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5 DIAS, 5 LIVROS (V) – “O ECONOMISTA DISFARÇADO"
Tim Harford, jovem economista estado-unidense, é um dos mais notáveis representantes da nova tendência conhecida por “economia popular”, sendo “colunista” no Financial Times (“Dear Economist”), em que responde às questões colocadas pelos leitores.
Numa leitura entusiasmante, tendo por objectivo ajudar a “ver o mundo” como um economista, “O Economista Disfarçado” apresenta-nos, numa “linguagem comum”, os princípios fundamentais da economia e a sua importância no nosso dia-a-dia, procurando dar resposta a questões tão diversificadas como: “Quem realmente ganha dinheiro com o comércio justo do café?”; ou “Porque é difícil resolver o problema dos engarrafamentos de trânsito?”.
Capítulos como “Quem paga o seu café?”, “O que os supermercados não querem que você saiba”, “Porque é que os países pobres são pobres” ou “Cerveja, batatas fritas e globalização” são absolutamente “deliciosos”, numa obra cujas primeiras linhas começam assim:
“Quero agradecer-lhe por ter comprado este livro, mas se for parecido comigo, nem sequer o comprou. Em vez disso, levou-o para o café da livraria e está, neste preciso momento, confortavelmente a beberricar um capuccino enquanto decide se vale o seu dinheiro.”
E, mais adiante:
“O sistema funciona extraordinariamente bem. Quando comprou este livro – por esta altura já comprou este livro, não é? –, provavelmente fê-lo sem dar instruções à loja para lho encomendar. Talvez nem sequer soubesse, quando saiu de casa esta manhã, que o ia comprar. No entanto, como que por magia, inúmeras pessoas tomaram as medidas necessárias para satisfazer os seus desejos imprevisíveis: eu, os meus editores, profissionais de marketing, revisores, tipógrafos, fabricantes de papel, fornecedores de tinta e muitos outros. O economista pode explicar como funciona esse tipo de sistema, como as empresas irão tentar explorá-lo e o que você, enquanto cliente, pode fazer para se defender.”
5 DIAS, 5 LIVROS (IV) – “O PEQUENO LIVRO DO GRANDE TERRAMOTO"
Escritor e historiador, Rui Tavares nasceu em Lisboa em 1972, tendo-se formado em História (variante de História da Arte); depois de concluir o Mestrado em Ciências Sociais, é Doutorando em Histoire et Civilisation na École des Hautes Études en Sciences Sociales, de Paris, dedicando-se actualmente à história e crítica da arte e da literatura, bem como das relações entre cultura, política e ciência no Iluminismo; foi também um dos fundadores do blogue Barnabé.
“O Pequeno Livro do Grande Terramoto” – evocando os 250 anos do terramoto de Lisboa de 1755 – ganhou a votação para melhor livro de 2005, na categoria de Ensaio, promovida pelo programa “Livro Aberto”, da RTP-N e da 2: e pelo suplemento “Mil Folhas” do Público.
Nesta obra, o autor começa por abordar a temática dos acontecimentos que provocam pontos de ruptura no desenrolar da História, fazendo mesmo um paralelismo entre os impactos do terramoto de Lisboa e do 11 de Setembro e, também, com o tsunami de 2004 no Sudeste asiático, não só a nível físico e arquitectónico, mas também das suas consequências a nível de mudança de mentalidades e da forma de encarar a religião.
Apresenta-nos de seguida um ensaio de história “contrafactual”, procurando conjecturar como seria a cidade de Lisboa de hoje caso não tivesse existido o terramoto.
A obra compreende ainda uma breve cronologia do ano de 1755 em Portugal, em que a vida parecia correr “pacata” e, mais à frente, narrativas dos acontecimentos do dia 1 de Novembro, contadas na “primeira pessoa”, por testemunhas que viveram a terrífica experiência da tripla catástrofe que destruiu uma parte da cidade de Lisboa: terramoto, tsunami e incêndios.
