Archive for Julho, 2020
I Liga / I Divisão – Historial de lugares de honra
Época Campeão 2º 3º 4º 2019-20 FC Porto Benfica Sp. Braga Sporting 2018-19 Benfica FC Porto Sporting Sp. Braga 2017-18 FC Porto Benfica Sporting Sp. Braga 2016-17 Benfica FC Porto Sporting V. Guimarães 2015-16 Benfica Sporting FC Porto Sp. Braga 2014-15 Benfica FC Porto Sporting Sp. Braga 2013-14 Benfica Sporting FC Porto Estoril 2012-13 FC Porto Benfica P. Ferreira Sp. Braga 2011-12 FC Porto Benfica Sp. Braga Sporting 2010-11 FC Porto Benfica Sporting Sp. Braga 2009-10 Benfica Sp. Braga FC Porto Sporting 2008-09 FC Porto Sporting Benfica Nacional 2007-08 FC Porto Sporting V. Guimarães Benfica 2006-07 FC Porto Sporting Benfica Sp. Braga 2005-06 FC Porto Sporting Benfica Sp. Braga 2004-05 Benfica FC Porto Sporting Sp. Braga 2003-04 FC Porto Benfica Sporting Nacional 2002-03 FC Porto Benfica Sporting V. Guimarães 2001-02 Sporting Boavista FC Porto Benfica 2000-01 Boavista FC Porto Sporting Sp. Braga 1999-00 Sporting FC Porto Benfica Boavista 1998-99 FC Porto Boavista Benfica Sporting 1997-98 FC Porto Benfica V. Guimarães Sporting 1996-97 FC Porto Sporting Benfica Sp. Braga 1995-96 FC Porto Benfica Sporting Boavista 1994-95 FC Porto Sporting Benfica V. Guimarães 1993-94 Benfica FC Porto Sporting Boavista 1992-93 FC Porto Benfica Sporting Boavista 1991-92 FC Porto Benfica Boavista Sporting 1990-91 Benfica FC Porto Sporting Boavista 1989-90 FC Porto Benfica Sporting V. Guimarães 1988-89 Benfica FC Porto Boavista Sporting 1987-88 FC Porto Benfica Belenenses Sporting 1986-87 Benfica FC Porto V. Guimarães Sporting 1985-86 FC Porto Benfica Sporting V. Guimarães 1984-85 FC Porto Sporting Benfica Boavista 1983-84 Benfica FC Porto Sporting Sp. Braga 1982-83 Benfica FC Porto Sporting V. Guimarães 1981-82 Sporting Benfica FC Porto V. Guimarães 1980-81 Benfica FC Porto Sporting Boavista 1979-80 Sporting FC Porto Benfica Boavista 1978-79 FC Porto Benfica Sporting Sp. Braga 1977-78 FC Porto Benfica Sporting Sp. Braga 1976-77 Benfica Sporting FC Porto Boavista 1975-76 Benfica Boavista Belenenses FC Porto 1974-75 Benfica FC Porto Sporting Boavista 1973-74 Sporting Benfica V. Setúbal FC Porto 1972-73 Benfica Belenenses V. Setúbal FC Porto 1971-72 Benfica V. Setúbal Sporting CUF 1970-71 Benfica Sporting FC Porto V. Setúbal 1969-70 Sporting Benfica V. Setúbal Barreirense 1968-69 Benfica FC Porto V. Guimarães V. Setúbal 1967-68 Benfica Sporting FC Porto Académica 1966-67 Benfica Académica FC Porto Sporting 1965-66 Sporting Benfica FC Porto V. Guimarães 1964-65 Benfica FC Porto CUF Académica 1963-64 Benfica FC Porto Sporting V. Guimarães 1962-63 Benfica FC Porto Sporting Belenenses 1961-62 Sporting FC Porto Benfica CUF 1960-61 Benfica Sporting FC Porto V. Guimarães 1959-60 Benfica Sporting Belenenses FC Porto 1958-59 FC Porto Benfica Belenenses Sporting 1957-58 Sporting FC Porto Benfica Belenenses 1956-57 Benfica FC Porto Belenenses Sporting 1955-56 FC Porto Benfica Belenenses Sporting 1954-55 Benfica Belenenses Sporting FC Porto 1953-54 Sporting FC Porto Benfica Belenenses 1952-53 Sporting Benfica Belenenses FC Porto 1951-52 Sporting Benfica FC Porto Belenenses 1950-51 Sporting FC Porto Benfica Atlético 1949-50 Benfica Sporting Atlético Belenenses 1948-49 Sporting Benfica Belenenses FC Porto 1947-48 Sporting Benfica Belenenses Estoril 1946-47 Sporting Benfica FC Porto Belenenses 1945-46 Belenenses Benfica Sporting Olhanense 1944-45 Benfica Sporting Belenenses FC Porto 1943-44 Sporting Benfica Atlético FC Porto 1942-43 Benfica Sporting Belenenses Unidos Lisboa 1941-42 Benfica Sporting Belenenses FC Porto 1940-41 Sporting FC Porto Belenenses Benfica 1939-40 FC Porto Sporting Belenenses Benfica 1938-39 FC Porto Sporting Benfica Belenenses 1937-38 Benfica FC Porto Sporting Carcavelinhos 1936-37 Benfica Belenenses Sporting FC Porto 1935-36 Benfica FC Porto Sporting Belenenses 1934-35 FC Porto Sporting Benfica Belenenses
Resumo:
– Benfica – 37 vezes Campeão / 29 vezes 2º / 15 vezes 3º / 4 vezes 4º classificado
– FC Porto – 29 vezes Campeão / 27 vezes 2º / 13 vezes 3º / 11 vezes 4º classif.
