Archive for 22 Abril, 2009
A imprensa oficial
Em Julho de 1667 termina o Mercúrio Português e durante o século XVII não existe qualquer outra publicação periódica em Portugal. O primeiro jornal setecentista conhecido é a Gazeta, de que apenas se sabe existirem dois números, referentes aos meses de Agosto e Outubro de 1704 (Lisboa, Impr. Valentim da Costa Deslandes). Não há notícia de outro até 1715, data em que aparece a Gazeta de Lisboa (10 de Agosto), com o fim de dar notícias nacionais e estrangeiras e das nomeações do governo português. Tornou-se, assim, a folha oficial, a exemplo do que acontecera, a partir de meados do século XVII, em diversos países da Europa onde surgiram periódicos oficiais ou oficiosos. Era redigida, a princípio, por José Freire de Monterroio Mascarenhas, que exerceu esse cargo por mais de quarenta anos. Segundo a carta de privilégio que obtivera em 3 de Julho de 1752, oito anos antes de morrer, para publicar a Gazeta enquanto fosse vivo, o periódico havia de aparecer uma vez por semana, às quintas-feiras, devendo cada número conter «quatro quartos de papel».
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Com os 5 números de Janeiro de 1760 findou a chamada colecção das gazetas de Monterroio.
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Recomeçou, pois, em 22 de Julho de 1760, agora redigida pelo célebre poeta Pedro António Correia Garção, até 8 de Julho de 1762, data em que foi mandada suspender por ordem do governo pombalino (a última Gazeta dessa época tem o nº 23 e a data de 15 de Junho de 1762). Embora possa dizer-se nunca ter exercido, ao longo da sua extensa vida, influência considerável nem atingido elevado nível, a Gazeta de Lisboa, longínquo antepassado do actual Diário da República, tem uma existência acidentada e interessante.
“História da Imprensa Periódica Portuguesa”, José Tengarrinha, 2º edição, 1989, pp. 43 e 44