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Liga dos Campeões – 4ª Jornada – Real Sociedad – Benfica
Real Sociedad – Alejandro “Álex” Remiro, Aritz Elustondo (86m – Álvaro Odriozola), Igor Zubeldia, Robin Le Normand, Aihen Muñoz, Brais Méndez (70m – Beñat Turrientes), Martín Zubimendi, Mikel Merino, Takefusa Kubo (70m – Carlos Fernández), Ander Barrenetxea (78m – Arsen Zakharyan) e Mikel Oyarzabal
Benfica – Anatoliy Trubin, António Silva, Nicolás Otamendi, Felipe Silva “Morato”, João Neves, Florentino Luís (31m – David Jurásek), João Mário (85m – Francisco “Chiquinho” Machado), Fredrik Aursnes, Ángel Di María (85m – Casper Tengstedt), Rafael “Rafa” Silva (85m – Gonçalo Guedes) e Arthur Cabral (64m – Petar Musa)
1-0 – Mikel Merino – 6m
2-0 – Mikel Oyarzabal – 11m
3-0 – Ander Barrenetxea – 21m
3-1 – Rafael “Rafa” Silva – 49m
Cartões amarelos – Ander Barrenetxea (63m) e Carlos Fernández (86m); Florentino Luís (20m)
Árbitro – Anthony Taylor (Inglaterra)
A exibição do Benfica esta tarde/noite em San Sebastián foi, pelo menos durante a meia hora inicial, um verdadeiro descalabro, com a equipa completamente perdida dentro de campo, à mercê de um adversário que, ainda assim, foi perdulário.
O problema é que esta situação não é nova nesta temporada: já assim sucedera no jogo de estreia, frente ao Salzburg, e, também em Milão, frente ao Inter. Sendo que, desta feita, ficou bem mais evidente que soluções improvisadas, não rotinadas, nem trabalhadas, ou porventura, nem sequer devidamente testadas, são meio caminho andado para o desastre.
Com Morato adaptado a lateral esquerdo, numa rara defesa a três, e João Neves, numa posição híbrida, entre lateral direito e ala, o Benfica ensaiava ainda o posicionamento das suas peças em campo, quando, logo ao sexto minuto, a Real Sociedad inaugurava o marcador.
Com um grupo que faz do colectivo a sua maior força, em flagrante contraponto com o mostrado pelo Benfica nesta partida, com os seus jogadores a saberem perfeitamente o que fazer dentro de campo, com uma fluidez como se “jogassem de olhos fechados”, aproveitando o desnorte contrário, os visitados rapidamente ampliariam a contagem.
Se é que subsistiam ainda, antes do desafio começar, algumas aspirações da parte da formação portuguesa, a verdade é que o assunto “Champions” ficava arrumado para o Benfica, em pouco mais de dez minutos…
Pouco depois (ao minuto 15), outra vez a bola introduzida na baliza de Trubin, desta vez num lance invalidado pelo “VAR”. Mas seria apenas o adiar do 3-0, que surgiria mesmo, num lance de bela execução técnica de Barrenetxea, apenas com 21 minutos jogados!
Para se aquilatar do “terror” que o Benfica viveu durante essa meia hora, a equipa da casa desperdiçaria ainda uma grande penalidade (aos 29 minutos), por Brais Méndez… tendo tido, entretanto, um outro “golo” invalidado.
Roger Schmidt, a ver a devastação que os seus comandados iam sentindo, foi forçado a rectificar, em ordem a procurar minimizar os danos, fazendo sair, estavam decorridos apenas 31 minutos, Florentino, de forma a colocar em campo um defesa lateral, Jurásek.
O jogo de alguma forma “estabilizaria”, com a Real Sociedad também a perceber que não havia necessidade de manter tão alta rotação.
Na segunda parte o Benfica teve uma boa entrada, com um golo (que seria o de “honra”) logo ao quarto minuto, a dar algum ânimo. Mas, na realidade, nunca deu a sensação de que pudesse ter capacidade para, sequer, colocar o resultado em dúvida, podendo, aliás, os donos da casa ter ainda chegado ao golo de novo.
Com a turma basca praticamente a limitar-se a gerir a vantagem e o tempo durante a segunda metade, o Benfica acabou por escapar ao que, a certa altura, se temeu pudesse ser uma das maiores goleadas sofridas na sua história, tendo acabado por atenuar o impacto da derrota, com um resultado deveras lisonjeiro.
Ainda com duas jornadas por disputar, acumulando quatro desaires em outros tantos jogos disputados, tendo-se, enfim, estreado a marcar na presente edição da prova, o Benfica está já virtualmente afastado da “Liga dos Campeões”, mais não podendo, nesta altura, que sonhar com o 3.º lugar do grupo, ainda assim, um objectivo que, por ora, parece longínquo (na medida em que implicará, necessariamente, ganhar em Salzburgo; e, excepto se conseguisse, na próxima ronda, reduzir o diferencial de três pontos, ganhar por mais de dois golos!).
Liga dos Campeões – 3ª Jornada – Benfica – Real Sociedad
Benfica – Anatoliy Trubin, Alexander Bah (81m – Francisco “Chiquinho” Machado), António Silva, Nicolás Otamendi, David Jurásek (59m – Juan Bernat), David Neres (69m – Tiago Gouveia), João Neves, Rafael “Rafa” Silva, Fredrik Aursnes, João Mário (45m – Orkun Kökçü) e Petar Musa (45m – Arthur Cabral)
Real Sociedad – Alejandro “Álex” Remiro, Hamari Traoré (70m – Aritz Elustondo), Igor Zubeldia, Robin Le Normand, Aihen Muñoz, Brais Méndez, Martín Zubimendi, Mikel Merino, Takefusa Kubo (76m – Carlos Fernández), Ander Barrenetxea (76m – Arsen Zakharyan) e Mikel Oyarzabal (90m – Mohamed-Ali Cho)
0-1 – Brais Méndez – 63m
Cartões amarelos – Aritz Elustondo (71m) e Mikel Merino (75m); Juan Bernat (78m)
Árbitro – Clément Turpin (França)
É difícil encontrar palavras para caracterizar uma exibição tão sombria como a desta noite, por parte da equipa do Benfica.
