Archive for Dezembro, 2022
O Pulsar do Campeonato – 14ª Jornada
(“O Templário”, 22.12.2022)
A I Divisão Distrital subsiste muito competitiva, com acesa disputa, não só pelos lugares de topo, como, especialmente, pela permanência, que, nesta altura (prestes a findar a metade inicial da prova), parece poder estender-se ainda a dez dos 16 clubes (com cinco pontos a separar o 7.º do 12.º classificado). Na frente, U. Tomar e Fazendense não vacilaram, afastando-se dos demais.
Destaques – No desafio que concitava maior interesse na 14.ª ronda, Alcanenense e Samora Correia (respectivamente 4.º e 3.º classificados) neutralizaram-se, não tendo conseguido desfazer o nulo no “placard”, atrasando-se, pois, em relação ao dois primeiros, com os samorenses agora já a cinco pontos do U. Tomar, distando a turma de Alcanena seis pontos do guia.
Em evidência continua o Mação, somando mais uma vitória, mesmo que “arrancada a ferros”, no terreno do “lanterna vermelha”, Entroncamento: o grupo da cidade ferroviária marcou primeiro, aos 41 minutos, mas durou muito pouco a sua vantagem, consentindo o tento do empate ainda antes do intervalo. O golo decisivo (1-2) surgiria ao minuto 90+5, na conversão de um “penalty”.
Numa trajectória com algumas similitudes com a dos maçaenses segue o Torres Novas, que registou também importante triunfo, em Fátima, igualmente por 2-1, e, por curiosidade, operando a reviravolta nos derradeiros cinco minutos da partida, com o tento da vitória obtido… aos 90+5.
Beneficiando, em paralelo, da grande surpresa da jornada (derrota caseira do Ferreira do Zêzere), a turma torrejana – após notável recuperação na tabela – chega a esta fase da prova igualada em pontos com o At. Ouriense e o emblema ferreirense, posicionados entre o 7.º e o 9.º lugar.
Realce, por fim, para o resultado obtido pelo Benavente, ganhando por 3-1 ao Cartaxo, voltando a somar os três pontos, depois de um ciclo de quatro jogos sem vencer, tendo mesmo perdido os três anteriores. Em contraponto, é agora o Cartaxo a seguir com três desaires sucessivos.
Este resultado deixa tudo “embrulhado” na cauda da pauta classificativa, com cinco equipas separadas por quatro pontos, entre o 11.º (Salvaterrense) e o 15.º lugar (Fátima), com Cartaxo, Abrantes e Benfica e Benavente em situação intermédia, mas, todos, em zona muito aflitiva.
Surpresa – O desempenho do Ferreira do Zêzere nesta temporada continua a caracterizar-se por “altos e baixos”: depois de duas sensacionais vitórias, em Samora Correia, e ante o Fazendense, os ferreirenses voltam a sofrer mais um extremamente comprometedor desaire caseiro, perdendo por 1-2 com o Águias de Alpiarça, aliás, apenas marcando o “ponto de honra” no final do desafio.
Com um grupo recheado de jogadores de grande valor e muita experiência, afigura-se dificilmente “compreensível” a campanha que vem realizando, nesta altura com mais derrotas (sete) do que vitórias (seis), e com saldo negativo de golos, em posição (8.ª) muito aquém das expectativas.
Ao invés, o Águias, com um grupo muito solidário, continua a amealhar preciosos pontos. Trata-se, por outro lado, de mais um desfecho a atestar a grande competitividade deste campeonato.
Confirmações – O duo da dianteira cumpriu, ganhando os seus encontros, de forma bem mais folgada no caso do Fazendense, a golear por categórico 4-0 o At. Ouriense; já o U. Tomar, recebendo o Salvaterrense, entrou praticamente a vencer, marcando logo aos 7 minutos… estabelecendo o que viria a ser o resultado final (1-0).
Com duas partes muito desiguais, os unionistas, apesar de desinspirados na finalização, criaram várias situações que poderiam ter proporcionado, ainda na metade inicial, um tranquilo e amplo selar da vitória. Estranhamente, a equipa como que “desapareceu em combate” no segundo tempo, fazendo com que os homens de Salvaterra acreditassem que era possível pontuar, originando mais uma tarde de “sofrimento” para os tomarenses, de forma a assegurar o essencial: os três pontos.
O Amiense venceu, também por 2-1 (desfecho registado em metade das partidas), agravando ainda mais a crise do Abrantes e Benfica (uma única vitória nos últimos oito jogos), por ora envolvido numa luta que, de todo, não se projectava pudesse dizer-lhe respeito, pela manutenção.
II Divisão Distrital – Na jornada de abertura da segunda volta da divisão secundária realce para o triunfo do Marinhais na Moçarria, por 2-0, a provocar um reagrupamento na frente. O 1.º posto é agora partilhado por Forense (goleou, por 8-1, o Paço dos Negros) e Moçarriense, com o Espinheirense somente a um ponto… e o Marinhais (4.º classificado) a três pontos do par da liderança, antecipando-se uma disputa intensa pelos três lugares de apuramento para a fase final.
Na série mais a Norte, o comandante, Riachense, não foi além do nulo em Abrantes, face à equipa “sub-23” do Abrantes e Benfica, vendo o Vasco da Gama (vitória por 2-0 ante o Caxarias) aproximar-se, agora apenas a três pontos. O Tramagal (empate 1-1 com a U. Atalaiense) mantém o 3.º posto, a oito pontos da turma dos Riachos.
Campeonato de Portugal – Os clubes do Distrito registaram os três desfechos possíveis, desta vez com o U. Santarém a sair derrotado, na Marinha Grande, por tangencial 1-0. Em evidência esteve o Coruchense, indo ganhar a Mortágua, por 2-1; por seu lado o Rio Maior obteve um resultado animador, empatando a uma bola na recepção ao líder, B. C. Branco.
Faltando disputar apenas uma ronda para concluir a primeira volta, assinala-se uma situação de extremo equilíbrio na pauta classificativa: B. C. Branco e 1.º Dezembro lideram, com 23 pontos, só dois mais que o Marinhense, seguindo-se, um ponto mais abaixo, um “pelotão” formado por U. Santarém, Sertanense, Sintrense, Mortágua e Pêro Pinheiro, todos com 20 pontos!
