Archive for Janeiro, 2013
O pulsar do campeonato – 16ª jornada

(“O Templário”, 10.01.2013)
Na retoma do campeonato, após ligeira pausa, com a disputa da primeira jornada do novo ano de 2013, realce para a vitória do At. Ouriense frente ao Riachense (3-2), assim afirmando de forma inequívoca a sua candidatura ao título, que vem consolidando com uma impressionante série de oito triunfos consecutivos (o último desaire data já do mês de Outubro, na Moçarria, onde perdeu por 2-4). A turma de Ourém passou consequentemente a dispor de uma vantagem de três pontos sobre o Mação (vencedor tranquilo, ante o Glória do Ribatejo), com a formação de Riachos a atrasar-se, posicionando-se agora a cinco pontos do líder.
Quem não abdica de continuar a lutar por subir na tabela é a equipa do Amiense, com um bom triunfo em Benavente, consolidando, para já, o 4.º lugar na tabela, a nove pontos do comandante, sem perder de vista maiores aspirações, tendo presente a divisão por dois dos pontos a transitar para a segunda fase da competição. Com uma estranha prestação nos jogos em casa, em que, em oito partidas, ainda não conseguiu vencer – registando seis empates e duas derrotas –, a equipa benaventense atrasou-se na luta pelos seis primeiros lugares, estando agora a quatro pontos dessa posição objectivo.
Tal como no início da prova, a U. Abrantina consegue um bom recomeço, nesta segunda volta, com três vitórias nos últimos quatro jogos, desta feita por margem categórica, goleando o Coruchense por 5-0, repartindo assim a 5.ª posição com o Fazendense, que não foi além do nulo em Tomar. Isto não obstante o grupo de Fazendas de Almeirim ter beneficiado de superioridade numérica durante larga fase da partida, por expulsão do guardião unionista, lance na sequência do qual, na conversão da correspondente grande penalidade, desperdiçaria também soberana ocasião de golo.
Por seu lado, o U. Tomar regista assim uma série de quatro encontros com resultados positivos, que lhe têm permitido uma recuperação na pauta classificativa, mantendo, nesta ronda, o 8.º lugar, mas distanciando-se dos mais directos perseguidores. Se, com o triunfo obtido pelos abrantinos nesta jornada, a possibilidade da turma nabantina de alcançar ainda um lugar nos seis primeiros pouco mais parece que uma miragem, dado que apresenta atraso de sete pontos – não obstante poder ainda ambicionar somar bastantes pontos nas seis jornadas em falta –, dilatou para cinco pontos a vantagem sobre o Coruchense, próximo adversário dos tomarenses, e que totaliza apenas três pontos na segunda volta.
Por fim, o Moçarriense, vencendo o Pontével (2-1) pode ter ganho novo fôlego para a recta final do campeonato. Para já, passou a indesejável posição de “lanterna vermelha” ao Glória do Ribatejo – que conta por derrotas os cinco jogos disputados na segunda volta –, ao mesmo tempo que contribui para o agudizar da crise da equipa pontevelense, que somou a quarta derrota consecutiva, assim vendo reduzida para três pontos a sua vantagem sobre a “linha de água”, actualmente traçada pelo Coruchense.
Na próxima jornada, 17.ª, o Riachense, a atravessar fase menos afirmativa – após a eliminação da Taça Ribatejo e o desaire sofrido em Ourém – tem nova prova de fogo, recebendo o Mação. Tal como o At. Ouriense, com uma arriscada deslocação a Fazendas de Almeirim, equipa que necessita continuar a pontuar, para defender a sua posição no grupo dos seis primeiros, perante a eventual ameaça do Benavente.
Numa fase em que se começam a aproximar as grandes decisões, a equipa benaventense tem, por seu lado, também um desafio difícil, em deslocação a Pontével, em que importa pontuar, para manter acesa a esperança de poder chegar ainda à parte de cima da pauta classificativa.
No Amiense – U. Abrantina, o favoritismo terá de ser concedido à equipa de Amiais de Baixo, que, em ordem a manter as tais aspirações, dispõe de muito escassa margem de erro, necessitando continuar a vencer de forma consistente.