Parecendo ter sido surpreendida pela assertiva entrada em campo do adversário, atrevido, a assumir a iniciativa do jogo, instalando-se no meio-campo contrário, a formação benfiquista denotou grandes dificuldades para se libertar de tal espartilho… de alguma forma como se ainda estivesse na segunda parte do jogo de Milão.
A falta de agressividade e de intensidade foi tal que a Real Sociedad explanou o seu (bom) jogo a seu bel-prazer, quase sempre confortável, com tempo para pensar e espaço para jogar, dando ideia, em muitas ocasiões, de não estar a ser submetida a qualquer tipo de pressão. O flanco direito da turma basca ameaçava levar o perigo à baliza de Trubin a cada jogada que ensaiava.
Só à passagem dos vinte minutos a equipa portuguesa conseguiria, de alguma forma, sacudir a letargia, mas não iria além de uns meros fogachos inconsequentes. Ao intervalo, o nulo era já lisonjeiro. Era fácil perceber que, a continuar assim, o jogo se afigurava mais para perder, do que para ganhar.
Roger Schmidt ainda tentou “emendar a mão”, com duas substituições logo ao intervalo, mas as entradas de Kökçü e de Arthur Cabral não se traduziriam em qualquer melhoria efectiva.
Pouco passava do quarto de hora da segunda parte quando a Real Sociedad chegou ao golo que, há largo tempo, vinha já prometendo. Logo depois, os visitantes poderiam ter ampliado a contagem, com Kubo a ameaçar de novo, com um remate à trave.
Só na parte final do jogo, já após a entrada de Tiago Gouveia, o Benfica conseguiria procurar esboçar alguma reacção, mas já mais com o coração do que com a cabeça, o que, contudo seria insuficiente para evitar mais uma derrota.
Uma noite em que o Benfica “não esteve em campo”…
Liga dos Campeões – 2ª Jornada – Inter – Benfica
Inter – Yann Sommer, Benjamin Pavard, Francesco Acerbi, Alessandro Bastoni, Denzel Dumfries (73m – Matteo Darmian), Nicolò Barella (90m – Davy Klaassen), Hakan Çalhanoğlu (84m – Kristjan Asllani), Henrikh Mkhitaryan, Federico Dimarco (84m – Carlos Augusto), Marcus Thuram (73m – Alexis Sánchez) e Lautaro Martínez
Benfica – Anatoliy Trubin, Alexander Bah (23m – Tomás Araújo), Nicolás Otamendi, Felipe Silva “Morato”, Juan Bernat (80m – Arthur Cabral), João Neves, Orkun Kökçü (68m – Petar Musa), Ángel Di María (80m – David Jurásek), Fredrik Aursnes, Rafael “Rafa” Silva (68m – Francisco “Chiquinho” Machado) e David Neres
1-0 – Marcus Thuram – 62m
Cartões amarelos – Lautaro Martínez (67m), Nicolò Barella (68m), Denzel Dumfries (70m) e Kristjan Asllani (90m)
Árbitro – Danny Makkelie (Países Baixos)
O Inter tinha já deixado a ideia, no desafio da 2.ª mão dos quartos-de-final da época passada, disputado em Abril, de ter capacidade para, querendo, “acelerar” o jogo, colocando maior intensidade, a um ritmo que o Benfica denotava dificuldade em acompanhar.
Pois, desta vez, tal foi bem exponenciado. E, porém, raramente a máxima de “duas partes distintas” poderá ter sido aplicada de forma mais cabal: no primeiro tempo, sem flagrantes oportunidades de golo, com o jogo muito repartido, o Benfica equilibrou a contenda; na segunda metade, sentir-se-ia impotente para suster a “avalanche” italiana.
A derrota pela margem mínima acaba por ser um resultado lisonjeiro para a equipa portuguesa, que poderia perfeitamente ter saído goleada de Milão.
Estreando Juan Bernat na lateral esquerda da defesa, libertando Aursnes, e com Morato a substituir o habitual titular, António Silva, o Benfica entrou em campo sem um “ponta-de-lança” de raiz, apostando na mobilidade de David Neres, assim como no virtuosismo de Di María e na velocidade de Rafa.
A ideia seria a de, a partir do meio-campo, formado pelo trio João Neves, Kökçü e Aursnes, conseguir municiar as “setas”, que pudessem impor algum respeito à defesa contrária, visando suster a iniciativa ofensiva contrária. Mas o Inter adaptou-se rapidamente a esse Benfica a procurar levar a bola para zonas mais adiantadas do terreno, respondendo com rápidas transições.
Aursnes ainda testaria os reflexos de Sommer, mas a verdade é que as equipas pareciam bem “encaixadas”, mesmo que o Benfica tivesse maior tempo de posse de bola. Uma vez mais a turma benfiquista lamentaria o facto de o árbitro não ter sancionado, com grande penalidade, um contacto de Barella sobre David Neres.
Porém, perante o esforço físico que fora forçado a despender, a segunda parte seria totalmente distinta. O Inter imprimiu (ainda) maior ritmo ao jogo, e o Benfica desorientou-se por completo, agora absolutamente incapaz de ter bola, recorrendo a sucessivos cortes e alívios, colocando-se à mercê de sucessivas investidas dos italianos, que pareciam multiplicar-se dentro de campo.
Adivinhava-se o golo, que Trubin ainda evitou um par de vezes, também, em mais outras ocasiões, com a ajuda dos ferros da sua baliza. Dumfries e Lautaro Martínez estiveram muito perto de marcar, tendo o guardião benfiquista salvado a recarga de Barella, depois do ressalto da bola na trave; e, logo de seguida, o mesmo Lautaro a acertar no poste!
Para que serviu “tanta sorte” do Benfica, se acabou por perder o jogo? O que parecia inevitável sucedeu mesmo: mais um rápido ataque do Inter, e Marcus Thuram a aparecer, solto de marcação, a rematar, sem dificuldade, para o fundo das redes.
