Archive for Maio, 2014
O pulsar do campeonato – 24ª jornada
(“O Templário”, 01.05.2014)
Tal como na passada semana, inicio este comentário com novo realce para o União de Tomar, que, obtendo novo triunfo, desta feita ante o Mação, por 2-0, não só garantiu matematicamente, a duas jornadas do final, o 6.º lugar, como continua a “sonhar” com a possibilidade de poder vir ainda a melhorar a sua posição na tabela classificativa.
De facto, dada a sequência final reservada pelo calendário ao Amiense – defrontando, nas três últimas rondas, os três primeiros classificados, tendo começado por perder (2-3) no terreno do Fazendense (3.º), recebendo na próxima jornada o líder, At. Ouriense, e finalizando a prova em Coruche (2.º) –, tendo-se entretanto reduzido a diferença face ao União a quatro pontos, caso a turma unionista consiga vencer os dois jogos que restam (curiosamente, contra os dois últimos classificados), poderá ainda ficar à espreita de um eventual deslize da formação de Amiais (que, para garantir a posição que actualmente ocupa necessitaria, nesse caso, de uma vitória, ou de empatar os seus dois últimos desafios).
Foi portanto uma jornada muito positiva para os tomarenses, a do passado fim-de-semana, beneficiando também das goleadas sofridas pelo Pontével (0-4, em Coruche) e pelos Empregados do Comércio (1-7, em Santarém, frente ao Torres Novas), para assegurar, como mínimo, o lugar em que se posiciona nesta altura – uma vez que ampliou para nove pontos a vantagem de que dispõe face ao trio agora formado por Cartaxo (vencedor caseiro, ante a U. Abrantina, por 4-3, de acordo com o site da A. F. Santarém, ou por 4-1, tendo por base outras fontes – somando uma boa série de três triunfos consecutivos, tantos quantos os obtidos em todo o restante campeonato…), Mação e Pontével.
Mas nem tudo foram más notícias para Mação, Pontével e Empregados do Comércio: na sequência dos resultados registados no passado fim-de-semana no Campeonato Nacional de Seniores, Alcanenense e Fátima garantiram já a manutenção, o que significa que, no pior dos cenários – caso o Riachense não consiga evitar a despromoção – terão de descer à II Divisão Distrital três equipas (12.º ao 14.º classificados).
Ora, o 12.º posto é actualmente ocupado pelo Benavente (também goleado, por 1-5, em Ourém, pelo comandante, que mantém um extraordinário registo, 100% vitorioso, nas 11 jornadas disputadas na segunda volta), que dista já seis pontos de Cartaxo, Mação e Pontével, cinco dos Empregados do Comércio, e quatro do U. Chamusca (vencedor, em casa, ante o Assentis, por 3-1), pelo que – se considerarmos ainda que o Benavente terá uma difícil recepção ao Coruchense, num derradeiro esforço de se manter ainda na luta pelo título – as probabilidades de uma destas cinco equipas poder vir ainda a cair nessa indesejada posição são relativamente remotas (em alguns casos, eventualmente já afastadas, dependendo da conjugação dos resultados dos diversos envolvidos).
O que, paralelamente, significa que o Benavente – tal como sucedeu na época ao União de Tomar, então em suspenso da classificação final do Alcanenense – deverá ficar dependente da manutenção ou não no Campeonato Nacional de Seniores por parte do Riachense. E isto também, porque, para além do já há muito matematicamente despromovido grupo da U. Abrantina (somou a décima derrota sucessiva), também o Assentis (perdendo na Chamusca conforme referido, assim ampliando para sete o ciclo negativo de desaires) está à beira de cair igualmente na II Divisão Distrital, dado que regista um atraso de cinco pontos face aos benaventenses.
