Cheias
18 Fevereiro, 2008 at 9:34 pm Deixe um comentário
Quando, ontem, já próximo da meia-noite, Maria Elisa estreava na televisão um novo programa, tendo como tema da emissão inicial as grandes cheias que assolaram a região de Lisboa em 1967, estaria longe de profetizar o que se iria passar nesta madrugada…
Depois de – na semana passada – se ter anunciado que este era o Inverno menos chuvoso dos últimos 90 anos, questionava-se ontem qual o impacto que umas eventuais cheias de dimensão análoga poderia registar… Entre as 4 e as 5 da manhã, a forte precipitação que se abateu sobre a região de Lisboa foi, ainda assim, de intensidade muito inferior a outras já registadas.
Esta manhã, o caos estava instalado em Lisboa e arredores, com a linha do Norte interrompida (comboios); as auto-estradas do Norte e do Oeste, tal como a marginal, cortadas; a circulação do Metropolitano limitada; falhas nos abastecimentos de água, gás e de electricidade; milhares de pessoas perdendo horas no trânsito.
E, confirmando as idiossincrasias aparentemente inseparáveis do carácter português – e na ausência de medidas preventivas, que deveriam ter sido tomadas há meses atrás – o que hoje se discute (com mais de meia hora nos telejornais e direito a “programa especial” sobre as cheias, numa espécie de “show da vida real”, explorando as emoções associadas às imagens sempre espectacularmente impressionantes) é “de quem é a culpa”, com o Governo a endossar responsabilidades às autarquias e estas a devolverem a acusação.
Algum dia conseguiremos aprender com os nossos erros? Vencer a inércia e o laxismo?
P. S. A ler, a propósito, Francisco José Viegas, José Pacheco Pereira, Paulo Gorjão, Francisco Almeida Leite e, também, Filipe Nunes Vicente.
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