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“Jácome Ratton” – 140 anos de vivências, da Escola e da Cidade
“Jácome Ratton” – 140 anos de vivências, da Escola e da Cidade
O Pulsar do Campeonato – 3ª Jornada

(“O Templário”, 03.10.2024)
Tendo vencido, na quarta-feira da passada semana, em Coruche (1-0), e, no Domingo, no Entroncamento (3-0), o Ferreira do Zêzere segue com o pleno de três triunfos, com a particularidade de terem sido obtidos, todos eles, em terreno alheio (depois da vitória em Alpiarça, no arranque do campeonato). Comanda, agora, o campeonato, de forma destacada, apenas o Alcanenense podendo (em caso de ganhar o jogo que tem em atraso) igualar tal registo.
Destaques – Começa, portanto, por realçar-se a forma categórica como o Ferreira do Zêzere se impôs no Entroncamento, ganhando com aparente tranquilidade, confirmando cabalmente o favoritismo que lhe era atribuído: os ferreirenses inauguraram o marcador aos 25 minutos, vindo a fechar a contagem com outros dois tentos, apontados já nos últimos dez minutos da partida.
No que poderia ser considerado como jogo de maior cartaz da 3.ª ronda, o Coruchense, realizando o terceiro jogo sucessivo no seu reduto, recebia o Samora Correia, procurando rectificar os resultados negativos averbados nos dois primeiros desafios, em que fora derrotado pelo Mação e pelo Ferreira do Zêzere. Pois, as coisas voltaram a começar mal para a formação do Sorraia, que se viu em desvantagem ainda antes da meia hora. Não obstante, com excelente reacção, o Coruchense operou a reviravolta ainda antes do intervalo. No segundo tempo, mais dois golos selaram uma moralizadora goleada, por 4-1.
Outra goleada, esta por 4-0, foi o desfecho do embate entre Fazendense e At. Ouriense, impressionando a facilidade com que o grupo das Fazendas se desenvencilhou da turma de Ourém, que vinha de uma notável recuperação (de 0-2 para 2-2), ante o U. Tomar. Com este triunfo, o Fazendense – que começara com um ligeiro “passo em falso”, ao ceder um empate caseiro, precisamente ante o Samora Correia – alcandorou-se já à vice-liderança, (re)afirmando a sua candidatura aos lugares de topo.
A destacar também – mesmo que pudesse ser, de certo modo, um resultado expectável – a vitória alcançada pelo Torres Novas na deslocação a Alpiarça, ante o Águias, mercê de um solitário golo, apontado a findar a primeira metade do encontro, proporcionando aos torrejanos posicionar-se a meio da tabela. Por seu lado, os alpiarcences, com um início de campeonato de elevado grau de dificuldade (tinham defrontado, antes, o líder, Ferreira do Zêzere, e o Samora), situam-se na cauda da tabela, a par do Salvaterrense, tendo somado três desaires em outras tantas jornadas.
Surpresa – O desfecho mais inesperado registou-se no Abrantes e Benfica-Glória do Ribatejo, não tendo o até então 3.º classificado conseguido ganhar ao 11.º, saldando-se este confronto por uma igualdade a um golo. Foram, aliás, os visitantes a marcar primeiro, na parte final do primeiro tempo, não tendo os abrantinos logrado melhor do que restabelecer o empate, com cerca de vinte minutos decorridos na segunda parte. O Abrantes está agora no 5.º lugar, enquanto a turma da Glória passou a repartir a 11.ª posição com o U. Tomar.
Confirmações – Os resultados dos três restantes jogos enquadram-se no que seriam as projecções, mesmo que tenham tido incidências diferenciadas.
Começando pelo Amiense-Mação, os comandados de Marco Marques continuam a dar boa conta de si, tendo feito um dos anteriores guias, Mação, perder pontos, face ao resultado de 1-1. Também neste caso, e à semelhança do que se verificara no primeiro dia, ante o Cartaxo, o grupo dos Amiais esteve a ganhar praticamente até ao fim, tendo deixado escapar a vitória a cinco minutos do termo do prélio. O Amiense integra um trio, com Abrantes e Benfica e Cartaxo, no 5.º posto.
Justamente, o Cartaxo, que, ainda antes do arranque da temporada, se perfilou como candidato, obteve a sua primeira vitória, outra vez com um golo “in extremis”, na visita a Salvaterra de Magos: os cartaxeiros marcaram o tento decisivo (único da partida) ao minuto 90+7… numa altura em que, paradoxalmente, se encontravam reduzidos a nove elementos, após terem sofrido duas expulsões, aos 80 e 90+5 minutos! Esta foi a terceira derrota do Salvaterrense, depois das goleadas sofridas ante o Abrantes e Benfica e o Alcanenense.
Deixamos para o fim, precisamente, o desafio que colocou frente-a-frente as equipas de Alcanena – a única que, a par do comandante, conta por vitórias os jogos disputados (neste caso, apenas dois), posicionando-se, mesmo com um jogo a menos, no 4.º lugar da tabela – e de Tomar.
O Alcanenense, ainda sob o comando técnico de José Torcato, patenteou superioridade exibicional durante quase todo o tempo, acabando por ser natural o desfecho de 2-0 a seu favor, no que constitui a primeira derrota do U. Tomar, ainda sem ter conseguido estrear-se a ganhar. Em qualquer caso não será este desaire de molde a causar maior “alarme”, se recordarmos que, também no último embate entre os dois emblemas, há duas épocas – quando o União se sagrou Campeão – fora o conjunto de Alcanena a levar a melhor, ali tendo vencido, então, por 3-2.
Liga 3 – O U. Santarém tinha um tão aliciante quão difícil compromisso, recebendo o líder, o histórico Belenenses. Os azuis do Restelo cedo adquiriram vantagem, à passagem do quarto de hora, mas os escalabitanos ripostariam, empatando por volta dos trinta minutos. Na segunda parte, depois de o Belenenses se ter recolocado na posição de vencedor, o U. Santarém não teria já argumentos para contrariar a superioridade adversária, traduzida no 1-2 final.
O Belenenses segue destacadíssimo no comando, após a disputa da 7.ª jornada, com cinco pontos a mais que o 2.º classificado, Caldas – e já com “margem” de oito pontos face à linha que traça os quatro clubes que se apurarão para a fase final, mesmo que haja alguns concorrentes com um jogo em atraso, caso do U. Santarém, actual 6.º classificado, com sete pontos (a dois do 4.º lugar).
Campeonato de Portugal – Começam a ser de alguma forma inquietantes os sinais que o Fátima vem transmitindo, na esteira do que tem sido o desempenho geral dos emblemas do Distrito nesta competição: após cinco rondas, os fatimenses não conseguiram ainda vencer, não tendo ido além de três empates, partilhando a última posição da série com o Mortágua.
Deslocando-se à Marinha Grande, o Fátima chegou a dispor de dois tentos de vantagem, mas isto numa fase em que o seu guardião defendera já duas grandes penalidades! Depois, com o Marinhense em inferioridade numérica durante toda a segunda parte, tal não obstou a que a equipa da casa conseguisse chegar ainda à igualdade (2-2) com dois golos entre os 60 e os 80 minutos.
Antevisão – A 4.ª jornada do Distrital integra um lote de bem interessantes confrontos, desde logo o U. Tomar-Fazendense, mais um teste de elevado grau de dificuldade para os unionistas; mas, também, o Mação-Abrantes e Benfica, o Cartaxo-Alcanenense ou o Torres Novas-Coruchense.
O Ferreira do Zêzere é favorito, não obstante tenha a visita do ainda invicto Amiense. Uma nota ainda para o sempre aliciante “derby” municipal, entre Glória do Ribatejo e Salvaterrense.
Na 8.ª ronda da Liga 3, o U. Santarém viaja até aos Açores, a Angra do Heroísmo, para defrontar o Lusitânia (9.º), reeditando os embates da época passada, em que foram estes os dois emblemas promovidos na Zona Sul do Campeonato de Portugal. Nesta outra prova, na sua 6.ª jornada, o Fátima procura alcançar o primeiro triunfo, recebendo o União 1919 (actual 5.º classificado).
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 3 de Outubro de 2024)
“Jácome Ratton” – 140 anos de vivências, da Escola e da Cidade

De que se constrói a história de uma escola? Que ingredientes entram na confecção deste prato?
De tão intuitivas que são as respostas, não perdemos tempo, sequer, a reflectir sobre elas.
