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O pulsar do campeonato – 19.ª jornada
(“O Templário”, 26.02.2015)
Não teve o desfecho desejado o desafio que opunha os então 1.º e 2.º classificados, separados por um ponto, respectivamente as equipas do Coruchense e do União de Tomar, com triunfo tangencial da formação visitada, por 3-2. Foi, não obstante, um confronto que em nada deslustra a muito boa temporada que a turma unionista vem realizando, numa partida em que assenta como uma luva uma expressão clássica do jargão futebolístico: «um jogo com duas partes distintas».
Na primeira metade, com o União de Tomar a jogar a favor do vento, não terá sido contudo este elemento da natureza a ser determinante na configuração do jogo: os tomarenses a assumirem, desde início, a iniciativa, instalando-se de forma quase permanente no meio-campo adversário, enquanto o conjunto do Sorraia se limitava a ficar na expectativa, jogando no erro do opositor, adoptando um estilo de futebol vertical, procurando apostar no contra-ataque, lançando bolas em profundidade, visando explorar a velocidade do irrequieto Joel.
No segundo tempo, o ritmo acelerou bruscamente, com duas grandes penalidades assinaladas logo nos primeiros dez minutos, uma para cada lado; primeiro, a equipa da casa a inaugurar o marcador, para, pouco depois – tendo os nabantinos reagido da melhor forma –, ser Pelé a restabelecer a igualdade. Porém, e pese embora a postura mais ofensiva assumida pelo Coruchense, o grupo unionista acabaria por vir a ser muito penalizado, sofrendo outros dois golos num curto intervalo de apenas cinco minutos, o segundo deles na sequência de uma perda de bola a meio-campo, decorrendo de um infeliz ressalto. Ainda assim, os “rubro-negros” não se entregariam nunca, num esforço inglório, em busca do golo… que acabaria por surgir tarde demais, em cima do minuto 90. Nos cinco minutos de tempo de compensação, o União ainda tentaria chegar ao empate, mas, efectivamente, pouco jogo útil foi possível fazer nesse período.
O Coruchense via assim coroada de êxito a sua estratégia, de esperar pelo erro, que, infelizmente, acabaria mesmo por surgir, em seu favor. Denotando maior experiência, a equipa da casa jogou, desde início, com a vantagem pontual com que entrava em campo, a qual, em função deste resultado, ampliou, agora para quatro pontos (sobre o União de Tomar, que, deste modo, baixou ao 3.º posto) – estando os Empregados do Comércio a três pontos do guia.
Duas notas finais: primeira, a forma personalizada como o União enfrentou o líder, no seu próprio terreno, demonstrando que tem capacidade para vencer em qualquer campo, perante qualquer adversário; depois, a de que esta foi apenas uma das (agora sete) “finais” que resta disputar. E se os tomarenses têm um calendário difícil, em especial com as visitas aos Empregados do Comércio, Fazendense, Torres Novas e Amiense, os coruchenses terão igualmente de se deslocar a Torres Novas, Santarém (para defrontar o agora vice-líder, “Caixeiros”), Amiais de Baixo e Cartaxo. Subsiste portanto ainda muito por jogar…
Nos outros encontros da ronda 19 do Distrital da I Divisão, destaque precisamente para as goleadas impostas pelos Empregados do Comércio (em Rio Maior) e Cartaxo (recebendo o U. Chamusca), ambas pela mesma marca, de 5-1. Menção ainda para o regresso às vitórias do U. Santarém (quebrando um longo “jejum” de oito jornadas), derrotando o Pontével por 2-1.
Por seu lado, o Amiense, com excelente desempenho na segunda volta (apenas superado pelo Coruchense), somou o quinto triunfo nos últimos seis jogos, ganhando na Barrosa por 3-0, agudizando a crise de resultados do Barrosense, já com uma série de seis desaires sucessivos (em todos os jogos já disputados nesta segunda metade do campeonato). O Mação, recebendo e desfeiteando o Torres Novas por 2-0, não só interrompeu um ciclo de quatro vitórias consecutivas dos torrejanos, como terá colocado um ponto final em eventuais aspirações ao título que a formação “verde-e-amarela” pudesse ainda acalentar, dado ter passado a distar nove pontos do líder… que, por coincidência, recebe na próxima jornada.
Uma ronda que tem ainda a reedição de um curioso derby escalabitano, com os Empregados do Comércio a receber o U. Santarém. O União de Tomar será visitado pelo Benavente, enquanto o Fazendense se desloca à Barrosa. Ainda outras duas partidas de interesse, entre equipas que disputam uma posição a meio da tabela, Amiense-Cartaxo; e entre dois grupos em acesa luta pela manutenção, U. Chamusca-Rio Maior. Por fim, ainda o Pontével-Mação.
Na II Divisão Distrital, após a penúltima jornada da primeira fase, quase tudo ficou já definido: garantiram já o apuramento para a fase seguinte, de disputa do título de Campeão e dos três lugares de promoção ao principal escalão, as equipas da U. Abrantina (goleando no Tramagal, por 5-1), Pego (em função da vitória por 3-1 averbada face ao Mindense), Moçarriense (não obstante o inesperado empate caseiro cedido ante o “lanterna vermelha”, Porto Alto, a uma bola), U. Almeirim (ganhando 2-0 no campo do Vale da Pedra) e Glória do Ribatejo (impondo-se, como que numa “final”, no terreno do Samora Correia, por 2-1).
Tendo ganho por 4-1 nas Caxarias, e beneficiando do desaire do Mindense no Pego, o Assentis parte para a derradeira ronda em posição privilegiada, tendo finalmente conseguido arrebatar o 3.º lugar, bastando-lhe ganhar em casa ao Sabacheira… equipa que, a propósito, merece também especial realce ao conseguir alcançar enfim a primeira vitória na prova, e logo por retumbante 7-0, frente ao Rossiense, com decepcionante prestação neste regresso à competição. A Sul, o aliciante vai para o duelo entre os agora co-líderes, U. Almeirim-Moçarriense, em disputa da honrosa posição de vencedor de série.
Por fim, no Campeonato Nacional de Seniores, três desfechos distintos para as equipas do Distrito: vitória do Alcanenense (1-0) sobre o Eléctrico de Ponte de Sôr; um positivo empate (1-1) do Fátima em Torres Vedras; com o At. Ouriense a perder em casa (1-3) ante o U. Leiria.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 26 de Fevereiro de 2015)</p