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BLOGOSFERA EM 2005 (X)
Em meados de Abril, era lançado mais um livro com origem na blogosfera, “O Acidental”, aqui recuperando as palavras de Paulo Pinto Mascarenhas:
“Quando abri a página na internet do blogue O Acidental, a 8 de Abril de 2004, estava longe de adivinhar a repercussão e o impacto que poderia ter. Jornalista durante quase 14 anos, era leitor deste meio de comunicação recém-chegado a Portugal, mas apenas como espectador interessado e distante. O Acidental começou assim como uma espécie de compensação para o abandono do jornalismo, um modo expedito de continuar a escrever e de continuar a ser lido depois de ter decidido entrar para a política, a convite de Paulo Portas.</em
Conhecia obviamente a pré-história da blogosfera nacional e, como editor de Sociedade do semanário O Independente, julgo ter sido um dos primeiros, senão o primeiro, a consagrar um espaço exclusivo para citações do meio na imprensa escrita do nosso país. Diversas vezes referi também na minha página de opinião alguns dos blogues que preferia, com a Coluna Infame à cabeça. Num país culturalmente dominado pela esquerda, desde logo na comunicação social, a blogosfera parecia estar a fazer surgir uma nova geração de intelectuais e académicos da direita liberal e conservadora. Uma direita que não é saudosista, porque geneticamente democrática, mas que também – ou precisamente por isso – não tem complexos de esquerda.
Quando O Acidental apareceu, porém, a Coluna Infame já era. A blogosfera política encontrava-se nas mãos da esquerda e da extrema-esquerda, acompanhada de longe por um centrismo de avisada moderação. Com honrosas excepções, os blogues mais lidos e, sobretudo, os mais citados, dividiam-se entre as diversões fracturantes do Bloco de Esquerda e as afirmações facturantes do Bloco Central – em suma, o novo meio tinha já sido quase totalmente absorvido pela agenda do mainstream mediático.
O Acidental veio perturbar e baralhar o jogo, combatendo directamente os blogues de esquerda e extrema-esquerda, mas criticando de igual modo a moderação utilitária e pragmática de algumas vacas sagradas do comentário politicamente correcto. Numa altura em que o mais fácil era atacar a anterior maioria de centrodireita e os respectivos governos, aqueles de nós que assim o entenderam nunca deixaram de defender tudo aquilo que podia e devia ser defendido, aceitando pontos de vista contrários e abrindo espaço à livre discussão no blogue.
Por defendermos políticas e políticos dos dois anteriores governos, fomos e continuamos a ser tão ferozmente atacados. Quando iniciei o blogue fiz questão de pôr as cartas na mesa, não escondendo a minha militância política no CDS e a minha condição acidental de adjunto de Paulo Portas enquando ministro de Estado e da Defesa Nacional. Para quem não conheça a blogosfera, explico que seria muito mais cómodo manter um prudente silêncio sobre o assunto, existindo blogues muito conhecidos escritos por anónimos de várias cores políticas – e que, por isso mesmo, se escondem atrás dos chamados nicknames.
Eu não vejo razões para ter vergonha de ser militante ou dirigente de um partido, nem de participar num governo, por mais impopular que seja – e fico sobretudo espantado que trinta anos depois da revolução ainda haja quem não entenda – ou quem pareça esquecer – que sem partidos não há democracia e sem políticos de qualidade não existe democracia representativa que resista.
A intenção de criar um blogue foi muito para além dos meus interesses partidários. Há muito que acredito e defendo na medida das minhas possibilidades que a Direita – que ultrapassa seguramente o quadro dos partidos existentes – não pode vencer e não conseguirá construir uma alternativa válida e estável para governar Portugal se não assumir um combate cultural que deve assentar em primeiro lugar num respeito absoluto pela liberdade de expressão, incluindo a abertura à diversidade de opiniões e de correntes ideológicas no seu interior.
Com empresários e capitalistas que invariavelmente preferem entregar o seu dinheiro a projectos dominados pela esquerda ou pelo Bloco Central, a forma mais simples de lançar esse combate de liberdade pode passar por meios como a blogosfera, onde aliás já se encontram alguns dos maiores talentos criativos da comunicação social do nosso país.
Não sei se estou errado, mas penso que O Acidental é único ou pelo menos foi o primeiro do género no nosso país: existem blogues individuais e existem blogues colectivos, mas nenhum é individual e colectivo em simultâneo. Ou seja, O Acidental é o meu blogue e foi minha a responsabilidade na constituição de um equipa heterogénea de ilustres convidados – mas é deles todos, porque é inteiramente deles a qualidade e a criatividade que o faz ser hoje um dos blogues políticos mais polémicos, mais lidos e mais citados de Portugal. Doa a quem doer.”