Uma escola é feita, em primeira instância, dos seus espaços (de vivências, aprendizagem e convívio), e, igualmente, dos seus tempos ou eras. De agentes vivos, professores, alunos, directores e restante pessoal não docente. Mas, também, claro, dos seus cursos, disciplinas, programas, matérias, exames, prémios, assim como de excursões, visitas de estudo e actividades extra-curriculares, de cariz lúdico-cultural. Outrossim, dos livros, manuais escolares e bibliotecas. Ainda, de orçamentos, contas de receitas e despesas, tal qual, necessariamente, das leis que enquadram e regem o seu funcionamento.
Eis, de uma forma bem singela, do que trata este livro.
Uma publicação desta natureza, narrando a história de uma instituição, não se submete a poder ser escrita à vontade do autor, a seu livre arbítrio e imaginação, maleável como se de uma obra de ficção se tratasse; é necessário cingir-nos aos factos. E, isto, numa óptica inevitavelmente parcelar, limitada à factualidade disponível, de que foi possível identificar e apurar as correspondentes bases.
Um trabalho que pressupõe pesquisar, coligir, sistematizar e sintetizar um vastíssimo conjunto de fontes, impressas (livros, teses de Doutoramento e Mestrado, artigos publicados em revistas de perfil académico e científico, relatórios técnicos, jornais, bem como a consulta de uma também ciclópica colectânea de legislação) e manuscritas (numerosos livros de actas, de diferentes órgãos colegiais da Escola) – para além do infindável manancial de informação que, ao dia de hoje, a Internet propicia (sem a qual, aliás, não teria sido possível, nos moldes em que é apresentado, a feitura deste livro) –, com inelutáveis descontinuidades e omissões, num quadro de investigação eminentemente individual, sem prazo ilimitado.
De Escola de Desenho a Escola Secundária, durante curto período com a inédita denominação de Escola de Carpintaria e Serralharia de Carruagens, acima de meio século Escola Industrial e Comercial, a (mais do que) centenária história deste estabelecimento de ensino – cuja existência se estende, aliás, já por três centúrias – abarca, como camadas camaleónicas, histórias de algumas diferenciadas escolas, numa lógica de complementaridade, em vários estágios, em que estão bem presentes as suas idiossincrasias, que lhe conferem uma individualidade e identidade próprias, tendo por missão prioritária uma formação vocacionada para a plena inserção dos seus alunos na sociedade.
Uma escola multifacetada, resiliente, sempre com a capacidade de se reinventar, constituindo-se num pólo de referência a nível regional. Sendo, inicialmente, uma escola técnica, de índole industrial, continua a ter hoje – 140 anos volvidos –, como seu bastião, os cursos técnico-profissionais que faculta.
Esta é uma história em que se optou por uma sequencialidade de tipo diarístico, abordando, tanto quanto possível, ano lectivo após ano lectivo.
Para tal começa este estudo por ser tributário dos circunstanciados “Relatórios anuais da Inspecção”, de Fonseca Benevides, na fase de arranque do ensino industrial em Portugal, de 1884 a 1891, integrando minuciosas descrições, quais pérolas imperdíveis que importa recuperar.
Recorre-se, também, em larga fase, a uma ampla selecção de trechos das actas do “Conselho Escolar” e do “Conselho Administrativo”, como de livros de registo de correspondência, por via dos quais é possível sentir com maior acuidade o pulsar do dia-a-dia da vida da escola, visando fixar e perenizar a sua memória.
Alicerçando-se esta história, simultaneamente, no precioso repositório facultado pela imprensa, numa pesquisa que se espraia por mais de um século de edições de diversos jornais locais.
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O registo das vivências da escola – nas várias acomodações que foi ocupando, desde a inauguração das actividades lectivas, à luz de candeeiros a petróleo, na noite de 9 de Dezembro de 1884, num imóvel com peculiar ligação às invasões francesas, à breve passagem pela Rua Dr. Sousa (por curiosa coincidência um seu antigo professor) e, já no final dos anos 20, à transferência para a Rua da Graça, até à festiva inauguração das actuais instalações, a 27 de Abril de 1958 – é, em paralelo, acompanhado por pinceladas sobre as vivências da cidade, a par da necessária contextualização, em cada época, no devir da história do País.
Assim, para além do inventário das principais actividades comerciais e industriais à data do arranque da escola, no final do século XIX, podemos, revisitando Fernando Araújo (“Nini”) Ferreira, visualizar, qual tela animada, o bulício da Tomar da década de vinte da centúria passada. Assistimos, ainda, à apoteótica chegada do comboio inaugural à cidade, tal como à edificação de estruturantes obras públicas: balizas de cariz indelével, como a Barragem de Castelo do Bode, ou, noutra escala, o novo mercado, o então designado “Bairro Salazar”, o parque do Mouchão e o campo de jogos; a inauguração do Cine-Teatro e da piscina municipal “Vasco Jacob”, da nova ponte sobre o Nabão, do Palácio da Justiça, bem como dos Hospitais e das Bibliotecas municipais. Ou, no que respeita à iniciativa privada, do Hotel dos Templários.
Como “pano de fundo”, detemo-nos, necessariamente, em momentos marcantes da história contemporânea de Portugal, como o final da Monarquia, a vasta teia de implantação do regime do “Estado Novo”, as eleições para a Assembleia Nacional do final dos anos 30 e da década de 60, sinalizando períodos de profunda interpenetração entre a vida da escola e a política, a guerra colonial, e o 25 de Abril.
Noutra vertente, relativa ao sistema de educação e instrução, procura ainda recuperar-se, de forma inevitavelmente abreviada, a memória das origens e do percurso de outros estabelecimentos de ensino de Tomar, desde os emblemáticos Colégios Nun’Álvares ao frustrado Pólo Universitário de Tomar, passando pela Escola Primária Superior, Liceu Nacional de Tomar, Instituto Politécnico, ou Escola Profissional de Tomar, também com espaço para “pontos de situação” sobre o panorama do ensino no Município.
Enquanto grandes linhas delimitadoras, enquadrando e regendo o funcionamento da escola, ensaia-se, neste livro, uma súmula do vastíssimo conjunto de iniciativas legislativas respeitantes à área do ensino – distribuídas ao longo de todo o período, de cerca de século e meio, nele abarcado. Neste plano, por aqui se vão sucedendo: a profusa produção de diplomas da fase final da Monarquia e início da República; o delinear do sistema de educação do “Estado Novo”; a Reforma do Ensino Técnico, de 1947/1948; as tentativas modernizadoras do ministro Leite Pinto; a “Reforma Veiga Simão”; do mesmo modo que a introdução de inovações como o Ciclo Preparatório, a Telescola, o Ensino Unificado, o Serviço Cívico Estudantil e o regime de numerus clausus, o Ano Propedêutico e o 12.º ano de escolaridade, e, mais recentemente, a “Iniciativa Novas Oportunidades”, ou o Processo de Bolonha.
Regressando ao cenário mais específico da escola, para além de breves notas biográficas respeitantes ao seu patrono e a alguns dos directores com papel mais vincado, faz-se ainda menção ao respectivo património museológico, à Biblioteca Escolar Guilherme d’Oliveira Martins e ao “Bibliotecando em Tomar”, como também à inserção no Agrupamento de Escolas Templários.
Por fim, dá-se ainda voz a antigos alunos, por via da compilação de breves testemunhos, com base em excertos de entrevistas publicadas num dos periódicos tomarenses.
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Este livro encontra-se sistematizado em cinco partes, coincidindo com cada uma das designações que a escola teve desde a sua criação: (I) Escola de Desenho Industrial / Escola Industrial (1884-1919); (II) Escola de Artes e Ofícios – Escola de Carpintaria e Serralharia de Carruagens (1919-1924); (III) Escola Industrial e Comercial de Jácome Ratton (1924-1948); (IV) Escola Industrial e Comercial de Tomar (1948-1979); e (V) Escola Secundária de Jácome Ratton (desde 1979).
Com efeito, a actualmente denominada Escola Secundária de Jácome Ratton começou por ser, na sua génese, na parte final do século XIX, uma escola de desenho, a Escola de Desenho Industrial Jácome Ratton, logo integrando, nessa fase, a vanguarda do ensino técnico-profissional em Portugal, anotando-se que mediou menos de um ano entre a promulgação do acto jurídico instituidor de novo regime do ensino industrial em Portugal (em Janeiro de 1884) e a inauguração da sua actividade lectiva – a 9 de Dezembro desse mesmo ano –, após ter sido legalmente criada no mês de Maio.
