Posts filed under ‘Livro do mês’

“A FILHA DO CAPITÃO" (II)

José Rodrigues dos Santos, por todos reconhecido como excelente profissional da comunicação, mas cuja figura associamos mais imediatamente à vertente da informação, “surpreende-nos” – depois das excelentes crónicas de guerra “Da Crimeia a Dachau” e “De Saigão a Bagdade” – com a fluência da sua escrita romanesca, a que empresta a vivacidade e autenticidade que lhe conhecemos dos écrans.

“A Filha do Capitão” apresenta-se como uma obra de grande “fôlego”, nas suas 634 páginas, as quais, não obstante, parecem beneficiar de uma espécie de alquimia, que inevitavelmente prende o leitor, fazendo com que, uma vez iniciada a leitura, seja “impossível” parar antes de atingir o epílogo, num final comovente que não pode deixar ninguém indiferente.

Que me perdoe o autor a leitura que faço deste romance: a bela história de amor de Afonso e Agnès acaba por transformar-se no pretexto para mais uma admirável crónica de guerra, prestando tributo directo aos seus antepassados e, por via deles, homenageando todos os portugueses que se viram envolvidos na I Guerra Mundial.

Destaque-se o grande mérito de arriscar num género difícil, pouco explorado em Portugal, que extravasa a imagem que temos do jornalista, e também num contexto em que parece inevitável o estabelecer de comparações com Miguel Sousa Tavares e o seu “Equador”.

[1864]

22 Novembro, 2004 at 12:34 pm 1 comentário

“A FILHA DO CAPITÃO" (I)

“Quem sabe se a vida do capitão Afonso Brandão teria sido totalmente diferente se, naquela noite fria e húmida de 1917, não se tivesse apaixonado por uma bela francesa de olhos verdes e palavras meigas. O oficial do exército português encontrava-se nas trincheiras da Flandres, em plena carnificina da primeira guerra mundial, quando viu o seu amor testado pela mais dura das provas.

Em segredo, o Alto Comando alemão preparava um ataque decisivo, uma ofensiva tão devastadora que lhe permitiria vencer a guerra num só golpe, e tencionava quebrar a linha de defesa dos aliados num pequeno sector do vale do Lys. O sítio onde estavam os portugueses.

Tendo como pano de fundo o cenário trágico da participação de Portugal na Grande Guerra, A Filha do Capitão traz-nos a comovente história de uma paixão impossível e, num ritmo vivo e empolgante, assinala o regresso do grande romance às letras portuguesas.”

É assim que nos é apresentada a mais recente obra de José Rodrigues dos Santos, o seu segundo romance, depois de quatro ensaios (três deles tendo por temática a guerra) e de “A Ilha das Trevas”.

Ainda hoje, e durante a semana, terei a oportunidade de voltar a tratar este tema, com mais algum detalhe.

Há 1 ano no Memória Virtual – JFK

[1862]

22 Novembro, 2004 at 8:11 am

"A NOITE DO ORÁCULO" (IV)

Regressando à história “principal”, a do escritor Sidney Orr, recentemente recuperado de uma grave doença, e da sua esposa Grace, o autor conduz-nos aos meandros da respectiva relação, perturbada pelo tradicional triângulo amoroso.

Durante os nove dias em que procurou escrever – no caderno português – algo que pudesse dar forma a um novo livro, Orr descobre que Grace está grávida, o que seria uma magnífica notícia… não fora o caso de a própria mãe não saber exactamente quem é o pai, o que a leva a colocar a hipótese do aborto.

Até que, ao nono dia – pouco depois de Orr rasgar as folhas do bloco de notas português e o deitar a um contentor de lixo -, o seu melhor amigo acaba por sucumbir e, paralelamente, o filho deste espancava Grace, destruindo a semente que germinava no seu ventre.

Um final de alguma forma inesperado, numa espécie de fuga ao “beco sem saída” em que findara a história que Orr desesperadamente tentara escrever no bloco de notas azul.

Há 1 ano no Memória Virtual – Grupos de pertença

[1857]

19 Novembro, 2004 at 8:15 am

"A NOITE DO ORÁCULO" (III)

O quarto do taxista recém reformado, com as suas várias dezenas de livros, entre os quais oito ou dez dicionários, e uma enciclopédia em vinte volumes não deixa sequer antever o arquivo privado, o “museu” que – mais de três metros abaixo da superfície – se esconde sob a pomposa designação de “Departamento de Preservação Histórica”, num amplo armazém de quinze por nove metros, com vinte e quatro filas duplas de enormes estantes de metal.

E a surpresa da descoberta de uma espécie de “biblioteca secreta”, composta por milhares de “volumes”, caracterizados por uma extrema peculariedade, o facto de não se tratar propriamente de livros… e de consubstanciar uma incrível colecção – construída ao longo de cerca de quatro décadas – com uma curiosa organização geográfica e cronológica.

