Archive for 18 Novembro, 2012
O Acordo Ortográfico e a lei
Ora o designado «Acordo Ortográfico» não está em vigor. A ortografia do português rege-se pelo Decreto 35 228 de 8 de Dezembro de 1945, com as alterações do D.L. 32/73 de 2 de Fevereiro. São, estas, as leis da República plenamente em vigor.
O designado «Acordo Ortográfico» é um tratado internacional. Malogrado pelo voluntarioso II Protocolo Modificativo nos termos da Convenção de Viena (art. 10.º – interdição de alterar o texto; e n.º 4 do art. 24.º — obrigação das cláusulas de entrada em vigor logo desde a adopção do texto – ; cf. J. Faria Costa e F. Ferreira de Almeida, «O chamado ‘novo acordo ortográfico’: um descaso político e jurídico», D.N., 13/2/12). Nulo que é, não vigora na ordem jurídica internacional. Não tem, assim, como suster-se na nacional. A menos que emanasse de lei da Assembleia ou de decreto do Governo. Tal não é o caso. – E no caso o que vemos? – Vemos as duas resoluções (R.A.R 35/2008, de 29 de Julho e R.C.M 8/2011 de 11 de Janeiro) alcatruzando o designado «Acordo Ortográfico» ilegitimamente como que com força de lei, fazendo tábua rasa das verdadeiras leis em vigor. Um verdadeiro descaso jurídico, para não dizer pior…
O pulsar do campeonato – 10ª jornada
(“O Templário”, 15.11.2012)
Uma outra forma de expressão do equilíbrio patente entre as várias equipas que, na presente temporada, disputam o principal campeonato da Associação de Futebol de Santarém é a incerteza sobre a tendência do desfecho do resultado até aos derradeiros minutos, ou, mesmo, até já em período de compensação.
Tal ficou bem evidenciado na jornada do passado fim-de-semana, a 10.ª, penúltima da primeira volta, em que – em quatro das seis partidas – houve alteração dessa tendência mesmo no termo dos encontros, tendo sido obtidos golos determinantes para a fixação do resultado.
O que sucedeu com a máxima extensão no caso do U. Tomar – Riachense, tendo sido necessário “esperar” – até ao 8.º (!) dos 6 minutos de tempo de compensação que haviam sido determinados pelo árbitro – pelo que viria a ser o tento do triunfo da turma de Riachos, assim desfazendo a igualdade a um golo até então registada, depois de o União ter começado por inaugurar o marcador, também a findar o primeiro tempo.
Mas, igualmente, no Benavente – Mação (com a equipa da casa a conseguir o ponto da igualdade, próximo do final, por via de grande penalidade); o mesmo acontecendo no Amiense – Pontével (neste caso, com o grupo de Amiais de Baixo a obter o solitário golo que lhe conferiu a vitória, também na conversão de grande penalidade, a concluir o jogo); e, ainda, no Coruchense – Glória do Ribatejo (em que a formação da Glória viu escapar o triunfo também já na fase derradeira do encontro).
A acrescer a estas situações de incerteza no marcador praticamente até ao expirar do tempo de jogo, noutra partida, entre U. Abrantina e At. Ouriense, o equilíbrio foi tal que o marcador foi continuamente sendo alterado, com sucessivas cambiantes de tendência: marcou primeiro o conjunto abrantino; responderam com dois golos, invertendo o marcador a seu favor, os oureenses; voltou a empatar a equipa da casa; para, finalmente, os forasteiros virem a confirmar a vitória, por 3-2.
Como qualquer “regra” tem sempre, necessariamente, a sua excepção, ela veio, nesta jornada, de Fazendas de Almeirim, onde o Fazendense goleou, por 5-0, o Moçarriense (que tantas dificuldades provocara ao líder, em Mação, na ronda anterior…).
Isto dito, o que traduz a tabela classificativa?
Assiste-se a um dilatar do fosso do grupo dos quatro primeiros (ainda muito iguais entre si, formando dois pares: Riachense e Mação, partilhando agora o comando; At. Ouriense e Amiense a apenas um ponto) face aos restantes, sendo agora já de 5 pontos a margem pontual entre o 4.º e o 5.º classificado (U. Abrantina).
Na “zona de fronteira” que delimitará os 6 primeiros, a equipa abrantina (confirmando uma tendência de queda) surge agora já praticamente equiparada com o Benavente (que, não obstante o resultado positivo, face ao anterior líder isolado, aumenta a sua série de jogos sem vitória para cinco, à semelhança aliás da formação de Abrantes) e com o Fazendense, este em franca ascensão.
Na segunda metade da tabela, o trio formado por Coruchense, U. Tomar e Pontével viu aumentar a distância para o 6.º lugar, que começa a parecer ir ficando cada vez mais “inacessível”, distando agora já 5 pontos. Glória do Ribatejo e Moçarriense, ainda mais abaixo, continuam a ocupar as últimas posições.
À medida que a prova vai avançando – e não obstante faltar ainda muito campeonato (não esquecer que haverá uma 2.ª fase!) – algumas posições parecem ir-se consolidando: a disputa do 1.º lugar surge agora reduzida a quatro concorrentes; Fazendense e Benavente perfilam-se como favoritos a ocupar as duas restantes vagas na primeira metade da classificação; a U. Abrantina, em quebra, depois do excelente arranque de campeonato, será potencialmente uma das seis equipas que deverá ter de vir a jogar para procurar evitar a despromoção.
A próxima jornada, última da primeira volta, poderá (ou não?) confirmar estas tendências, com as equipas teoricamente mais poderosas a defrontarem as de mais limitados recursos, surgindo portanto com algum favoritismo o Benavente (com deslocação difícil, à Moçarria), Mação (recebendo os vizinhos de Abrantes), At. Ouriense (adversário do U. Tomar), Riachense (visitado pelo Coruchense) e Amiense (que se desloca à Glória do Ribatejo). Mas, sabemos todos, quantas vezes o futebol ignora a lógica?
A concluir, sobre as aspirações que o União de Tomar terá de continuar a manter, teria sido muito importante a nível anímico – porventura até mais do que em termos “aritméticos” – não ter perdido o jogo com o Riachense. O desempenho atingido ao longo da partida e a forma e circunstância como tal desfecho acabou por ocorrer não deixarão de constituir um incentivo para que a equipa continue a lutar até ao fim, mesmo sabendo que, no imediato, terá mais dois encontros de alto grau de dificuldade, em Ourém e em Mação. Mas, quaisquer ponto(s) que possa(m) ser somado(s) serão sempre positivo(s).
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 15 de Novembro de 2012)