– Sporting – 18 vezes Campeão / 21 vezes 2º / 29 vezes 3º / 13 vezes 4º classif.
– Belenenses – 1 vez Campeão / 3 vezes 2º / 14 vezes 3º / 9 vezes 4º classificado
– Boavista – 1 vez Campeão / 3 vezes 2º / 2 vezes 3º / 10 vezes 4º classificado
– V. Setúbal – 1 vez 2º / 3 vezes 3º / 2 vezes 4º classificado
– Sp. Braga – 1 vez 2º / 2 vezes 3º / 14 vezes 4º classificado
– Académica – 1 vez 2º / 2 vezes 4º classificado
– V. Guimarães – 4 vezes 3º / 10 vezes 4º classificado
– Atlético – 2 vezes 3º / 1 vez 4º classificado
– CUF – 1 vez 3º / 2 vezes 4º classificado
– Paços Ferreira – 1 vez 3º classificado
– Nacional – 2 vezes 4º classificado
– Estoril – 2 vezes 4º classificado
– Barreirense – 1 vez 4º classificado
– Olhanense – 1 vez 4º classificado
– Unidos Lisboa – 1 vez 4º classificado
– Carcavelinhos – 1 vez 4º classificado
I Liga – 2019-20 – Classificação final
Equipa J V E D GM GS P 1.º FC Porto 34 26 4 4 74 - 22 82 2.º Benfica 34 24 5 5 71 - 26 77 3.º Sp. Braga 34 18 6 10 61 - 40 60 4.º Sporting 34 18 6 10 49 - 34 60 5.º Rio Ave 34 15 10 9 48 - 36 55 6.º Famalicão 34 14 12 8 53 - 51 54 7.º V. Guimarães 34 13 11 10 53 - 38 50 8.º Moreirense 34 10 13 11 42 - 44 43 9.º Santa Clara 34 11 10 13 36 - 41 43 10.º Gil Vicente 34 11 10 13 40 - 44 43 11.º Marítimo 34 9 12 13 34 - 42 39 12.º Boavista 34 10 9 15 28 - 39 39 13.º Paços Ferreira 34 11 6 17 36 - 52 39 14.º Tondela 34 9 9 16 30 - 44 36 15.º B. SAD 34 9 8 17 27 - 54 35 16.º V. Setúbal 34 7 13 14 27 - 43 34 17.º Portimonense 34 7 12 15 30 - 45 33 18.º D. Aves 34 5 2 27 24 - 68 17
Campeão – FC Porto – Entrada directa na Fase Grupos da Liga dos Campeões
2.º classificado – Benfica – 3ª eliminatória acesso à Fase Grupos Liga Campeões
3.º classificado – Sp. Braga – Entrada directa na Fase Grupos da Liga Europa
4.º classificado – Sporting – 3ª eliminatória acesso à Fase Grupos Liga Europa
5.º classificado – Rio Ave – 2ª eliminatória acesso à Fase Grupos Liga Europa
Despromovidos – Portimonense e D. Aves
Promovidos – Nacional e Farense
Melhores marcadores:
1. Carlos Vinícius (Benfica) – 18
2. Mehdi Taremi (Rio Ave) – 18
3. Pizzi (Benfica) – 18
Palmarés – Campeões:
Benfica (37) – 1935-36; 1936-37; 1937-38; 1941-42; 1942-43; 1944-45; 1949-50; 1954-55; 1956-57; 1959-60; 1960-61; 1962-63; 1963-64; 1964-65; 1966-67; 1967-68; 1968-69; 1970-71; 1971-72; 1972-73; 1974-75; 1975-76; 1976-77; 1980-81; 1982-83; 1983-84; 1986-87; 1988-89; 1990-91; 1993-94; 2004-05; 2009-10; 2013-14; 2014-15; 2015-16; 2016-17; 2018-19
FC Porto (29) – 1934-35; 1938-39; 1939-40; 1955-56; 1958-59; 1977-78; 1978-79; 1984-85; 1985-86; 1987-88; 1989-90; 1991-92; 1992-93; 1994-95; 1995-96; 1996-97; 1997-98; 1998-99; 2002-03; 2003-04; 2005-06; 2006-07; 2007-08; 2008-09; 2010-11; 2011-12; 2012-13; 2017-18; 2019-20
Sporting (18) – 1940-41; 1943-44; 1946-47; 1947-48; 1948-49; 1950-51; 1951-52; 1952-53; 1953-54; 1957-58; 1961-62; 1965-66; 1969-70; 1973-74; 1979-80; 1981-82; 1999-00; 2001-02
Belenenses (1) – 1945-46