Roger Schmidt ainda faria entrar Chiquinho e Musa (e, mais tarde, numa opção ainda de maior risco, recorrendo também a Arthur Cabral), e o Benfica até deu a sensação de ter conseguido “voltar a respirar”. Só que o Inter tinha já alcançado o que pretendia: estando em vantagem, era, então, altura de, em primeira instância, assegurar a sua preservação.
Ainda assim, até final, as maiores ocasiões de perigo voltariam, ainda, a pertencer à equipa italiana, com Lautaro Martínez a ficar a dever a si próprio mais um par de golos, e Trubin a confirmar uma noite de grande nível. O Benfica “safou-se” de “boa”…
Liga dos Campeões – 1ª Jornada – Benfica – FC Salzburg
Benfica – Anatoliy Trubin, Alexander Bah, António Silva, Nicolás Otamendi, Fredrik Aursnes, Orkun Kökçü (72m – Francisco “Chiquinho” Machado), João Neves, Ángel Di María (72m – David Neres), Rafael “Rafa” Silva (84m – Tiago Gouveia), João Mário (16m – Felipe Silva “Morato”) e Petar Musa (84m – Casper Tengstedt)
FC Salzburg – Alexander Schlager, Amar Dedić, Strahinja Pavlović (89m – Kamil Piątkowski), Samson Baidoo (71m – Oumar Solet), Aleksa Terzić, Mads Bidstrup, Lucas Gourna-Douath, Maurits Kjærgaard, Roko Šimić (71m – Petar Ratkov), Karim Konaté (59m – Sékou Koïta) e Oscar Gloukh (71m – Luka Sučić)
0-1 – Roko Šimić (pen.) – 15m
0-2 – Oscar Gloukh – 51m
Cartões amarelos – Anatoliy Trubin (2m), Rafael “Rafa” Silva (54m) e Nicolás Otamendi (69m); Lucas Gourna-Douath (21m), Samson Baidoo (58m), Roko Šimić (67m) e Sékou Koïta (90m)
Cartão vermelho – António Silva (13m)
Árbitro – Halil Umut Meler (Turquia)
O quarto de hora inicial deste desafio de estreia na Liga dos Campeões da presente temporada só não foi o exemplo acabado da “Lei de Murphy” porque o FC Salzburg desperdiçou, logo ao terceiro minuto, uma grande penalidade. De resto, um desastre completo para a equipa do Benfica.
Depois da conturbada saída de Odysseas Vlachodimos – que actuara em 57 dos últimos 61 desafios europeus do clube, disputados nas temporadas de 2018-19 a 2022-23 –, o Benfica fazia alinhar na baliza o jovem (22 anos) ucraniano Anatoliy Trubin, que acabara de fazer o seu primeiro jogo na equipa, quatro dias antes, em Vizela.
Coincidência ou não, na primeira intervenção que teve, logo aos dois minutos, numa saída precipitada da baliza, em vez de socar na bola, socou… o adversário, sendo o Benfica sancionado com a consequente grande penalidade, que Konaté, também desconcentrado, falhou clamorosamente, rematando muito por alto.
O conjunto austríaco apresentava um “onze” com uma média de idade muito jovem, que abordou este desafio com uma atitude atrevida, surpreendendo o adversário, em teoria favorito, e a jogar em casa, e que, naturalmente, pretendia também assumir a iniciativa do jogo e as investidas ao meio-campo contrário.
Tal proporcionou uma fase inicial bastante aberta, com João Mário, ainda cedo, a rematar ao poste, não tendo Musa conseguido fazer a recarga com a direcção certa, esbarrando num adversário.
O que se seguiu foi o culminar da tal “Lei de Murphy”: um atraso deficiente e desconexo de Bah, com Trubin, outra vez, desfocado do lance, Otamendi, com dificuldade, a evitar o golo, mas a bola, a fazer um “balão” e, na trajectória descendente, a embater na trave, com António Silva, posicionado sobre a linha de baliza, surpreendido com tal trajectória, instintivamente a afastar a bola com a mão, numa fracção de segundo irreflectida: aos 13 minutos, segunda grande penalidade contra o Benfica, e o defesa central expulso!
Desta feita a conversão seria confiada a Šimić, que não desperdiçou, colocando a sua equipa em vantagem. O Benfica, reduzido a dez, e a perder, tinha uma missão árdua pela frente.
O grupo reagiu bem, de forma solidária, conseguindo assentar o jogo, repor a calma possível e necessária, e, gradualmente, começando a empurrar a formação austríaca para a sua zona defensiva, obrigando o guardião Schlager a um par de boas intervenções.
Porém, todos os esforços seriam debalde perante nova descoordenação, logo no recomeço, com Morato e Aursnes a não acertarem as marcações, proporcionando a Gloukh ampliar a contagem para 2-0.
Ainda com cerca de 40 minutos para jogar, logo se perceberia que o desfecho da partida não se alteraria, agora com a equipa benfiquista animicamente derrotada.
Num balanço final, este terá sido um jogo atípico, em que o Benfica pagou caro as falhas “infantis” que cometeu, numa competição, de grande exigência, que requer rigor e concentração ao mais alto nível. Importa reagir de pronto.