Descreve-nos também os vários planos de reconstrução da cidade, elaborados por Manuel da Maia, abordando o “nascimento” do “Pombalismo”, questionando-se ainda sobre se teria existido um “Marquês de Pombal” tão influente sem a ocorrência do terramoto.
Por fim, é ainda referido o impacto que o terramoto teve fora de fronteiras, na Europa, nomeadamente a nível social e cultural.
Rui Tavares criou também um blogue que serviu de apoio ao livro: http://ruitavares.weblog.com.pt.
5 DIAS, 5 LIVROS (III) – “MEIA-NOITE OU O PRINCÍPIO DO MUNDO"
Richard Zimler nasceu nos arredores de New York, em 1956, formando-se em Religião Comparada, tendo ainda, subsequentemente, concluído o Mestrado em Jornalismo.
Depois de ter sido correspondente da United Press em Paris, vive em Portugal (Porto) desde 1990, tendo-se naturalizado português em 2002, sendo actualmente professor de jornalismo na Universidade do Porto. Escreve também sobre literatura para o San Francisco Chronicle e para o Los Angeles Times.
Em Portugal, editou as seguintes obras: O Último Cabalista de Lisboa (1996), Meia-Noite ou o Princípio do Mundo (2003), Goa ou o Guardião da Aurora (2005) – uma espécie de “trilogia” sefardita (tendo por objecto central uma família de judeus originários de Portugal) –, Trevas de Luz (1998) e À Procura de Sana (2006).
Já apelidado de “Umberto Eco americano”, explorando o romance histórico, Zimler aborda recorrentemente nas suas intrigas temas como a intolerância, a traição, a culpa, o perdão, a solidariedade e a redenção.
A acção de “Meia-Noite ou o Princípio do Mundo” inicia-se em Portugal no dealbar do século XIX, na época das invasões francesas, tendo por base a história narrada por John Zarco Stewart, filho de uma judia portuguesa e de pai escocês, que, desconhecendo as suas ancestrais origens (mantidas “secretas” ao longo de cerca de 3 séculos), acaba por ver abruptamente interrompida essa “inocência”.
A figura central da trama acaba por ser um antigo escravo (“Meia-Noite”), um curandeiro africano a que o seu pai recorre para o salvar, tornando-se no maior amigo do jovem John.
Desde os mercados de aves exóticas do Porto às plantações esclavagistas do sul dos Estados Unidos, passando pela Inglaterra da época vitoriana, Zimler transporta-nos numa épica “viagem” em busca do amigo misteriosamente desaparecido.
A descoberta da realidade revelar-se-ia bem amarga, num libelo contra a opressão a que uma parte da humanidade continua, ainda hoje, a ser vítima.
5 DIAS, 5 LIVROS (II) – "O CLUBE DUMAS"
Arturo Pérez Reverte, escritor espanhol nascido em Cartagena em 1951, foi jornalista durante cerca de 20 anos, tendo acompanhado, como repórter de guerra, os conflitos no Chipre, Líbano, Eritreia, Saara, Malvinas, El Salvador, Nicarágua, Angola e Moçambique.
Em Portugal encontram-se publicados os seus romances: O Mestre de Esgrima (Asa), O Cemitério dos Barcos sem Nome (Asa e Círculo de Leitores), O Clube Dumas (Dom Quixote e Círculo de Leitores), A Tábua de Flandres (Dom Quixote), A Pele do Tambor e Território Comanche (Presença).
“O Clube Dumas” (obra na qual se baseou a adaptação cinematográfica de “A Nona Porta”) é um “livro sobre livros”; uma entusiasmante narrativa, com uma mescla de romance de aventura, história policial e de mistério, conduz-nos na descoberta de um enigma por entre um conjunto de estranhos e misteriosos personagens, desde bibliófilos obsessivos, a seguidores do demónio, para além da inevitável “mulher fatal”.