BLOGOSFERA EM 2005 (IX)
A 14 de Abril a revista “Visão” publicava artigo sobe os “Políticos ‘high tech'”:
“As iniciativas eleitorais alargaram-se ao ciberespaço. Os sites dos partidos andaram particularmente animados, mas a luta política não se ficou por aqui. Arrastou-se para a blogosfera – um espaço de reflexão e debate concorrido também por alguns políticos individualmente ou em grupos –, com os líderes partidários a alimentarem blogues efémeros. Aliás, até a luta do Verão passado pela liderança do PS levou Manuel Alegre a criar um blogue, editado por Helena Roseta e José Magalhães.
Apesar da euforia, o que se verifica é que a blogosfera parlamentar anda murcha. O BLOGAR, sistema de Blogues na Assembleia da República (http://blogs.parlamento.pt), está às moscas. Num universo de 230 deputados, a sua actividade nunca foi muita – sete blogues e um projecto (…).
José Magalhães foi para o Governo e deixou, logicamente, o República Digital que manteve com grande regularidade até ao dia das eleições (20 de Fevereiro). António Pinheiro Torres, um independente que se sentava na bancada “laranja” saiu do Parlamento e mudou o seu Por Causa Dele (e sua militância antiaborto) para http://porcausadele.blogspot.com. A despedida de José Leitão (PS) pôs fim ao Inclusão e Cidadania. O Correcto de Carlos Rodrigues, morreu em Dezembro.
Por seu turno, José Lello (PS) mantém o seu Bloglello em coma vegetativo desde Outubro passado, enquanto a socialista Teresa Venda vai alimentando a Casa da Partilha com alguma irregularidade. Sobra, teimosamente, o Casa dos Comuns de Guilherme d’Oliveira Martins, que se manifesta preocupado com a situação do BLOGAR. Fora do Parlamento estão a andar diversos projectos, mas vários políticos contactados pela VISÃO mostram desinteresse pelos blogues. Assusta-os a obrigatoriedade de produzir regularmente. E um blogue é como um tamagoshi. Se não é alimentado, definha.”
BLOGOSFERA EM 2005 (VIII)
No início de Abril Miguel Tomar Nogueira apresentava os “Bloscares 2005” (prémios atribuídos a blogues e “bloggers”), já na sua 3ª edição:
– Melhor Blogue – Voz do Deserto
– Prémio do Júri – A Causa Foi Modificada
– Melhor Blogger, Elas – Carla Hilário Quevedo
– Prémio Carreira – Pedro Mexia
– Melhor Blogger, Eles – Maradona
– Prémio do Público – Blogotinha
– Prémio Revelação – Desassossegada
BLOGOSFERA EM 2005 (VII)
No final de Março (a 29), o “Diário de Notícias”, prosseguindo a abordagem do fenómeno dos blogues, apontava a criação diária de mais de 70 blogues e a existência de mais de 37 000 diários activos.
“Mais de 70 blogues criados todos os dias em Portugal
Há mais de 37 mil diários activos com a grande maioria a visar a actualidade.
Os efeitos da blogosfera também se fazem sentir em Portugal, onde o fenómeno ganha cada vez mais adeptos, depois de ter sido lançado, com servidores nacionais, no ano de 2003, cerca de seis anos depois da invenção do conceito de blogue, em 1997.
O universo dos blogues do Sapo, um serviço lançado há menos de um ano e meio, soma já perto de 37 mil blogues activos, sendo que não são contabilizados os ‘adormecidos’, aqueles que não são actualizados há mais de três meses. Em média, o servidor da PT recebe 76 novos blogues por dia, geridos na sua maioria por mais de um autor. Os temas de fundo e os tipo de registo são diversos mas a grande maioria centra-se na actualidade, segundo fonte relacionada com aquele serviço.
Também em Portugal se verifica uma aproximação entre blogues e os media tradicionais. João Paulo Menezes, jornalista da TSF e autor do blogue Blogouve-se, entende que os diários “não são uma concorrência à comunicação social, quanto muito serão um complemento”, explicou ao DN. Em causa está o facto do blogue ser “um meio muito ágil” e “um fenómeno importante de estudar, devido à simplicidade de vários factores cósmicos”, refere.
João Paulo Menezes sublinha ainda que a actual blogosfera “é uma revolução” na comunicação e que pode conter “algumas raízes da comunicação social do futuro, sendo o meio ideal para pequenas estruturas”. Quanto ao alargamento dos media convencionais à blogosfera, o jornalista refere que tal se deve apenas a acções de marketing. “Não é uma necessidade estrutural à sua essência”.