Liga dos Campeões – 1/4 final (2.ª mão) – Inter – Benfica
Inter – André Onana, Matteo Darmian, Francesco Acerbi, Alessandro Bastoni (80m – Danilo D’Ambrosio), Denzel Dumfries, Nicolò Barella (76m – Hakan Çalhanoğlu), Marcelo Brozović, Henrikh Mkhitaryan, Federico Dimarco (80m – Robin Gosens), Lautaro Martínez (76m – Joaquín Correa) e Edin Džeko (76m – Romelu Lukaku)
Benfica – Odysseas Vlachodimos, Gilberto Moraes (45m – David Neres), António Silva, Nicolás Otamendi, Alejandro “Álex” Grimaldo, Florentino Luís, Francisco “Chiquinho” Machado (80m – Petar Musa), Rafael “Rafa” Silva (80m – João Neves), João Mário (89m – Andreas Schjelderup), Fredrik Aursnes e Gonçalo Ramos (74m – Gonçalo Guedes)
1-0 – Nicolò Barella – 14m
1-1 – Fredrik Aursnes – 38m
2-1 – Lautaro Martínez – 65m
3-1 – Joaquín Correa – 78m
3-2 – António Silva – 86m
3-3 – Petar Musa – 90m
Cartões amarelos – Rafael “Rafa” Silva (49m), Petar Musa (81m) e David Neres (90m)
Árbitro – Carlos del Cerro Grande (Espanha)
Chegou ao fim uma bela campanha do Benfica na “Champions League”, a melhor de sempre do clube, de entre as 17 participações na fase de grupos da prova, desde a época de 1994-95, estabelecendo records de vitórias (seis) e de derrotas sofridas (apenas uma), assim como de golos marcados (26).
Uma campanha que, todavia, deixa um sabor agridoce: nunca antes o Benfica terá estado tão próximo das meias-finais – e até, atendendo aos emparelhamentos do sorteio dessa eliminatória, de poder regressar a uma final da principal competição de clubes do Mundo!
Bastou essa tal derrota para comprometer as suas aspirações, acalentadas perante a avaliação, comummente feita, de que o Inter (tal como o AC Milan) estariam ao alcance do Benfica. Agora, passados os jogos das duas mãos, haverá que introduzir uma subtileza: teriam estado ao alcance do melhor Benfica desta temporada…
A “chave” para poder vir ainda a ser bem sucedido passava por marcar primeiro em Milão. Contudo, o plano começaria a “esboroar-se” logo no quarto de hora inicial, dado ter sido o Inter a abrir o marcador, ampliando assim para três golos a vantagem, que, de imediato, se afigurou intransponível.
Ainda assim, reagindo positivamente, o Benfica equilibrou o jogo, conseguindo criar algumas situações de perigo, vindo a restabelecer o empate ainda antes do intervalo.
No arranque da segunda metade, tal como sucedera já em Lisboa, a equipa portuguesa reclamaria novo “penalty”, não validado pelo árbitro.
O Inter, de forma estratégica, como que concedia a iniciativa ao adversário, revelando grande eficácia no “contra-golpe”, marcando por duas vezes entre os 65 e os 80 minutos, sentenciando de vez a eliminatória.
Num assomo de honra e orgulho, o Benfica acabaria – ingloriamente – por ter alguma felicidade na forma como acabou por evitar a derrota (com dois golos apontados nos derradeiros minutos, e isto depois de Neres ter já rematado ao poste), por coincidência, repetindo o desfecho (3-3) da última partida disputada na “Champions League” da época precedente, em Liverpool.
Não obstante, é difícil não pensar que o Inter teve sempre a eliminatória controlada, e – cada vez que o Benfica parecia poder vir ainda a colocá-la em causa -, voltando a “acelerar”, repunha a sua ampla “margem de segurança”.
Numa revisão final, poderá ter faltado um pouco mais de ambição ao Benfica, mas, para tal, teria necessariamente de ser também, em paralelo, muito mais rigoroso no seu sector defensivo… porque, curiosamente, os três golos de que (em teoria) precisaria para seguir em frente, conseguiu-os!
Liga dos Campeões – 1/4 final (1.ª mão) – Benfica – Inter
Benfica – Odysseas Vlachodimos, Gilberto Moraes, António Silva, Felipe Silva “Morato”, Alejandro “Álex” Grimaldo, Florentino Luís (64m – David Neres), Francisco “Chiquinho” Machado, João Mário, Rafael “Rafa” Silva, Fredrik Aursnes e Gonçalo Ramos
Inter – André Onana, Matteo Darmian, Francesco Acerbi, Alessandro Bastoni (90m – Stefan de Vrij), Denzel Dumfries (86m – Danilo D’Ambrosio), Nicolò Barella, Marcelo Brozović, Henrikh Mkhitaryan, Federico Dimarco (63m – Robin Gosens), Lautaro Martínez (63m – Joaquín Correa) e Edin Džeko (63m – Romelu Lukaku)
0-1 – Nicolò Barella – 51m
0-2 – Romelu Lukaku (pen.) – 82m
Cartões amarelos – António Silva (22m); Marcelo Brozović (50m) e Edin Džeko (83m)
Árbitro – Michael Oliver (Inglaterra)
Na ressaca da derrota caseira ante o FC Porto, a “adiar” o título, o Benfica voltou a estar longe da sua forma habitual, acabando por sofrer novo e comprometedor desaire.
E, se a primeira parte já não tinha sido “boa” – praticamente estéril, em termos de criação de jogo –, a segunda metade acabaria por ser ainda pior, com um golo sofrido praticamente a abrir… e outro quase a fechar.
Sem poder contar com o lesionado Alexander Bah, nem com o suspenso Otamendi (substituídos, respectivamente, por Gilberto e Morato), e apesar destas mudanças forçadas no sector defensivo, essa não seria a maior pecha dos encarnados. Que pecaram, sobretudo, na zona intermédia do campo, com Rafa abaixo do rendimento normal, tal como João Mário e Aursnes não estiveram ao melhor nível.
O que explica a dificuldade de a equipa “carburar” enquanto colectivo, sem fluidez, traduzindo-se num único remate com algum perigo (de Rafa) no primeiro tempo. Nessa fase, o Inter, ainda como que na expectativa, ia deixando correr o tempo, que jogava a seu favor.
O Benfica até parecia ter reentrado em campo, após o intervalo, com maior determinação, mas o tento sofrido provocaria “mossa”; numa das primeiras oportunidades que se lhe proporcionava, aproveitando algum maior balanceamento ofensivo da turma portuguesa, o Inter não desperdiçava.
A equipa benfiquista teria ainda uma ocasião para restabelecer a igualdade, mas não seria bem sucedida, e, à medida que os minutos avançavam, a “crença” ia decaindo, perante uma formação italiana muito bem organizada, que não dava azo a maiores veleidades por parte do adversário.