Boavista (1) – 2000-01
Jorge Jesus
A contratação de Jorge Jesus pelo Benfica – cinco anos depois da sua dispensa pela Direcção, por não se enquadrar na estratégia e no projecto do clube – é, de algum modo, como se se estivesse a começar agora a especular na Bolsa, no preciso momento em que as cotações atingiram o pico e, previsivelmente, virão por aí abaixo num futuro próximo; ou, de outra forma, qual jogada de Casino, um “all-in”, apostando todas as fichas numa única opção, na ilusória esperança de vir a ser bafejado com a sorte de um “jackpot”.
Isto numa altura em que o Benfica negociou os termos da contratação em posição de absoluta fraqueza (em desespero, mesmo, numa luta contra o tempo, perante os “nãos” que terá recebido e outras hipóteses irrealistas, de entre nomes como Mauricio Pochettino, Julian Nagelsmann, Massimiliano Allegri, Unay Emery, Leonardo Jardim, Jorge Sampaoli e Marcelo Gallardo, para além do “clássico” José Mourinho – entre tantos outros que foram apontados pela comunicação social como potenciais alvos)…
Em contraponto a um Jorge Jesus no auge do seu valor de mercado, pelo (conjuntural) sucesso obtido no Flamengo, em boa medida fruto de uma enorme discrepância de poderio face à concorrência nacional, e, a nível sul-americano, com bastante felicidade (após ter começado por ganhar o seu grupo de apuramento em igualdade de pontos com o 2.º e 3.º classificados, ainda sob o comando técnico de Abel Braga), desde logo, com um desempate da marca de grande penalidade, nos 1/8 de final, ante o Emelec após comprometedora derrota por 0-2 no Equador, defrontando equipas brasileiras nos 1/4 de final e nas meias-finais, culminando na final ante o River Plate, com a equipa argentina a dominar todo o jogo, acabando por ser inesperadamente derrotada em função de dois golos marcados por Gabriel Barbosa, nos minutos 89 e 92.
Mais do que tudo o resto, o que me intriga é esta crença “irracional” (com muito pouca fundamentação) de que Jesus será o (único) “salvador da Pátria”, quando – até pela experiência anterior de 6 anos (mais 3 no Sporting) – se sabe ter muitas limitações e pontos fracos, que nunca possibilitarão, por exemplo, ter sucesso na Europa, onde, sobretudo na Liga dos Campeões, não deixou de ter alguns desempenhos sofríveis.
A nível nacional, a memória que retenho é que Jesus, de forma sistemática (foi aprendendo com os erros, denotando algumas melhorias em 2013-14 e 2014-15), apostando “cegamente” nos mesmos jogadores, esgotava física e mentalmente as suas equipas (até pela exigência que lhe é commumente reconhecida), que chegavam à fase decisiva das épocas (meses de Março/Abril) já em notório sub-rendimento.
Isto, claro, associado a uma política muito agressiva (e dispendiosa) de contratações, privilegiando o curto prazo e, nunca, projectos de futuro, praticamente não dando oportunidades a valores surgidos da formação do clube (tendo por “pecado capital” o imperdoável caso de Bernardo Silva).