Principiou por funcionar na Rua Direita da Várzea Pequena (actual Rua Silva Magalhães), em propriedade que corresponderia à então também designada “Casa Nova da Rua da Capela”, numa área em que se preserva, ainda hoje, um avarandado com grades feitas de canos de espingarda, com que os tomarenses se dispunham a resistir às invasões francesas, tendo, nessa ocasião, valido a providencial intervenção de Ângela Tamagnini.
Os primeiros alunos, em número de 38, estavam repartidos por duas classes: de Desenho Elementar, diurna, para crianças de seis a doze anos (com apenas dois discípulos, no ano de arranque); e de Desenho Industrial (abrangendo os ramos ornamental, arquitectural e mecânico), nocturna, destinada a adultos, tendo profissões diversas como carpinteiros, serralheiros ou pedreiros. Começariam por aprender os rudimentos do desenho, utilizando como material pequenos quadros de lousa, giz, papel estigmográfico, papel almaço, carvões e lápis.
Nos primórdios, entre os anos de 1884 e 1919, o seu estatuto vagueou entre “Escola de Desenho Industrial” e “Escola Industrial” – alargando-se a esfera do ensino, então na denominada Escola Industrial Jácome Ratton, às disciplinas de: Aritmética e geometria elementar; Princípios de física e elementos de mecânica; e Língua francesa; para além do Desenho industrial (sendo que, de facto, por vicissitudes externas, tal acabaria por vigorar apenas num muito efémero período, de 1889 a 1891).
Em paralelo, a escola disporia, a partir de 1887, de uma oficina de trabalhos em madeira/carpintaria, a qual começou por funcionar no “Palácio dos Valles”, na Rua Larga (actual Rua Marquês de Pombal), tendo sido criada outra oficina, de trabalhos em metal/serralharia, no ano lectivo de 1890-1891.
Em função de nova orgânica legal entretanto estabelecida, viria a passar, entre 1919 e 1924, a “Escola de artes e ofícios”, com a designação de Escola de Carpintaria e Serralharia de Carruagens de Jácome Ratton, noutro curto ciclo, no qual, verdadeiramente, nunca chegou a materializar a que seria a sua vocação.
Quatro décadas após a instituição e entrada em funcionamento, a escola de Tomar registaria então, por Decreto de 21 de Novembro de 1924 – acerca-se agora, precisamente, o respectivo centenário –, assinalável evolução, com a extensão do seu âmbito, consubstanciando um primacial ponto de viragem na sua história, numa importante promoção no contexto do panorama dos estabelecimentos de ensino técnico em Portugal, decorrendo da elevação à categoria de escola industrial e comercial, com a denominação Escola Industrial e Comercial de Jácome Ratton.
Deste modo, na sua secção industrial, ministrar-se-ia, a partir do ano de 1925, o ensino da serralharia mecânica e civil, sejaria e trabalhos femininos; e, na nova secção comercial, o ensino das escolas comerciais (nesta primeira fase, o Curso Elementar do Comércio). Nessa oportunidade as aulas teóricas do curso Comercial foram transferidas para outras instalações, sitas na Rua Dr. Sousa, no designado “Palácio Alvim”.
Entretanto, em 1929, a escola – cujos cursos industriais teriam vindo a funcionar, desde o final de 1917, em imóvel sito na Rua Marquês de Pombal – passara a operar na Rua da Graça (actual Avenida Dr. Cândido Madureira), num prédio pertencente à firma Manuel Mendes Godinho & Filhos, mandado edificar com esse fim.
Já no decurso da década de 30 do século XX a escola dispunha então dos cursos de: Serralheiro mecânico; Carpinteiro-segeiro (depois comutado em curso de Marceneiro); Costura e bordados; e Comércio.
Em 1948 a sua designação converter-se-ia em Escola Industrial e Comercial de Tomar, passando, na esfera da Reforma do Ensino Técnico, a prover os seguintes cursos: Ciclo Preparatório; Curso complementar de Aprendizagem de Electricista (mais tarde, o Curso de Montador Electricista); e os Cursos de Formação de: (i) Serralheiro; (ii) Carpinteiro-marceneiro; e (iii) Formação Feminina; assim como o Curso Geral de Comércio (posteriormente, também o Curso complementar de Aprendizagem de Comércio); para além do Curso de mestrança de Encarregado de obras.
Só dez anos mais tarde, a 27 de Abril de 1958, seria inaugurada a nova edificação da escola, implantando-se no local em que subsiste até à actualidade, em imóvel especificamente construído (com base no modelo de projectos-tipo de escolas de ensino profissional então implementado), sito na Av. D. Maria II. Estas instalações foram, entre 2009 e 2011, sujeitas a amplos trabalhos de remodelação, compreendendo ainda a construção de raiz de dois novos edifícios.
Já no transcurso para os anos 60, foi introduzido na escola, numa inovação de âmbito nacional, o curso de Técnico Papeleiro. No início dessa mesma década passava-se a proporcionar também, aos estudantes, secções preparatórias para acesso aos Institutos Industriais e Comerciais.
Beneficiando, por um lado, da localização central no plano geográfico do País, e, por outro, da sua antiga fundação, a área de influência da escola estendia-se, tradicionalmente, a localidades mais ou menos distantes: até meio caminho de Coimbra (Figueiró dos Vinhos), a Norte; até próximo de Santarém, a Sul; a Ourém, a Oeste; ao triângulo formado por Sertã, Oleiros e Proença-a-Nova, a Nascente. Procurando uma maior proximidade, alargar-se-ia, também por essa época, tendo sido criadas Secções no Entroncamento (1964) e em Ourém (na viragem do decénio) – as quais viriam, anos depois, a autonomizar-se, respectivamente na Escola Industrial do Entroncamento (Dezembro de 1968) e na Escola Técnica de Vila Nova de Ourém (Outubro de 1971).
No ano lectivo de 1972-1973 a escola estaria na antecâmara do ensino politécnico em Tomar, ensaiando o lançamento do curso de “Habilitação Complementar para os Institutos”, orientado para as seguintes especialidades: Contabilidade e Administração; Electricidade e Máquinas; e Celulose e Papel, cuja aprovação constituiria habilitação de acesso a subsequentes estudos universitários.
Anunciando-se na imprensa, na abertura do ano imediato, no contexto da designada “Reforma Veiga Simão”, a introdução de cursos complementares do ensino técnico secundário – visando também o acesso ao ensino superior, assim como a formação profissional –, nos sectores Industrial (cursos de Mecanotecnia, Electrotecnia e Construção Civil), de Serviços (cursos de Contabilidade e Administração e de Secretariado e Relações Públicas) e das Artes Visuais (curso de Artes dos Tecidos).
Entrementes, na sequência do 25 de Abril, logo a partir do ano de 1975 (num processo que perpassaria até 1977), começara a ser instituído o “Ensino Secundário Unificado” (7.º ao 9.º anos de escolaridade), por meio da fusão, num tronco comum de estudos, das vias liceal e técnica – caracterizado por um perfil curricular predominantemente liceal, o que, em termos práticos, viria a resultar na abolição do ensino técnico tradicional, tal como fora praticado na escola de Tomar por largas décadas.
No ano lectivo de 1978-1979 seria igualmente unificado o “Ciclo Complementar do Ensino Secundário” (com a introdução dos 10.º e 11.º anos de escolaridade). Já antes (1977-1978) fora ainda criado o chamado “Ano Propedêutico”, de preparação para o ingresso no ensino superior – o qual acabaria por converter-se, a partir de Julho de 1980, no 12.º ano de escolaridade.
Por diploma legal de Abril de 1978 a própria denominação das escolas foi também uniformizada, passando a ter a designação genérica de “Escolas Secundárias”; para, no ano imediato, pela Portaria n.º 608/79, de 22 de Novembro, ser, então, atribuída à escola a denominação oficial que subsiste actualmente: Escola Secundária de Jácome Ratton.