Na II Divisão Distrital, o líder Rio Maior – que, até agora, beneficiava do facto de, na primeira volta, ter disputado quatro das cinco jornadas em casa –, impôs-se desta feita em Ferreira do Zêzere por categórico 5-3, tendo o Barrosense ido também vencer, à Atalaia (3-0), enquanto o Pego recebeu e bateu o U. Santarém, por 2-0. Deste modo, o clube de Rio Maior mantém o comando, com 13 pontos, mais um que o grupo da Barrosa, com o Pego a quatro pontos, dispondo agora já de uma margem de cinco pontos em relação à primeira equipa fora dos lugares de promoção, U. Santarém.
No Campeonato Nacional de Seniores, o Fátima perdeu na Lourinhã (0-1), enquanto Riachense e Alcanenense repartiram os pontos entre si, em Riachos, não desfazendo o nulo inicial. Os conjuntos de Alcanena (3.º) e Fátima (4.º), respectivamente com onze e dez pontos a mais que o 6.º classificado (Riachense), garantiram já, tal como indicado anteriormente – faltando ainda três jornadas para o final da prova –, a manutenção. O grupo de Riachos disputará com o Carregado (com quem partilha actualmente a posição, com o mesmo número de pontos) quem jogará o play-off de despromoção.
Na próxima jornada do Distrital, penúltima da competição, as atenções estarão focadas na disputa do título de Campeão, com dois sérios testes aos candidatos: em teoria, mais difícil o do guia, At. Ouriense, numa sempre complicada deslocação a Amiais de Baixo, enquanto o Coruchense visita Benavente, cuja (delicada) posição aparenta estar já definida. O grupo de Ourém tem a significativa vantagem de depender apenas de si, podendo sagrar-se desde já Campeão, se vencer; ou, mesmo no caso de empate ou derrota, desde que o Coruchense não ganhe o seu jogo. Caso contrário, tudo ficaria adiado para a derradeira ronda.
Para além destes dois empolgantes desafios, há um outro que, necessariamente, é merecedor de particular relevo: em dia de Centenário – 4 de Maio de 2014 –, o União de Tomar desloca-se até Assentiz, na expectativa de poder comemorar da melhor forma esse notável marco da sua gloriosa história, ao completar 100 anos de vida, e esperando que cheguem também notícias favoráveis desde Amiais de Baixo…
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 1 de Maio de 2014)
Liga Europa – 1/2 Finais (2ª mão) – Juventus – Benfica
Juventus – Gianluigi Buffon, Martín Cáceres, Leonardo Bonucci (73m – Sebastian Giovinco), Giorgio Chiellini, Andrea Pirlo, Stephan Lichsteiner, Paul Pogba, Arturo Vidal (78m – Pablo Osvaldo), Kwadwo Asamoah, Carlos Tévez e Fernando Llorente (78m – Claudio Marchisio)
Benfica – Jan Oblak, Maxi Pereira, Luisão, Ezequiel Garay, Siqueira, Ruben Amorim, Lazar Marković (86m – Miralem Sulejmani), Enzo Pérez, Nicolás Gaitán (76m – Eduardo Salvio), Rodrigo (69m – André Almeida) e Lima
Cartões amarelos – Kwadwo Asamoah (64m); Rodrigo (56m), Enzo Pérez (61m) e Eduardo Salvio (90m)
Cartões vermelhos – Mirko Vučinić (89m – no banco); Enzo Pérez (67m) e Lazar Marković (89m – depois de ter sido substituído, por desentendimento com Vučinić)
Árbitro – Mark Clattenburg (Inglaterra)
Partindo para o que viria a ser a sua primeira viagem a Turim nesta edição da Liga Europa beneficiando da escassa vantagem de um golo adquirida na primeira mão, o Benfica terá de alguma forma começado por surpreender uma algo sobranceira Juventus – porventura excessivamente confiante no seu favoritismo – pela forma como entrou no desafio desta noite, com a equipa muito personalizada, assumindo a iniciativa do jogo, instalando-se, logo desde os primeiros minutos, próximo da baliza adversária.