Não tenho nenhum “parti pris” contra Jesus. Compreendi perfeitamente que tivesse aceitado o convite do Sporting (para além de ser profissional, acresce que é o seu clube, até por motivos de ordem familiar, pelo que, inclusivamente pela forma como fora dispensado do Benfica, se afigurou uma oportunidade irrecusável), pelo que não vi qualquer problema nisso. Apenas entendo que era desnecessário ter destratado o Benfica, e, principalmente, Rui Vitória, que procurou “apoucar” de forma inaceitável (sem esquecer a infeliz atitude face a Shéu, ainda no Benfica). Acabaria, aliás, em 2015-16, por ser vítima da sua própria “basófia”.
O que não lhe reconheço é a competência extrema que outros parecem ver, como se se tratasse da “última bolacha do pacote”.
Até 2010, ao longo de 20 anos de carreira como treinador – na maior parte do tempo, é verdade, em clubes sem grandes aspirações: Amora; Felgueiras; U. Madeira; E. Amadora; V. Setúbal; V. Guimarães (14.º lugar em 2003-04); Moreirense; U. Leiria; Belenenses (5.º e 8.º lugar em 2007 e 2008); e Sp. Braga (5.º em 2008-09, atrás do Nacional, de Manuel Machado) – nunca registou qualquer desempenho que se possa considerar efectivamente notável.
Nos 9 anos de Benfica e Sporting ganhou (apenas) três vezes o campeonato, pecúlio manifestamente escasso para os investimentos realizados. De facto, nunca se lhe conheceu perspectiva realista de poder vir a ser candidato a assumir um clube de nível europeu (nunca mais que, em Espanha, uma equipa de tipo Valencia).
Por fim, o investimento que se está a fazer na sua contratação parece-me absolutamente desmesurado, dificil de rentabilizar, e, no limite, se as coisas correrem mal – e receio exista uma probabilidade não negligenciável de tal vir a ocorrer -, poderá revelar-se mesmo ruinoso.
Com eleições previstas para daqui a três meses, trata-se de uma jogada de alto risco, que, mais do que procurar defender o interesse do Benfica, visa, fundamentalmente, perpetuar a sua liderança. E, na hipóstese improvável de mudança de presidência do clube e da SAD, deixando os eventuais futuros responsáveis reféns de uma escolha – de médio prazo – que não foi sua.
Tudo isto dito – ficando claro que Jorge Jesus (que, obviamente, dispõe de qualidades) nunca seria o “meu” treinador (e não faltariam perfis que poderiam proporcionar um projecto futuro de desenvovimento mais sustentado, de que, a título exemplificativo, no imediato sem possibilidade de prova contra-factual, deixo os nomes de Luís Castro, Paulo Fonseca, Abel Ferreira e, porque não, João Henriques) – só desejo é que venha a alcançar no Benfica êxito a uma escala como nunca antes teve…
Liga Europa – Sorteio dos 1/4 de final e das 1/2 finais
Realizou-se também hoje o sorteio dos 1/4 de final e das 1/2 finais da Liga Europa:
1/4 de final
11.08.2020 – Wolfsburg/Shakhtar Donetsk – Eintracht Frankfurt/Basel (Gelsenkirchen)
10.08.2020 – LASK/Manchester United – Istanbul Başakşehir/København (Köln)
10.08.2020 – Inter/Getafe – Rangers/Bayer Leverkusen (Düsseldorf)
11.08.2020 – Olympiakos/Wolverhampton – Sevilla/Roma (Duisburg)
1/2 finais
16.08.2020 – Olympiakos/Wolverhampton ou Sevilla/Roma – LASK/Manchester United ou Istanbul Başakşehir/København (Köln)
17.08.2020 – Inter/Getafe ou Rangers/Bayer Leverkusen – Wolfsburg/Shakhtar Donetsk – Eintracht Frankfurt/Basel (Düsseldorf)
Liga dos Campeões – Sorteio dos 1/4 de final e das 1/2 finais
Realizou-se hoje o sorteio dos 1/4 de final e das 1/2 finais da Liga dos Campeões:
1/4 de final
12.08.2020 – Atalanta – Paris St.-Germain (Estádio da Luz)
13.08.2020 – RB Leipzig – At. Madrid (Estádio José Alvalade)
14.08.2020 – Napoli/Barcelona – Chelsea/Bayern (Estádio da Luz)
15.08.2020 – Real Madrid/Manchester City – Lyon/Juventus (Estádio José Alvalade)
1/2 finais
18.08.2020 – RB Leipzig/At. Madrid – Atalanta/Paris St.-Germain (Estádio da Luz)
19.08.2020 – Real Madrid/Manchester City ou Lyon/Juventus – Napoli/Barcelona ou Chelsea/Bayern (Estádio José Alvalade)
Bruno Lage
Confesso que me sinto como se ainda estivesse em negação, incrédulo e sem conseguir compreender o que se passou desde Fevereiro.