Em 1987-1988 a escola de Tomar foi uma das pioneiras na implementação de novo sistema de ensino, designado por “3.º Ciclo do Ensino Básico por Unidades Capitalizáveis” (abarcando áreas como as de Administração, Serviços e Comércio; e de Comunicação e Animação Social). Em 1993-1994 começaria também a funcionar na escola o “Ensino Secundário por Unidades Capitalizáveis” (com cursos de cariz geral, orientados para o prosseguimento de estudos, e, por outro lado, cursos de índole profissionalizante). Já em 2001-2002 arrancava também, a título experimental, o “3.º Ciclo do Ensino Básico por Blocos Capitalizáveis” (área técnica de Tecnologias da Informação e Comunicação).
O ensino profissional era, a partir do ano de 2005, com o lançamento do programa “Iniciativa Novas Oportunidades” – incorporando dois eixos distintos, um relativo a vias profissionalizantes de qualificação para jovens; e um outro, orientado para a população adulta que não concluíra o ensino secundário, conferindo-lhe a possibilidade de terem as suas competências reconhecidas –, alargado às escolas secundárias.
A escola começaria por acolher os denominados “Cursos EFA – Cursos de Educação e Formação de Adultos”, destinados a pessoas com idade a partir de 18 anos, sem a qualificação adequada para efeitos de inserção ou progressão no mercado de trabalho e, prioritariamente, sem a conclusão do ensino básico ou do ensino secundário.
Já em 2021 foi firmado, em Tomar, inovador protocolo de cooperação, relativo à criação da designada “Escola de Segunda Oportunidade” – programa de intervenção direccionado para jovens (entre os 15 e os 25 anos) que tivessem abandonado o sistema educativo, e que se pudessem encontrar em risco de exclusão social –, com a participação do Agrupamento de Escolas Templários, de que a escola é sede.
No decurso de uma larga trajectória, a caminho de século e meio, vincaram actuação especialmente notável alguns dos seus directores, entre outros: Cipriano Martins (primeiro professor da escola, de 1884 a 1888), Manuel Henrique Pinto (1889-1911), José Maria Tamagnini (1925-1927 / 1941-1951), Samuel de Oliveira (1929-1939), Fernando Gonçalves da Silva (1939-1941), Júlio Dias das Neves (1956-1974) ou, em anos mais recentes, José António Rodrigues Possante (1985-1989 / 1991-1996 / 2009-2013).
Presentemente a oferta formativa da escola abrange, para além de várias turmas do 7.º ao 12.º ano de escolaridade (Cursos Científico-Humanísticos, como as Artes Visuais, Ciências e Tecnologias, Ciências Sócio-Económicas e Línguas e Humanidades, e Cursos Profissionais), também outras turmas, dos cursos EFA – Educação e Formação de Adultos, CEF – Cursos de Educação e Formação, assim como de Português para estrangeiros, com um total na ordem das oito centenas de estudantes (alargando-se a cerca de 2.200 alunos no conjunto do Agrupamento).
O Pulsar do Campeonato – 2ª Jornada

(“O Templário”, 26.09.2024)
Será, por ora, líder à condição (dado Alcanenense e Ferreira do Zêzere terem tido, ambos, um jogo adiado), mas o Mação, único clube a somar duas vitórias nas duas jornadas iniciais, surge destacado no comando do campeonato.
Destaques – O principal destaque da 2.ª ronda vai para o triunfo do Fazendense em Torres Novas, por 2-0, com a turma das Fazendas, de alguma forma, a rectificar a perda de pontos (empate caseiro cedido) da estreia. Os visitantes cedo se colocaram em vantagem, à passagem do quarto de hora, vindo a fixar o resultado ainda antes do intervalo, não tendo permitido veleidades aos torrejanos até final da partida.
Em evidência esteve também o Alcanenense, que teve um bom arranque de prova, indo ganhar por números categóricos (3-0) a Salvaterra de Magos. Depois da goleada sofrida em Abrantes, o Salvaterrense não podia ter entrado pior em jogo, sofrendo um golo logo no primeiro minuto. Os forasteiros ampliaram a contagem aos 25 minutos, estabelecendo o resultado final a três minutos do termo do tempo regulamentar. Ainda sem ter conseguido marcar qualquer golo, e somando já sete tentos sofridos, este é um muito mau início de temporada do grupo de Salvaterra.
Depois de um jogo bem conseguido na semana anterior, frente ao Cartaxo, o Amiense voltou a dar boa conta de si, tendo ido vencer ao terreno do Glória do Ribatejo, mercê de um solitário golo, apontado por Diogo Ismail, já dentro do último quarto de hora. O conjunto dos Amiais integra o quarteto de vice-líderes, a par de Abrantes e Benfica, Fazendense e Samora Correia, emblemas que se perfilam como sérios candidatos aos lugares cimeiros.
O U. Tomar tinha uma difícil deslocação a Ourém, para defrontar o At. Ouriense, e tudo parecia muito bem encaminhado, quando, depois de ter inaugurado o marcador logo aos seis minutos, Wemerson Silva bisou, logo no primeiro minuto da segunda metade, proporcionando aos unionistas uma importante vantagem de dois golos.
Todavia, algo inesperadamente, ao contrário do que sucedera na semana anterior, os tomarenses pareceram claudicar em termos físicos na última meia hora de jogo, permitindo aos locais exercer forte pressão, mesmo que baseada em sucessivos cruzamentos para a área, mas que viria a frutificar: primeiro, reduzindo para 1-2, por volta dos 70 minutos; depois, acabando por chegar à igualdade (2-2) já com três (de sete) minutos de tempo de compensação decorridos.
Até final, o União teve de sofrer ainda bastante, tendo estado à mercê de um possível terceiro golo do adversário, que, com alguma fortuna para as suas cores, acabou por não suceder.
Confirmações – No embate que, à partida, se antevia como sendo o principal desta jornada, o Cartaxo voltou a não ir além do empate, na recepção ao Abrantes e Benfica, equipa igualmente com forte ambição, tendo o nulo no marcador subsistido até final. Os cartaxeiros repartem uma posição, precisamente a meio da tabela, com o U. Tomar, contando ambos por empates os jogos até agora disputados.
O líder, Mação, tendo voltado a triunfar, fê-lo, outra vez, por margem tangencial, desta feita em casa, e perante um adversário em teoria menos apetrechado, o recém-promovido Entroncamento AC. Os maçaenses marcaram perto da meia hora de jogo (por intermédio de Chrystian Pedroso), não tendo, durante todo o tempo restante, conseguido ampliar a contagem, de forma a assegurar absoluta tranquilidade quanto ao desfecho da partida.
O Samora Correia, recebendo outro dos novos primodivisionários, Águias de Alpiarça, venceu com naturalidade, por 2-0, com golos quase a abrir (12 minutos)… e quase a fechar (80 minutos).
O encontro sobrante desta 2.ª ronda, colocando frente-a-frente o Ferreira do Zêzere e o Coruchense, foi agendado para esta quarta-feira, dia 25 de Setembro, devido ao facto de os ferreirenses terem disputado, no Domingo, a 2.ª eliminatória da Taça de Portugal. Para além da alteração de data, foi também invertida a ordem dos jogos, deslocando-se a turma do Zêzere à vila do Sorraia.
Após a realização das duas primeiras jornadas (ainda sem contar com os dois jogos adiados), para além de Wemerson Silva (U. Tomar), também Chrystian Pedroso (At. Ouriense), Leonardo Lista (Alcanenense) e Torres Gomez (Fazendense) marcaram já dois golos, cada um deles.
Taça de Portugal – Os três clubes representantes do Distrito que subsistiam ainda em prova não deslustraram, mas a verdade é que apenas o U. Santarém avança para a 3.ª eliminatória (1/32 avos de final) da Taça de Portugal, na qual entrarão em liça os emblemas da I Liga.
Os escalabitanos beneficiaram do facto de terem defrontado um adversário dos Distritais, Monção (A. F. Viana do Castelo), tendo vencido, pese embora por tangencial 2-1 (tendo o golo dos visitantes sido apontado já no minuto noventa).
Os outros dois encontros, tendo tido desfecho análogo, tiveram algumas vicissitudes específicas.
No caso do Fátima, recebendo a Sanjoanense (equipa que milita na Liga 3), manteve o empate a zero, não só até final do tempo regulamentar, como também do prolongamento, decidindo-se a eliminatória, a favor da formação de São João da Madeira, apenas no desempate da marca de grande penalidade.
Já o Ferreira do Zêzere, tal como os outros dois emblemas do Distrito, actuando também na condição de visitante, mas, neste caso, em partida realizada em Alvaiázere, defrontando Os Sandinenses (do Campeonato de Portugal), praticamente entrou a ganhar (marcando ao quarto minuto). Porém, ainda antes do intervalo, ficou reduzido a dez elementos, tendo jogado até final do tempo regulamentar em inferioridade numérica.