Esse período inicial poderá ter sido determinante no desfecho que a eliminatória viria a ter, dado que possibilitou à equipa portuguesa refrear o que poderia ter sido um ímpeto avassalador da formação da casa, com a motivação suplementar de a Final da competição se disputar no seu próprio terreno. E, assim, mantendo a sua baliza inviolada nos primeiros vinte minutos, tradicionalmente os mais temidos nestas circunstâncias, o Benfica começaria a reforçar os seus níveis de confiança, na mesma medida em que a Juventus começaria, gradualmente, a ver aumentar os seus níveis de intranquilidade e ansiedade.
No último quarto de hora do primeiro tempo, a Juventus intensificaria a pressão, empurrando o Benfica para trás, quase encostando a equipa portuguesa às “cordas”, mas, paradoxalmente, sem que tivesse criado efectivas e flagrantes oportunidades de golo, para além do lance salvo por Luisão, de cabeça, em cima do risco de golo, e de uma ou outra situação em que Jan Oblak, extremamente confiante, concentrado e seguro, mostrou a sua frieza, com verdadeiros “nervos de aço” (de que daria ainda maior exemplo no segundo tempo, em função das vicissitudes do desafio, com o terreno pesado, pela inclemente chuva que caiu nesse período, com a bola molhada, mas em que o guardião benfiquista revelou um controlo absoluto da bola), com destaque para a resposta a um potente remate de Pilro, a desviar subtilmente a bola por cima da trave.
A segunda parte faria apelo à capacidade de sacrifício e superação do Benfica. A equipa italiana voltou a entrar muito forte, com alta pressão, quase sufocando o adversário, incapaz de ter posse de bola, obrigado a recuar para a sua linha de grande área, limitando-se a aliviar a bola, para nova e imediata investida da Juventus, que, não obstante, nunca revelou capacidade de contrariar a organização defensiva portuguesa, não conseguindo ultrapassar esse bloqueio.
A situação complicar-se-ia quando Enzo Pérez, vendo dois cartões amarelos num curtíssimo intervalo de tempo, provocou que a sua equipa – pela terceira vez nos últimos jogos (depois dos dois encontros contra o FC Porto, para a Taça de Portugal e para a Taça da Liga) – ficasse em inferioridade numérica. Curiosamente, a jogar com dez, e tal como acontecera nesses dois desafios, a equipa benfiquista uniu-se, denotando um forte sentido de grupo e colectivismo, ao mesmo tempo que a Juventus se ia deixando trair pela crescente ansiedade, resultante da combinação de dois factores: por um lado, o facto de se encontrar com um homem a mais; por outro, de sinal contrário, o tempo que começava a fugir-lhe para inverter o rumo da eliminatória.
Seria nessa fase que o Benfica acabaria inclusivamente por conseguir libertar-se do espartilho a que se vira submetido, procurando a sua sorte, em dois ou três contra-ataques rápidos. E, já na entrada do tempo de compensação (estendido até aos oito minutos), quando Garay teve de sair de campo, depois de ter sido atingido por um pontapé na cara, passando a jogar apenas com nove elementos, a resistência benfiquista tornou-se então heróica, culminando com a eufórica satisfação do alcançar de uma Final europeia pelo segundo ano consecutivo – 10.ª Final da sua história –, no que se traduzirá no seu regresso a Turim, já no próximo dia 14 de Maio, para defrontar o Sevilla… infelizmente, sem poder contar com Enzo Pérez, Markovic (ambos expulsos, o segundo já após ter sido substituído) e Salvio, esperando-se que Garay possa recuperar em tempo útil.
Liga Europa – 1/2 Finais (2ª mão)
2ª mão 1ª mão Total Juventus - Benfica 0-0 1-2 1-2 Valencia - Sevilla 3-1 0-2 3-3
No termo de um heróico desafio, em que terminou com apenas nove elementos em campo, o Benfica garantiu a presença, pelo segundo ano consecutivo, na Final da Liga Europa, no que constitui a sua 10.ª Final Europeia, regressando a Turim já no próximo dia 14 de Maio, para defrontar o Sevilla, vencedor da Taça UEFA nas épocas de 2005-06 e 2006-07.
Os quatro lugares de finalistas europeus desta época ficaram assim reservados para os clubes ibéricos, com 3 equipas espanholas e uma portuguesa.





