de reagir à adversidade que demonstrou -, e, porque não dizê-lo, com o próprio resultado, não se tendo confirmado os piores “temores”. Mais, independentemente das dificuldades que serão de esperar no desafio da 2.ª mão, em Amesterdão – com o Ajax óbvio favorito –, terá aumentado de forma interessante a expectativa de poder levar de vencida esta eliminatória, no que, a concretizar-se, não deixaria de se traduzir num sensacional desfecho.
O Pulsar do Campeonato – 18ª Jornada
(“O Templário”, 17.02.2022)
Numa “cimeira” ao mais alto nível, em dois desafios que reuniram as quatro melhores equipas do campeonato, os dois clubes que repartem o 3.º lugar derrotaram os dois que partilham a liderança, tendo o Fazendense conseguido quebrar enfim – após 18 jogos – a invencibilidade do Rio Maior. Quanto ao U. Tomar, soçobrou em Mação, numa espécie de “hara-kiri”, jogando os últimos 15 minutos reduzido a nove elementos, averbando o seu segundo desaire nesta temporada.
Já se antevia, à partida, que estes seriam dois embates de exigência máxima para os guias da prova; o que não se esperaria talvez é que, depois de se terem colocado, ambos, em vantagem (no caso do Rio Maior, com dois golos nos seis minutos iniciais!) e de terem voltado para a segunda parte nessa condição, de “vencedores”, acabassem por baquear – os unionistas com dois tentos consentidos em dois minutos; os riomaiorenses sofrendo o ponto da derrota no derradeiro minuto.
Tendo sido, pois, interrompido um magnífico ciclo de onze triunfos consecutivos – todos os jogos disputados desde que, a 31 de Outubro de 2021, empatara com o Rio Maior – o U. Tomar igualou a segunda melhor série vitoriosa de todo o seu historial (já registada, anteriormente, entre 16 de Novembro de 1997 e 25 de Janeiro de 1998), quedando-se, todavia, a três êxitos do seu máximo, de 14 vitórias (alcançado entre 20 de Março e 2 de Outubro de 1988).
Destaques – O primeiro realce da 18.ª ronda vai para o Fazendense, que, depois de se ver a perder por 0-2 com pouco mais de cinco minutos de jogo, teve a enorme força mental (e física) para, enfrentando um dos líderes, ainda invicto, conseguir operar sensacional reviravolta no marcador, acabando por ganhar por 3-2. Para tal seriam determinantes, em especial, dois golos: o 1-2, logo a abrir a segunda parte e o tento da vitória, em cima do minuto 90, perante um atónito Rio Maior.
Os riomaiorenses denotaram, assim, inesperadas fragilidades, de um sector que tinha sido, até agora, a sua grande fortaleza: com uma média inferior a 0,5 golos sofridos por jogo, nos 17 primeiros encontros do campeonato, consentiram, num único desafio, três golos!
Precisamente, o terceiro golo da turma das Fazendas de Almeirim veio salvar, “in extremis”, a posição do U. Tomar, até então em risco de perder, após 18 jornadas, a liderança da competição (mesmo que “à condição”, uma vez que mantém um jogo em atraso, a disputar em Benavente).
Os tomarenses sentiram dificuldades, como raramente experimentaram nesta época, para impor a sua toada característica, que consiste em assumir, desde início, o controlo e a iniciativa do jogo. Em Mação, frente a um adversário de grande valor, a primeira parte foi repartida, mesmo que com alguma ligeira supremacia dos unionistas, a qual, depois de uma ou outra ocasião de maior perigo, viria a traduzir-se em golo (através de uma grande penalidade) já próximo do intervalo.
Porém, na segunda metade, os maçaenses surgiram particularmente aguerridos, empurrando o oponente para o seu meio-campo, forçado a defender-se. A pressão dos homens da casa resultaria, à entrada do quarto de hora final, no tento do empate, do que decorreria o tal deslaçar emocional dos nabantinos. Alguma falta de “fair-play” nos festejos do golo, suscitou reacção intempestiva, sancionada com cartão vermelho.
O U. Tomar via-se reduzido a dez elementos, para, de imediato, num lance ambíguo – depois de ser assinalada falta a seu favor, o árbitro reverteria o seu juízo, optando pela decisão contrária –, sendo que, do livre, surgiria o segundo golo do Mação. Entre os 75 e os 78 minutos, o União sofria dois golos… e duas expulsões. Paradoxalmente, a jogar apenas com nove elementos, teria uma forte reacção, chegando mesmo a ameaçar poder restabelecer a igualdade.