Uma louca colecção que preserva o mundo, ou pelo menos parte dele: “os nomes dos vivos e dos mortos”…

Infelizmente, a narrativa paralela que Sidney Orr vai desenvolvendo no bloco de notas português acaba por ser bloqueada num “beco sem saída”, quando Nick – fascinado por um volume da estranha colecção, datado de 1938, e com origem na Polónia – esquecendo-se das chaves, e fechando a porta atrás de si, inadvertidamente para sempre se encerra num quarto, construído para funcionar como abrigo anti-nuclear!…

Há 1 ano no Memória Virtual – Portugal na Fase Final do Europeu Esperanças

P. S. João Pereira Coutinho oferece-nos na sua página um “best of” do primeiro ano. Vale bem a pena passar por lá!

[1854]

18 Novembro, 2004 at 8:12 am

"A NOITE DO ORÁCULO" (II)

A trama inicia-se com a descoberta pelo protagonista, o escritor Sidney Orr, de uma papelaria de Brooklin, onde encontra um misterioso bloco de notas azul de fabrico português.

Este caderno constitui o ponto de partida para a escrita de uma história paralela («Tudo o que precisas é de encontrar uma história adequada a esse ponto de partida»), que nos conduz a Nick Bowen, personificando a parábola do homem que – num momento de corte, proporcionado pela extrema proximidade da morte – abandona a vida que leva e desaparece, em busca de uma “nova vida”, partindo do zero.

É a exploração de uma ideia associada à “efemeridade” da vida convencional, quando Nick, saído de casa por cinco minutos para colocar umas cartas no marco do correio, se dá subitamente conta que, ao escapar ileso de um acidente, a sua “velha vida acabou”, sendo-lhe conferida uma “nova vida”; apanha um táxi para o aeroporto e compra um bilhete só de ida para o primeiro voo, sem se preocupar com o destino.

Que o transporta até Kansas City, onde é o último cliente da carreira profissional de 34 anos de um curioso taxista, com um estranho hobby a que dedicou grande parte da sua vida, o “Departamento de Preservação Histórica”, a quem Nick, repentinamente descobrindo que a mulher – após tomar consciência do seu misterioso desaparecimento – lhe cancelara os cartões bancários, tem de recorrer como “empregador”.

Há 1 ano no Memória Virtual – Novos membros da União Europeia – Hungria (I)

[1851]

17 Novembro, 2004 at 8:10 am

"A NOITE DO ORÁCULO" (I)

Em “A Noite do Oráculo”, Paul Auster prossegue a sua incessante busca do “eu”, por via do “outro”.

Com uma abordagem recorrente, Auster projecta-se na personagem principal do livro (um escritor) e vai-nos contando histórias dentro de histórias, dentro de histórias!

Introduzindo uma “novidade” (pelo menos com a dimensão que assume nesta obra), as extensas notas de rodapé, completando informação sobre circunstâncias passadas, dando-nos um enquadramento como que num flashback.

O “misticismo” associado ao estranho caderno azul português transporta-nos ao longo de uma história intrigante, complementada pela história do livro que o protagonista tenta escrever, até chegar a um “beco sem saída”.

A narrativa é densa, cruzando diferentes planos, mas consegue, não obstante, “agarrar” o leitor da primeira à última página.

P. S. No dia do primeiro aniversário do “Estádio do Dragão”, os meus sinceros parabéns aos portistas, pelo magnífico estádio.

Há 1 ano no Memória Virtual – Estádio do “Dragão”

[1849]

16 Novembro, 2004 at 8:54 am

"O CÓDIGO DA VINCI" (V)

Terminando estas notas com um elemento fulcral do argumento: o “Concílio de Niceia”…

Foi nesta “reunião magna” – realizada em Niceia (actual Iznik, na Turquia) no ano 325, por convocação do Imperador Constantino, reunindo cerca de 300 bispos – que terão sido decididos quais os evangelhos a incluir no Novo Testamento (facto não comprovado historicamente – apesar da ligação que o livro pretende fazer aos “Manuscritos Coptas”, como fazendo parte desses “Evangelhos Perdidos”), tendo sido igualmente deliberado sobre o carácter divino (e, portanto, não mortal) de Jesus Cristo, a par do “Credo Niceno”, da formulação da doutrina da Santíssima Trindade de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo.

Destas deliberações da Igreja (tomadas mais de 3 séculos depois da morte e ressurreição de Jesus Cristo), decorreria que Cristo, não sendo “um mortal terreno”, não poderia casar, tese que é posta em crise na presente obra.

A concluir: “O Código Da Vinci”, é, necessariamente, uma obra de “leitura obrigatória”!

Sem perder de vista que se trata de uma obra de ficção, que se auto-define como “romance”, devendo constituir portanto pretexto para ler, reflectir… e pesquisar!

…Sem verdades absolutas!