Lucas Corso, um “detective mercenário”, especialista na busca de livros e edições raras, trabalhando por “encomenda” de coleccionadores e antiquários abastados, vagueando desde Madrid a Sintra, passando ainda por Toledo e Paris, vê-se na pista do livro “As Nove Portas do Reino das Sombras” (uma obra do século XVII, alegadamente contendo o segredo para invocar o demónio), tendo ainda a árdua missão de distinguir, de entre duas cópias existentes, qual a autêntica, com base na comparação das respectivas ilustrações.
Nas suas deambulações, repletas de inesperados “volte-face”, à medida que se vê confrontado com o terror de alguns homicídios, acaba por descobrir que é a sua própria vida que se encontra também ameaçada.
Ao longo da narrativa, o autor, potenciando a sua “erudição”, aproveita ainda para nos cativar com um “jogo de sedução” envolvendo as personagens de “Os Três Mosqueteiros”, de Alexandre Dumas.
5 DIAS, 5 LIVROS (I) – "O AFINADOR DE PIANOS"
Daniel Mason, jovem autor estado-unidense, atingiu o “estatuto” de escritor reputado a nível internacional logo com a sua excelente primeira obra, “O Afinador de Pianos”, publicada em 2000, apenas com 23 anos.
Natural da Califórnia, Daniel Mason começou por estudar Arqueologia, com uma visita às ruínas Maias, nas Honduras; aí surgiria outro interesse, o do estudo das doenças infecciosas, em particular, da malária. Formar-se-ia em Biologia, na Universidade de Harvard.
“O Afinador de Pianos” nasce das suas estadias na Tailândia e na Birmânia (actual Myanmar), para estudar a malária.
Em “O Afinador de Pianos”, cuja acção se desenvolve na Birmânia, no final do século XIX, o Ministério da Guerra britânico requisita os serviços de Edgar Drake, para afinação de um piano Erard, um “capricho” do excêntrico major médico Anthony Carrol, que recorre à música e à medicina como via diplomática e forma de pacificação da região, na então colónia inglesa.
Depois de uma longa viagem, percorrendo quase “meio mundo” e de uma penosa deslocação pelos confins da selva birmanesa, o afinador de pianos, acabando por se envolver com os exóticos encantos naturais da Birmânia, pela atracção pelo carisma do próprio médico e também seduzido pela fascinante e enigmática beleza de Khin Myo, vai-se – num processo de introspecção e de viagem pelo seu próprio eu “interior” – gradualmente desligando do seu país, da sua casa, e da amada esposa, tornando-se cada vez mais difícil o regresso a casa.
Com uma trama excelentemente construída, compreendendo minuciosas e exuberantes descrições da luxuriante paisagem da região, esta obra, recuperando uma tradição de enciclopedismo literário, aliada ao romance “histórico”, leva-nos a reflectir sobre a violência do processo de colonização e sobre o choque de civilizações e culturas.
GOA OU O GUARDIÃO DA AURORA (VI)
O reencontro com Tejal não correria conforme sonhara. As coisas tinham mudado de forma drástica durante o seu período de cativeiro.
Descobertos os seus traidores (embora uma surpresa final lhe estivesse ainda reservada quanto à origem da traição), Tiago, transformado em vilão, colocaria então em marcha a última fase do seu impiedoso plano de vingança: “Sofri com eles durante os minutos regulamentares, e depois atirei-me avidamente ao pato com ameixas, que estava divinal. Como sobremesa, comi uma porção dupla de pudim de coco.”
Ou, mais adiante, “Será que os acontecimentos mais importantes existem tão fundo abaixo da superfície da vida quotidiana que não são afectados pelo tempo? Afinal, podemos amar alguém com o mesmo fervor após vinte anos de ausência. E odiar, também.”
Uma afectuosa história de amor e amizade, mas também de traição e ódio, que se cruza com o sinistro percurso da Inquisição.