Bruno Lage estreou-se no comando técnico do Benfica a 6 de Janeiro de 2019, no Estádio da Luz, recebendo o Rio Ave, em jogo da 16.ª jornada do campeonato.
Vindo de uma traumatizante derrota em Portimão – a qual sentenciou a carreira de Rui Vitória no clube -, por via de dois auto-golos (e que colocava então a equipa no 4.º lugar, a sete pontos do líder, FC Porto), aos vinte minutos de jogo, o Benfica, jogando em casa, via-se em desvantagem por 0-2… Era difícil começar pior. Mas o grupo uniu-se, revoltou-se e operou uma notável reviravolta, acabando por vencer por 4-2.
Até final da temporada de 2018-19, Bruno Lage acumularia um absolutamente incrível registo de 18 vitórias em 19 jornadas, tendo cedido um único empate, ante a B. SAD… depois de ter chegado a dispor de vantagem de 2-0.
Aos 4-2 frente ao Rio Ave, somaram-se outras doze (!) impressivas goleadas: 5-1 ao Boavista; 4-2 em Alvalade, frente ao Sporting; 3-0 nas Aves; 4-0 ao Chaves; 4-0 em Moreira de Cónegos; 4-1 em Santa Maria da Feira; 4-2 ao V. Setúbal; 6-0 ao Marítimo; 4-1 em Braga; 5-1 ao Portimonense (também numa épica reviravolta, com todos os cinco golos apontados na derradeira meia hora); 4-1 ao Santa Clara; para além do fantástico 10-0 ao Nacional (retenho especialmente a humildade de Bruno Lage nesse dia, quase como que a “pedir desculpa”).
Numa caminhada que ninguém podia antecipar, o Benfica triunfaria em Guimarães, Alvalade, “Dragão”, Moreira de Cónegos, Braga e Vila do Conde, derrotando sucessivamente – em terreno alheio – todos os clubes classificados do 2.º ao 7.º lugares no final do campeonato!
Como consequência, o Benfica – com um sensacional registo de 103 golos marcados em 34 jogos – recuperou o significativo atraso com que partia, chegando, de forma brilhante, ao título.
A senda triunfal prosseguiu, na época de 2019-20, com um percurso quase a “papel químico”: nas primeiras 19 rondas, outra vez 18 vitórias, e um único desaire, em casa, com o FC Porto.
Isto é, sob a direcção de Bruno Lage, foi alcançado um impressionante ciclo de 18 vitórias consecutivas fora de casa, a que se somaram outros 18 triunfos (em 20 jogos) no Estádio da Luz, numa fenomenal série – a melhor de sempre da centenária história do Benfica – de 36 vitórias, 1 empate e 1 derrota, nos seus primeiros 38 jogos, com 119 golos marcados e 24 golos sofridos.
Subitamente, desde a 20.ª jornada, em dez jogos, apenas duas vitórias, quatro empates e quatro derrotas, invertendo-se os papéis: de sete pontos de avanço, na liderança, para seis pontos de atraso, em relação ao FC Porto.
O que se terá passado?
É verdade que Bruno Lage deixara entrever, no seu percurso triunfal, algumas fragilidades: se na primeira derrota, com o FC Porto, para a Taça da Liga, o resultado pareceu ser fortuito e injusto, perante a exibição efectuada, a eliminação nas meias-finais da Taça, em Alvalade, e, sobretudo, a oscilante campanha europeia não deixaram de suscitar alguma inquietude. Mas que, até certo ponto, tinha justificação na deliberada aposta na reconquista do título de Campeão.
Já esta época, no jogo com o FC Porto, na Luz – logo na 3.ª jornada -, o Benfica denotara absoluta incapacidade para conseguir contrariar a forma como o adversário se dispôs em campo. O desempenho a nível europeu voltou a ser titubeante; a participação na Taça da Liga, com três empates em outros tantos jogos, foi obviamente medíocre.
Mas a “roda” começou, claramente, a “desandar”, a partir do início de 2020: vitórias muito sofridas, em casa, ante o D. Aves, a B. SAD e, para a Taça, com o Famalicão, evidenciavam que algo não estava bem. A derrota no Porto seria o ponto culminante, do qual a equipa não conseguiria, nunca mais, recuperar.