Em partida de forte intensidade – tendo sido mostrados 12 cartões amarelos (sete aos tomarenses) e três vermelhos (o Mação teria também um jogador expulso já na compensação) –, num reduto adverso e frente a rival poderoso, subsiste a impressão de que o União poderia ter pontuado.
Em função destes desfechos reduziu-se ligeiramente, de 12 para 9 pontos, o “fosso” entre os dois primeiros e o duo que ocupa a 3.º posto, o que, contudo, não deverá constituir alteração profunda no escalonamento entre os dois pares, atendendo ainda ao facto de o União ter um jogo a menos.
Confirmações – Num fim-de-semana sem (outras) surpresas de monta, assinalam-se três nulos no “placard” final, nos confrontos Abrantes e Benfica-Cartaxo (duas equipas em momento de forma menos afirmativo), Benavente-Salvaterrense (mantendo-se muito a par, separados por um ponto, numa disputa que transita já da temporada precedente, então no escalão secundário) e Samora Correia-At. Ouriense, sendo de registar que os samorenses empataram nove dos seus últimos 15 jogos, não tendo vencido nas seis jornadas mais recentes.
Ademais, para além das derrotas dos dois comandantes, perderam também os três emblemas da cauda da tabela, pese embora, todos eles, por tangencial 1-2: o U. Almeirim, em Amiais de Baixo, ante o Amiense; o Ferreira do Zêzere em Alcanena, frente ao Alcanenense, que prossegue a sua bela campanha, tendo reforçado a 5.ª posição; o Glória do Ribatejo, em casa, ante o Torres Novas, começando a ver muito ameaçada a possibilidade de manutenção (a sete pontos do 14.º classificado, U. Almeirim, e já com onze pontos de atraso do 13.º, At. Ouriense).
II Divisão Distrital – Os favoritos consolidaram as respectivas posições, mercê dos triunfos alcançados: 4-0 do Forense, frente ao Coruchense “B”; 3-0 do Águias de Alpiarça, perante o U. Santarém “B”; 5-1 do Entroncamento, no terreno do Vilarense; 3-2 no Fátima-U. Atalaiense; e 3-1 no Moçarriense-Ortiga (11.ª vitória da formação da Moçarria em outros tantos desafios).
Ainda com seis jornadas por disputar, os cinco clubes vencedores antes referidos parecem muito bem encaminhados para assegurar a presença na fase final, subsistindo em aberto, nesse cenário, uma vaga, a decidir entre Espinheirense (folgou) e Tramagal (vencedor frente ao Pego, por 3-0).
Liga 3 – O U. Santarém vem acusando alguma dificuldade competitiva neste escalão (somando quatro vitórias em 19 jogos), tendo perdido por 2-0 na Amora, baixando ao penúltimo lugar, com 16 pontos, somente um ponto acima do Oriental Dragon (este ainda com dois jogos em atraso).
Campeonato de Portugal – Também o Coruchense foi derrotado, por tangencial 2-1, em Sacavém, ante o Sacavenense. O grupo do Sorraia voltou ao 6.º lugar, apenas seis pontos abaixo do duo da liderança (Sintrense e Belenenses), quando falta jogar apenas as duas últimas rondas.
Antevisão – Na I Divisão Distrital avultam, na 19.ª jornada, os embates Torres Novas-Mação e At. Ouriense-Fazendense, cabendo aos dois guias receber, nos respectivos redutos, o Samora Correia (em Tomar – com o União a procurar voltar às vitórias) e o Alcanenense (em Rio Maior). No segundo escalão destacam-se o Porto Alto-Forense e o Entroncamento AC-Riachense.
Na Liga 3, o U. Santarém terá a visita do líder destacado da sua série, U. Leiria (primeiro clube a garantir o apuramento para a fase final). No Campeonato de Portugal, o Coruchense recebe o Sp. Ideal, visando uma vitória que lhe proporcione, em especial, afastar-se da parte baixa do quadro.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 17 de Fevereiro de 2022)
Liga Conferência Europa – “Play-off” intercalar (1.ª mão)
Olympique Marseille – Qarabağ – 3-1
PSV Eindhoven – Maccabi Tel-Aviv – 1-0
Fenerbahçe – Slavia Praha – 2-3
Midtjylland – PAOK – 1-0
Leicester City – Randers – 4-1
Celtic – Bodø/Glimt – 1-3
Sparta Praha – Partizan – 0-1
Rapid Wien – Vitesse – 2-1