BLOGOSFERA EM 2006 (XVI)
11 Dezembro, 2006 at 8:58 am Deixe um comentário
Fernanda Câncio começou por explicar, a título de curiosidade, porque escrevia os seus textos no blogue em minúsculas (por uma questão prática, de rapidez, e por que não gosta do “uso abusivo” de maiúsculas).
Defendeu também que, não obstante o imediatismo e a instantaneidade da publicação, sem o período reflexivo que caracteriza outras formas de escrita, tal não significa necessariamente que a escrita não seja “pensada” (mesmo quando falamos, temos a capacidade de pensar e continuar, em paralelo, a articular ideias!…) e, sobretudo, reafirmou também a sua discordância com Eduardo Prado Coelho quanto à alegada falta de qualidade da escrita na blogosfera.
Pelo contrário, Pedro Mexia e Fernanda Câncio concordaram que os blogues possibilitam uma criatividade e tipo de expressão necessariamente ausente dos jornais, em particular a caracterizada pelos “posts” curtos, ou “aforismos”, na expressão de Pedro Mexia. Falar-se-ia também na “construção de uma personalidade própria” – que se pretenderia ver reconhecida como “positiva” – como uma motivação de alguns “bloggers”.
A dado momento, da audiência pareceu surgir a preocupação de os blogues serem a “porta de entrada” dos jovens para a leitura, o que poderia ser entendido como algo eventualmente nefasto; nesse momento, o debate chegou mesmo a perder “um pouco o pé”, quando se começou a amalgamar blogues, com a Internet em geral e… até com referência aos “videogames”. Fernanda Câncio esclareceria que não antevia haver efeitos prejudiciais (antes pelo contrário) decorrentes da leitura de blogues, como actividade complementar a qualquer outro tipo de leituras.
Sobre a possibilidade de publicação em livro, Fernanda Câncio afasta-a; o estilo de escrita adoptado é diverso da escrita literária, para além da dificuldade que decorre do facto de, muitas vezes, os textos se encontrarem “datados”, por se tratar da referida escrita “reactiva” ao que foi escrito por outros, ou relativamente a acontecimentos da actualidade.
Noutra intervenção da assistência, foi sublinhado o papel inovador dos blogues como uma forma inédita de expressão escrita, com a plataforma técnica a proporcionar o intercâmbio quase instantâneo de ideias. E de como alguns autores portugueses poderiam ter beneficiado das potencialidades da ferramenta, citando-se, por exemplo, Vergílio Ferreira.
Este debate foi também notícia aqui.
O final do mês de Junho marca também o início da “debandada” da plataforma do weblog.com.pt, com a mudança do Adufe para uma nova plataforma (Adufe 3.0, no “Blogsome“).
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