Denotando não “confiar” nos elementos que tinha no banco, Roger Schmidt apenas faria uma substituição, com a entrada de Neres, e, mesmo esta, talvez algo tardia.
Na fase final, já depois do segundo golo do Inter (na conversão de uma grande penalidade), o jogo como que se “partiria”, acabando o Benfica por desperdiçar a sua melhor oportunidade para marcar já em período de compensação, por Gonçalo Ramos, na última jogada da partida.
A diferença de dois golos terá sido algo penalizadora para o Benfica – que poderia ter também marcado, tendo, por outro lado, “reclamado” igualmente uma grande penalidade a seu favor, não validada pelo árbitro –, mas, de facto, a impressão que deixou transparecer foi a de uma equipa sem ideias, incapaz de “contornar” um adversário que, julgava-se, seria do seu nível.
A tarefa para a segunda mão apresenta-se praticamente como uma “missão impossível”. Veremos como conseguirá lidar o Benfica com o “desafio” de enorme dificuldade que se lhe coloca – pelo menos de forma a deixar uma imagem mais consentânea com a sua valia, várias vezes demonstrada nesta temporada.
Liga dos Campeões – 1/8 final (2.ª mão) – Benfica – Club Brugge
Benfica – Odysseas Vlachodimos, Alexander Bah (63m – Gilberto Moraes), António Silva (89m – Lucas Veríssimo), Nicolás Otamendi (74m – Felipe Silva “Morato”), Alejandro “Álex” Grimaldo, Florentino Luís, Francisco “Chiquinho” Machado (63m – David Neres), João Mário (74m – João Neves), Rafael “Rafa” Silva, Fredrik Aursnes e Gonçalo Ramos
Club Brugge – Simon Mignolet, Clinton Mata (62m – Denis Odoi), Brandon Mechele, Abakar Sylla, Tajon Buchanan, Casper Nielsen, Hans Vanaken (74m – Mats Rits), Kamal Sowah (75m – Antonio Nusa), Bjorn Meijer, Noa Lang (45m – Raphael Onyedika) e Roman Yaremchuk (62m – Ferran Jutglà)
1-0 – Rafael “Rafa” Silva – 38m
2-0 – Gonçalo Ramos – 45m
3-0 – Gonçalo Ramos – 57m
4-0 – João Mário (pen.) – 71m
5-0 – David Neres – 77m
5-1 – Bjorn Meijer – 87m
Cartões amarelos – Nicolás Otamendi (29m); Roman Yaremchuk (17m) Noa Lang (20m), Abakar Sylla (43m) e Bjorn Meijer (48m)
Árbitro – Halil Umut Meler (Turquia)
O Benfica tinha a eliminatória “ganha”, mas era importante manter o foco: na eventualidade de o Brugge poder marcar primeiro, a “quase certeza” transformar-se-ia, de imediato, numa “grande dúvida”.
E o Benfica cedo mostrou ao que vinha: estava decorrido apenas um minuto quando João Mário, com um subtil toque de calcanhar, introduziu a bola na baliza de Mignolet; porém o golo não seria validado, devido a posição de “fora-de-jogo” no início da jogada, de Gonçalo Ramos, que fizera a assistência.
Seguir-se-iam, durante cerca de 20 minutos, várias oportunidades desaproveitadas, por Florentino, Rafa e João Mário, com o adversário sem conseguir acertar com as marcações. Até que o Brugge parecia ter começado a equilibrar a contenda, conseguindo enfim sair do seu reduto defensivo.
A equipa belga ia prolongando a inviolabilidade da sua baliza – depois de dois nulos e da goleada infligida ao FC Porto, no Estádio do Dragão, por 4-0 –, mas, já na parte final do primeiro tempo, não evitaria o golo de Rafa, numa soberba execução técnica.
O 2-0, que confirmava o sentenciar da eliminatória, chegaria ainda antes do intervalo, com Gonçalo Ramos, deambulando pela área, internando-se, até encontrar o espaço para desferir o remate certeiro, a tirar três adversários do caminho.
A segunda metade do desafio teria sido um “pro-forma”, não fosse o Benfica, numa demonstração de grande personalidade e afirmação competitiva, nunca ter abdicado de continuar a aumentar o “score”, até chegar a um robusto 5-0 (que teria sido a sua maior goleada na era “Champions”, a par do 6-1 aplicado em Israel, frente ao Maccabi Haifa).
Gonçalo Ramos, com dois golos e uma assistência (que seriam duas, caso tivesse sido validado o golo a João Mário, logo no arranque do jogo), “mostrou-se” uma vez mais à Europa, numa “noite europeia” ao mais alto nível, também numa excelente actuação do colectivo.
João Mário, marcando pelo 5.º jogo consecutivo na prova, igualou o “record” de José Águas, na época de 1960-61 (marcaria também nos dois jogos seguintes, da temporada de 1961-62), e de Zoran Filipović, em 1982-83 (este, em jogos na Taça UEFA).
Faltavam três minutos para o termo da partida quando o Brugge desenhou o seu melhor lance de toda a eliminatória, alcançando o “ponto de honra”.
Esta é a segunda temporada sucessiva que o Benfica, tendo iniciado a competição na 3.ª pré-eliminatória, atinge os 1/4 de final – um feito sem igual na história da “Liga dos Campeões” – e se, na época passada, tal causou grande surpresa (com a imprevista eliminação do Ajax), a qualificação deste ano é o reflexo natural da superioridade da equipa portuguesa, numa eliminatória ganha com um contundente “placard” final agregado de 7-1!