Há 1 ano no Memória Virtual – Retenção vs. Promoção automática

[1783]

15 Outubro, 2004 at 8:20 am

"O CÓDIGO DA VINCI" (IV)

…Uma ideia de base que “não agrada” à Igreja: a da ocultação, ao longo de dois milénios (!), de um “terrível segredo”, da relação de Jesus com Maria Madalena, numa mistura do “sagrado com o profano”.

A ênfase colocada na questão do género, com prevalência do feminino, com a representação alegórica da fertilidade por via do cálice, também com as curiosidades de uma visão sob um diferente prisma de “A Última Ceia”, de Leonardo da Vinci: a “descoberta” de que cada um dos “convidados para a última ceia” tinha o seu próprio copo, não constando portanto qualquer cálice ou a lendária taça do Graal e, sobretudo, a observação das características femininas da figura retratada à direita de Jesus Cristo.

As “curiosidades matemáticas” da sequência de Fibonacci (com um papel decisivo na decifração das mensagens codificadas de Jacques Saunière) – sequência em que cada número resulta da soma dos dois números que o precedem -, da qual decorre também a “Proporção dourada”, exemplarmente retratada por Leonardo da Vinci em “O Homem de Vitrúvio”.

A “Proporção Dourada” ou “Proporção Divina” (correspondendo aproximadamente ao quociente entre dois números consecutivos da sequência Fibonacci: 5/3; 8/5; 13/8; 21/13; 34/21; …) é na verdade um número irracional, equivalente a 1,618033989, sendo observada em múltiplos fenómenos da natureza, em que o comprimento é de cerca de 1,618 vezes a largura: por exemplo, em várias partes da figura humana; nas dimensões de “câmaras sagradas” nas Pirâmides do Egipto; em écrans de televisão; postais; cartões de crédito; fotografias, … (dando forma ao “Rectângulo Dourado”, em que os lados respeitam aquela proporção “magica”).

Há 1 ano no Memória Virtual – Memória Virtual

[1779]

14 Outubro, 2004 at 8:25 am 2 comentários

"O CÓDIGO DA VINCI" (III)

…Ou de um polícia francês (aqui e ali, a fazer lembrar o Inspector Javert, de “Os Miseráveis”), falando inglês com indisfarçável sotaque, “ingenuamente” procurando obter junto da embaixada americana em Paris, uma informação “confidencial”, alegando não se recordar do código secreto de 3 dígitos, já posto de lado há dois anos…

E, de alguma forma, uma “ponta solta” no que respeita ao interesse do Presidente da filial francesa do Banco Depositário de Zurique no conteúdo do cofre que se encontrava à sua guarda.

Mas, para além dos pequenos detalhes, uma obra admirável, um verdadeiro fenómeno sociológico, ultrapassando já os 10 milhões de livros vendidos.

Com todos os “ingredientes” para concretizar uma verdadeira “receita de sucesso”:

– uma “revolucionária” interpretação da “lenda” do Santo Graal;

– uma não menos polémica teoria sobre o papel de Maria Madalena na fundação da Igreja;

– uma sempre patente “teoria da conspiração” (Opus Dei vs. Maçonaria)…

Há 1 ano no Memória Virtual – 5 000!

[1776]

13 Outubro, 2004 at 8:22 am

"O CÓDIGO DA VINCI" (II)

Beneficiando de uma técnica narrativa de mestre, o autor, Dan Brown, usa (e “abusa”) de um ritmo vertiginoso, num encadeamento de (muito) curtos capítulos, ao género novelístico, “fechando” em cada um deles a sequência proveniente do capítulo prévio e, paralelamente, abrindo “novas frentes” de desenvolvimento da acção, com concretização no(s) capítulo(s) seguinte(s), assegurando sempre a manutenção do “suspense”, por vezes com recurso a uma imaginação quase “delirante”.

Um enredo complexo, mas, paradoxalmente, apresentado com grande simplicidade, numa narrativa cinematográfica, que quase nos permite visualizar cada “cena”… e que, inevitavelmente, teria de vir a dar origem a um filme.

Uma permanente combinação de elementos de carácter “científico” com elementos ficcionais.

Um par de “heróis aventureiros” (à “la Indiana Jones”), ao lado de quem o leitor incondicionalmente se coloca desde o início da história.

Cenas talvez demasiado simplistas (e algo “picarescas”), como a de um corpo de polícia “perseguindo um sabonete num camião TIR”, enquanto que os nossos heróis ficam com campo de acção livre e praticamente ilimitado no Museu do Louvre, que deveria ser, nesse preciso momento, a mais inexpugnável das fortalezas… ou a súbita “perícia” de Langdon em conduzir uma carrinha blindada, pouco depois da “imperícia” de condução de um táxi… ou ainda o episódio no hangar, com a súbita e recombalesca passagem dos ocupantes do jacto privado de Teabing para uma limousine

Há 1 ano no Memória Virtual – Michael Schumacher – Hexa-Campeão do Mundo

[1774]

12 Outubro, 2004 at 8:29 am 1 comentário

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