Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! Pim!
Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um Dantas ao leme é uma canoa em seco!
O Dantas é um cigano!
O Dantas é meio cigano!
O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!
O Dantas pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!
O Dantas é um habilidoso!
O Dantas veste-se mal!
O Dantas usa ceroulas de malha!
O Dantas especula e inocula os concubinos!
O Dantas é Dantas!
O Dantas é Júlio!
Morra o Dantas, morra! Pim!
O Dantas fez uma soror Mariana que tanto o podia ser como a soror Inês ou a Inês de Castro, ou a Leonor Teles, ou o Mestre d’Avis, ou a Dona Constança, ou a Nau Catrineta, ou a Maria Rapaz!
E o Dantas teve claque! E o Dantas teve palmas! E o Dantas agradeceu!
Regressado a Portugal, iniciou uma colaboração com António Ferro, que o convidou para desenhar para a “Ilustração Portuguesa”; em 1923, desenharia a capa do livro de Ferro (“A Arte de Bem Morrer”).
Continuaria a escrever peças (“Pierrot e Arlequim”, 1924), romances (“Nome de Guerra”, em 1925) e ensaios (“Questão dos Painéis”, 1926).
Partiria depois para Espanha, onde viveu de 1927 a 1932, casando em 1934 com a pintora Sarah Afonso.
Começou depois a trabalhar para o Estado, com um selo comemorativo da 1ª Exposição Colonial, um cartaz para o álbum “Portugal 1934”. Desenvolve também os estudos para os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa, concluídos em 1938.
Em 1942, depois da exposição “Almada – Trinta Anos de Desenho”, ganha o “Prémio Columbano”. Nos anos de 1943 a 1948, ocupou-se com os frescos das Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos, ganhando, em 1946, o Prémio Domingos Sequeira.
Em 1951, realizou também os vitrais da Igreja do Santo Condestável em Lisboa e os da Capela de S. Gabriel, em Vendas Novas. Em 1954, pinta o “Retrato de Fernando Pessoa”.
No final da década de 50, participaria na decoração de obras de arquitectura, nomeadamente painéis para o Edifício das Águas livres, decoração das fachadas dos edifícios da Cidade Universitária.
Realizaria os seus últimos trabalhos em 1969, com o painel “Começar”, do átrio da Fundação Calouste Gulbenkian. Almada Negreiros deixou-nos a 15 de Junho de 1970 (tal como Fernando Pessoa, no Hospital de São Luís dos Franceses).
José Sobral de Almada Negreiros nasceu em S. Tomé e Príncipe em 7 de Abril de 1893, filho do administrador do concelho de S. Tomé.
Estudou no Colégio dos Jesuítas de Campolide e, posteriormente (em 1910), no Liceu de Coimbra, tendo, a partir de 1811, frequentado a Escola Internacional de Lisboa.
Em 1913, apresentou a sua primeira exposição individual, mostrando cerca de 90 desenhos. Nesta mesma época, conheceu Fernando Pessoa.
Colaborava já então como ilustrador de diversas publicações; em 1914, seria director artístico do semanário monárquico “Papagaio Real”.
Em 1915, escreveu a novela “A Engomadeira”, que publicaria em 1917, numa aproximação ao surrealismo. Colabora também na Revista “Orpheu”, realizando ainda, no mesmo ano, o bailado “O Sonho da Rosa”. Também em 1915, escreveria, a propósito da peça de Júlio Dantas (“Soror Mariana”) o “Manifesto Anti-Dantas”, uma crítica dirigida contra o escritor então dominante na literatura “conservadora” em Portugal, em relação ao qual Almada aplica a sua violenta ironia.
De seguida, publicaria o Manifesto da exposição de Amadeo de Souza Cardoso, denominado “Primeira Descoberta de Portugal na Europa no Século XX”, assim como a novela “K4 O Quadrado Azul”.
Em 1919, com o termo da I Guerra Mundial, partiu para Paris, onde publicou, em 1922, “Histoire du Portugal par coeur”.
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