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2003 – Guiné-Bissau – País de futuro

Estive na Guiné-Bissau no ano de 1998, por duas vezes, nos meses de Janeiro e Abril (regressei cerca de um mês antes do “golpe de Estado” de Ansumane Mané), prestando colaboração profissional na EAGB – Electricidade e Águas da Guiné-Bissau, em missão ao serviço do Banco Mundial.
O Banco Mundial concedera financiamento ao Estado da Guiné-Bissau, a afectar especificamente ao investimento em infra-estruturas de distribuição de água e energia eléctrica. A missão seria recorrente, caso não se tivesse seguido uma época conturbada na história do país, com a paralização quase integral da economia, que terá levado a que o Banco Mundial tivesse de vir a perdoar a dívida.
No segundo semestre de 1998, e também na primeira parte de 1999, as instituições bancárias na Guiné-Bissau estiveram inoperacionais; na época, foi Cardoso e Cunha (antigo Comissário Europeu e depois responsável de primeira linha na EXPO98) que investia numa fábrica de cervejas, a qual viria a funcionar como “banco”, pela intermediação que proporcionava, a nível da disponibilização de fundos.
A EAGB reflectia um pouco a realidade do país: fora dirigida nos anos anteriores por responsáveis franceses (da EDF – Electricité de France), que haviam contribuído para que a empresa se organizasse e equipasse, nomeadamente, em termos administrativos, a nível informático, mas com elevados custos decorrentes das “comissões de gestão” impostas. Encontrava-se em processo de reestruturação, com avultados investimentos em grupos geradores eléctricos (operando a fuel/gasóleo, uma fonte de produção de energia extremamente dispendiosa, uma vez que, na ausência de barragens, o país não dispunha de produção hidro-eléctrica) e em infra-estruturas de distribuição de água.
A gestão francesa acabara de partir (a meio de 1997) e deixara os guineenses um pouco “entregues à sua sorte”. Previa-se a abertura de um processo de privatização da empresa, ao qual se supunha viessem a concorrer, pelo menos, a EDP (portuguesa) e a EDF (francesa); projectos que ficaram adiados.
Os franceses tinham uma presença importante, inclusivamente a nível cultural, mas os resultados da sua intervenção não eram efectivamente visíveis. Podia talvez sublinhar-se como intervenção mais “desinteressada” a cooperação prestada pela Suécia.
As infra-estruturas do país, não obstante os então recentes investimentos em curso, transitavam ainda, em larga medida, da época colonial; o país parecia ter parado nos últimos 25 anos, com traços visíveis de degradação, nomeadamente nos próprios edifícios mais importantes de Bissau.
A chegada a Bissau – para quem contactava pela primeira vez com a realidade africana – foi um “choque”, começando pelo clima tropical (um “bafo” extremamente quente, à saída do avião, no início de Janeiro, com o “ar pesado” devido ao elevado nível de humidade), pelas sumárias “infra-estruturas” do aeroporto; a primeira visita à cidade de Bissau não deixou de ser uma experiência “enriquecedora”: a singeleza da cidade, os seus edifícios degradados, em contraste com a “agressiva” dinâmica do trânsito automóvel (talvez com cerca de 60 % de “táxis”) e com a imensidão de gente que se acumulava à beira da estrada (entre o aeroporto e a cidade) e no “Mercado do Bandim” (se bem me lembro do nome), vendendo de tudo um pouco (principalmente produção agrícola básica, nomeadamente frutas tropicais).
Mas, ao mesmo tempo, a simpatia calorosa do povo guineense, a sua “reverência” para com os portugueses e o instinto de “portugalidade” que transportavam ainda (durante a semana, era fácil ouvir em espaços públicos a RDP Internacional; ao fim-de-semana, toda a gente vibrava com os relatos de futebol; na segunda-feira, discutiam-se as exibições do Benfica, Porto e Sporting como em qualquer localidade portuguesa…).