O Coruchense, primeira equipa abaixo da “linha de água” vem logo de imediato (no 9.º lugar), agora apenas a dois pontos daquele quinteto, portanto com tudo em aberto para a segunda metade do campeonato. Mais problemática se mantém a situação do Rio Maior, penúltimo classificado, com apenas seis pontos averbados em doze jornadas.
Antevisão – Os campeonatos têm agora um interregno de duas semanas, no âmbito das festividades de Natal e Ano Novo, apenas sendo retomados no fim-de-semana de 8 de Janeiro.
Na I Divisão Distrital, a concluir a primeira volta, teremos um aliciante embate entre Mação e U. Tomar (os dois emblemas com maior número de pontos somados nas dez últimas jornadas da prova, respectivamente 23 e 24), cabendo também ao Fazendense uma difícil visita a Salvaterra de Magos. Sempre de interesse é também o “derby” Samora Correia-Benavente.
No escalão secundário teremos um empolgante Marinhais-Forense, assim como o Glória do Ribatejo-Moçarriense. A Norte, realce para o Caxarias-Pego (muito importante para as contas do apuramento para a fase final) e o reencontro de dois históricos, no Alferrarede-Tramagal.
No Campeonato de Portugal, no reinício, no novo ano, o fecho da primeira volta tem agendado um U. Santarém-Rio Maior, enquanto o Coruchense terá a visita de um dos guias, 1.º Dezembro.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 22 de Dezembro de 2022)
Mundial 2022 – Final
Melhores Marcadores:
- 8 golos – Kylian Mbappé (França)
- 7 golos – Lionel Messi (Argentina)
- 4 golos – Julián Álvarez (Argentina) e Olivier Giroud (França)
- 3 golos – Álvaro Morata (Espanha), Bukayo Saka (Inglaterra), Cody Gakpo (Países Baixos), Enner Valencia (Equador), Gonçalo Ramos (Portugal), Marcus Rashford (Inglaterra) e Richarlison (Brasil)
- 2 golos – Aleksandar Mitrović (Sérvia), Andrej Kramarić (Croácia), Breel Embolo (Suíça), Bruno Fernandes (Portugal), Cho Gue-sung (Coreia do Sul), Ferrán Torres (Espanha), Giorgian De Arrascaeta (Uruguai), Harry Kane (Inglaterra), Kai Havertz (Alemanha), Mehdi Taremi (Irão), Mohammed Kudus (Ghana), Neymar (Brasil), Niclas Füllkrug (Alemanha), Rafael Leão (Portugal), Ritsu Dōan (Japão), Robert Lewandowski (Polónia), Salem Al-Dawsari (A. Saudita), Vincent Aboubakar (Camarões), Wout Weghorst (Países Baixos) e Youssef En-Nesyri (Marrocos)
Mundial 2022 – Final – Argentina – França
2-2 (3-3 a.p.) (4-2 g.p.)
Emiliano Martínez, Nahuel Molina (91m – Gonzalo Montiel), Cristian Romero, Nicolás Otamendi, Nicolás Tagliafico (120m – Paulo Dybala), Rodrigo de Paul (102m – Leandro Paredes), Enzo Fernández, Alexis Mac Allister (116m – Germán Pezzella), Lionel Messi, Ángel Di María (64m – Marcos Acuña) e Julián Álvarez (102m – Lautaro Martínez)
Hugo Lloris, Jules Koundé (120m – Axel Disasi), Raphaël Varane (113m – Ibrahima Konaté), Dayot Upamecano, Theo Hernández (71m – Eduardo Camavinga), Aurélien Tchouaméni, Ousmane Dembélé (41m – Randal Kolo Muani), Antoine Griezmann (71m – Kingsley Coman), Adrien Rabiot (96m – Youssouf Fofana), Kylian Mbappé e Olivier Giroud (41m – Marcus Thuram)
1-0 – Lionel Messi (pen.) – 23m
2-0 – Ángel Di María – 36m
2-1 – Kylian Mbappé (pen.) – 80m
2-2 – Kylian Mbappé – 81m
3-2 – Lionel Messi – 108m
3-3 – Kylian Mbappé (pen.) – 118m
Desempate da marca de grande penalidade
0-1 – Kylian Mbappé
1-1 – Lionel Messi
Kingsley Coman permitiu a defesa a Emiliano Martínez
2-1 – Paulo Dybala
Aurélien Tchouaméni rematou ao lado
3-1 – Leandro Paredes
3-2 – Randal Kolo Muani
4-2 – Gonzalo Montiel
Cartões amarelos – Enzo Fernández (45m), Marcos Acuña (90m), Leandro Paredes (114m), Gonzalo Montiel (116m) e Emiliano Martínez (desempate “penalties”); Adrien Rabiot (55m), Marcus Thuram (87m) e Olivier Giroud (90m)
Árbitro – Szymon Marciniak (Polónia)
Lusail Stadium – Lusail, Al Daayen (18h00 / 15h00)
Este foi um Mundial em que, de alguma forma, nos foi “roubado” o prazer do futebol, não sendo possível separar a envolvente em que foi realizado. Foi como que uma prova “clandestina”, da qual, por opção própria, muitos se afastaram, ou reduziram ao mínimo a ligação.
Paradoxalmente, viria a ter, porventura, a mais épica das finais da história da competição. Um jogo fantástico, verdadeiramente o cume da modalidade, sobretudo no último quarto de hora dos 90 minutos e no prolongamento.
Uma final extraordinária que, verdadeiramente, nenhuma equipa merecia perder, em que, caso tal fosse possível, seria muito apropriada uma salomónica partilha do troféu.
A Argentina começou por ter o enorme mérito de enfrentar, “olhos nos olhos”, a detentora do título, não especulando, assumindo, desde o início, que queria ganhar o jogo. Lionel Scaloni surpreendeu, com a aposta (ganha) em Di María, actuando no flanco esquerdo, bem junto à linha, constituindo-se num “quebra-cabeças” para a defesa contrária.
Numa primeira parte praticamente sem falhas da selecção sul-americana, com uma exibição de grande versatilidade, conquistando, ainda relativamente cedo, uma preciosa vantagem, de dois golos, que conseguiu gerir durante quase toda a partida, não seria expectável o que viria a suceder a partir dos 75 minutos.