As equipas do Glória do Ribatejo e do Moçarriense, ocupando as duas últimas posições da classificação, têm também um jogo que começa a assumir cariz algo determinante, visando evitar o ampliar do atraso que registam já nesta altura.
Finalmente, o União de Tomar, visitando Coruche, em partida em que não poderão ser esperadas facilidades, poderá não obstante ter ensejo para rectificar o mau resultado averbado na primeira volta, em casa, se conseguir potenciar a motivação decorrente da actual boa série de resultados, em contraponto à pesada derrota sofrida pelo adversário na última jornada.
Numa antevisão da carreira unionista até final desta primeira fase, nos seis jogos a realizar, o União defrontará três das quatro equipas que se posicionam abaixo de si na tabela (Pontével, Coruchense e Glória), boas ocasiões para somar pontos, que não deverá desperdiçar – a par de outros jogos em casa, com Amiense e com o actual líder At. Ouriense, em que a obtenção de resultados positivos é uma possibilidade sempre em aberto, como já foi cabalmente demonstrado ao longo desta temporada.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 10 de Janeiro de 2013)
«O Relatório do FMI, 2»
1. Se o governo for comandado por agentes racionais e não puramente ideológicos, aquilo que haja de discussão séria sobre o relatório ajudará a expurgar os erros e as soluções tecnicamente inadequadas que uma coisa destas inevitalmente terá (e parece que tem alguns), permitindo que se tomem melhores decisões. Com isto não quero dizer que o governo seja comandado por pessoas racionais ou que a discussão possa ser séria, mas acho que não se deve excluir completamente a hipótese.
2. Independentemente do ponto 1, o FMI cumpre aqui a função de batedor. Faz barulho, levanta a caça, não paga preços eleitorais e ajuda a gerar informação preciosa para o governo sobre que medidas deverão ser, à partida, completamente inaceitáveis e inaplicáveis do ponto de vista político. Como o governo não está em rigor obrigado a tomar essas medidas e como quem fica com a responsabilidade das ideias mais politicamente mirabolantes é o FMI, esta é a maneira certa de levantar a caça. Murmurar frases mutuamente contraditórias sobre o financiamento do ensino obrigatório em entrevistas televisivas e nos dias seguintes é a maneira errada.
3. Finalmente, este relatório e a discussão que está a ocorrer deixa o país a marinar num conjunto de hipóteses aterrorizadoras de corte de despesa que o governo se encarregará de rejeitar ou mitigar quando chegar a altura certa. “Afinal”, dir-se-á, não foi tão mau como se pensava. As piores expectativas não serão cumpridas. Vai-se cortar, vai doer, mas claro que não se vai cortar 4.000 milhões. Mas como os credores já explicaram, o que conta não é tanto a meta mas sim a direcção da corrida, e os esforços do país serão elogiados, e Portugal não é a Grécia, e enfim, mais 1% menos 1%, estabilizadores e multiplicadores e tal.
«Se os portugueses tivessem um governo próprio»
Se tivéssemos um governo próprio, eis o que ele diria à troika da próxima vez que nos visitasse:
“Meus senhores, escutámos nas últimas semanas declarações altamente relevantes de, por um lado, Christine Lagarde (Presidente do FMI) e Olivier Blanchard (economista principal do FMI), por outro, Durão Barroso (Presidente da Comissão Europeia), Claude Juncker (Presidente do Ecofin) e Martin Schulz (Presidente do Parlamento Europeu).
“Todas estas individualidades – de quem decerto já terão ouvido falar – convergem de modo inequívoco na conclusão de que as políticas de austeridade que têm vindo a ser aplicadas na Europa em geral e em Portugal em particular são erradas, destrutivas e contrárias aos propósitos declarados de controlar os défices públicos, conter o crescimento das dívidas soberanas, promover o crescimento e gerar emprego.
(João Pinto e Castro, no Jugular – ver artigo completo)
Nova nota de 5 €
Foi hoje apresentado o desenho da nova nota de 5 €, com entrada em circulação a partir de 2 de Maio de 2013:
Relatório do FMI
O Relatório do FMI, ontem divulgado, “Portugal – Rethinking the State – Selected Expenditure Reform Options”, pode ser consultado aqui.