Um povo que aparentava contentar-se com pouco; não dispondo de uma infinidade de recursos materiais que temos normalmente no nosso dia a dia, mas, não obstante, um povo “feliz”. A esplanada da “Baiana”, numa das principais praças (“Che Guevara”, mesmo ao lado da EAGB) era o ponto de encontro da comunidade portuguesa, assim como o restaurante “Asa Branca” (se bem me recordo dos nomes, a esta distância temporal). Havia até uma discoteca “Kapital”!
A Guiné era um país absolutamente tranquilo, onde era possível, sem qualquer tipo de receio, andar sozinho na rua à noite (por exemplo, na estrada que ligava o aeroporto à cidade, tendo o Hotel a “meio do caminho”), sem qualquer iluminação pública, ou seja, completamente às escuras.
Nada indicava que, cerca de um mês depois, fosse desencadeada uma guerra, nunca completamente esclarecida, mas que terá sido despoletada tendo por motivação a defesa de interesses de um conjunto de militares. Foi um processo doloroso, em que a Guiné terá sofrido grande destruição.
Procurou-se depois instaurar um regime democrático, mas o processo tem sido muito complexo, desde logo com as divergências entre o primeiro-ministro do governo de transição e o Presidente da República (Kumba Ialá) e, mais tarde, com a morte do líder dos revoltosos de 1998 (Ansumane Mané).
Passaram cinco anos. Em que o país esteve “parado”. Um compasso de espera demasiado longo para quem tem tanto (quase tudo) por fazer.
Ontem, novo “golpe de Estado”, como sempre partindo dos militares; que interesses estarão na sua base? Quais os seus objectivos e consequências? Haverá condições para a realização de eleições minimamente livres? Poderemos esperar alguma evolução na democracia guineense no curto prazo?
Para que a Guiné-Bissau possa vir a singrar no contexto dos países da África Ocidental, para que seja um “país de futuro”, é absolutamente imprescindível (passe o pleonasmo e a evidência que se segue) que possa ser “bem governada”; não dispondo de particulares recursos naturais, é essencial que a cooperação internacional seja utilizada em proveito de todos os guineenses e do real desenvolvimento do país. É fundamental que haja estabilidade política que permita criar as condições para atrair o investimento estrangeiro. Não será uma tarefa fácil, mas depende principalmente dos guineenses!
(publicado originalmente em 15.09.2003)
2003 – Metabloguismo

Ontem na NTV, no “Livro Aberto”, debate sobre os “blogues”, moderado por Francisco José Viegas (Aviz), com as participações de: Pedro Mexia (Dicionário do Diabo); Ricardo Araújo Pereira (Gato Fedorento); Nuno Jerónimo (Blogue dos Marretas); Bernardo Rodrigues (Desejo Casar) e Cristina Fernandes (Janela Indiscreta).
Algumas notas / “referências ao correr da pena” (ou, no caso, com mais propriedade, “ao correr do teclado”):
Francisco José Viegas – “Poderão os blogues ser encarados como alternativa aos meios de comunicação tradicionais? Os blogues são “umbiguistas”? Existe uma referência permanente aos livros: links, referências, citações, “blogues temáticos” dedicados à literatura. Há pessoas que são viciadas (addicted) na escrita nos blogues? Os blogues vão sobreviver ao Verão? Os políticos podem aprender alguma coisa com os blogues?”
Pedro Mexia – “Comecei por ler o Andrew Sullivan (“Como fazer um blogue”; foi como um “manual de instruções”). O blogue é um diário (não íntimo), público, na Internet. Começa a haver como que regras “deontológicas”: “um blogue, depois de escrito e publicado, não se apaga”. Nos blogues, há uma pluralidade de links para a imprensa genérica. É muito difícil manter um blogue sem estar informado (sem ler jornais). O blogue não pode ser nunca um substituto do jornalismo. O que mais me agrada nos blogues é a qualidade de escrita: hoje em dia, é claramente superior à dos jornais. Com a quantidade de blogues a aumentar, é impossível seguir todos os blogues; começa a haver blogues temáticos. A actualização constante é muito importante; se o blogue não for actualizado, os “leitores”, após um conjunto de visitas sem que haja novos textos vão começar a abandonar esse blogue; procuro escrever todos os dias. Não é uma questão de audiência; principalmente, isto é um hobby para todos nós!”