Seria o próprio Di María a dar o primeiro sinal, desperdiçando uma grande ocasião, pouco passava dos quinze minutos de jogo. Mas não demoraria até “arrancar” uma grande penalidade a favor da sua equipa (tendo o árbitro considerado faltoso o contacto de Dembélé). Para, menos de um quarto de hora volvido, num lance exemplar de contra-ataque, o antigo benfiquista, face a face com Lloris, não perdoar, ampliando a contagem.
Deschamps reagiu prontamente, com duas alterações no “onze” ainda antes do intervalo. Mas a Argentina continuaria a controlar o jogo, durante cerca de meia hora, já na segunda parte.
Eis quando, traduzindo o “forcing” final da França, num ápice – em menos de dois minutos, entre os 80 e os 81 – surgiria Mbappé a vincar a sua posição, restabelecendo, de forma empolgante, a igualdade a dois golos, o segundo deles uma “obra-prima”, a coroar a explosividade que a equipa soubera, nessa fase, fazer vir ao de cima.
Pensou-se que a saída de Di María (já sem “gás” para mais) teria sido prematura, e que dificilmente a Argentina conseguiria suster o ascendente psicológico que a França conseguira resgatar.
Ainda antes do final do tempo regulamentar, Rabiot podia ter consumado a reviravolta, o que lhe foi negado por Emiliano Martínez; para, de imediato, ser Messi a ver Lloris salvar a sua equipa.
Tal constituiria, ainda assim, um importante tónico para os argentinos no prolongamento, que voltaram a acreditar. Já depois de Lautaro Martínez ter desperdiçado outra boa oportunidade, Messi bisaria (numa pouco ortodoxa recarga a remate de Lautaro, defendido pelo guardião francês), recolocando a sua equipa na frente.
Mas a França não se entregava: faltavam dois escassos minutos para o termo do tempo extra quando Mbappé completou um excepcional “hat-trick” (chegando aos oito golos neste Mundial)!
Daí até final – inclusivamente já depois dos 120 minutos –, com o “jogo partido”, qualquer das equipas podia ainda ter evitado o desempate por “penalties”: primeiro, foi Martínez, com uma “espargata”, a bloquear, com o pé, um remate com “selo de golo” de Kolo Muani, numa sensacional “defesa do Mundial”; havendo ainda tempo para, na resposta, Lautaro falhar outra ocasião soberana. Um verdadeiro thriller!
O resto é história: a formação sul-americana teve absoluta competência, convertendo em golo todas as suas quatro tentativas; apesar de Mbappé ter marcado por quatro vezes nesta final (três delas da marca de grande penalidade, incluindo a do desempate), mais uma brilhante defesa de Martínez e o remate ao lado de Tchouaméni fizeram pender a decisão para a Argentina, na definitiva consagração de Lionel Messi: Campeão Olímpico, Campeão Sul-Americano, vencedor da “Finalíssima” (frente ao Campeão Europeu), enfim Campeão do Mundo!
O Pulsar do Campeonato – 13ª Jornada
(“O Templário”, 15.12.2022)
Chegados à 13.ª jornada, esta é a terceira vez que o União ascende à liderança isolada do campeonato nesta época, posição que ocupara já na 5.ª e na 10.ª e 11.ª rondas. Para tal beneficiou – a par do seu triunfo em Ourém – do desaire sofrido pelo Fazendense em Ferreira do Zêzere. Como sucedera na ocasião anterior em que liderara (tendo perdido logo de seguida nos Amiais), a turma das Fazendas volta a ser derrotada na semana imediata a ter assumido o comando.
Destaques – O facto mais saliente do passado Domingo foi novo triunfo do Ferreira do Zêzere – depois de ter ido ganhar a Samora Correia na semana anterior – ante outro dos concorrentes mais cotados da prova, o Fazendense (anotando-se, ainda, que os ferreirenses se tinham já imposto igualmente ao Alcanenense, tendo vencido ainda em Mação), mesmo que por tangencial 2-1.
O conjunto das Fazendas marcou primeiro, mas deixou escapar a vantagem, acabando até por vir a ser desfeiteado, por um via de tento sofrido já em tempo de compensação. Tendo os ferreirenses, em jogos anteriores, consentido comprometedores e algo imprevistos resultados desfavoráveis, ante equipas menos apetrechadas, voltam a mostrar que têm (consabidos) argumentos para continuar a subir na classificação (partilham agora o 7.º posto com o At. Ouriense).
Em evidência esteve, claro, também o U. Tomar, arrancando uma difícil vitória em Ourém, ante o Atlético local, pela mesma marca (2-1). O grupo nabantino assumiu, como é seu timbre, a iniciativa do jogo, perante um adversário que, ao longo de todo o desafio, ofereceu boa réplica, vindo o União a inaugurar o marcador estavam decorridos apenas 20 minutos.
Continuando a exercer supremacia, os tomarenses voltaram a ser perdulários, não conseguindo consolidar a vantagem; acabando por ficar à mercê de um dos muitos lançamentos para a frente por parte do At. Ouriense, que viria a restabelecer a igualdade a doze minutos do final. Reagindo de pronto, os unionistas marcariam o decisivo segundo tento apenas dois minutos volvidos. Até final teriam ainda de sofrer, para preservar um muito importante triunfo, que, pela forma como foi alcançado, poderá ser um daqueles susceptível de vir a “fazer a diferença nas contas finais”.
O Alcanenense prossegue a sua muito boa campanha – dista somente dois pontos do vice-líder, Fazendense, e um único ponto do Samora Correia – tendo ido ganhar (2-0) ao Cartaxo, que, até então, tinha sido um reduto inexpugnável (ali tinham perdido já o Samora Correia e o Ferreira do Zêzere e empatado o Fazendense). A turma de Alcanena, muito jovem, mas com elementos de grande valia, e bem orientada pelo experiente José Torcato, continua a surpreender pela positiva, intrometendo-se na disputa dos lugares de topo da pauta classificativa.