A forma de apresentação do famigerado documento do FMI (e a insensibilidade do seu conteúdo) é mais uma evidência de uma total inaptidão politica, de incapacidade de mobilizar consensos para as reformas urgentes e inevitáveis e um contributo para que tudo fique pior. Por melhores que sejam as intenções, os elefantes continuam à solta numa loja de porcelana…E assim vamos destruindo, passo-a-passo, o capital social e da confiança que precisaríamos para fazer uma grande reforma do Estado e das suas funções.
(Rui Marques, via página no Facebook)
SPA recusa acordo devido às posições do Brasil e Angola
De acordo com um comunicado do Conselho de Administração da SPA, a entidade afirma que vai “continuar a utilizar a norma ortográfica antiga nos documentos e comunicação escrita com o exterior”.
A entidade sustenta que “este assunto não foi convenientemente resolvido e encontra-se longe de estar esclarecido, sobretudo depois do Brasil ter adiado para 2016 uma decisão final sobre o Acordo Ortográfico, e de Angola ter assumido publicamente uma posição contra a entrada em vigor” das novas regras. […]
Perante estas posições daqueles países, a SPA considera que “não faz sentido dar como consensualizada a nova norma ortográfica, quando o Brasil, o maior país do espaço lusófono, e Angola, tomaram posições em diferente sentido”.
Ainda o (des)Acordo
Em 2016, eis um cenário muito possível: Angola manterá a ortografia existente anterior ao “Acordo”. Portugal seguirá, se não conseguir inverter o statu quo, o pobre “acordês”. E o Brasil terá entretanto revisto e certamente “melhorado” o “Acordo”, escrevendo numa terceira ortografia. Resumindo: cada qual escreverá de sua maneira, e ter-se-á esfrangalhado a ortografia comum que, até agora, era seguida por todos os países lusófonos, com excepção do Brasil. Ou seja: será um verdadeiro “acordo português”, em que ninguém sabe acordar.»
(Helena Buescu, Público – ver texto completo)
O pulsar do campeonato – Taça do Ribatejo

(“O Templário”, 03.01.2013)
Enquanto o campeonato registou um ligeiro “compasso de espera”, realizou-se, a encerrar o ano de 2012, a última ronda da fase de grupos da Taça Ribatejo, em que estava em disputa o apuramento para os 1/8 Final da prova.
Com uma fórmula de qualificação algo complexa, dado que as 29 equipas inicialmente inscritas (de que uma delas, Alcanenense B, viria entretanto a desistir) foram agrupadas em nove séries, sete das quais compostas por três clubes cada, e outras duas com quatro participantes, sendo apurados os nove vencedores de série e os sete melhores 2.º classificados, com base na aplicação de média ponderada dos pontos obtidos.
Independentemente de outras considerações, em particular de índole económica – uma vez que a constituição de cada uma das séries tem nomeadamente em consideração critérios de proximidade geográfica (para além da inclusão de pelo menos uma equipa da Divisão Principal em cada uma das nove séries) –, mais simplificada se tornaria a fórmula de disputa caso fossem formadas apenas oito séries, com apuramento dos dois primeiros de cada uma delas.
Acresce ainda um factor eventualmente potenciador de alguma perturbação, com a marcação, no final de cada partida (qualquer que tivesse sido o respectivo resultado), de séries de pontapés da marca de grande penalidade, para efeitos de eventual necessidade de desempate para efeitos de ordenação das equipas, em termos do estabelecimento da classificação final de cada série.
O destaque desta derradeira jornada vai para a imprevista derrota do Riachense na Atalaia (0-1), frente ao Atalaiense, culminando numa absolutamente inesperada eliminação da turma de Ricahos, numa série em que competia com três equipas da Divisão Secundária.
Surpresa aconteceu igualmente em Pontével, com a formação da casa a ser também batida por um concorrente de escalão inferior, o grupo de Muge, igualmente por 0-1, neste caso sem consequências directas em termos de apuramento por parte da equipa da casa.
No que respeita ao União de Tomar, depois do desaire sofrido na jornada anterior, tendo perdido (0-2) em Assentiz, necessitava, pelo menos, de vencer por margem de dois golos; continuando a reagir de forma positiva perante a adversidade com que se defronta, conseguiu mesmo superar tal marca, obtendo categórico triunfo, ante a vizinha turma de Ferreira do Zêzere, impondo-se por 3-0, assim garantindo a qualificação para a fase seguinte da competição.