Sobre a entrada de jornalistas neste meio, Menezes sublinha a necessidade de ser definido “um limite, que será a esfera da sua profissão”, apesar de ser “tudo ainda muito novo. Isto é ainda um bebé”.
Além do servidor do Sapo, os bloguistas portugueses registam os seus diários no Weblog.com.pt, apesar de muitos autores escolherem ainda os servidores internacionais, como o Blogger ou o Weblog. Apesar de haver diversidade na escolha, “não há concorrência entre estes serviços”. Tudo porque a comunidade de bloguistas “criou um espírito de colectividade”, como explica a fonte ligada ao serviço Sapo. Este espírito está assente nas hiperligações entre os blogues. Qualquer cibernauta pode assim navegar neste universo, saltando entre blogues de vários servidores.
EXEMPLO. A provar o sucesso da blogosfera a nível nacional está o exemplo da campanha eleitoral para as legislativas de 20 de Fevereiro. A convite do portal Sapo, os partidos com assento parlamentar, à excepção do Bloco de Esquerda, aceitaram o desafio de manter um blogue activo de 24 de Janeiro a 20 de Fevereiro. Os resultados foram surpreendentes. A mesma fonte adianta que 275 mil pessoas visitaram pelo menos um dos blogues dos candidatos, além de que estes figuraram sempre, em dias de semana, entre os cinco blogues mais visitados deste servidor.
Este sistema de comunicação aberto apresenta mais uma forma de aproximar o leitor do emissor ao permitir a comunicação um-para-um e um-para-muitos e a respectiva interactividade, conseguida através dos comentários.”
BLOGOSFERA EM 2005 (VI)
A 14 de Fevereiro de 2005, José Mário Silva publicava no “Diário de Notícias” o artigo “Blogue de encontro, uma experiência cibernética”, aflorando a temática dos conhecimentos amorosos via blogosfera, com referência também ao surto de “babyblogs”.
Em meados de Fevereiro, uma verdadeira “constelação de bloggers” reunia-se n’A Mão Invisível, com a participação (entre muitos outros) de Carla Hilário Almeida (“Bomba Inteligente), João Caetano Dias (“Jaquinzinhos”), João Carvalho Fernandes (“Fumaças”), Luciano Amaral (“O Acidental), Nuno Amaral Jerónimo (“Blogue dos Marretas”), Nuno Mota Pinto (“Mar Salgado”), Pedro Lomba e Pedro Mexia (“Fora do Mundo”).
A 23 de Fevereiro, um artigo de Miguel Poiares Maduro no Diário de Notícias falava sobre “A Fronteira”:
“[…] Comunicar. Mas talvez o maior impacto da Internet nas formas de comunicação e socialização esteja na (con)fusão entre o espaço privado e o espaço público que promove. Os blogues e o seu impacto são um bom exemplo. Misto de diários pessoais publicados e colunas de opinião, diluem a fronteira entre o público e o privado e alteram radicalmente a natureza do discurso público. A atracção da escrita dos blogues está na sua espontaneidade e liberdade. São reacções genuínas e algo “epidérmicas”, daquelas que temos numa conversa entre amigos. Mas a sua publicação dá-lhes a importância de uma mensagem pública. Ficamos prisioneiros de uma opinião que, frequentemente, não é totalmente reflectida. Uma coisa é uma reacção instantânea, outra é uma opinião de fundo. Nos blogues, os dois confundem-se. É aí que está o seu risco, mas também parte do seu interesse.[…]”
Reflectindo a propósito do sexo, Júlio Machado Vaz iniciava, a 28 de Fevereiro de 2005, o Murcon.
BLOGOSFERA EM 2005 (V)
O mês de Fevereiro inicia-se com o debate (no dia 3) entre os principais candidatos ao cargo de Primeiro-Ministro (José Sócrates e Pedro Santana Lopes), em directo na televisão (na 2: e na SIC)… e também nos blogues, com Pacheco Pereira a fazer no Abrupto um exercício de comentário em tempo real ao debate televisivo (na noite das eleições, acompanharia também a evolução dos resultados eleitorais no seu blogue); também o Blasfémias publicaria os seus comentários “em directo”, no decurso do referido debate.
Igualmente ainda no início de Fevereiro, integrado numa página especial de acompanhamento das eleições legislativas agendadas para 20 do mesmo mês, a SIC lançava também o seu “blogue” de acompanhamento da campanha eleitoral: “Diário da Campanha“; também a TVI criaria uma página com formato de “blogue” para acompanhamento das eleições legislativas.