Podia porventura antever-se, mas merece ainda menção o triunfo averbado pelo Mação, em casa, frente ao Amiense, por 2-0, com o conjunto de Amiais de Baixo a denotar alguma quebra de rendimento (registando duas vitórias, dois empates e duas derrotas, nas seis últimas rondas), tendo baixado ao 5.º lugar, a seis pontos do comandante. Ao invés, o Mação continua a sua progressão (é já 6.º, quatro pontos abaixo deste mesmo adversário), sendo que – depois das quatro derrotas sofridas de entrada, no arranque da temporada – a marca de 20 pontos alcançada pelos maçaenses só foi superada (e marginalmente) pelo U. Tomar, que somou 21 pontos nas últimas nove rondas.
Surpresas – De todo inesperado – depois da retumbante goleada aplicada pelos abrantinos na semana anterior – foi o desaire caseiro cedido pelo Abrantes e Benfica face ao Fátima, por 1-2. Os visitados entraram praticamente a ganhar (marcaram logo aos oito minutos), mas viriam a ser surpreendidos pelo tento do empate, no minuto inicial da segunda parte. A um quarto de hora do fim os fatimenses consumaram uma tão sensacional como preciosa reviravolta. Uma vitória que lhes confere vital “oxigénio” para respirar, agora apenas dois pontos atrás deste mesmo rival.
Também muito carenciado de pontos, o Entroncamento – que subsiste na cauda da tabela – resistiu na condição (temporária) de “vencedor”, em Salvaterra de Magos, até cinco minutos do final, altura em que o Salvaterrense atenuou o efeito da surpresa, fixando o empate final, a uma bola.
Confirmações – Tendo também empreendido notável recuperação – após um início de prova idêntico ao do Mação, com quatro derrotas nas quatro partidas iniciais – o Torres Novas ganhou por 2-1 ao Benavente, ascendendo à 9.ª posição, já sete pontos acima da zona (teórica) de despromoção (a qual, contudo, estará dependente do desempenho dos clubes do Distrito no Campeonato de Portugal, nesta altura com Coruchense e Rio Maior abaixo da “linha de água”).
Não foi, porém, nada fácil esta vitória torrejana: tendo os benaventenses inaugurado o “placard” logo aos cinco minutos, só nos derradeiros… cinco minutos, o grupo do Almonda conseguiria operar a reviravolta, com o golo decisivo a surgir mesmo ao “cair do pano”.
Mais tranquilo foi o triunfo do Samora Correia sobre o Águias de Alpiarça, por inequívoco 3-0, com os alpiarcenses a atravessarem fase difícil, bastante limitados nas opções disponíveis.
II Divisão Distrital – A fechar a primeira volta da fase inicial da prova os clubes mais apetrechados confirmaram, na 11.ª jornada, o seu favoritismo, com várias goleadas: 4-0 no Moçarriense-Paço Negros; 4-1 no Espinheirense-At. Pernes; 5-0 no Vasco da Gama-Alferrarede; e 4-0 no Caxarias-Ortiga. O Forense ganhou também, por 2-0, na recepção ao Benfica do Ribatejo.
A Norte, o guia, Riachense, folgou, mas mantém, na viragem para a segunda metade desta fase, margem de cinco pontos face ao Vasco da Gama (2.º), com o 3.º e 4.º (Tramagal e Caxarias) já a oito e a nove pontos, respectivamente. A Sul o equilíbrio é, por ora, maior, com o Moçarriense, no topo, dois pontos acima do Espinheirense e três face ao Forense, com o Marinhais (4.º) a seis.
Campeonato de Portugal – De entre os representantes do Distrito teve melhor registo, também na 11.ª ronda, o Coruchense, com um importante triunfo, por 2-1, ante um “adversário directo”, o União da Serra. Já o U. Santarém não foi além da igualdade a um golo, na recepção ao 1.º Dezembro. O Rio Maior estreou-se, enfim, a vencer, mercê de um solitário golo, em Arronches.
Com o B. C. Branco agora a isolar-se na liderança, é perseguido de muito perto (apenas a dois pontos) por um quinteto (!) formado por U. Santarém, Mortágua, 1.º Dezembro, Sintrense e Pêro Pinheiro. Por seu lado, a turma do Sorraia subiu ao 9.º posto (por troca com o União da Serra), a dois pontos do Sertanense. O Rio Maior deixou a “lanterna vermelha”, posicionando-se no 12.º lugar, mas a doze distantes pontos da “linha de água”, fronteira delimitada pela formação da Sertã.
Antevisão – No escalão principal do Distrital disputa-se a penúltima jornada da primeira volta (derradeira do ano de 2022), com destaque para o embate entre Alcanenense e Samora Correia, respectivamente 4.º e 3.º classificados. Por seu lado, os dois primeiros jogam em casa, cabendo ao U. Tomar receber o Salvaterrense, enquanto o Fazendense terá a visita do At. Ouriense.
Na II Divisão realce para as seguintes partidas, em que a possibilidade de acesso à fase final estará em disputa: Moçarriense-Marinhais; Vasco da Gama-Caxarias e Tramagal-U. Atalaiense.
No Campeonato de Portugal, se U. Santarém (deslocação à Marinha Grande) e Coruchense (viagem até Mortágua) enfrentam saídas difíceis, o Rio Maior não terá adversário de menor grau de dificuldade, antes pelo contrário, dado receber justamente o novo comandante, B. C. Branco.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 15 de Dezembro de 2022)
Mundial 2022 – 1/2 finais
- 5 golos – Kylian Mbappé (França) e Lionel Messi (Argentina)
- 4 golos – Julián Álvarez (Argentina) e Olivier Giroud (França)
- 3 golos – Álvaro Morata (Espanha), Bukayo Saka (Inglaterra), Cody Gakpo (Países Baixos), Enner Valencia (Equador), Gonçalo Ramos (Portugal), Marcus Rashford (Inglaterra) e Richarlison (Brasil)
- 2 golos – Aleksandar Mitrović (Sérvia), Andrej Kramarić (Croácia), Breel Embolo (Suíça), Bruno Fernandes (Portugal), Cho Gue-sung (Coreia do Sul), Ferrán Torres (Espanha), Giorgian De Arrascaeta (Uruguai), Harry Kane (Inglaterra), Kai Havertz (Alemanha), Mehdi Taremi (Irão), Mohammed Kudus (Ghana), Neymar (Brasil), Niclas Füllkrug (Alemanha), Rafael Leão (Portugal), Ritsu Dōan (Japão), Robert Lewandowski (Polónia), Salem Al-Dawsari (A. Saudita), Vincent Aboubakar (Camarões), Wout Weghorst (Países Baixos) e Youssef En-Nesyri (Marrocos)
O Pulsar do Campeonato – 12ª Jornada
(“O Templário”, 08.12.2022)
No “jogo-grande”, entre candidatos, o Fazendense quebrou a série triunfal do U. Tomar em casa (onze vitórias consecutivas, desde o mês de Março), recuperando a liderança do campeonato (que tinha perdido duas jornadas antes), assim como, em paralelo, originou novo reagrupamento das equipas da frente, com os cinco primeiros classificados compreendidos num intervalo de cinco pontos (não obstante o 3.º lugar tenha passado agora a distar quatro pontos do guia).