Ainda assim, os visitantes só viriam a chegar ao tento do empate a escassos dois minutos do fim da partida. No prolongamento, apesar de Os Sandinenses terem tido também um jogador expulso logo no minuto inicial, alcançariam o golo que lhes conferiu o triunfo (2-1), a fechar a primeira metade desse tempo extra.
Antevisão – A 3.ª ronda do Distrital, agendada para este Domingo, terá como jogo de maior cartaz o Coruchense-Samora Correia (com o conjunto do Sorraia a realizar o terceiro jogo sucessivo no seu reduto). O líder, Mação, tem uma sempre difícil visita ao Campo da Azenha, nos Amiais; deslocando-se o Ferreira do Zêzere ao Entroncamento. Outros jogos de interesse serão o Alcanenense-U. Tomar e o Fazendense-At. Ouriense.
Na Liga 3, já na 7.ª jornada, o U. Santarém enfrenta um aliciante desafio, recebendo o histórico Belenenses, comandante destacado da respectiva série. Por seu lado, no Campeonato de Portugal (5.ª ronda), cabe ao Fátima visitar a Marinha Grande, para defrontar o Marinhense (actual 5.º classificado), que segue nesta altura, com um registo de um único triunfo e três empates.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 26 de Setembro de 2024)
O Pulsar do Campeonato – 1ª Jornada

(“O Templário”, 19.09.2024)
A dois meses de se completar o centenário da Associação de Futebol de Santarém, teve início no passado Domingo a 101.ª edição do seu principal campeonato, cuja ronda inaugural fica assinalada pelos quatro empates averbados, no total de sete jogos disputados. Apenas o Abrantes e Benfica, o Ferreira do Zêzere e o Mação conseguiram vencer, partilhando, pois, a liderança.
Destaques – A equipa de Mação esteve em particular evidência, tendo vencido, em terreno alheio, o Coruchense, equipa que tinha finalizado a época anterior em bom momento de forma. Num desafio que opunha o 5.º e 6.º classificados do precedente campeonato, visando ambos os clubes os lugares cimeiros da tabela, os maçaenses cedo se colocaram em vantagem, estavam decorridos apenas dez minutos. À passagem dos dez minutos, mas do segundo tempo, a turma do Sorraia restabeleceu a igualdade, mas o grupo de Mação reporia a vantagem, ainda a cerca de vinte minutos do final, não se tendo alterado o 1-2 até ao termo do desafio.
Também vencedor fora de casa foi o Ferreira do Zêzere, vice-campeão distrital e recente vencedor da Taça do Ribatejo, renovando a sua forte ambição para esta temporada, que se impôs por convincente marca de 3-1 em Alpiarça, ante o último Campeão Distrital da II Divisão, Águias. Os ferreirenses chegaram à vantagem de dois golos pouco depois da meia hora de jogo, não tendo os alpiarcenses conseguido melhor que reduzir à beira do intervalo. Seria já em período de compensação, após os noventa minutos, que os visitantes fixariam o marcador.
O 3.º classificado do campeonato anterior, Abrantes e Benfica, teve também uma entrada fulgurante, goleando, por 4-0, o Salvaterrense, com a particularidade de o resultado ao intervalo (2-0) ter sido alcançado por via de dois golos apontados na própria baliza pelos homens de Salvaterra. Na etapa complementar, a contagem foi ampliada até aos quatro tentos, quando restavam ainda mais de vinte minutos por jogar. Um triunfo categórico e tranquilo, ficando por aquilatar, mais adiante, o peso relativo do binómio fortaleza abrantina / fragilidade salvaterrense.
Mas o jogo histórico nesta ronda inicial disputou-se em Tomar, no “clássico dos clássicos”, colocando frente-a-frente, pela 100.ª vez em encontros oficiais, desde o prélio de estreia em 1945 – a contar para Campeonatos Nacionais (II e III Divisão) e Distritais, Taça de Portugal, Taça do Ribatejo e Supertaça Dr. Alves Vieira – o União de Tomar e o Torres Novas. Após este embate, o balanço geral dessas 100 partidas salda-se por ligeira vantagem dos unionistas, com um total de 42 vitórias, face a 38 dos torrejanos, tendo-se registado o 20.º empate entre os dois emblemas.
Foi também bem repartido este 100.º desafio, no retorno dos unionistas ao Distrital após breve passagem pelo Campeonato de Portugal. Apresentando-se com uma equipa renovada, num plantel ainda em reconstrução, enfrentando um adversário bastante rotinado, os tomarenses começaram por conceder a iniciativa aos forasteiros. Tendo serenado, seriam até os unionistas a chegar primeiro ao golo, logo aos 24 minutos, vantagem que lograram manter durante largo tempo, depois de terem também conseguido controlar o jogo.
Na segunda metade, naturalmente, os torrejanos surgiram mais afoitos, empurrando o adversário para o seu meio-campo, porfiando, até restabelecerem a igualdade, a vinte minutos do final. Refrescando o onze, com a entrada em campo de alguns jovens elementos, o União viria a superiorizar-se em termos físicos, tendo criado mais perigo até final, sem que, contudo, o desfecho se alterasse. Um resultado justo, que traduz apropriadamente os diversos cambiantes do encontro.
Surpresas – Não terão sido enormes surpresas, mas não seriam porventura os resultados mais expectáveis, outros dois empates (igualmente a uma bola): em Amiais de Baixo, entre o Amiense e o Cartaxo; e nas Fazendas de Almeirim, entre Fazendense e Samora Correia.
O Fazendense, que, tradicionalmente, se perfila como um dos principais candidatos, recebendo um bom conjunto, de Samora, viu-se inclusivamente a perder, a sete minutos do termo da partida, apenas tendo alcançado o tento do empate mercê de uma penalidade já em tempo de compensação.
Nos Amiais, a turma local esteve em vantagem durante mais de uma hora, frente ao Cartaxo, assumido candidato ao título – pese embora tenha sofrido, ainda antes do arranque da competição, um revés, com a renúncia de Jorge Peralta às funções de responsável técnico –, que não fez melhor do que empatar, também com um golo “fora de horas”, ao minuto 97.
Confirmação – Entroncamento AC e Glória do Ribatejo, os outros dois recém-promovidos (a par do Águias de Alpiarça) – por curiosidade, como que reeditando, neste arranque de temporada, o último jogo oficial que tinham realizado, na derradeira jornada da fase final do Distrital da II Divisão da época precedente, também entre ambos –, neutralizaram-se, não tendo desfeito o nulo.
Ficou pendente, tendo sido adiado, previsto para 31 de Outubro, o último jogo desta ronda, no qual o Alcanenense deverá receber o At. Ouriense.
Liga 3 – Após seis jornadas – mas contando um jogo em atraso – o U. Santarém posiciona-se, por ora, num bom 5.º posto (somando duas vitórias, um empate e duas derrotas), somente a um ponto dos lugares de acesso à disputa da fase final. Os escalabitanos averbaram, no passado fim-de-semana, um resultado positivo, empatando a um golo em terreno alheio, face ao 1.º Dezembro.
Campeonato de Portugal – Esta outra prova, também de âmbito nacional, atingiu já a sua 4.ª ronda, sendo o único representante do Distrito, o Fátima, actual penúltimo classificado da sua série, não tendo ido além de dois empates, tendo visto escapar mais um ponto, no Domingo, na recepção ao Peniche, tendo sofrido o único golo do desafio já “ao cair do pano”.
Antevisão – Na 2.ª jornada do Distrital o União de Tomar desloca-se a Ourém, para defrontar o At. Ouriense, clube que, na passada época, lutou pela permanência até ao último jogo. Destacam-se também os seguintes desafios: Cartaxo-Abrantes e Benfica; Torres Novas-Fazendense; e Coruchense-Ferreira do Zêzere (este, agendado para quarta-feira, dia 25, em Coruche, devido a inversão da condição de visitante e visitado, em função do compromisso dos ferreirenses na Taça).
De facto, realizam-se, neste fim-de-semana, as partidas da 2.ª eliminatória da Taça de Portugal, em função do que a Liga 3 e o Campeonato de Portugal estarão em pausa.
