Archive for Janeiro, 2012
«Troque os Maias, pela Meyer»?
«A cultura renova-se»?
Que disparate é este?
Ninguém pára um bocadinho para pensar que as ideias de um “criativo” podem ser absurdamente despropositadas?
Actualização – Afinal – numa reacção rápida – acabou por prevalecer algum sentido de sensatez: «Fnac retira cartaz após pressão das redes sociais».
Nomeações para os Óscares – 2012
São já conhecidas as nomeações para os Óscares, a atribuir em cerimónia a realizar no próximo dia 26 de Fevereiro.
Como candidatos ao prémio de melhor filme, foram nomeados:
- “O Artista” (The Artist)
- “Os Descendentes” (The Descendants)
- “Extremamente Alto, Incrivelmente Perto” (Extremely Loud & Incredibly Close)
- “As Serviçais” (The Help)
- “A Invenção de Hugo” (Hugo)
- “Meia-Noite em Paris” (Midnight in Paris)
- “Moneyball – Jogada de Risco” (Moneyball)
- “A Árvore da Vida” (The Tree of Life)
- “Cavalo de Guerra” (War Horse)
Os nomeados para melhor realizador são: Michael Hazanavicius (The Artist), Alexander Payne (The Descendents), Martin Scorsese (Hugo), Woody Allen (Midnight in Paris) e Terrence Malick (The Tree of Life).
Para o óscar de melhor actor foram nomeados: Demian Bichir (A Better Life), George Clooney (The Descendants), Jean Dujardin (The Artist), Gary Oldman (“A Toupeira” – Tinker Tailor Soldier Spy) e Brad Pitt (Moneyball).
Em relação às nomeações para melhor actriz, foram seleccionadas: Glenn Close (Albert Nobbs), Viola Davis (The Help), Rooney Mara (“Millennium 1 – Os Homens que Odeiam as Mulheres” – The Girl with the Dragon Tattoo), Meryl Streep (“A Dama de Ferro” – The Iron Lady) e Michelle Williams (“A Minha Semana com Marilyn” – My Week with Marilyn).
Custo horário do trabalho na União Europeia
(Le Monde – Géo & Politique – via Tomar A Dianteira)
Um dos pilares do plano da “Troika” – expresso nomeadamente na desvalorização fiscal, por via da redução da Taxa Social Única (mas que, na interpretação do Governo, pode ter cambiantes diversas, de outra índole, como a famigerada meia-hora adicional de trabalho diário, ou a redução de dias de férias e de feriados) – pretende proporcionar um acréscimo da competitividade das exportações portuguesas, aproximando o custo horário do trabalho em Portugal ao dos países do Leste da Europa…
Como será fácil de perceber, não é com “meias-horas”, ou meia dúzia de dias de trabalho suplementar por ano, que tal desiderato será passível de ser alcançado.
Pese embora as loas ao acordo de concertação social, parece evidente que o acréscimo de competitividade não é alcançável – em particular, na extensão necessária – por esta via, da desvalorização salarial.
P. S. Bem a propósito: «Quebrar os monopólios em Portugal daria mais ao PIB já do que mexer na lei laboral».
Antiga ortografia
«Fulano escreve “de acordo com a antiga ortografia”, diz o aviso que acompanha estas crónicas. Eu agradeço que o “Expresso” me permita a objecção de consciência face ao chamado Acordo Ortográfico, e percebo que indique quem segue ou não as novas regras, para evitar confusões; mas suspeito que esta fórmula foi inventada por alguém que pretende colar aos dissidentes o vocábulo “antiga”, como se nós escrevêssemos em galaico-português. Como se a língua que a maioria dos portugueses ainda usa se tornasse por simples decreto “antiga”: antiquada, decrépita, morta.Eu não sou pela “antiga ortografia” por caturrice. Estou contra o “acordo” porque me parece uma decisão meramente política e económica, sem verdadeiro fundamento cultural. Os legisladores impuseram aos falantes uma “ortografia unificada”, que, dizem, garante a “expansão da língua” e o seu “prestígio internacional”. Mas a expansão da língua passa por uma política da língua, que Portugal, por exemplo, não tem tido, ocupados que estamos em fechar leitorados no estrangeiro, em aplicar uma abominável terminologia linguística nas escolas, em publicar um lamentável Dicionário da Academia, em expulsar Camilo dos currículos enquanto o substituímos por diálogos das novelas. Quanto ao prestígio internacional, lamento informar que foi o sucesso económico, e não a “língua de Camões”, que transformou o Brasil numa potência.
Não é este “acordo” que vai trazer expansão e prestígio ao português. Contenta uns “acadêmicos espertos e parlamentares obtusos”, como escreveu um colunista brasileiro, e alguns editores, que têm bom dinheiro a ganhar com esta negociata. Mas é difícil imaginar que alguém acredite que vem aí uma “unificação da língua” só porque se legislou uma “unificação da grafia”. Um brasileiro continuará a falar uma língua muitíssimo diferente do português de Portugal, diferente em termos de léxico, de sintaxe, de fonética. Um português, com um exemplar do Acordo debaixo do braço, bem pode perorar em Iraguaçu, que alguém lhe continuará a perguntar “oi?”, pois não percebeu metade. E isso não tem problema algum, a “lusofonia” não vale pela unidade mas pela diversidade, pelo facto de haver um português europeu, africano, americano e asiático. E ninguém é dono da língua: nem os brasileiros por serem mais, nem os portugueses por andarem cá há mais tempo, muito menos uns académicos pascácios que dicionarizaram “bué” e “guterrismo”.