Numa prova que se vem revelando algo volúvel, a posição de comando tem sido alternada entre três clubes: desde que, à 5.ª jornada, houve um primeiro líder isolado, U. Tomar, seguiu-se um período de três semanas em que o Samora Correia predominou, sucedendo-lhe o Fazendense (uma única ronda), de novo o U. Tomar (mais duas jornadas), e, outra vez, à 12.ª ronda, o Fazendense.
Destaques – O principal destaque da última jornada (com um generoso total de 33 golos) vai, claro, para o embate entre os dois primeiros, que se saldou pela vitória da turma das Fazendas de Almeirim, por tangencial 2-1. O U. Tomar pareceu ter, de certo modo, acusado a responsabilidade do desafio, perante um rival que se mostrou mais experiente e que começou, desde logo, por ter uma entrada afirmativa em campo, como que a pretender “impor respeito” ao adversário.
Os nabantinos demoraram até conseguir equilibrar a situação e, curiosamente, seria já numa fase de jogo mais repartido que os visitantes inaugurariam o marcador, pouco depois da meia hora. Reagindo bem, os tomarenses seriam premiados com o tento do empate, mesmo ao “cair do pano” do primeiro tempo, um golo que, pensou-se, poderia potenciar uma inversão no rumo da partida.
E, de facto, na segunda metade, o União surgiu mais desenvolto, a assumir a iniciativa, chegando a forçar o adversário a reagrupar-se em zonas mais recuadas do terreno. Porém, não tendo conseguido alcançar vantagem, acabaria por ser o Fazendense a surpreender, já no quarto de hora final, marcando de novo, o que ditaria o desfecho do encontro. Até final, faltando já alguma lucidez, os homens da casa lutaram por melhor resultado, mas tal esforço resultaria infrutífero.
Em especial evidência esteve o Ferreira do Zêzere, que impôs ao – até há pouco tempo invicto – Samora Correia segundo desaire sucessivo, desta feita no seu próprio reduto, por 4-3. Num desafio muito disputado, as equipas chegaram ao intervalo empatadas a dois; na etapa complementar, os forasteiros, aproveitando rápidas investidas, ampliaram a sua contagem até aos quatro golos, a que os samorenses não conseguiram mais que ripostar, reduzindo (tal como na semana anterior) para a diferença mínima, sendo que os ferreirenses terminaram o jogo reduzidos a nove elementos.
Como que a querer dar uma enérgica “sapatada” na crise que vinha atravessando, o Abrantes e Benfica foi golear a Benavente por inusitada marca de 6-3 (!), desfecho que, necessariamente, não deixará de causar sérias inquietações aos visitados, que subsistem no antepenúltimo lugar, sendo que, em seis encontros no seu terreno, não conseguiram, por ora, melhor que dois empates.
Confirmações – Para além do triunfo ferreirense em Samora, e da expressão da vitória abrantina em Benavente, não houve surpresas de relevo a assinalar na 12.ª jornada.
Amiense e Alcanenense validaram – ainda que com maior dificuldade do que seria expectável – o seu favoritismo, ganhando, respectivamente, face ao Salvaterrense (por tangencial 3-2 (mas com os homens de Salvaterra a minimizar a desvantagem já nos derradeiros dez minutos) e ao Torres Novas (por 3-1, neste caso, com o tento da confirmação a surgir em cima do minuto 90).
Continuam, pois, as turmas de Amiais de Baixo e de Alcanena integradas no grupo de cinco clubes que se posicionam no topo da tabela, tendo, aliás, encurtado distâncias em relação às duas equipas que se posicionam imediatamente acima – com o Amiense a igualar pontualmente o Samora Correia, apenas a três pontos do U. Tomar, e o Alcanenense somente um ponto mais abaixo.
Tendo, em paralelo, ampliado a vantagem face ao 6.º e 7.º classificados, At. Ouriense e Mação, os quais não foram além de igualdades no passado fim-de-semana – a formação de Ourém, empatando a uma bola no terreno do último classificado, Entroncamento; e, no caso dos maçaenses, não tendo sido desfeito o nulo na deslocação a Fátima, actual penúltimo – passando a distar quatro (At. Ouriense) e seis (Mação) pontos da agremiação dirigida por José Torcato.
Por fim, nota para um importante triunfo averbado pelo Águias de Alpiarça, por 2-1, na recepção ao Cartaxo (equipa que vinha de duas afirmativas vitórias, ante o Ferreira do Zêzere e o Samora Correia), tendo os alpiarcenses alcançado o tento decisivo já em período de compensação; um desfecho que permitiu ao conjunto orientado por Jorge Peralta ascender ao 9.º lugar.
II Divisão Distrital – Forense e Espinheirense, ambos vitoriosos em terreno alheio, respectivamente no Porto Alto (3-2) e na Glória do Ribatejo (2-0) foram os principais beneficiados, a Sul, na 10.ª ronda da divisão secundária, dado que o guia, Moçarriense, não foi além do 0-0 em Benfica do Ribatejo – reequilibrando, de alguma forma, as contas, depois de ambos terem perdido pontos no feriado de 1 de Dezembro (vitória do conjunto da Moçarria, ante o Forense, por 2-1; e empate caseiro cedido pelo Espinheirense, a três golos, com o Marinhais).
Os três clubes da frente apresentam-se concentrados num intervalo de três pontos, dispondo o Moçarriense de dois pontos de avanço sobre o Espinheirense, seguido de imediato pelo Forense.