Dos quatro representantes que o Distrito de Santarém contava à partida na prova, apenas o Abrantes e Benfica foi afastado na eliminatória inicial (no fim-de-semana de 8 de Setembro), tendo perdido (0-2), no seu reduto, ante o Operário de Lagoa (Açores); por seu lado, U. Santarém e Ferreira do Zêzere (que registou a sua estreia absoluta em competições de índole nacional) foram bem-sucedidos, tendo vencido, ambos, por 2-0, frente a opositores do Distrital, respectivamente o Sacavenense e o Ac. Fundão. O Fátima ficara isento dessa ronda inicial, por sorteio.
Os três clubes do Distrito actuarão, de novo, na condição de visitados: cabe agora ao Fátima receber a Sanjoanense (da Liga 3); enquanto o U. Santarém terá a visita do Monção (Distrital de Viana do Castelo); por seu lado, o Ferreira do Zêzere será anfitrião d’Os Sandinenses (município de Guimarães – Campeonato de Portugal), mas em encontro previsto realizar em Alvaiázere.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 19 de Setembro de 2024)
O Pulsar do Campeonato – Supertaça Dr. Alves Vieira

(“O Templário”, 06.06.2024)
Chegou ao seu termo a segunda fase do Campeonato de Portugal, de apuramento dos clubes a promover à “Liga 3” (Amarante, São João de Ver, V. Setúbal e Lusitânia haviam assegurado já, na ronda anterior, a subida) e dos finalistas da competição (sendo que, nesta última jornada, se defrontavam, em cada zona, os dois clubes já promovidos, para definir os vencedores de série).
A Norte, o Amarante precisava apenas de um ponto, na recepção ao São João de Ver, mas fez melhor, ganhando por 2-1, com um bis de Abdoul Zangre, a abrir o marcador mesmo em cima do intervalo, e repondo a vantagem, que subsistiria até final, aos dez minutos do segundo tempo, depois de os forasteiros terem igualado logo no arranque dessa etapa complementar.
No outro encontro da série, o Pevidém foi derrotado, em casa, pelo Limianos, por 0-1, com a turma de Ponte de Lima a terminar a prova igualada em pontos (10) com o São João de Ver, mas em desvantagem no confronto directo, pelo que ficara já relegada para o 3.º lugar.
A Sul, o Lusitânia necessitaria ganhar ao V. Setúbal por dois golos de diferença para se qualificar para a Final; porém, seriam inclusivamente os sadinos a marcar primeiro, na ilha Terceira, não tendo os açorianos conseguido ir além da reviravolta no marcador, acabando por triunfar por insuficiente marca de 2-1. Os dois clubes concluíram esta fase também empatados em pontos (13), mas o Vitória vencera em casa por 3-1, factor que prevaleceu no apuramento do finalista.
O U. Santarém, já conformado, não evitou o desaire no Algarve, perdendo por 1-0 ante o Moncarapachense, que somou os seus primeiros pontos nesta fase final, tendo os escalabitanos (que obtiveram apenas cinco pontos neste torneio) terminado num inglório 3.º lugar da sua série.
Supertaça Dr. Alves Vieira – Esta Final podia ser vista, de alguma forma, como uma espécie de “tira-teimas”, dado tratar-se não “apenas” de um embate entre o Campeão Distrital e o vencedor da Taça do Ribatejo, mas, adicionalmente, entre os dois primeiros classificados do campeonato, que disputaram o título, “taco a taco”, até ao último dia.
Num desafio, em campo neutro – tradicionalmente disputado em Torres Novas, no Estádio que porta o mesmo nome do troféu em disputa, em homenagem ao reputado dirigente desportivo torrejano, também antigo Presidente da Associação de Futebol de Santarém –, Fátima e Ferreira do Zêzere confirmaram as credenciais de equipas mais cotadas do Distrital na presente temporada, proporcionando um interessante jogo de futebol, em que a incerteza sobre o desfecho da contenda subsistiu até ao último segundo.
Ao intervalo mantinha-se o nulo, desfeito nos minutos iniciais do segundo tempo, com o golo ferreirense, apontado por Chrystian Pedroso. Seria, porém, de curta duração a vantagem do clube do Zêzere, dado que, menos de dez minutos volvidos, o jovem João Escoval restabeleceu o empate, sendo que o 1-1 perduraria até final, pese embora a maior iniciativa demonstrada pelos vencedores da Taça do Ribatejo.
No desempate da marca de grande penalidade, o Fátima seria mais eficaz, convertendo em golo cinco das suas seis tentativas, face a quatro remates com sucesso por parte do Ferreira do Zêzere.
Por curiosidade, anota-se que os ferreirenses viram quebrada uma notável série de nove jogos sem sofrer golos… enquanto, no caso dos fatimenses, tiveram também interrompido um ciclo de nove triunfos consecutivos (averbados nas nove últimas jornadas do campeonato).
O Fátima junta, assim, ao título de Campeão Distrital, também a conquista da Supertaça, a segunda do seu historial (depois da estreia como vencedor da prova em 2016), igualando o palmarés de Alcanenense, Ferroviários, Mação, Samora Correia e U. Rio Maior – sendo que Coruchense, Fazendense, Riachense e Torres Novas venceram a competição por três vezes cada.
II Divisão Distrital – O Glória do Ribatejo, que tinha “a faca e o queijo na mão”, dado depender de si próprio, confirmou a subida ao escalão principal do futebol distrital, quando resta disputar ainda a última jornada da fase final, de apuramento de Campeão e de promoção.
Fê-lo, porém, com um pesado desaire caseiro (0-4), sofrido ante o novo Campeão, Águias de Alpiarça, e, consequentemente, mercê dos pontos perdidos pelo seu concorrente directo na disputa pela promoção, Tramagal, que “se deixou” empatar a três golos, na deslocação a Marinhais.
Numa ronda em que a verdade desportiva terá sido salvaguardada a patamar bem elevado, a equipa da Glória, que necessitava apenas um ponto, recebendo o já descansado Campeão, não logrou evitar a derrota, face um adversário que fez questão de dar continuidade a uma campanha de invulgar supremacia, na qual, em nove jogos, cedeu um único empate, no Entroncamento.
O Glória do Ribatejo acabou, pois, por beneficiar da “ajuda” do que será o seu maior rival, o Marinhais, que recuperou de uma desvantagem de dois golos (1-3) até chegar à igualdade, tendo, deste modo, o Tramagal deixado escapar a oportunidade de adiar a decisão para o derradeiro dia.
O outro encontro da 9.ª ronda não teve história, tal a superioridade do Entroncamento AC, que foi golear (5-2) ao Pego (equipa que obteve, nesta fase final, um único ponto, ao empatar na Glória).
À entrada para a última jornada, o Águias de Alpiarça lidera, destacado, com 25 pontos, seguido pelo Entroncamento AC (19) e Glória do Ribatejo (14) – os três emblemas que garantiram a promoção à I Divisão Distrital (por troca com Forense, Moçarriense e Vasco da Gama); Tramagal (10 pontos), Marinhais (8) e Pego (1) terão de realizar nova tentativa na próxima temporada.
O escalão principal do futebol distrital terá, pois, em 2024-25, o seguinte alinhamento, continuando a integrar 16 clubes: U. Tomar, Ferreira do Zêzere, Abrantes e Benfica, Fazendense, Coruchense, Mação, Samora Correia, Torres Novas, Alcanenense, Cartaxo, Amiense, Salvaterrense, At. Ouriense, Águias de Alpiarça, Entroncamento AC e Glória do Ribatejo.
Antevisão – Disputa-se, no feriado de 10 de Junho, no Estádio do Jamor, a Final do Campeonato de Portugal, colocando frente-a-frente o Amarante e o V. Setúbal, vencedores, respectivamente, das séries Norte e Sul, para apurar o terceiro Campeão neste novo formato da prova (respeitando ao 4.º escalão), depois dos títulos conquistados pelo Paredes (2021-22) e pelo Atlético (2022-23).
No mesmo dia conclui-se também o Distrital da II Divisão, só para “cumprir calendário”, com as partidas: Águias de Alpiarça-Marinhais, Entroncamento AC-Glória do Ribatejo e Tramagal-Pego.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 6 de Junho de 2024)
O Pulsar do Campeonato – Taça do Ribatejo – Final

(“O Templário”, 30.05.2024)
Faltando realizar apenas a última jornada da fase de promoção do Campeonato de Portugal, estão definidos os clubes que ascenderão à “Liga 3”: Amarante, S. João de Ver, V. Setúbal e Lusitânia garantiram já, matematicamente, uma posição entre os dois primeiros classificados de cada série. Subsiste apenas por decidir quem serão os dois finalistas da prova.