Obtiveram o apuramento para os 1/8 Final nove equipas da Divisão Principal (At. Ouriense, Mação, Amiense, U. Tomar, Benavente, Coruchense, Glória do Ribatejo, Pontével e Fazendense) e sete equipas da Divisão Secundária (Meiaviense, Atalaiense, Vasco da Gama, Alferrarede, Assentiz, Muge e Emp. Comércio).
Para além do Riachense, outros dois clubes participantes na Divisão Principal ficaram já afastados: U. Abrantina e Moçarriense. A “fava” deste “bolo-rei” acabou por calhar ao Samora Correia, que, de entre os seis 2.º classificados que somaram 3 pontos (tendo, cada um deles, vencido um encontro e perdido o outro), foi o que registou pior diferença de golos (devido à derrota, de 0-5, que sofrera em Benavente na ronda inaugural); conjuntamente com Moçarriense (que perdeu a única partida disputada, frente ao Amiense – dada a desistência do Alcanenense B), foram as duas formações que, ocupando o 2.º lugar das respectivas séries, não alcançaram a qualificação.
No início de um novo ano, já neste fim-de-semana, será retomado o Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Santarém, com a realização, na Divisão Principal, da 16.ª jornada.
Destaque para o aliciante confronto entre os dois primeiros classificados, com o líder At. Ouriense, a receber a visita do Riachense, com as duas formações actualmente separadas por dois pontos na tabela classificativa.Também com um atraso de dois pontos face ao actual comandante, o Mação, recebendo a equipa da Glória do Ribatejo, poderá, caso confirme o seu favoritismo, beneficiar do desfecho do encontro antes mencionado.
Noutras três partidas, também de grande interesse, estarão em jogo posições numa outra zona nevrálgica da classificação, a que separa os seis primeiros dos restantes, que, na segunda fase da competição, se dividirão em duas séries – partindo com metade dos pontos entretanto conquistados na primeira fase –, com ambições bem distintas (uns, a disputar o título e consequente promoção ao futuro Campeonato Nacional de Seniores, em época de estreia agendada para 2013-14; os restantes, a procurar garantir a manutenção na I Divisão Distrital da próxima temporada, o que, na sequência da aprovação da proposta de reestruturação de campeonatos, deverá possibilitar a concretização de tal objectivo a três dos participantes): Benavente-Amiense, U. Abrantina-Coruchense e U.Tomar-Fazendense.
Por fim, Moçarriense e Pontével, actualmente em posição nada confortável na pauta classificativa, procurarão uma vitória que lhes possa proporcionar renovado ânimo para a etapa final da prova.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 3 de Janeiro de 2013)
«O cadáver adiado»
O Acordo Ortográfico não ficará incólume e as suas regras serão revistas e modificadas. Ninguém esconde no Brasil esta necessidade de revisão e correcção, tão cultural, social e politicamente sentida que está na base do adiamento decretado. Se as regras vão ser modificadas, e quanto a este ponto não pode subsistir qualquer espécie de dúvida, será um absurdo absoluto que se mantenha a veleidade de as aplicar em Portugal na sua forma presente. Não se pode querer contestar oficial ou, sequer, oficiosamente a existência de três grafias, nada menos de três, como resultado grotesco de uma tentativa sem pés nem cabeça de uniformização delas em todos os países que falam português: a brasileira, a angolana e moçambicana e a irresponsável que é a portuguesa. Torna-se imperativo o reconhecimento oficial de que a única ortografia que está em vigor em Portugal é a que já vigorava antes das desastrosas pantominas que foram empreendidas pelo Governo Sócrates. No meio desta vergonha, o mais simples é:
a) reconhecer-se que o AO nunca entrou em vigor por falta de ratificação de todos os estados signatários;
b) … pressuposto essencial da sua aplicação que é o vocabulário ortográfico comum que nem sequer foi iniciado;
c) suspender-se tudo o que se dispôs em Portugal quanto à aplicação do AO, nomeadamente no plano das escolas, dos livros escolares e dos serviços do Estado;
d) tomar-se a iniciativa de negociações internacionais com vista a uma revisão e correcção do AO por especialistas dignos desse nome.
(Vasco Graça Moura, Diário de Notícias)