A Norte o Riachense consentiu, no reduto do Vilarense, aquele que foi apenas o seu segundo empate (1-1), tendo somado oito triunfos na primeira volta (que se conclui no próximo fim-de-semana, mas com os homens dos Riachos a folgar), o último, na quinta-feira, ante o Caxarias, por 4-2. Quem está também a ter um notável desempenho é a formação do Vasco da Gama, que foi golear à Atalaia por 5-1, isolando-se na 2.ª posição, pese embora a oito pontos do comandante.
Campeonato de Portugal – Foi uma jornada em “três tons” a 10.ª desta competição de cariz nacional: muito bom triunfo (2-1) do U. Santarém em Mortágua, com os escalabitanos em franca ascensão na tabela, já no 3.º lugar, somente a um ponto do par da liderança (Sintrense e Pêro Pinheiro); também, em princípio, um resultado positivo do Coruchense, empatando a um golo na Sertã (mantendo-se a dois pontos da “linha de água”, delimitada precisamente pelo Sertanense); e (mais uma) derrota (oitava) do Rio Maior, perdendo com o Marinhense, também por 1-2.
Antevisão – Na 13.ª ronda da I Divisão as atenções estarão focadas, em especial, no Ferreira do Zêzere-Fazendense e no At. Ouriense-U. Tomar, com os dois primeiros a ser, uma vez, mais colocadas à prova. De forte interesse será, também, o Mação-Amiense.
No escalão secundário realce para o Pego-U. Atalaiense, com os primeiros classificados (Moçarriense, Espinheirense, Forense; e Vasco da Gama) claramente favoritos nos seus desafios.
No Campeonato de Portugal, o U. Santarém recebe o anterior guia, 1.º de Dezembro, com o qual partilha a 3.ª posição, enquanto o Coruchense tem um importante compromisso com o União da Serra. O Rio Maior, de visita a Arronches, terá em mira a possibilidade de se estrear a ganhar.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 8 de Dezembro de 2022)
Mundial 2022 – 1/4 de final
- 5 golos – Kylian Mbappé (França)
- 4 golos – Lionel Messi (Argentina) e Olivier Giroud (França)
- 3 golos – Álvaro Morata (Espanha), Bukayo Saka (Inglaterra), Cody Gakpo (Países Baixos), Enner Valencia (Equador), Gonçalo Ramos (Portugal), Marcus Rashford (Inglaterra) e Richarlison (Brasil)
- 2 golos – Aleksandar Mitrović (Sérvia), Andrej Kramarić (Croácia), Breel Embolo (Suíça), Bruno Fernandes (Portugal), Cho Gue-sung (Coreia do Sul), Ferrán Torres (Espanha), Giorgian De Arrascaeta (Uruguai), Harry Kane (Inglaterra), Julián Álvarez (Argentina), Kai Havertz (Alemanha), Mehdi Taremi (Irão), Mohammed Kudus (Ghana), Neymar (Brasil), Niclas Füllkrug (Alemanha), Rafael Leão (Portugal), Ritsu Dōan (Japão), Robert Lewandowski (Polónia), Salem Al-Dawsari (A. Saudita), Vincent Aboubakar (Camarões), Wout Weghorst (Países Baixos) e Youssef En-Nesyri (Marrocos)
Mundial 2022 – 1/4 de final – Marrocos – Portugal
1-0
Yassine Bounou “Bono”, Achraf Hakimi, Romain Saïss (57m – Achraf Dari), Jawad El Yamiq, Yahya Attiyat-Allah, Sofyan Amrabat, Azzedine Ounahi, Selim Amallah (65m – Walid Cheddira), Hakim Ziyech (82m – Zakaria Aboukhlal), Sofiane Boufal (82m – Yahya Jabrane) e Youssef En-Nesyri (65m – Badr Benoun)
Diogo Costa, Diogo Dalot (79m – Ricardo Horta), Pepe, Rúben Dias, Raphaël Guerreiro (51m – João Cancelo), Rúben Neves (51m – Cristiano Ronaldo), Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Otávio Monteiro (69m – Vitinha), João Félix e Gonçalo Ramos (69m – Rafael Leão)
1-0 – Youssef En-Nesyri – 42m
Cartões amarelos – Vitinha (87m); Achraf Dari (70m) e Walid Cheddira (90m)
Cartão vermelho – Walid Cheddira (90m)
Árbitro – Facundo Tello (Argentina)
Al-Thumama Stadium – Doha (18h00 / 15h00)
Este foi um desafio cujo perfil era, em larga medida, expectável, quer a nível da solidez defensiva da selecção de Marrocos (um único golo sofrido nos quatro encontros anteriores, tendo deixado a “zero” adversários da craveira da Croácia, Bélgica e Espanha), como do natural assumir da iniciativa de jogo por parte da equipa portuguesa, que, pelo seu potencial, se perfilava como “favorita”.
O que não estaria no “programa” era sofrer um golo da formação marroquina, o que, claro, aumentaria sobremaneira o grau de dificuldade a transpor.
A verdade é que, desde início, Portugal nunca demonstrou ser capaz de evitar certa ambiguidade: a de, procurando jogar de forma ofensiva, não descurar, em paralelo, a segurança do seu sector mais recuado. Daí, talvez, a entrada em campo de Rúben Neves (apostando também na possibilidade do seu remate de “meia distância”, o que, porém, acabaria por não se proporcionar), por troca com William Carvalho.
Depois da concludente vitória sobre a Suíça, nos 1/8 de final, a equipa nacional voltaria a pecar em termos de ritmo, velocidade, alternâncias de flanco; numa palavra, em criatividade, que pudesse desmontar a organização contrária, que, qual “carraça”, não concedia um “centímetro” de espaço de manobra.
E, mais, desde cedo se constatou que Marrocos poderia ser, de facto, perigoso, porque, cada vez que recuperava a bola, ia mostrando que sabia “o que fazer com ela”, ensaiando rápidas transições, colocando sempre “em sentido” o meio-campo português.
Por seu lado, a selecção de Portugal viria a cair, de forma notoriamente excessiva, nos lançamentos em profundidade, face aos quais o adversário sempre esteve confortável.
Jogando a baixa intensidade, não só se viria a desperdiçar todos os primeiros 45 minutos, como, prestes a findar essa primeira metade, Marrocos chegaria ao tão receado golo. Num lance em que Diogo Costa se atrapalhou com Rúben Dias, surgiu Youssef En-Nesyri a antecipar-se de cabeça e a tocar a bola para o fundo das redes.