A 8 de Fevereiro, João Caetano Dias (Jaquinzinhos) publicava no “Público” um texto a propósito das eleições.
BLOGOSFERA EM 2005 (IV)
O mesmo jornal passava também em revista os blogues dos candidatos (em artigo de Pedro Correia):
“Os “queridos diários” dos políticos
“Já não bastam os comícios, os cartazes, os jantares e as bandeiras. Os políticos portugueses usam agora a Internet para comunicar directamente com os eleitores. Em tempo de campanha, todos os argumentos valem. E nenhum é mais actual do que um blogue. Os líderes dos quatro principais partidos começaram a escrever os respectivos diários na Internet. É num tom coloquial, às vezes intimista, que se dirigem ao “vasto público” ligado à rede. Santana Lopes, José Sócrates, Jerónimo de Sousa e Paulo Portas têm, desde meados de Janeiro, blogues personalizados. À disposição de qualquer (e)leitor que navegue na Internet. Uma versão actualizada dos clássicos diários de outros tempos, aproveitados para reflexões de todo o género.
Pedro Santana Lopes tem usado este espaço para transmitir as “sensações” que vai vivendo. Ontem referia-se assim ao encontro que manteve com militantes sociais-democratas em Portalegre. “Segundo muitos dos presentes, aquele foi o maior jantar de sempre do PPD/PSD, com mais de 1800 pessoas que, apesar de estar muito frio e ser terça-feira, não quiseram deixar de estar presentes.”
No seu blogue (pedrosantanalopes.blogs.sapo.pt), Santana anota várias “mensagens de apoio” já recebidas. Há até quem troque a prosa pelo verso “Estaremos lá todos dia vinte/como nos apela Santana/quem sabe de laranja se pinte/o que é uma cor bem bacana.”
José Sócrates não lhe fica atrás. No seu blogue pessoal (josesocrates.blogs.sapo.pt) o secretário-geral socialista escreveu terça à noite sobre a entrevista concedida pouco antes à RTP “Para além do esclarecimento inicial, que se impunha, dada a campanha de torpes insinuações a que o líder do PSD se dedicou nos últimos dias, houve tempo para abordar questões relacionadas com a economia, ainda que (…) me fique sempre a sensação de que tudo foi abordado um pouco pela rama.”
Santana fala da gripe, Sócrates menciona os recentes contactos com líderes europeus. No seu blogue (pauloportas.blogs.sapo.pt), o presidente do CDS-PP é mais impessoal, optando por notas propagandísticas. Como esta “O CDS demonstrou no Governo ser sério e profissional a resolver problemas.” Também Jerónimo prefere a propaganda. No blogue (jeronimodesousa.blos.sapo.pt), o secretário-geral do PCP evita o tom confessional: a política tem prioridade. Ontem assinalava que nas questões decisivas “pouco ou nada separa o PS da direita”.
Outros políticos, como António José Seguro (PS) ou Nuno Morais Sarmento (PSD), também aderiram à blogosfera. Com notas de campanha de qualidade desigual. Seguro, cabeça-de lista por Braga, regista “Acabei de regressar de um jantar com a população do concelho de Cabeceiras de Basto. O restaurante tornou-se pequeno para os mais de 600 participantes.” Sarmento, cabeça-de-lista por Castelo Branco, vai descobrindo as belezas do distrito: “Rica em carvalhais mistos, a Serra da Gardunha é o único local onde existe a planta Asphodelus bento-rainhae.””
BLOGOSFERA EM 2005 (III)
A 25 e 26 de Janeiro, o Blogue de Esquerda passa por uma “crise”, com o abandono de Luís Rainha, que, contudo, regressaria algum tempo depois. Também Paulo Gorjão anunciara, a 27, o final do Bloguitica, no que, contudo se viria a traduzir apenas numa curta pausa.
Ainda no mês de Janeiro, João Canavilhas publicava o interessante estudo: “Blogues políticos em Portugal: O dispositivo criou novos actores?“, que seria referido no Diário de Notícias (artigo de Martim Silva):
“Blogs podem ser mass media
“A massificação dos computadores e dos PDA (computadores de bolso) com ligação à internet provocará um efeito semelhante ao que se verificou com os restantes meios de comunicação de massa, com a consequente projecção dos blogues para um patamar de visibilidade semelhante ao que registam actualmente os informativos dos media tradicionais”. No entanto, e pelo menos por agora, “os blogues ainda não geram novos actores” políticos.