Um final num estilo original, fechando com “chave-de-ouro”, dando sentido a toda a narrativa.
Um fechar de página que dá vontade de voltar ao início e recomeçar a leitura será talvez a melhor imagem que posso dar da qualidade e interesse desta obra.
GOA OU O GUARDIÃO DA AURORA (V)
Um comportamento impetuoso no auto-de-fé faria com que a sua pena fosse agravada em mais dois anos; receberia então um documento descrevendo as suas obrigações religiosas nos 6 anos seguintes: confessar-se uma vez por mês, ir à missa todos os domingos, rezar o Padre-Nosso e a Ave-Maria cinco vezes por dia.
Numa vida assim destruída, em Novembro de 1591, Tiago havia sido inclusivamente obrigado a assumir o papel de “Guardião da Aurora” do pai, providenciando-lhe um pequeno frasco, único meio de “libertação” do cárcere e, simultaneamente, de evitar a condenação de outros judeus.
Em Janeiro de 1594, com 21 anos acabados de cumprir, ao fim de mais de dois anos de cativeiro, Tiago via-se agrilhoado, sendo conduzido a uma nau que o haveria de levar à cadeia da Galé em Lisboa, onde chegaria em Novembro do mesmo ano, após uma escala (em Maio) no Brasil.
Cansado das injustiças que lhe tinham destroçado a existência, Tiago começou, na cadeia de Lisboa, a um ano de cumprir a sua pena, a arquitectar um plano de vingança, qual “Conde de Monte Cristo”, ao mesmo tempo que preparava o seu regresso à Índia.
Em Dezembro de 1599, completando-se a punição de seis anos que lhe fora imposta pelo Santo Ofício, Tiago era finalmente um homem livre; após algumas semanas em Lisboa, conseguiria finalmente reservar passagem numa embarcação que partia para Goa, onde atracaria em Maio de 1600.
Em busca dos seus entes mais queridos, a irmã, Tejal e o filho, começaria por se dirigir a casa dos seus tios, onde porém o esperavam terríveis notícias.
GOA OU O GUARDIÃO DA AURORA (IV)
Regressando ao período de prisão, ao fim de um ano de cativeiro, continuava a questionar-se sobre quem o poderia ter traído.
Presente a “julgamento”, Tiago confessaria perante o Inquisidor os seus crimes: “Sou judeu, e muitas vezes pratiquei os rituais do meu povo com o meu pai”. Mas, pior do que ser judeu, o seu pai fora um“cristão-novo”.
Apesar da confissão, Tiago via-se agora confrontado com uma enigmática charada, que, remotamente, por via do seu trisavô, era afinal responsável pela sua prisão: “Falo-te durante a minha jornada – e só a ti – desde o ponto de partida até ao final. E, embora morra sempre no mesmo local, podes ouvir-me a falar do meu túmulo se prestares atenção. Quem sou eu?”.
Em Outubro de 1593, após 23 meses de cativeiro, Tiago estava decidido a revelar o nome das testemunhas que o teriam incriminado, traindo-se a si próprio, como única forma que pensava lhe poderia proporcionar a liberdade.
Confessaria mesmo que “passáramos diante da catedral dezenas de vezes sem sequer entrar para rezar, e nos recusáramos a agradecer ao Senhor as nossas refeições quando os meus tios o faziam. – Até declinámos dizer «se Deus quiser» ao falar do futuro nas conversas do dia-a-dia”.
Na sequência das suas confissões, assinara um documento com o rol dos seus crimes, mas continuava sem saber se tal significaria a morte ou a vida e a liberdade; os seus algozes apenas lhe indicavam ser aquele o único caminho para Cristo.
Tinha de se limitar a esperar…
GOA OU O GUARDIÃO DA AURORA (III)
Desde crianças, a relação do inicialmente inseparável trio formado com a sua irmã Sofia e o primo “Wadi” tomara um rumo não ideal, com o “pequeno mouro” a revelar o seu pouco confiável carácter.
