CENTENÁRIOS (III) – AGOSTINHO DA SILVA
3 Agosto, 2006 at 8:48 am Deixe um comentário
“São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem”.
George Agostinho Baptista da Silva, um dos mais paradoxais pensadores portugueses do século XX, dedicado à causa da cultura em português, prosseguindo a ideia de uma comunidade luso-afro-brasileira, nasceu no Porto a 13 de Fevereiro de 1906, tendo começado por viver em Barca d’Alva.
Concluiria a licenciatura em Filologia Clássica na Faculdade de Letras do Porto com a classificação máxima (20 valores), a que se seguiu o doutoramento com o “maior louvor”.
Desde cedo, os textos que publicou nas revistas “Labor” e “Seara Nova” afrontaram o poder estabelecido, tendo sido alvo de perseguição pelo Estado Novo (viria inclusivamente a ser detido no Aljube), sendo exonerado do ensino público, recorrendo à docência no ensino privado, ensinando Filosofia, Cultura Portuguesa e Direito, tendo discípulos como Mário Soares e Lagoa Henriques.
Entre 1937 e 1944, publicou cerca de 120 “cadernos de iniciação cultural”, abarcando temáticas desde a religião à arquitectura.
Viveu em França (onde estudou na Sorbonne), Espanha, Brasil (a partir de 1944, dando continuidade à sua missão de divulgação da língua e cultura portuguesas, participando na fundação de Universidades e Centros de estudo), Uruguai e Argentina.
Em 1958, adquiriria a cidadania brasileira, tendo representado o Brasil no Japão, Macau e em Timor. Em 1969, com a chegada da ditadura ao Brasil, regressaria a Portugal.
Integrou a Direcção do Centro de Estudos Latino-americanos da Universidade Técnica de Lisboa, e foi consultor do Instituto Cultura e Língua Portuguesa.
Chegaria ao grande público já na fase derradeira da sua vida, tornando-se uma “estrela” televisiva com a participação no programa “Conversas Vadias”, na RTP. Deixou-nos em 3 de Abril de 1994.
Da sua obra, destacam-se nomeadamente: Sentido histórico das civilizações clássicas (1929); A religião grega (1930); Glosas (1934); Sete cartas a um jovem filósofo (1945); Diário de Alcestes (1945); Moisés e outras páginas bíblicas (1945); Reflexão (1957); Um Fernando Pessoa (1959); As aproximações (1960); Educação de Portugal (1989); Do Agostinho em torno do Pessoa (1988).
Entry filed under: Cultura, Artes e Letras.




Subscribe to the comments via RSS Feed