A conclusão é do estudo “Blogues políticos em Portugal o dispositivo criou novos actores?”, da autoria de João Canavilhas, da Universidade da Beira Interior, ele próprio um membro activo da blogosfera, dado fazer parte do Blog dos Marretas (marretas.blogspot.com). No ensaio, Canavilhas lembra que “num curto espaço de tempo”, dado terem aparecido apenas em 1999, os blogues tornaram-se “um importante dispositivo de comunicação”, existindo actualmente registados em Portugal mais de 90 mil (de um universo de mais de cinco milhões registados neste media em expansão). Politicamente, o estudo realça “a chegada de Pacheco Pereira [www.abrupto.blogspot.com] como um momento importante no crescimento da blogosfera portuguesa”. Isto por ter conseguido “atrair a atenção dos media tradicionais” para este fenómeno, nomeadamente com a publicação de reportagens nos jornais e revistas. Sendo a blogosfera “um espaço de discussão ímpar” e mesmo uma “nova Ágora”, é curioso registar que “os blogs que abordam questões políticas não têm parado de crescer”. E, nesse campo, “um dos assuntos que marca a blogosfera desde o início é a discussão política entre direita e esquerda”. Actualmente, há blogs como o de Pacheco Pereira e o Barnabé (barnabe.weblog.com.pt), realça Canavilhas, “que chegam a ter cinco mil visitas diárias”. Este meio “funciona como um espelho da sociedade”, em que “qualquer convulsão ou acontecimento tem efeito imediato. O autor lembra que no caso das recentes eleições americanas, os blogues dos candidatos chegaram a atingir as 30 mil visitar por dia.”
BLOGOSFERA EM 2005 (II)
Por esses dias, o “Expresso”, o “Público” e o “Correio da Manhã” referiam notícia tendo um blogue (Random Precision) como fonte (“entrada” relativa ao Director Nacional da P.S.P., Branquinho Lobo, o qual acumularia esse cargo com uma pensão de aposentação por incapacidade).
A 14 de Janeiro, Pacheco Pereira ensaiava no Abrupto uma experiência inédita na blogosfera portuguesa, a da cobertura em directo de um acontecimento mediático, no caso a chegada da sonda Huygens a Titã.
Depois dos “blogues” de alguns (poucos) deputados, e dos blogues de Manuel Monteiro (candidatura ao Parlamento Europeu – “digaomanel”) e de Manuel Alegre (candidatura à liderança do Partido Socialista – Manuel Alegre), iam surgindo – na fase de pré-campanha eleitoral – novas adesões de políticos à blogosfera: Helena Lopes da Costa, António José Seguro, Nuno Morais Sarmento (com o “Força Interior” – Blog da candidatura do PSD pelo distrito de Castelo Branco às legislativas de 2005). Até que, a 21 de Janeiro, e a convite da “plataforma de blogues do Sapo“, os principais líderes partidários criariam os seus blogues de campanha: José Sócrates, Santana Lopes, Jerónimo de Sousa, Paulo Portas e Manuel Monteiro.
BLOGOSFERA EM 2005 (I)
O “prometido é devido”… com algum atraso, inicio hoje uma breve retrospectiva por alguns dos aspectos mais marcantes da blogosfera em 2005 – à semelhança do apresentado relativamente aos anos de 2003 e 2004 -, que aqui apresentarei diariamente, ao longo do próximo mês.
O ano de 2005 começa por ser assinalado pela extraordinária dinâmica de alguns dos blogues instalados na plataforma “Weblog.com.pt”, com blogues como o Charquinho (ver, por exemplo, este “post-chat” com mais de 300 comentários), o Ruínas Circulares (ver, por exemplo, esta entrada no “Ruínas“) ou o Afixe (transformado num dos maiores “conglomerados”) a constituírem um cabal exemplo de como a blogosfera está bem viva e continua a ser capaz de se renovar e de nos surpreender diariamente.
A 10 de Janeiro, surge o “Margens de erro”, de Pedro Magalhães, visando reflectir e analisar as sondagens que vão sendo publicadas, que se tornaria numa visita obrigatória, em particular nos sucessivos períodos eleitorais: “O objectivo deste blogue é simples. Achei que seria bom que existisse em Portugal uma fonte de informação sistemática sobre as sondagens que vão sendo publicadas. É também provável que, por obrigação profissional, tenha de recolher alguma dessa informação, especialmente durante os próximos treze meses onde haverá eleições legislativas, autárquicas e presidenciais. É possível que tenha algumas coisas para dizer sobre essas sondagens. E essas coisas raramente são ditas (ou podem ser ditas) noutras fontes de informação que não um blogue. Logo, serão ditas e escritas aqui. É só isto. É um princípio“.