Ricardo Araújo Pereira – “Estamos a manifestar as nossas opiniões num obscuro recanto da Internet! Os outros meios de comunicação social também se comentam muito uns aos outros. Os blogues recuperam a tradição da tertúlia. O blogue permite manter uma “conversa”, através de uma linguagem por escrito (sem ser ao nível da “linguagem degradada” do chat); há uma linguagem cuidada nos blogues. A linguagem do blogue não é uma linguagem “comercial” como a utilizada pelas “Produções Fictícias”. No fundo, essencialmente, nós somos pessoas que gostam de escrever.”
Nuno Jerónimo – “Nós somos professores universitários; por definição não há vida íntima… Qualquer profissão que tenha por pressuposto a exposição pública (por exemplo, ser professor) pode ser considerada uma forma de exibicionismo? A leitura do blogue é um gesto activo; só lê quem quer; não é um veículo de comunicação passivo, como a televisão, que “impõe a sua presença”. Os blogues apenas poderão ser entendidos como complemento aos restantes meios de comunicação. Os blogues têm – talvez surpreendentemente – um conjunto de pessoas a escrever bem. Pode parecer pretensioso, mas deixamos mensagens do tipo: “Este fim-de-semana vamos estar ausentes” (é um cuidado para com o “leitor”). Tenho tantos blogues para ler! Agora só leio blogues; blogues, exames e o “Corto Maltese”.”
Bernardo Rodrigues – “A prova do mês de Julho / Agosto vai ser determinante para ver qual será a evolução deste fenómeno, para avaliar até que ponto se trata de uma “moda” mais ou menos passageira. O blogue é de reacção imediata; a escrita é um gesto imediatista, mas que deixa rasto … “não se apaga um texto que tenha sido escrito”. A questão do “tempo” é fulcral, no sentido em que há um “feedback quase online”.”
Cristina Fernandes – “Não há “umbiguismo”, nem exibicionismo; estamos a falar para poucos, em circuito fechado, entre nós; a “audiência” ainda é muito restrita.”
E assim disseram… Está dito! E bem dito! (por eles, obviamente…).
(publicado originalmente em 23.07.2003)
Memória Virtual – 10 anos


Há dez anos nascia este blogue. Nos próximos dias, tendo por mote o seu lema, da Memória, aqui serão recuperados alguns textos publicados ao longo destes anos.
Recordo perfeitamente este dia, de há 10 anos. Era Sábado. Saí manhã cedo de Lisboa, em direcção a Leiria, onde – algures a meio caminho para a Marinha Grande – tínhamos um jogo-treino de futebol, de preparação para as “Mazariades 2003“, com a equipa da Leirisic (actual ínCentea – que, sendo um grupo de convívio da empresa, chegara mesmo a participar no Campeonato Distrital de Futebol da A. F. Leiria).
Do resultado será melhor não falar (não me lembro já do marcador final, mas sei que teve bastantes golos…); jogávamos, de facto, em divisões diferentes. Mas, a seguir ao jogo, houve um muito agradável “piquenique”, no pinhal, oferecido pelos nossos simpáticos anfitriões.
De regresso a casa, ao final da tarde, peguei então na revista Visão, de quinta-feira, 26 de Junho de 2003, que publicava um artigo (da autoria de Gabriela Lourenço e Mário Rui Cardoso) que – para além de constituir a minha entrada neste admirável mundo novo – contribuiu activamente para a “explosão” da blogosfera nacional:
Bem-vindo à blogosfera: “Um espaço de liberdade total ou um exercício de narcisismo? Com sarcasmo, humor ou seriedade, os pensamentos de centenas de portugueses revelam-se na Internet. Uns mais mediáticos do que outros – todos os autores têm algo a dizer. Está na hora de actualizar os dicionários: a palavra blogue entrou no léxico nacional”.