As conferências de imprensa que eram um bálsamo (Bruno Lage nunca deixava de, pedagogicamente, de forma entusiasmada e completamente aberta, explicar as opções tomadas e dissecar as incidências de cada jogo) começaram gradualmente – à medida que os resultados negativos se iam tornando recorrentes – a banalizar-se, como se o discurso se tivesse de alguma forma esgotado, passando a socorrer-se de chavões e generalidades, “jogando mais à defesa”.
A contagiante alegria que transmitia, assim como alguma inocência e a genuinidade que transparecia foram-se esvaindo. Jogo após jogo, Bruno Lage parecia carregar um fardo cada vez mais pesado, aparentando crescente impotência para dar a volta à situação, pese embora, teimosamente, nunca tivesse deixado de acreditar, até ao fim (mesmo após a derrota na Madeira?).
O empate em Famalicão, que proporcionou o apuramento para a final da Taça, e as igualdades com Moreirense e V. Setúbal – ainda antes da interrupção do campeonato – eram sinais inequívocos. Depois de três meses de paragem, a retoma revelou-se penosa: outros dois empates, com Tondela e Portimonense, antes dos fatais desaires com o Santa Clara e Marítimo, função de erros defensivos primários (a par de uma quase total eficácia dos adversários).
Lamentável foi a forma como – ainda no cargo – a Direcção do Benfica logo começou, de forma atabalhoada, em notório desespero, a busca do seu sucessor, fragilizando ainda mais a sua posição, de incómodo extremo no que viria a ser o seu último desafio, na Madeira, em que, uma vez mais, faltou uma “pontinha” de felicidade, para evitar o descalabro.
Por tudo o que deu ao Benfica, Bruno Lage – um de nós, que tanto gostava de, no centro do relvado, fitar os adeptos nas bancadas – não merecia, nem a infeliz sucessão de resultados, que acabariam por ditar a sua saída, nem, sobretudo, a forma como foi “destratado” pela “estrutura” do clube.
Recupero as palavras de Vasco Mendonça, no “Expresso“:
Lembro-me que, depois de confirmado o 37, tinha elaborado mentalmente uma série de agradecimentos que partilharia se por acaso voltasse a cruzar-me contigo. Pelo título, claro, mas também pela cultura desportiva e pelos momentos dentro do 37: a reviravolta no primeiro jogo, a vitória no Dragão, o 10-0, outra reviravolta contra o Portimonense, uma das celebrações mais viscerais que este estádio da Luz viveu. […]
Há uma frase da qual tão cedo não me vou esquecer. Depois da vitória no Dragão, uma daquelas que dá a um treinador aquele capital que os benfiquistas reservam para os grandes, disseste humildemente que os jogadores fizeram de ti treinador. Tudo aquilo soou estranhamente decente no contexto do futebol português e foi-se prolongando ao ponto de até os adeptos dos rivais reconhecerem essa qualidade, um acontecimento muito raro por cá.
Não sei se os mesmos jogadores que fizeram de ti treinador campeão decidiram fazer de ti, por agora, treinador sem clube. Não sei exactamente em que parte do caminho é que te perdeste, ou se era eu que estava demasiado inebriado pelo milagre da época passada para ver o que estava à nossa frente. Talvez seja um pouco das duas coisas.
Suspeito que um dia saberemos todos melhor o que se passou e porque é que, de forma meio angustiante, te foste tornando parte do problema. Será que aceitaste ser parte do problema? Ou será que parte desse problema te foi imposto? Sinceramente ainda não percebi, mas uma coisa é evidente: acabaste por ser a única parte do problema que esta direcção pareceu interessada em resolver, ou seja, resolvendo pouco ou nada. Tu dirás de forma simples que é a vida de um treinador. E a vida de um adepto do Benfica é pedir a tua cabeça quando se ganha 2 jogos em 13. Faz parte. É um final triste, mas tenho a certeza que foi um dos maiores privilégios da tua vida.
Disseste uma vez, quase sem voz na noite mais feliz da tua passagem pelo clube, que era importante reconhecer a mais valia do adversário no momento das derrotas para que este reconhecesse a nossa mais valia no momento das vitórias. Obrigado pela decência que emprestaste ao cargo na maioria dos momentos. Não serviu para ganhar todos os jogos, mas penso que conquistou o respeito de muitos benfiquistas. Felicidades.