EURO 2016 – Grupo F – 1ª jornada – Portugal – Islândia
14 Junho, 2016 at 8:50 pm Deixe um comentário

1-1
Rui Patrício, Vieirinha, Ricardo Carvalho, Pepe, Raphaël Guerreiro, Danilo Pereira, Nani, João Mário (76m – Ricardo Quaresma), João Moutinho (71m – Renato Sanches), André Gomes (84m – Éder) e Cristiano Ronaldo
Hannes Halldórsson, Birkir Sævarsson, Ragnar Sigurdsson, Kári Árnason, Ari Skúlason, Johann Gudmundsson (90m – Elmar Bjarnason), Aron Gunnarsson, Gylfi Sigurdsson, Birkir Bjarnason, Kolbeinn Sigthórsson (81m – Alfred Finnbogason) e Jón Dadi Bödvarsson
1-0 – Nani – 31m
1-1 – Birkir Bjarnason – 50m
“Melhor em campo” – Nani
Amarelos – Birkir Bjarnason (55m) e Alfred Finnbogason (90m)
Árbitro – Cüneyt Çakır (Turquia)
Stade Geoffroy Guichard – Saint-Étienne (20h00)
É inevitável: tão depressa passamos do “8” (derrota com a Inglaterra) para o “80” (os 7-0 à Estónia), como logo voltamos ao “8” (o empate de hoje).
O que a realidade nos mostra é que, por um lado, efectivamente, a Islândia não é uma selecção tão fraca como se poderá pensar – como o poderia ser uma equipa que ficou à frente da Turquia e da Holanda na fase de qualificação, na qual derrotou checos, holandeses (por duas vezes) e turcos (por 3-0)? E, por outro, que Portugal continua a denotar diversas insuficiências , lacunas, e alguns equívocos tácticos.
Com um futebol deveras padronizado, ao estilo clássico de “pontapé para a frente”, lançando bolas em profundidade, onde Sigthórsson surge a ganhar todos os lances de bola pelo ar, a Islândia ameaçou o primeiro susto logo aos 3 minutos, obrigando Rui Patrício a evidenciar excelentes reflexos e concentração, para evitar ser batido “a frio”.
Entrando em campo revelando alguma ansiedade, a selecção portuguesa experimentou dificuldades para assentar o seu jogo, o que só conseguiria à passagem do primeiro quarto de hora.
Com Danilo muito recuado e João Moutinho longe da sua melhor forma, sem que João Mário estivesse também ao nível que evidenciou durante a época, a despesa da iniciativa atacante de Portugal ficaria a cargo de Cristiano Ronaldo e Nani, a procurarem combinar, começando a levar o perigo à zona mais recuada da Islândia. primeiro, Nani, aos 21 minutos, logo seguido por Ronaldo.
Espicaçado pelo ameaça de perda de titularidade a favor de Quaresma (em função da superlativa exibição que este protagonizou frente à Estónia), Nani esteve bem mais dinâmico que noutros jogos, vindo a inaugurar o marcador, após a passagem da meia hora de jogo, dando perfeita sequência a um bom cruzamento de André Gomes, após boa combinação com Vieirinha.
O mais difícil – quebrar a barreira defensiva islandesa – estava feito. Até final do primeiro tempo a toada de jogo não se alteraria, sempre com Portugal a assumir a iniciativa, mas sem conseguir materializar o domínio de jogo em efectivas oportunidades de golo.
Após o intervalo, Portugal voltou a entrar desconcentrado; estavam decorridos apenas cinco minutos da segunda parte quando uma falha de posicionamento de Vieirinha e Pepe deixou espaço livre à entrada de Bjarnason, a desviar a bola do alcance de Rui Patrício, desfeiteado sem apelo nem agravo.
No imediato, percebeu-se a intenção de Fernando Santos de não descompor a equipa, de procurar manter a serenidade, com a selecção portuguesa a continuar a porfiar em busca de novo golo e de retomar a vantagem.
Mas, à medida que os minutos começavam a “voar”, o seleccionador nacional pareceu começar a “desesperar”, e, num período de menos de quinze minutos, um a um, fez sair todo o tridente do meio-campo (João Moutinho, João Mário e André Gomes), esperando que Renato Sanches trouxesse novas soluções (opção que não viria a frutificar), para, de seguida, arriscar a entrada de Ricardo Quaresma, até chegar ao “tudo por tudo” da colocação em campo de Éder, improvisando um sistema de quatro avançados, com Nani (agora já menos activo) e Quaresma (que ainda procuraria funcionar como “abre-latas”, acelerando o ritmo de jogo) nas alas.
Mas o tempo que restava era já muito escasso, e a Islândia colocara as “trancas à porta”, sem contudo abdicar do contra-ataque, que quase lhe ia proporcionando o segundo golo, que seria o de uma sensacional vitória, não fora outra intervenção apertada de um bem atento Rui Patrício, em novo grande calafrio, de fazer “suster a respiração”, por via de um forte remate de Finnbogason.
E, de facto, depois do golo sofrido, em mais de quarenta minutos de jogo, não mais a equipa portuguesa conseguiu ter a qualidade e intensidade de jogo que mostrara na metade inicial do desafio, sem conseguir verdadeiramente importunar o guardião islandês, acabando a partida, em desespero, a bombear bolas para a área contrária.
O resultado foi mau? Poderia ter sido bem pior…
A exibição foi má? Poderia ter sido melhor. A equipa nacional foi esforçada, procurou lutar contra a adversidade de um resultado inesperado, foi digna e saiu de cabeça erguida, mas deixou patentes algumas fraquezas, que, noutras circunstâncias, pode procurar mitigar, mas que “estão lá”.
Desde logo, o modelo de jogo, em 4-4-2, sem ponta de lança fixo, com Cristiano Ronaldo (que, tal como há dois anos, não está, inegavelmente, no melhor da sua condição física) a ser chamado a um trabalho desgastante e pouco profícuo. Depois, a aposta falhada em João Moutinho (e, em boa medida, também em Danilo), penalizando o desempenho de João Mário.
Perante as estatísticas do jogo (66/34% em termos de posse de bola; 27 tentativas contra 4; 10-4 em remates à baliza, 11-2 em cantos), o resultado acaba por ser necessariamente frustrante; mas, de forma mais fria e racional, não só se reveste de alguma justiça, em função da efectividade de ambas as equipas, como – conforme referi antes – poderia ter sido ainda mais gravoso.
Fica um sinal de alerta para o que resta desta primeira fase do Europeu, em que tudo continua em aberto – a vitória num dos dois jogos que falta garantirá o apuramento, e, no limite, até poderá nem vir a ser imprescindível ganhar -, mas em que o Portugal-Áustria, que se julgaria ser o encontro da definição do vencedor do grupo, adquire contornos mais determinantes (em função da candidatura hoje bem manifestada pelos dois outros concorrentes), se não quisermos deixar tudo para o último dia, e, como é tradição, acabar de “calculadora na mão”…
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