A Norte, o Amarante foi ganhar a Ponte de Lima, por 2-0, somando dez pontos, o mesmo registo do São João de Ver, que recebeu e bateu o Pevidém por 2-1, após operar reviravolta no marcador. Ambos os conjuntos vencedores dispõem de três pontos de vantagem sobre o Limianos, tendo também superioridade no confronto directo face a este rival. Na derradeira ronda, o Amarante terá a visita do São João de Ver, bastando aos anfitriões o empate para se apurarem para o Jamor.
Mais a Sul, o U. Santarém jogava a sua última cartada, frente ao Lusitânia, necessitando vencer; até começou por marcar primeiro, pouco antes do intervalo, mas essa vantagem seria de muito escassa duração: logo aos cinco minutos da segunda metade a turma açoriana restabeleceu a igualdade, resultado que subsistiria até final, ficando assim os escalabitanos arredados de qualquer pretensão à subida, dados os cinco pontos que continuam a separar os dois concorrentes na tabela.
O V. Setúbal recebeu o Moncarapachense, impondo aos algarvios a quinta derrota em outros tantos desafios, tendo os sadinos vencido por tangencial 1-0. Também neste caso os dois grupos que alcançaram já a posição de subida se defrontam no último jogo deste torneio, sendo que o Lusitânia necessitaria ganhar por dois golos de diferença para se qualificar para a Final.
Anota-se a curiosidade de dois dos quatro promovidos haverem militado já, na época precedente, de 2022-23, na “Liga 3”, tendo então descido a este 4.º escalão: São João de Ver e V. Setúbal. O Amarante ficara, então, a um ponto da subida. O Lusitânia alcança segunda promoção sucessiva, depois de, na referida temporada, ter vencido o campeonato regional dos Açores.
Fica, pois, confirmado que, na época de 2024-25, o Distrito de Santarém terá ambos os seus representantes nos Nacionais – U. Santarém e Fátima – a participar no Campeonato de Portugal.
Taça do Ribatejo – O vice-campeão distrital, Ferreira do Zêzere, fez jus ao favoritismo que lhe era atribuído, conquistando, pela segunda vez no seu historial, a Taça do Ribatejo, na Final disputada em Abrantes, ao ganhar ao 9.º classificado do campeonato, Alcanenense, por 2-0, com golos de “Zé” Maria e Tomás Antunes, apontados um em cada parte do desafio.
Foi um embate bem disputado, com domínio repartido, tendo a turma de Alcanena assumido a iniciativa durante algumas fases do jogo, em especial na segunda metade. Os ferreirenses, denotando maior experiência, foram também mais eficazes, materializando em golo as principais oportunidades de que beneficiaram, potenciando, em paralelo, a sua notável solidez defensiva, tendo completado fantástica série de nove jogos consecutivos de inviolabilidade da sua baliza.
Após a conquista do troféu, no ano de 1990 (então numa Final face ao Salvaterrense), o emblema do Zêzere passou, pois, a integrar um lote, agora constituído por nove clubes (Águias de Alpiarça, Alferrarede, Cartaxo, Mação, Samora Correia, U. Rio Maior, U. Santarém, Torres Novas e Ferreira do Zêzere), cada um com dois triunfos na prova, só superados pelos três títulos averbados por Tramagal, Riachense, Amiense e Coruchense, e pelas cinco Taças do palmarés do Fazendense.
Sob o comando técnico de Mário Nelson, o Ferreira do Zêzere (prestes a completar nove décadas de existência) realiza a melhor época de sempre de toda a sua história, somando ao 2.º lugar no campeonato (superando a melhor classificação até então obtida, o 4.º lugar, da temporada de 2017-18) a Taça agora conquistada, tendo, consequentemente, garantido o inédito apuramento para a próxima edição da Taça de Portugal, em que fará a sua estreia em competições de índole nacional.
Antes disso, já neste Sábado, num aliciante confronto, com o recente Campeão Distrital, disputará a Supertaça, troféu que procura conquistar pela primeira vez (sendo que o Fátima conta um triunfo nesta prova, no ano de 2016, averbado perante o Fazendense, por curiosidade, nessa altura, sob a orientação de Gonçalo Carvalho, actual treinador dos fatimenses).
Em contraponto, esta foi a quinta Final da Taça do Ribatejo perdida pelo Alcanenense (depois das disputadas em 2002, 2009, 2010 e 2023). O técnico (também Presidente da agremiação), José Torcato, que confirmou ter sido este o seu último jogo como treinador, lamentava-se, no termo do desafio, por não ter conseguido conquistar o troféu para o palmarés do emblema de Alcanena, mas tem razões de orgulho no trabalho desenvolvido ao longo de muitos anos, com vários plantéis jovens. Também a sua equipa assegurou o regresso, sete épocas volvidas, à Taça de Portugal.
II Divisão Distrital – Faltando disputar as duas últimas rondas da prova, o Águias de Alpiarça sagrou-se já, virtualmente, Campeão da II Divisão Distrital, dado ter passado a dispor de seis pontos de vantagem sobre o vice-líder, Entroncamento AC (sobre o qual tem superioridade no confronto directo), sendo que este grupo irá igualmente acompanhar os alpiarcenses na subida ao escalão principal, a que regressam, ambos, após terem sido despromovidos na época precedente.
Em desafio emotivo, entre esses dois primeiros classificados, a formação de Alpiarça impôs-se por 3-2 frente à turma da cidade ferroviária: os visitados inauguraram o marcador apenas com quatro minutos decorridos, tendo os forasteiros empatado no minuto imediato; na segunda metade, o Águias voltou a ganhar vantagem, para ser reposta a igualdade a oito minutos do final; só no quinto minuto do período de compensação o Águias de Alpiarça chegaria ao golo que lhe confere, desde já, antecipadamente, o título de Campeão.
No Tramagal, o conjunto local enfrentava desafio crucial para as suas aspirações, recebendo o 3.º classificado, Glória do Ribatejo. Viria, contudo, já na parte final do encontro, a sofrer o golo que ditou a derrota, passando a distar cinco pontos do rival… quando restam só seis pontos em disputa.
Tudo parecendo apontar para que o Glória do Ribatejo possa vir a subir à I Divisão Distrital, deverá, não obstante, atentar-se no calendário que resta aos dois competidores pela última vaga de promoção: o Glória recebe o novo Campeão, terminando a prova no terreno do 2.º classificado, Entroncamento AC; enquanto o Tramagal se desloca a Marinhais (5.º) e recebe o Pego (6.º).
Em jogo que se veio a revelar servir para “cumprir calendário”, precisamente entre os dois últimos, agora já sem hipóteses matemáticas de subida, o Marinhais foi ganhar ao Pego, por 3-1.
Antevisão – Conforme referido, teremos, este Sábado, em Torres Novas, a disputa da Supertaça Dr. Alves Vieira, colocando frente-a-frente o novo Campeão Distrital, Fátima, e o vencedor da Taça do Ribatejo (e, também, vice-campeão), Ferreira do Zêzere, num verdadeiro “jogo de tripla”.
Anota-se que, nas 29 edições da prova, o Campeão Distrital conquistou o troféu em 17 ocasiões; face a 12 vezes em que saiu vencedor o detentor (ou finalista da Taça do Ribatejo) – incluindo as três últimas edições, ganhas por Coruchense (2019), Fazendense (2022) e Torres Novas (2023).
A II Divisão Distrital terá a 9.ª e penúltima jornada da sua fase final, de apuramento de Campeão e de promoção, integrando os seguintes jogos: Glória do Ribatejo-Águias de Alpiarça, Marinhais-Tramagal e Pego-Entroncamento. À equipa da Glória bastará um empate para garantir a subida.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 30 de Maio de 2024)
O Pulsar do Campeonato – 30ª Jornada (Distrital)

(“O Templário”, 23.05.2024)
Na retoma do Campeonato de Portugal, iniciando-se a disputa da segunda volta da sua fase final, o U. Santarém registou um deslize, tendo cedido um empate a zero ante o V. Setúbal, o que, desde logo, assegura aos sadinos à promoção à “Liga 3”, ao mesmo tempo que deixa os escalabitanos sem margem de erro, a necessitar de ganhar os dois jogos finais para manter ainda a esperança.