Liga dos Campeões – 1/8 final (1.ª mão) – Club Brugge – Benfica
Club Brugge – Simon Mignolet, Clinton Mata, Jack Hendry, Brandon Mechele, Bjorn Meijer, Denis Odoi (65m – Casper Nielsen), Raphael Onyedika, Tajon Buchanan, Hans Vanaken, Kamal Sowah (79m – Ferran Jutglà) e Noa Lang
Benfica – Odysseas Vlachodimos, Alexander Bah, António Silva, Nicolás Otamendi, Alejandro “Álex” Grimaldo, Florentino Luís, Francisco “Chiquinho” Machado, Fredrik Aursnes, João Mário (90m – João Neves), Rafael “Rafa” Silva (65m – David Neres) e Gonçalo Ramos (65m – Gonçalo Guedes)
0-1 – João Mário (pen.) – 51m
0-2 – David Neres – 88m
Cartões amarelos – Denis Odoi (9m), Kamal Sowah (29m); Nicolás Otamendi (44m)
Árbitro – Davide Massa (Itália)
Na retoma da Liga dos Campeões, agora numa fase ainda “mais a doer”, já sem poder contar com Enzo Fernández (transferência “milionária” para o Chelsea – tendo a sua posição no terreno sido ocupada por Chiquinho), e com Rafa e Gonçalo Ramos de regresso ao “onze”, mesmo que ainda não a 100% (relegando David Neres e o entretanto “retornado” Gonçalo Guedes para o banco), o Benfica conseguiu um excelente resultado, em mais uma prova de afirmação europeia.
Foi uma equipa muito pragmática a que se apresentou esta noite na Bélgica: ciente da sua superioridade, e da importância de ganhar – no terreno do adversário – este jogo da 1.ª mão, teve uma actuação paciente, começando mesmo por ter de suster a pressão contrária, durante cerca de um quarto de hora, entre os 10 e os 25 minutos, para acabar, no cômputo global do desafio, por exibir amplo predomínio.
O Brugge só foi efectivamente ameaçador, num remate de Buchanan, logo aos cinco minutos, sem contar com o lance de golo invalidado, por fora-de-jogo, mesmo à beira do intervalo. Entretanto já a equipa portuguesa se tinha mostrado bastante perdulária, pelo menos em três oportunidades, aos 24 (Otamendi), 26 (António Silva) e 37 minutos, a que acresce o remate ao poste, por Rafa, à passagem da meia hora.
No recomeço, Gonçalo Ramos também não teria a eficácia devida, logo aos 47 minutos, mas estaria na origem do lance de que resultou a grande penalidade, que possibilitaria ao Benfica inaugurar o marcador, por João Mário, a marcar pelo quarto jogo consecutivo na prova.
Daí até final, ao longo de toda a segunda metade do desafio, “só deu” Benfica, tendo assumido por completo o controlo do jogo, mesmo que não tivesse construído soberanas ocasiões de golo. Num jogo parco em substituições, Roger Schmidt entendeu, aos 65 minutos, refrescar o seu sector atacante, com uma dupla substituição, fazendo sair os já desgastados Rafa e Ramos, por troca com Neres e Guedes.
A diferença de qualidade entre as duas equipas – bem evidenciada com os argumentos que cada uma delas tinha ao dispor, no banco de suplentes – ficaria mais apropriadamente traduzida, em termos do desfecho do encontro, com o segundo tento, de grande relevância, a conferir uma significativa vantagem, apontado por Neres, apenas a dois minutos do final, numa jogada precisamente com a intervenção da referida dupla de substitutos.
Num jogo em que pairou a sensação de nem sequer se ter empregado “a fundo”, o Benfica regressa de Brugges com “pé e meio” nos quartos-de-final. O que, não obstante, terá necessariamente de confirmar na segunda mão, na Luz, em que, caso a normalidade impere, será expectável novo triunfo benfiquista.
Com o resultado de hoje o Benfica fixa novo máximo de 12 jogos consecutivos sem perder nas competições europeias (desde 5 de Abril do ano passado – todos na Liga dos Campeões, mesmo que esta série inclua quatro partidas de eliminatórias prévias), nos quais defrontou, entre outros, o Liverpool (fora de casa), o D. Kyiv, a Juventus e o Paris Saint-Germain (duas vezes cada um deles, em casa e fora).
Este registo supera os 11 jogos sucessivos sem derrota na época de 2013-14 (os dois últimos encontros da fase de Grupos da Liga dos Campeões, e nove na Liga Europa, incluindo a final perdida com o Sevilla no desempate da marca de grande penalidade); os 10 jogos sem perder na Liga dos Campeões de 2011-12 (quatro de eliminatórias prévias e toda a fase de Grupos); e os 10 jogos de invencibilidade na excelente campanha até à final da Taça UEFA de 1982-83.
Liga dos Campeões – 6ª Jornada – Maccabi Haifa – Benfica
Maccabi Haifa – Joshua Cohen, Yosef Raz Meir (63m – Omer Atzili), Abdoulaye Seck, Sean Goldberg, Pierre Cornud (85m – Sun Menachem), Mohammad Abu Fani, Neta Lavi, Ali Mohamed (77m – Ofri Arad), Din David (63m – Mavis Tchibota), Tjaronn Chery e Frantzdy Pierrot (77m – Nikita Rukavytsya)
Benfica – Odysseas Vlachodimos, Alexander Bah, António Silva (88m – Lucas Veríssimo), Nicolás Otamendi, Alejandro “Álex” Grimaldo, Florentino Luís, Fredrik Aursnes (32m – Francisco “Chiquinho” Machado), David Neres (82m – Diogo Gonçalves), Rafael “Rafa” Silva (82m – Henrique Araújo), João Mário e Gonçalo Ramos (32m – Petar Musa)
0-1 – Gonçalo Ramos – 20m
1-1 – Tjaronn Chery (pen.) – 26m
1-2 – Petar Musa – 59m
1-3 – Alejandro “Álex” Grimaldo – 69m
1-4 – Rafael “Rafa” Silva – 73m
1-5 – Henrique Araújo – 88m
1-6 – João Mário – 90m
Cartões amarelos – Mohammad Abu Fani (85m), Sun Menachem (89m) e Omer Atzili (90m); David Neres (45m)
Árbitro – Anthony Taylor (Inglaterra)
Para ser franco as expectativas para este jogo eram singelas: tentar ganhar, esperando por um deslize (pelo menos o empate) do Paris Saint-Germain em Turim.
