Archive for 2 Junho, 2011
O debate surreal
O que está a acontecer neste preciso momento será decerto inédito a nível mundial, espelhando bem o clima surreal que se vive em Portugal: Rui Marques, Presidente do MEP – Movimento Esperança Portugal está, em simultâneo, nos 4 canais generalistas de televisão (RTP1, RTP2, SIC e TVI), participando em 4 debates diferentes (previamente gravados, como é óbvio), com quatro outros líderes partidários!
E, pasme-se, a sessão quádrupla de debates do MEP, repete-se amanhã, com outros quatro representantes de partidos antagonistas!…
Na sequência de deliberação judicial, do Tribunal de Oeiras, foi deferida a providência cautelar interposta pelo MEP (tal como acontecera também ao PCTP-MRPP, que contudo acabou por não concretizar os debates, por discordar do modelo proposto, com apenas 20 minutos de duração), determinando assim que os diferentes canais de televisão deveriam transmitir debates entre os partidos que estivessem disponíveis para debater com o MEP.
Tendo sido 8 os partidos – Movimento Partido da Terra (MPT), Partido dos Animais (PAN), Partido Democrático do Atlântico (PDA), Partido Humanista (PH), Partido Operário de Unidade Socialista (POUS), Partido Popular Monárquico (PPM), Partido Pró-Vida (PPV) e Partido Trabalhista (PTP) – que aceitaram a proposta, a concretizar nos dois últimos dias de campanha eleitoral (hoje e amanhã), daí a dupla dose de 4 debates simultâneos.
Naturalmente não está em causa a posição adoptada pelo MEP, requerendo tratamento análogo ao que foi proporcionado aos partidos com representação parlamentar – não obstante a mesma se afigurar obviamente inviável, uma vez que, a ser aplicada de modo uniforme às 17 forças políticas concorrentes às eleições de Domingo, resultaria em 136 “frente-a-frente”, numa espécie de esquizofrenia mediático-política – mas sim a forma como o processo decorreu, e, sobretudo, o seu calendário (tendo inclusivamente em consideração o facto de os 10 debates entre os líderes de PS, PSD, CDS, BE e CDU terem sido realizados antes do início da campanha eleitoral).
Mais uma originalidade – neste caso, mesmo excentricidade – na política portuguesa…