Depois, foi só seguir as instruções detalhadas, conhecer a ferramenta Blogger.com e o Blogspot, e, alguns minutos depois (pelas 18h03, dizem os arquivos…), nascia este blogue, então ainda não com a denominação actual, e noutra plataforma.
Foram dez anos bastante intensos, com muitas mudanças, com o blogue a passar também, naturalmente, por diferentes fases (agora, tendencialmente, num período de alguma maior hibernação), instalado em diversas plataformas (Blogspot, Weblog.com.pt, WordPress, rede TubarãoEsquilo, até se fixar finalmente na presente morada), e com vários lay-outs.
Um balanço extremamente enriquecedor, aos mais variados níveis, sintetizado, em termos quantitativos (os menos relevantes, mas mais facilmente mensuráveis… e divulgáveis), em números esmagadores, vistos à luz daquele singelo começo, de há dez anos: 6.430 posts, mais de 1 milhão e meio de visitantes, 2,2 milhões de visitas!
Dez anos! Já é “qualquer coisa”, nas nossas vidas…
João Pinto e Castro
A minha singela homenagem a João Pinto e Castro, recuperando a memória da sua escrita, no:
As minhas condolências à família.
Estas são sempre notícias brutais, pelo que têm de inesperado e de irreversível. É uma sensação estranha esta a de perdermos uma voz que, neste mundo virtual, nos habituámos a ouvir diariamente, há cerca de dez anos.
«Dor»
Eu prometo que vou ficar bom. Não se preocupem com os meus suspiros, com os meus silêncios, com a minha falta de sentido de humor. Perdoem-me se demorar mais do que o costume a responder, a falar. Não achem estranho que o meu olhar agora se perca tantas vezes. Por favor, não me digam que isto é só futebol, porque Shankly já explicou que o futebol não é uma questão de vida ou morte, é muito mais do que isso. Sempre me fascinou a tristeza poética que terá trespassado o coração dos adeptos do Bayern quando o Manchester United virou aquela final da Champions. Sempre imaginei que tivesse faltado uma batida ao coração de todo o Brasil quando o Uruguai lhes tirou um campeonato do mundo em casa. Agora essa tristeza é toda minha e dos meus. Como em todos os desgostos amorosos, o segredo é o tempo. Passará esta dor toda, e, com o tempo, recuperarei o sentido de humor e o prazer de ler no metro. Mas, até lá, dêem-me um bocadinho de tempo e um bocadinho de espaço. Preciso de tempo. Cá dentro só há estilhaços, como se tivesse explodido uma granada. Se o Benfica fosse uma mulher, ia para os copos com os amigos. Mas é o meu clube, e tenho de lá estar na Luz no domingo, mesmo todo moído por dentro.
Dói-me tudo.
Preserving the early blogosphere
Right now the archive of the early blogosphere is in an unknown state. There were sites at Blogger, Movable Type, we hosted some at EditThisPage.com, and weblogs.com. I would like to see all of it safe and ready for future readers and researchers. Not as museum exhibits (this is what an ancient blog looked like) but as literature that’s available to anyone at any time. There probably were some great writers back then, and there certainly is history that we have already lost that can be resurrected. But every day that gets harder. We should do something about this.
I am mentioning this now because it’s a long-term objective. I hope to be around for a while to work on this with others, hopefully younger people, who have a longer horizon than I do. I’m not looking for anything like a quick solution, because this is a problem that took many years to create. But I want to start making things better, one step at a time. I will go to conferences, if necessary — but only conferences that are about preserving the early blogopshere. I am in favor of preserving everything, but one person can’t take on everything.
(Dave Winer, Scripting News – o mais antigo blogue em actividade, desde 1 de Abril de 1997)
A propósito desta temática, recupero alguns artigos que já aqui tive oportunidade de publicar, há vários anos:
- “Arquivo da Internet” (Julho de 2003)
- A memória da Internet (Junho de 2008)
- A Internet é um buraco negro que devora a História? (Março de 2009)
- “Wayback Machine” – Arquivo da Internet (Março de 2007)
Terra Nabantina – Tomar – A minha terra é linda!