Tendo o Lusitânia ido vencer (1-0) ao Algarve, frente ao Moncarapachense, os açorianos ampliaram para cinco pontos a vantagem face ao U. Santarém, subsistindo seis pontos em disputa.
A Norte, o triunfo (2-1) averbado pelo São João de Ver na recepção ao Limianos originou o reequilíbrio dos três primeiros (igualados na tabela, com sete pontos), com o Pevidém (que conta um único ponto), derrotado por 2-0 em Amarante, já quase arredado da possibilidade de subida.
I Divisão Distrital – Não vacilando, tendo fechado a prova com uma série de nove vitórias consecutivas, confirmando o que, já há algumas semanas, se vinha projectando, o Fátima sagrou-se Campeão Distrital, conquistando a 100.ª edição do campeonato promovido pela A. F. Santarém, somando terceiro título no principal escalão (precisamente 40 anos após o primeiro, e oito épocas decorridas do anterior), o que junta ao título da divisão secundária de há duas temporadas – retornando ao Campeonato de Portugal, após curta passagem de quatro anos pelos Distritais.
Com uma equipa que, à partida, não seria a principal favorita – tendo, aliás, obtido, na derradeira ronda, o seu único triunfo em seis desafios face aos principais rivais (Ferreira do Zêzere, Abrantes e Benfica e Fazendense) – o Fátima, sob a orientação técnica de Gonçalo Carvalho (que volta a vencer o campeonato, dois anos depois de ter alcançado tal feito em Rio Maior), potenciou o rendimento obtido face aos restantes concorrentes, totalizando 21 vitórias e dois empates nos outros 24 encontros (apenas perdeu em Alcanena; tendo empatado em Samora Correia e Ourém).
A chave do título esteve, em boa medida, no triunfo alcançado em Coruche, há cerca de dois meses (23.ª ronda), arrancado “in extremis”, com um golo ao minuto 97, o que proporcionou aos fatimenses alcandorar-se à liderança, que não mais deixariam escapar até final; em notório contraponto face aos desfechos averbados pelos outros candidatos, nas três últimas jornadas, ante a turma do Sorraia (que derrotou o Abrantes e Benfica e o Fazendense, tendo empatado em Ferreira do Zêzere), deixando já o Coruchense (5.º) fortes credenciais para a próxima temporada.
Em 100 anos de competições organizadas pela Associação (celebrando este organismo o seu centenário no próximo dia 19 de Novembro) são trinta os clubes que se sagraram vencedores do seu principal campeonato: 9 vezes – Torres Novas; 8 – U. Operária de Santarém; 7 – Tramagal; 6 – Ac. Santarém e U. Tomar; 5 – Os Leões de Santarém e Ferroviários; 4 – Cartaxo, Alcanenense, Riachense, U. Almeirim e Coruchense; 3 – Alferrarede, Marinhais, Benavente, Samora Correia, U. Rio Maior e Fátima; 2 – Rossiense, Matrena, Amiense e Fazendense; 1 título – Águias Alpiarça, Abrantes FC, Monsanto, Ouriquense, At. Ouriense, Mação, U. Santarém e Rio Maior SC.
No “jogo do título”, que colocava frente-a-frente o 3.º (Abrantes e Benfica) e o 1.º (Fátima) classificados, a igualdade a zero subsistiu durante mais de uma hora, até que, em três escassos minutos (entre os 65 e os 68), os fatimenses, apontando dois tentos (o primeiro deles por Cristiano Aniceto, melhor marcador do campeonato, com um total de 28 golos), logo decidiram a contenda a seu favor. O “ponto de honra” dos abrantinos chegaria já tarde (aos 78 minutos), revelando-se escasso para as necessidades dos anfitriões, que viram confirmada a última posição do pódio.
Em Ferreira do Zêzere, sonhava-se ainda com a conquista do título, mas, de facto, os ferreirenses não conseguiram cumprir o seu papel, não tendo sido capazes de desfazer o nulo na recepção a um forte adversário como, neste final de época, se revelou o Coruchense. Com o 2.º lugar obtido na pauta classificativa, o emblema do Zêzere alcança, não obstante, o melhor desempenho da sua história, tendo garantido já uma inédita estreia na Taça de Portugal, na próxima temporada. Acresce que disputará ainda, já neste Sábado, a Final da Taça do Ribatejo, ante o Alcanenense.
Ficara também reservada para a derradeira ronda a decisão noutra frente, a da luta pela permanência. Todos os três clubes envolvidos triunfaram, mantendo-se, pois, as posições: apenas o At. Ouriense conseguiu a “redenção”, confirmando o 13.º posto, enquanto Forense e Moçarriense acompanham o Vasco da Gama, no imediato regresso ao escalão secundário, depois de, por curiosidade, terem sido precisamente estes os três promovidos no final da época passada.
O At. Ouriense até tinha, em teoria, saída de maior grau de dificuldade, a Mação, para defrontar o 6.º classificado (já com a sua posição fixada desde a ronda anterior); mais envolvida num desafio que assumia, para as suas cores, contornos decisivos, a turma de Ourém viria a ganhar por 2-0.
Tal tornou infrutíferas as vitórias do Forense (3-0, na recepção ao Alcanenense) e do Moçarriense (2-0, no terreno do último classificado, Vasco da Gama), que pagaram a irregularidade revelada ao longo da época: no caso do Forense, os 19 pontos somados na segunda volta não foram suficientes, perante os apenas nove angariados na metade inicial; por seu lado, o Moçarriense registou importante quebra, dos 17 pontos da primeira volta, para apenas dez na segunda metade.
Anota-se o deveras frágil desempenho do Vasco da Gama, tendo obtido um único ponto (empate com o Alcanenense, na 5.ª jornada), acumulando 29 derrotas (25 das quais consecutivas, desde 15 de Outubro), o pior registo de sempre em campeonatos com, pelo menos, oito concorrentes. Fica a esperança num futuro melhor, prometida pelas campanhas das suas equipas dos escalões de formação nesta época: Campeão Distrital de Juvenis e vice-campeão Distrital de Juniores.
As restantes três partidas da 30.ª jornada serviram, principalmente, para cumprir calendário, dado que muito pouco estaria já em jogo. Ainda assim, em disputa directa, o Amiense, ganhando ao Salvaterrense por 3-1 – terceira vitória em cinco jogos sob o comando de Marco Marques, somando-se às cinco que havia averbado até à 25.ª ronda – ultrapassou esse adversário na tabela, terminando a prova no 11.º lugar, afinal quatro pontos acima da “linha de água”.
O Samora Correia teve uma saída airosa, batendo o Cartaxo por categórico 4-1, a fazer “esquecer” a goleada sofrida na semana anterior em Fátima. Por fim, o Torres Novas repetiu o triunfo, pela mesma marca (3-2) que se registara na primeira volta, ante o Fazendense, finalizando mais uma época pautada por grande tranquilidade, terminando no 8.º posto, só a dois pontos do 6.º (Mação).
Uma última curiosidade: o total de golos marcados na competição ascendeu a 820 (média de 3,4), com repartição rigorosamente equitativa (410 golos) pela primeira e pela segunda volta!
II Divisão Distrital – Ainda com três jornadas por realizar, o Águias de Alpiarça (que cedeu apenas um empate em sete encontros disputados, no Entroncamento, somando seis vitórias) garantiu já a promoção à I Divisão Distrital, depois de ter recebido e batido o Tramagal por 3-0.
Também o Entroncamento parece bastante bem caminhado para o mesmo objectivo, tendo “arrancado a ferros” (golo na conversão de grande penalidade, ao minuto 97) o triunfo (1-0) frente ao Marinhais. Surpreendente terá sido o deslize do Glória do Ribatejo, que não foi além do empate (1-1) na recepção ao “lanterna vermelha”, Pego, que registou o primeiro ponto nesta fase final.
Antevisão – No Campeonato de Portugal, o U. Santarém vê-se “forçado” a ganhar, em casa, ao Lusitânia. Neste Sábado (13 horas) disputa-se, em Abrantes, a Final da Taça do Ribatejo, entre Ferreira do Zêzere (vice-campeão) e Alcanenense (9.º classificado no campeonato). No escalão secundário, Tramagal e Glória do Ribatejo têm embate crucial na luta pela 3.ª vaga de promoção.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 23 de Maio de 2024)