Francisco Xavier rapidamente afirmara um duvidoso ascendente sobre Sofia que como que se transfiguraria no contacto com ele, desenvolvendo-se entre ambos uma relação secreta que, potenciando a sua obstinação, iria repercutir-se dolorosamente sobre as pessoas que mais prezava: o pai e o irmão – impelindo-a a uma escolha entre o amor de um homem e o amor filial, que viria a perturbar decisivamente a harmonia familiar.
Paralelamente, vendo assim ferido de morte o amor filial que nutria pela irmã, Tiago – que havia conhecido entretanto a doce Tejal, estudante numa escola conventual de Goa, que, nos seus 15 anos, com o seu imponente sari, o conquistara definitivamente – aprestava-se a tomar uma decisão de oficializar o seu amor, o que, contudo, implicava quebrar uma nova barreira: para além de provirem de meios tão diversos e da diferença de castas sociais entre ambos, o maior obstáculo que agora se colocava entre eles parecia ser o de convencer o pai a aceitar que uma rapariga hindu pudesse ser a sua noiva, implicando a “necessidade” da sua conversão ao judaísmo.
Berequias encarregar-se-ia pessoalmente das lições de judaísmo, ficando acordado que iriam ler a Torá juntos; a Tejal era conferida a faculdade de poder fazer a sua opção final relativamente a uma eventual conversão.
Este estado de coisas seria abruptamente interrompido com a prisão do pai de Tiago pela Inquisição.
Não tardaria muito até que ele próprio tivesse o mesmo destino…
GOA OU O GUARDIÃO DA AURORA (II)
“O que é a memória?” A história, narrada na primeira pessoa, começa com o protagonista relembrando o dia da sua prisão em 1591, assim iniciando um flashback pela sua vida e da sua família de judeus na Índia Portuguesa do século XVI.
Trata-se de uma narrativa, que não obstante a sua aparente simplicidade, se revela a tal ponto enleante, que torna difícil ao leitor escapar à trama que o aprisiona à leitura.
Tiago é um judeu português nascido na Índia no início de 1573, mistura de indiano e europeu (que os seus olhos azuis não permitiam ocultar), que conserva como primeiras memórias a recordação do desaparecimento da mãe, apesar de parecer ter sido entretanto capaz de, por um instante, atravessar a ponte da morte para a vida, era então uma criança de quatro anos e meio.
Do seu núcleo central de “companheiros de jornada” faziam parte:
– o pai Berequias (provindo de Constantinopla, cuja família já antes, em 1507, se vira obrigada a fugir de Portugal, porque o Rei D. Manuel e outros altos responsáveis não a deixara viver livremente como judeus);
– a misteriosa, irada, irascível e obstinada irmã Sofia, com os seus mesclados traços europeus e indianos, fechada sobre si própria e o seu pequeno mundo;
– a doce amada, a hindu Tejal, cuja recordação lhe dava forças para suportar o cativeiro;
– o tio Isaac (irmão do pai), judeu converso; e
– a sua esposa, a cristã (ex-) aristocrata e por vezes crua tia Maria (ambos vivendo em Goa);
– o “pequeno mouro” Wadi, o primo muçulmano adoptado, ao mesmo tempo que era rebaptizado como Francisco Xavier (em homenagem ao missionário jesuíta que convertera dezenas milhares de hindus de Goa);
– a cozinheira hindu Nupi, que, com a repetida expressão «Os guardiães da aurora conhecem a noite melhor que ninguém», lembrava que a esperança faz sentir mais profundamente as épocas de escuridão e que é necessário que nos protejamos uns aos outros;
– a par da memória do trisavô Berequias Zarco, cabalista de Lisboa que, em 1497, fora forçadamente convertido ao cristianismo, consubstanciada por via de um manuscrito por ele escrito, descrevendo o massacre de 1506 em Lisboa, no qual 2 000 judeus convertidos foram assassinados e queimados em público.