Sabia-se que o Maccabi tinha derrotado a Juventus e que até tinha começado por estar em vantagem ante a equipa francesa, e que acalentava ainda esperanças de qualificação para a Liga Europa, pelo que, incentivado pelo seus adeptos, não seria um adversário fácil. Isto, conjugado com outros factores, tal como a logística de uma deslocação longa, a par de ter sido batido nas duas anteriores viagens a Israel, alertava para a necessidade de o Benfica estar ao seu melhor nível.
Depois de um primeiro susto sofrido logo aos cinco minutos, a equipa portuguesa demonstraria boa atitude, procurando assenhorear-se da bola, vindo a inaugurar o marcador aos 20 minutos (num bom cabeceamento de Gonçalo Ramos), já depois de, cerca dos 10 minutos, ter rematado ao poste da baliza contrária.
Porém, tal como sucedera frente à Juventus, seria de muito curta duração essa vantagem, com o Maccabi, um pouco contra a “corrente”, a empatar de pronto, beneficiando de uma grande penalidade, devido ao facto de a bola ter embatido no braço de Bah.
A formação israelita tinha uma atitude bastante aguerrida e viril, e Roger Schmidt logo se viu impelido a duas substituições, por problemas físicos, de Aursnes e Gonçalo Ramos, estava decorrida apenas meia hora de jogo.
Até final da primeira metade o jogo foi algo incaracterístico, com pouca fluidez e sem claro domínio de qualquer das partes. Ao intervalo, registava-se resultado idêntico nos dois campos: duas igualdades a um golo.
Tudo mudaria na última meia hora da partida, a partir do segundo tento dos encarnados (num notável mergulho de Musa) – numa altura em que, continuando as equipas empatadas em Itália, o Benfica assumia (por escassos minutos) a liderança do grupo.
O terceiro golo, numa soberba execução de um livre directo, por Grimaldo, a fazer a bola sobrevoar a barreira, sentenciou o desfecho do encontro. A turma israelita conformou-se com o seu destino (eliminação das provas europeias), não conseguindo suster o turbilhão gerado pela aceleração de jogo por parte do Benfica.
Só que, entretanto, pouco antes desse terceiro golo benfiquista, o Paris Saint-Germain se recolocara novamente em vantagem frente à Juventus, pelo que voltava a liderar o grupo. Pelo que, faltando jogar 20 minutos, não seria crível que – mantendo uma vantagem de três golos na diferença global de golos – fosse possível vir a perder essa posição, isto, claro, no pressuposto de que mantivesse a condição de vencedor nesse encontro.
Mesmo com o 4-1, somente mais quatro minutos volvidos (com Rafa a “picar” a bola sobre o guardião), a situação não parecia ter-se alterado substancialmente. Faltavam ainda dois golos, e poucos acreditariam numa reviravolta. Até porque não seria do conhecimento geral a globalidade dos critérios de desempate, pelo que se terá porventura pensado que poderiam ser ainda necessários mais três golos para ultrapassar os franceses.
E, de facto, nunca se sentiu uma ansiedade (no sentido de uma pressão negativa) do Benfica por marcar, mantendo a mesma toada de jogo, agora sim, claramente dominadora, mas sem “pressas”, nunca jogando de forma atabalhoada, ou por qualquer tipo de recurso a “chuveirinhos”.
A chama da crença só se acendeu efectivamente quando, a dois minutos do termo do tempo regulamentar o Benfica chegou ao 5-1, por Henrique Araújo (logo depois de Diogo Gonçalves ter rematado ao poste). Aí sim, a equipa sentiu que era determinante marcar mais um golo.
O que viria mesmo a ocorrer – já depois de Vlachodimos ter evitado o que teria sido o 5-2… – num bela conclusão de João Mário (remate de meia distância, colocado e rasteiro), no segundo de três minutos de período de compensação. De imediato, o próprio soltou uma interrogação que ficará na memória: «Dá?» – manifestando a disposição para, se necessário, ir ainda à procura de um golo extra.
Mas, nessa altura, já Roger Schmidt estava perfeitamente conhecedor do 7.º factor de desempate (alínea g) do regulamento), privilegiando a equipa com maior número de golos marcados fora de casa em toda a fase de grupos.
De forma absolutamente inédita, em 30 anos da competição, dois clubes concluíam esta fase rigorosamente igualados: 14 pontos (“record” do Benfica na prova), 4 vitórias e dois empates para cada; empate nos dois jogos entre as duas equipas, em Lisboa e em Paris, e ambos por 1-1; mesma diferença global de golos (9); mesmo número total de golos marcados (16); mesmo número total de golos sofridos (7). O Benfica marcara 9 golos fora de casa, face a apenas 6 do Paris Saint-Germain…
Em Haifa o árbitro dera por findo o jogo, mas, em Turim, ainda se jogariam mais dois a três minutos, com sensações diametralmente opostas: desolada, a equipa francesa acabara de perceber, contra todas as expectativas, que perdera o 1.º lugar do Grupo; em Israel, o Benfica aguardava apenas a confirmação do final dessa outra partida, para, enfim, dar largas a uma explosão de alegria, bem estampada no rosto de todos, técnicos, jogadores e adeptos.
De forma absolutamente meritória, com um final de jogo épico, o Benfica das “grandes noites europeias” sagrava-se, invicto nos seis jogos disputados (acrescendo aos quatro das eliminatórias de qualificação), vencedor de um Grupo que integrava dois “colossos” como o Paris Saint-Germain ou a Juventus!
