O Pulsar do Campeonato – 19ª Jornada
23 Fevereiro, 2020 at 11:00 am Deixe um comentário
(“O Templário”, 20.02.2020)
Após uma fantástica série de 18 vitórias consecutivas, foi enfim travada a senda triunfal do U. Almeirim, com o Cartaxo a ser a primeira equipa a conseguir bater o líder nesta temporada. Por coincidência, tal ocorreu no mesmo dia em que o triunvirato que ocupava os três lugares da frente perdeu os respectivos desafios, com o Fazendense a sofrer também o primeiro desaire no seu reduto, enquanto o U. Tomar viu repetir-se a desfeita ante o Abrantes e Benfica.
Num fim-de-semana tristemente assinalado por mais um episódio de deploráveis atitudes de racismo (na I Liga), este com a resposta inédita em Portugal, do abandono do campo por parte do maliano Moussa Marega, vítima de tais invectivas, ao qual faço questão de aqui expressar a minha solidariedade – perante uma autêntica “pedrada no charco”, a despertar consciências e a gritar bem alto que não podemos continuar a tolerar uma situação que, ao invés, se impõe repudiar de forma absoluta e inequívoca, num mundo (cada vez mais) perigoso, em que a fronteira da bestialidade parece a cada dia mais ténue, num fenómeno obviamente sem qualquer racionalidade.
Destaques – O grande destaque da 19.ª ronda vai, necessariamente, para o Cartaxo – à partida um assumido candidato ao título –, já virtualmente afastado de tal objectivo, mas que, seguindo com o pleno de triunfos nas quatro jornadas disputadas nesta segunda volta, não estará arredado da pretensão de poder chegar ainda até ao 2.º lugar. Os cartaxeiros, puxando dos “galões”, conseguiram superiorizar-se ao até agora invicto U. Almeirim, batido por dois golos sem resposta.
Em paralelo, os vizinhos das Fazendas não conseguiram fazer melhor, tendo sido também superados – pela primeira vez, ao 10.º jogo disputado em casa nesta época – por uma equipa do Mação, que parecia atravessar fase menos positiva, mas que, tendo qualidade intrínseca, soube levar a melhor neste desafio, ganhando por 2-1 ante o até então vice-líder Fazendense (agora 3.º).
Em Abrantes, os locais lograram voltar a vencer o U. Tomar, repetindo o desfecho (2-1) do encontro da primeira volta, em Tomar, o que teve por consequência a ascensão do Abrantes e Benfica à 3.ª posição (partilhada com o Fazendense) e a descida do União ao 5.º posto, pese embora apenas um ponto abaixo e, agora, a três pontos do novo 2.º classificado, Coruchense.
Os tomarenses até entraram mais afirmativos, começando logo por assumir a iniciativa; porém, os abrantinos aproveitariam da melhor forma uma falha contrária, para, ainda nos minutos iniciais, inaugurar o marcador. Não se descompondo, os unionistas procuraram inverter a situação, mas, infelizes, a um remate a embater nos ferros da baliza contrária (que poderia ter resultado na igualdade no “placard”) viram seguir-se, de imediato, em rápido lance de contra-ataque, o 2-0.
Os nabantinos reduziriam ainda para 2-1, mas, na fase final, não teriam já argumentos para contrariar a organização defensiva do Abrantes e Benfica, que “trancou” o resultado a seu favor – um desfecho bastante penalizador para o U. Tomar, deveras castigado pela eficácia do adversário, com um quase pleno aproveitamento dos erros do rival.
Num duelo entre os dois conjuntos que repartiam a condição de “lanterna vermelha”, nos Riachos, o Pego, que vinha já transmitindo indícios de poder reverter a situação, foi superior, obtendo um triunfo (2-1) que poderá vir a revelar-se crucial para as suas aspirações de manutenção, não só pelos três pontos somados – a colocar termo a um ciclo muito negativo, de sete derrotas sucessivas –, mas também pelo “élan” que poderá proporcionar para o que resta.
Confirmações – Nos outros jogos, confirmaram-se as expectativas, com vitórias folgadas do Coruchense (3-0, frente à turma da Glória do Ribatejo) e do Torres Novas (4-2, ante o Moçarriense), com a turma da Moçarria a marcar os seus dois tentos após ter chegado ao intervalo a perder por 4-0 – no que poderá constituir também um tónico para próximas “batalhas”.
Em Rio Maior, os locais conseguiram forçar o empate (1-1) ante o Samora Correia, o que significa que nenhum dos quatro semi-finalistas da Taça conseguiu vencer (os outros três, U. Almeirim, Fazendense e U. Tomar, tal como referido antes, foram inclusivamente derrotados).
A partida que colocará frente-a-frente Amiense e Ferreira do Zêzere foi adiada para dia 23.
II Divisão Distrital – Na Série A, realce para o empolgante embate entre U. Atalaiense e Caxarias, com sucessivas cambiantes na marcha do marcador, com os homens da Atalaia a acabar por vencer por 5-4, no que, para já, pode ter-se traduzido numa mais nítida definição dos três clubes a apurar para a fase final, perante os triunfos averbados por Alcanenense (4-1 ao Alferrarede), Entroncamento (2-0 na Ortiga) e Tramagal (6-0 ao Abrantes e Benfica “B”).
Na Série B, tudo parece cada vez mais “embrulhado”, com (pelo menos) cinco candidatos ao apuramento, perante o inesperado desaire caseiro (0-1) do Marinhais ante o Benfica do Ribatejo, assim como a imprevista igualdade cedida pelo Benavente frente ao Goleganense, mesmo que Espinheirense e Forense se tenham também “empatado” mutuamente (2-2), com o Pontével (a bater o Salvaterrense por convincente 3-0) a aproveitar para reforçar a sua posição de liderança.
Campeonato de Portugal – Ao contrário da semana anterior, o Fátima decepcionou, derrotado em casa (1-2) pelo penúltimo classificado, V. Sernache. Melhor esteve o U. Santarém, que voltou a marcar três golos, pela terceira vez consecutiva, vencendo, não sem dificuldades (por 3-2), uma equipa do U. Leiria em queda, ampliando assim para sete rondas o seu ciclo de invencibilidade.
Em função destes desfechos, o Fátima caiu para o 4.º lugar, sendo que dispõe agora de uma vantagem de apenas seis pontos sobre o U. Santarém (que subiu à 11.ª posição, a par de U. Leiria e Condeixa), últimos acima da “linha de água”, com dois pontos a mais que o Oliveira do Hospital.
Antevisão – Os campeonatos distritais voltam a dar espaço à entrada em cena da Taça do Ribatejo, para disputa da 1.ª mão das meias-finais, com dois aliciantes pratos no menu: o “derby” Fazendense-U. Almeirim, com ambos os emblemas a pretender rapidamente superar os desaires sofridos no passado fim-de-semana; e, por outro lado, o Samora Correia-U. Tomar, em que os samorenses terão a seu favor o factor casa para procurar equilibrar a contenda, sendo expectável que tudo possa ficar por decidir para os jogos de retorno, agendados para 15 de Março.
No Campeonato de Portugal, os dois representantes do Distrito voltam a deparar-se com compromissos de elevado grau de dificuldade, e ambos em terreno alheio: o Fátima, viajando até à Sertã, para defrontar o agora 3.º classificado, Sertanense, que, precisamente, o precede na tabela; quando ao U. Santarém, indo de visita a Castelo Branco, onde encontrará o Benfica local, que reparte o 4.º lugar com os fatimenses e com o Caldas.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 20 de Fevereiro de 2020)
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