Até aí haviam sido escassas as oportunidades da equipa portuguesa, as três passando pelos pés de João Félix, a primeira delas logo nos minutos iniciais. E só depois do golo haveria outro lance de perigo, por Bruno Fernandes. Mas, todas essas tentativas, infrutíferas.
Com dificuldades em organizar o seu jogo, via-se Bernardo Silva a ter de recuar para a posição habitualmente ocupada no terreno por William, para ir “buscar a bola” e iniciar os lances de ataque. Ao intervalo, a opinião dos espectadores era “consensual”: era necessário fazer entrar em jogo Vitinha.
Após novo susto sofrido logo no recomeço, Fernando Santos foi lesto a fazer as primeiras alterações, fazendo entrar os “revoltados” Cancelo e Ronaldo, para os lugares de Guerreiro e Rúben Neves. Portugal avançava no terreno e empurrava ainda mais para trás a equipa de Marrocos, o que, paradoxalmente, aumentava o risco de poder vir a sofrer novo golo…
Logo ficaria a sensação de que – ainda com tanto tempo para jogar (mais de quarenta minutos) – começava a faltar algum discernimento, com a equipa a denotar grande ansiedade e algo precipitada, a querer fazer as coisas “depressa demais”, à medida que o “desespero” ia crescendo.
Perto da hora de jogo Gonçalo Ramos remataria ao lado, para, de seguida, ser outra vez Bruno Fernandes a não conseguir finalizar da melhor forma. Cristiano Ronaldo, com acção muito discreta durante todo o tempo em que esteve em campo, tentaria ainda a conversão de um livre, mas com a bola a embater na barreira. Nada saía bem…
Numa corrida contra o tempo Portugal via-se obrigado a “meter toda a carne no assador”: já após as entradas de Vitinha e Rafael Leão, numa opção de risco total, para os derradeiros dez/quinze minutos, seria o lateral direito Dalot a sair, por troca com Ricardo Horta, balanceando-se a equipa completamente para o ataque.
O conjunto marroquino deixava já transparecer sinais de grande fadiga, acantonando-se em torno da sua grande área, num instinto de auto-defesa, lutando pela “sobrevivência”. Antecipava-se que, caso a turma portuguesa conseguisse levar o jogo para prolongamento, poderia encontrar então maiores “facilidades” para ganhar.
Já em período de compensação Marrocos ficaria reduzido a dez elementos (dois cartões amarelos a Walid Cheddira num espaço de apenas dois minutos), e a situação era de “sufoco” total.
Porém, a ocasião mais “vistosa” de golo só surgiria mesmo a findar a partida, quando Pepe (a jogar, já então – saber-se-ia mais tarde –, com uma fractura no braço), em plena pequena área, não conseguiu dar o melhor desvio, de cabeça, à bola, que viria a sair ao lado.
Portugal, com muita transpiração, mas muito pouca inspiração, não teve a “ponta de sorte” que acabaria por premiar Marrocos, pelo sua grande abnegação, a quem tínhamos de dar os parabéns, sendo a primeira selecção africana a atingir as meias-finais de um Mundial.
Quanto à formação portuguesa, o resultado final obtido nesta competição é, claro, positivo (entre as oito melhores selecções do Mundo), mas, perante o alinhamento de jogos que se lhe deparou na fase a eliminar, a expectativa seria a de se alcançar, pelo menos, as tais semi-finais.
Com “altos e baixos”, num percurso algo irregular, em que se destaca, pela positiva, a exibição frente à Suíça, em contraponto aos desaires sofridos ante a Coreia do Sul e Marrocos, é inevitável acabarmos por ficar, todos, com um “amargo de boca”.
Mundial 2022 – 1/8 de final
- 5 golos – Kylian Mbappé (França)
- 3 golos – Álvaro Morata (Espanha), Bukayo Saka (Inglaterra), Cody Gakpo (Países Baixos), Enner Valencia (Equador), Gonçalo Ramos (Portugal), Lionel Messi (Argentina), Marcus Rashford (Inglaterra), Olivier Giroud (França) e Richarlison (Brasil)
- 2 golos – Aleksandar Mitrović (Sérvia), Andrej Kramarić (Croácia), Breel Embolo (Suíça), Bruno Fernandes (Portugal), Cho Gue-sung (Coreia do Sul), Ferrán Torres (Espanha), Giorgian De Arrascaeta (Uruguai), Julián Álvarez (Argentina), Kai Havertz (Alemanha), Mehdi Taremi (Irão), Mohammed Kudus (Ghana), Niclas Füllkrug (Alemanha), Rafael Leão (Portugal), Ritsu Dōan (Japão), Robert Lewandowski (Polónia), Salem Al-Dawsari (A. Saudita) e Vincent Aboubakar (Camarões)
Mundial 2022 – 1/8 de final – Portugal – Suíça
6-1
Diogo Costa, Diogo Dalot, Pepe, Rúben Dias, Raphaël Guerreiro, William Carvalho, Bruno Fernandes (87m – Rafael Leão), Bernardo Silva (81m – Rúben Neves), Otávio Monteiro (74m – Vitinha), João Félix (74m – Cristiano Ronaldo) e Gonçalo Ramos (74m – Ricardo Horta)
Yann Sommer, Manuel Akanji, Ricardo Rodríguez, Fabian Schär (45m – Eray Cömert), Edimilson Fernandes, Remo Freuler (54m – Denis Zakaria), Granit Xhaka, Djibril Sow (54m – Haris Seferović), Ruben Vargas (66m – Noah Okafor), Breel Embolo (89m – Ardon Jashari) e Xherdan Shaqiri
1-0 – Gonçalo Ramos – 17m
2-0 – Pepe – 33m
3-0 – Gonçalo Ramos – 51m
4-0 – Raphaël Guerreiro – 55m
4-1 – Manuel Akanji – 58m
5-1 – Gonçalo Ramos – 67m
6-1 – Rafael Leão – 90m
Cartões amarelos – Fabian Schär (43m) e Eray Cömert (59m)
Árbitro – César Arturo Ramos (México)
Lusail Stadium – Lusail, Al Daayen (22h00 / 19h00)
É inevitável: antes do jogo começar (e, também, no final, já depois de terminar, ao recolher, solitário, aos balneários), todas as atenções estavam focadas em Cristiano Ronaldo, com os “holofotes” (câmaras dos repórteres fotográficos) apontados para o “banco” da selecção portuguesa, onde, pela primeira vez, nos últimos largos anos, num desafio de cariz decisivo desta relevância, “foi deixado”.