É significativo que o próprio “acordo” reconheça o fracasso do projecto de “unificação a língua”. Dadas as flagrantes diferenças entre o português e o brasileiro, os sábios são obrigados a admitir a existência de duplas grafias, uma cá, outra lá [África, para estes iluministas, é paisagem]. Pior ainda, introduzem uma “grafia facultativa” que estabelece como termos lícitos tanto “electrónica” como “eletrónica”, “electrônica” ou “eletrónica”. O linguista António Emiliano deu-se ao trabalho de enumerar em livro os erros, contradições, imprecisões e dislates desta lei iníqua. Leiam-no. E não digam que ninguém avisou.
A minha recusa deste “acordo” não é casuísta nem temperamental. Não se trata apenas de não gostar de ver os espectadores transformados em bandarilheiros “espetadores”; de não perceber como é que os habitantes do “Egito” não são “egícios”; de ficar estupefacto com o “cor-de-rosa” com hífen e o “cor de laranja” sem hífen; de prever os imparáveis espalhanços de um “pára” do verbo “parar” que perde o acento e talvez o assento. É isso mas é mais que isso: eu discordo veementemente do critério fundamental do “acordo”: a primazia da fonética sobre a ortografia.
É verdade que todos falamos antes de sabermos ler e escrever, mas quando aprendemos essas competências sofisticadas interiorizamos uma língua diferente da falada, que nalguns casos nem tem exacta correspondência fonética mas que se liga a uma memória histórica e cultural. Quando aprendemos a ler, fixamos a forma gráfica das palavras, uma forma que memorizamos e que nos acompanha a vida toda, de modo que nunca mais lemos letra a letra, mas reconhecemos de imediato uma grafia aprendida há muito, “antiga”, sim, muito antiga. A ortografia não é uma transcrição fonética, nem podia ser, dadas as variantes do português falado. Ou nas pronúncias regionais. Como escreveu Emiliano, não vamos criar uma “ortografia do Alto Minho” só porque a pronúncia de Caminha é diferente da pronúncia de Cascais. Ou de Curitiba.
E não me digam que são pouquíssimas as palavras alteradas: procure quantas vezes neste jornal aparece ação, ator, atual, coleção, coletivo, diretor, fato, letivo, ótimo, e repare que são algumas das mais usadas. É por isso que o cavalo de Tróia das “consoantes mudas” deve ser denunciado. Em primeiro lugar porque não são mudas coisíssima nenhuma: abrem as vogais precedentes, e numa língua danada por fechar vogais. Depois, porque não são inúteis, ajudam a distinguir termos homógrafos e indicam a etimologia de palavras afins. Fazem sentido, ao contrário do “acordo”.
Dizem os acordistas que a nova ortografia “simplifica” e “facilita a aprendizagem”. Toda a gente sabe o que significa “facilitar a aprendizagem”, e os resultados que isso deu no ensino. E se a intenção é “simplificar”, que tal escrevermos todos em linguagem de telemóvel? Por mim, continuarei antigo.»
(Pedro Mexia – Expresso – Revista Atual, 07.01.2012 – via ILC contra o Acordo Ortográfico)
“Apagão” pela Internet livre e aberta
O dia do “apagão” em prol da Internet “livre e aberta” (ver artigo no Público).
- A propósito do Stop Online Piracy Act (SOPA); e do
- Preventing Real Online Threats to Economic Creativity and Theft of Intellectual Property Act (PROTECTIP)
Standard & Poor’s põe em cheque estratégia europeia
(Le Monde)
Os leitores interrogar-se-ão por que razão a S&P faz esta “incursão” quase geral nas notações das dívidas da zona euro, deixando de fora apenas a Alemanha (que mantém o triplo A e passa a ter uma perspetiva “estável”). A agência aponta duas razões fundamentais, que são políticas. A primeira: o acordo conseguido na cimeira europeia de 9 de dezembro “não produziu um avanço com dimensão e âmbito”. A segunda: o processo de reforma “baseado unicamente no pilar da austeridade orçamental arrisca-se a tornar-se auto-liquidacionista“. E com essa dinâmica pode disparar, entre outros efeitos, a “fadiga das reformas”, diz a agência.
(Expresso)
Ainda a propósito do “fim da blogosfera”
A ler os artigos publicados por Paulo Querido no Certamente!:
União de Tomar – Fotos históricas dos anos 60
Graças à gentileza de Helder Soares, que me fez chegar um conjunto de fotos disponibilizadas por Bastos Nunes, guarda-redes do União de Tomar, Campeão Nacional da III Divisão, na época de 1964-65, tenho vindo a apresentar, no blogue que mantenho, dedicado ao U. Tomar, algumas fotos históricas, da década de 60 do século passado.
Aqui fica o convite a uma visita…
Um mimo
As nomeações para a EDP são um mimo. Catroga, Cardona, Teixeira Pinto, Rocha Vieira, Braga de Macedo… isto não é uma lista de órgãos societários, é a lista de agradecimentos de Passos Coelho. O impudor é tão óbvio nas nomeações políticas que nem se repara que até o antigo patrão de Passos, Ilídio Pinho, foi contratado.
[…]
As nomeações da EDP, como antes as da Caixa, são um mau sinal dentro da EDP e da Caixa, e são um mau sinal do País. Já não é descaramento, é descarrilamento. A indignação durará uns dias, depois passa, cai o pano sobre a nódoa. A nódoa fica.