Liga dos Campeões – 5ª Jornada – Benfica – Juventus
Benfica – Odysseas Vlachodimos, Alexander Bah (81m – Gilberto Moraes), António Silva, Nicolás Otamendi, Alejandro “Álex” Grimaldo, Florentino Luís, Enzo Fernández, João Mário (90m – Francisco “Chiquinho” Machado), Fredrik Aursnes, Rafael “Rafa” Silva (87m – Petar Musa) e Gonçalo Ramos (87m – David Neres)
Juventus – Wojciech Szczęsny, Danilo Silva, Leonardo Bonucci (60m – Alex Sandro), Federico Gatti, Juan Cuadrado (60m – Fabio Miretti), Weston McKennie, Manuel Locatelli, Adrien Rabiot, Filip Kostić (70m – Samuel Iling-Junior), Dušan Vlahović (70m – Matías Soulé) e Moise Kean (45m – Arkadiusz Milik)
1-0 – António Silva – 17m
1-1 – Moise Kean – 21m
2-1 – João Mário (pen.) – 28m
3-1 – Rafael “Rafa” Silva – 35m
4-1 – Rafael “Rafa” Silva – 50m
4-2 – Arkadiusz Milik – 77m
4-3 – Weston McKennie – 79m
Cartões amarelos – Enzo Fernández (84m); Danilo Silva (62m)
Árbitro – Srđan Jovanović (Sérvia)
Tal como sucede noutras ocasiões é difícil destrinçar a análise de um jogo face ao seu resultado final. A verdade é que, neste caso em concreto, o desfecho acaba por ser bastante “mentiroso”, não traduzindo de modo nenhum a flagrante superioridade exercida pelo Benfica – pelo menos até aos 75 minutos -, em função do que o “placard” podia muito bem ter atingido números absolutamente históricos.
A golear por 4-1 aos 50 minutos, a contagem final poderia ter sido ampliada, pelo menos, até aos sete golos, sem que tal surpreendesse minimamente quem teve oportunidade de assistir a esta magnífica exibição do Benfica!
Depois, sofrendo dois golos em apenas dois minutos, seria impossível não vacilar – mesmo sabendo que o empate era o bastante para consumar o objectivo do apuramento para os 1/8 de final da “Champions” (e tal até poderia ter acontecido, mesmo a findar a partida…).
Isto na que terá sido, porventura, a melhor exibição de Rafa ao serviço do Benfica, fazendo “gato-sapato” da defesa da Juventus – mas desperdiçando, só à sua conta, pelo menos dois “golos feitos” (teriam sido o 5-1… ou, mais tarde, o 5-3) –, beneficiando da liberdade concedida pelo equilíbrio e solidez que Aursnes proporcionou ao meio-campo encarnado, e potenciando a sua velocidade, que, a dada altura, fez com que parecesse estar “por todo o lado”.
O primeiro quarto de hora do jogo até nem faria suspeitar da aceleração que viria a ter, com as duas equipas como que algo expectantes, não obstante a maior iniciativa benfiquista, com ambas as formações a procurar pressionar alto.
O golo inaugural, na estreia de António Silva a marcar (numa boa antecipação de cabeça), foi o desbloqueador perfeito para uma partida de alta intensidade. Mas não haveria muito tempo para saborear a vantagem, dado que a Juventus restabeleceria a igualdade apenas quatro minutos volvidos.
Pelo que a oportunidade de, sete minutos depois, voltar a posição de superioridade – na conversão de uma grande penalidade – constituiria determinante catalisador dos níveis de confiança e do acreditar que a vitória era bem plausível. A equipa italiana acusou o toque, e o ritmo imposto pelo Benfica fez com que nunca mais conseguisse organizar-se, incapaz de acompanhar e de encontrar antídoto face à alta rotação do adversário.
Começava então o “festival Rafa”, a ampliar a contagem, logo aos 35 minutos, para 3-1, numa excelente execução técnica, com um toque de calcanhar. E, a abrir a segunda metade, sentenciando a qualificação, a alargar ainda mais a vantagem benfiquista, “picando” a bola sobre o categorizado guardião contrário.
Frente a uma equipa desorientada, mesmo “perdida” dentro de campo, o mesmo Rafa, num lance de “baliza aberta”, mas de elevado grau de dificuldade, a receber uma bola que saíra algo alta, tentou, de primeira, fazer um desvio subtil, que, contudo, saiu ligeiramente por alto, gorando-se o que teria sido um fantástico “hat-trick”… e o 5.º golo do Benfica, estavam decorridos 75 minutos.
Aliás, já antes, à passagem da hora de jogo, também Gonçalo Ramos desfrutara de duas boas ocasiões para marcar, uma delas salva por instinto pelo guarda-redes, tendo, no outro caso, a bola saído ligeiramente ao lado.
Quando se pensava que Massimiliano Allegri tinha “entregue os pontos”, conformado com a derrota, fazendo entrar em campo dois “meninos” de 19 anos, Matías Soulé e Samuel Iling-Junior, em especial este último tiraria partido de alguma fadiga de Bah, para criar jogadas de grande perigo, que, num ápice – apenas dois minutos depois do tal desperdício de Rafa -, converteram a goleada num resultado tangencial.
O Benfica precisava de manter a serenidade, procurar recompor-se desse abalo, e preservar a vitória, nos derradeiros dez minutos. Só então Roger Schmidt mexeria na equipa, fazendo entrar de imediato, Gilberto, para procurar estancar a torrente imprimida por Iling-Junior, tendo as restantes substituições tido já mais por objectivo a quebra de ritmo de jogo.
Ainda assim, Federico Gatti ficaria, já em período de compensação, a escassos centímetros de chegar ao que seria um absolutamente incrível 4-4…
Antes disso já Rafa tivera, na sua derradeira acção no jogo, numa rápida transição, o tal “5-3” nos pés, depois de correr com a bola, de área a área, cerca de 70 metros, surgindo isolado frente a Szczęsny, mas, infeliz, rematando de forma excessivamente enquadrada, ao poste. Teria sido o culminar de uma noite brilhante a nível individual, em mais uma das históricas “grandes noites” europeias do Benfica.
Com o apuramento garantido, fica ainda em aberto, para a última jornada, a definição do vencedor do grupo, para o que o Benfica – igualado em pontos, mas com menor diferença de golos – necessitará fazer melhor resultado em Israel do que o que o Paris Saint-Germain fizer na deslocação a Turim (com a Juventus ainda em compita com o Maccabi Haifa pela vaga de consolação na Liga Europa).