Durante o jogo, por curiosa coincidência, seria o seu “substituto”, Gonçalo Ramos, a estar em grande evidência, a um nível que poucos julgariam possível, ao conseguir o primeiro “hat-trick” deste Mundial – também o jogador mais novo (21 anos) a alcançá-lo e, igualmente, o primeiro a marcar três golos e dar a assistência para outro tento, em partidas da fase a eliminar de um Campeonato do Mundo, desde a 2.ª edição da competição, em 1934 (altura em que o italiano Schiavio tinha obtido registo idêntico)!
E, já que se fala em “records”: Portugal, com os seis golos marcados, igualou igualmente a marca de maior número de golos obtidos em encontros dos 1/8 de final de Mundiais, que fora, antes (em 1938!), estabelecida pela Hungria e pelo Brasil.
Quanto ao jogo, em si, teve bastantes pontos de contacto com o que estas mesmas duas selecções tinham disputado há precisamente seis meses (a 5 de Junho), a contar para a Liga das Nações, em que Portugal goleara também, por 4-0, então com um “bis” de… Cristiano Ronaldo.
Alinhando com oito (!) jogadores que não tinham iniciado o desafio ante a Coreia do Sul (para além do guarda-redes, só Dalot e Pepe se mantiveram no “onze” titular), a equipa portuguesa voltou, tal como em Junho, a entrar mal, com dificuldades para encaixar no jogo suíço.
Ao fim de um quarto de hora Portugal parecia não ter ainda “entrado em campo”, quando, num ápice, se colocou em vantagem, fruto de uma excelente execução de Gonçalo Ramos, assistido por João Félix, num remate à meia-volta, a fazer a bola passar pelo “buraco da agulha”, entre o poste e (sobre) o guardião contrário.
Animada com o golo a selecção nacional daria então início a uma das melhores actuações dos últimos tempos, mostrando, a nível colectivo, boas dinâmicas (subsistindo sempre a dúvida de qual a quota-parte que coube efectivamente à sua acção própria, e até que ponto tal beneficiou igualmente da “perda de rumo” suíça que se viria a verificar durante a hora final do encontro).
Para além da muito feliz estreia de Gonçalo Ramos a titular, João Félix terá feito também a sua melhor exibição ao serviço do conjunto português, “enchendo o campo”, curiosamente, manobrando a partir de zona mais recuada do terreno. Diogo Dalot voltou a estar a bom nível, William Carvalho e Otávio garantiram a segurança que habitualmente conferem na zona intermediária.
Se a Suíça ainda ia procurando dar réplica, o segundo tento de Portugal, pouco passava da meia hora – com Pepe, a pouco mais de dois meses de completar 40 anos (!), a elevar-se mais alto que a defensiva contrária, a dar a melhor sequência ao canto cobrado por Bruno Fernandes, cabeceando para o fundo das redes –, seria o definitivo “game changer”; o golo que desarmaria a equipa helvética, a partir daí sem conseguir organizar-se para suster a avalancha ofensiva lusa.
No reatamento da partida, bastariam apenas mais cinco minutos para a formação nacional voltar a marcar, outra vez por Gonçalo Ramos (assistido por Dalot), antecipando-se, à boca da baliza, ampliando a contagem para 3-0, sentenciando definitivamente a contenda. E, logo de seguida, seria o habitualmente discreto Raphaël Guerreiro a estabelecer a goleada, desta feita a passe do mesmo Gonçalo, a culminar uma muito boa jogada de cariz colectivo.
Aproveitando (mais) uma desconcentração defensiva portuguesa, noutro lance de bola parada, a Suíça reduziria ainda para 1-4. Mas a vitória nunca pareceu poder vir a ser ameaçada: menos de dez minutos decorridos chegava o 5.º golo português, o “hat-trick” do jovem Ramos, a isolar-se e a “picar a bola” sobre Sommer, outra vez numa abertura “açucarada” de João Félix.
Com o “Estádio” a pedir a entrada de Ronaldo, Fernando Santos colocaria então em campo – mais tarde do que seria expectável (faltando jogar apenas cerca de um quarto de hora) – o capitão da selecção, ao mesmo tempo que aproveitava para dar alguma “poupança” de esforço aos elementos sujeitos a maior desgaste, como Félix, Ramos e Otávio (e, já na parte final, também a Bernardo Silva e Bruno Fernandes).
Já em tempo de compensação, e, tal como sucedera no desafio com o Ghana, Rafael Leão faria, escassos minutos após ter entrado em campo – numa fantástica execução, a rematar em arco, ao poste mais distante, deixando o guardião “pregado” ao solo – o sexto tento para Portugal, a fixar o resultado numa histórica goleada.
Voltando ao princípio: após o termo do jogo, e já depois de ter ido agradecer os aplausos do público, Cristiano retirou de campo sozinho, como que sentindo que aquela festa (que os restantes jogadores iam fazendo, no centro do terreno), de alguma forma “não era dele”, para a qual terá sentido não ter dado efectivo contributo.
Cristiano Ronaldo transpareceu ser, no seu íntimo, e neste momento, um homem “destroçado”, a precisar que lhe “dêem a mão”. Terá tido uma sensação de “exclusão” do grupo, como se os amigos o tivessem renegado. Diz o ditado que: «Na cama que farás, nela te deitarás». Pois, está a ter de assimilar, de forma dolorosa, uma lei inexorável da vida: dar lugar a outros.
Num momento de euforia colectiva com esta goleada, fica a ideia de que este ambiente poderá não ser o mais saudável para a nossa selecção, para o resto do Mundial. Será ainda possível reabilitar Cristiano (voltar a trazê-lo de regresso ao seio do grupo)?
Aceitando a sua actual condição, recuperando mentalmente, poderá ter ainda o tal (relevante) contributo a dar à equipa – desde logo nuns quartos-de-final em que se antecipa forte oposição de Marrocos (com forte solidez defensiva), que surpreendeu, eliminando a favorita Espanha.