Um blogue que vale a pena visitar, repleto de belas fotos de Tomar!
Há 10 anos, “A Coluna Infame”
BEM-VINDO. «A Coluna Infame» é o novo blog (web-log) português de artes, literatura, política e ideias. Para conservadores, liberais e independentes, mas não só. Mande-nos sugestões, comentários, links para artigos e sites. Não deixe evidentemente de visitar o nosso inspirador, o grande Andrew Sullivan, em http://www.andrewsullivan.com. Este blog, mantido por João Pereira Coutinho, Pedro Lomba e Pedro Mexia, é independente de partidos, igrejas, grupos económicos ou lóbis de qualquer género. Nem sequer estamos sempre de acordo uns com os outros. Somos homens livres, que maçada. «A Coluna Infame» ficará uns dias em fase meramente experimental, dado o facto de um dos seus autores estar em Oxford, a ver a civilização, o outro no Tribunal da Boa-Hora, a defender oficiosamente ladrões de auto-rádios, e o terceiro pelos cafés do Saldanha, entre pilhas literárias e musas condescendentes e caprichosas. Mas em breve o trio estará reunido. Num computador perto de si.
Faz hoje 10 anos, nascia a blogosfera em Portugal, com o surgimento d’A Coluna Infame, sobre cujo fim (ocorrido a 10 de Junho de 2003) escrevia, três dias depois, em editorial no “Público”, o seu então Director José Manuel Fernandes:
A “Coluna Infame” acabou. A blogosfera está mais pobre. E o país também – mesmo que a maioria nunca tenha ouvido falar nem da “Coluna”, nem da blogosfera. […]
Na blogosfera portuguesa a “Coluna Infame” era uma referência fundadora, quer por ser um dos primeiros espaços de debate político desse universo virtual, quer por ser animada por intelectuais de direita. Estas duas qualidades são importantes.
Na verdade, a blogosfera é a mais vibrante das expressões modernas da Ágora ateniense, esse espaço público onde os cidadãos se encontravam para discutir os assuntos que a todos diziam respeito. A blogosfera é mais democrática, mais aberta, mais plural, mais interessante e mais rica do que os espaços de debate da maioria dos meios de comunicação tradicionais, mesmo os famosos fóruns de discussão radiofónicos (para não falar dos talk-shows televisivos). Na blogosfera reage-se à actualidade em cima da actualidade, e o comentário (ou “post”) colocado num blog gera quase de imediato uma cascata de reacções.
Como que fechando um ciclo, um dos seus autores, Pedro Mexia, encerra hoje mais um dos seus blogues, “Lei Seca“, escrevendo:
Faz esta semana dez anos que tenho um diário. Uma espécie de diário. Há uma década, quando havia apenas umas centenas de blogues, eu explicava o que era um blogue dizendo: «É um diário». […]
Reconheço que os blogues introduziram modificações importantes no género diarístico. Tanto a publicação imediata como o acesso universal tornam o blogue num exercício perigoso. Porque o diário era por natureza privado, mediado, nalguns casos secreto, escrito em código, às vezes de publicação póstuma. Há bastantes diários editados em vida, incluindo um dos melhores, o de Gide, mas mesmo esses aparecem de tantos em tantos anos, filtrados de um material original que não conhecemos, ao passo que os blogues vão surgindo como work in progress. Escrever um diário «em directo» exige que se invente, em equilíbrio instável, uns quantos filtros, regras, deontologias, cuidados difíceis, falíveis, como manter o anonimato de terceiros ou não escrever «online» aquilo que se deve dizer de viva voz. No meu caso, isso significou também criar um registo que destapa a vida íntima e protege a vida privada, um registo a que chamei «confessionalismo hermético».
Crise crónica
Uma crónica da crise, por Luciano Amaral.
Mais um novo blogue, a dar razão a Paulo Gorjão.






