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Liga dos Campeões – 2ª Jornada – Benfica – At. Madrid
Benfica – Anatoliy Trubin, Alexander Bah (86m – António Silva), Tomás Araújo, Nicolás Otamendi, Álvaro Carreras, Florentino Luís, Ángel Di María (71m – Benjamín Rollheiser), Fredrik Aursnes, Orkun Kökçü (86m – Leandro Barreiro), Kerem Aktürkoğlu (71m – Jan-Niklas Beste) e Evangelos “Vangelis” Pavlídis (60m – Zeki Amdouni)
Atlético Madrid – Jan Oblak, José María Giménez, Axel Witsel, Reinildo Mandava, Marcos Llorente (33m – Nahuel Molina), Jorge Merodio “Koke” (45m – Conor Gallagher), Rodrigo De Paul (45m – Javier “Javi” Serrano), Samuel Lino, Antoine Griezmann (45m – Alexander Sørloth), Ángel Correa e Julián Alvarez (60m – Giuliano Simeone)
1-0 – Kerem Aktürkoğlu – 13m
2-0 – Ángel Di María (pen.) – 52m
3-0 – Alexander Bah – 75m
4-0 – Orkun Kökçü (pen.) – 84m
Cartões amarelos – Fredrik Aursnes (22m); Javi Serrano (70m), Reinildo Mandava (83m), José María Giménez (83m) e Ángel Correa (90m)
Árbitro – Serdar Gözübüyük (Países Baixos)
Foi uma noite quase perfeita do Benfica, com uma exibição desassombrada, a provocar o renegar do “ADN” da equipa de Simeone, que, a dado passo, acabou mesmo por “baixar os braços”, impotente para contrariar a superioridade manifestada pelo adversário.
Subitamente, o Benfica arranca uma das suas melhores exibições nas competições europeias, nos últimos anos. Uma equipa personalizada, cada elemento sabendo a sua missão, com o colectivo a funcionar praticamente em pleno.
Desde início, foi a equipa portuguesa a assumir a iniciativa, empurrando o adversário para o seu meio-campo, exercendo forte pressão em todo o terreno, não concedendo espaços ao At. Madrid.
À passagem dos cinco minutos já Pavlidis levara sinal de perigo junto à defensiva contrária por duas vezes, primeiro com um remate a ser desviado por Witsel, e, na sequência do pontapé de canto, proporcionando uma boa intervenção de Oblak, por curiosidade, dois antigos jogadores benfiquistas.
Mas o golo não tardaria; à terceira foi de vez: num lance iniciado numa recuperação de bola de Bah, a após triangulação envolvendo Pavlidis e Aursnes, este fez o passe para Aktürkoğlu desferir um remate sem hipótese de defesa.
Com Carreras a jogar bastante adiantado, sendo as suas subidas no terreno, por vezes, compensadas por Aktürkoğlu – enquanto, em paralelo, no outro flanco, Aursnes combinava com Bah –, e Di María a vaguear pelo terreno, dificultando a marcação, o Benfica parecia ter sempre superioridade numérica na zona nevrálgica do meio-campo.
Na primeira parte o Atlético de Madrid só criaria um lance de perigo, num centro-remate de Samuel Lino, a embater na trave. Já próximo do intervalo, Pavlidis esteve perto de aumentar a contagem, rematando cruzado, com Oblak batido, mas a bola acertaria no poste…
No recomeço da partida, Simeone contava já três substituições, procurando alterar o rumo do desafio. Mas, ao contrário, seria o Benfica a acentuar ainda o seu domínio.
E bastariam cerca de cinco minutos para, em lance na área, um dos suplentes recém-entrado em campo, Gallagher, pisar o pé de Pavlidis, lance sancionado com grande penalidade, após intervenção do “VAR”. Na conversão, Di María não deu possibilidades a Oblak; estava feito o 2-0.
A equipa espanhola “abanou”, e o Benfica poderia ter marcado de novo, mas, dessa feita, o guardião esloveno conseguiria contrariar os intentos do argentino.
Bruno Lage também mexeria no “onze”, fazendo entrar Amdouni, e, depois, Rollheiser e Beste, mantendo uma notável dinâmica do conjunto, sempre em alta rotação, com uma parte final ainda em crescendo, um “quebra-cabeças” para o At. Madrid.
Seria precisamente Beste a enviar, a partir da marca de pontapé de canto, a bola direccionada para a cabeça de Bah, que fez o desvio para o fundo da baliza, ampliando o “placard” para 3-0.
A vitória benfiquista estava consumada. A formação espanhola “entregava os pontos”.
Outra vez num lance com a intervenção de Beste, passando a Amdouni, este só seria travado em falta por Reinildo, o que dava origem à segunda grande penalidade da noite, agora convertida por Kökçü. Era a goleada!
Que só não chegou aos 5-0, porque, já em período de compensação, Oblak negou o golo, outra vez a remate de Beste, em particular evidência nos minutos em que esteve em campo; tendo havido ainda tempo para Amdouni rematar novamente ao poste…
As estatísticas finais são eloquentes: 10-0 em remates à baliza! Frente a um adversário que, três dias antes, empatara com o Real Madrid (para o campeonato espanhol), o Benfica demonstrou insuspeita superioridade em todos os capítulos do jogo, numa noite de “gala”.
Liga dos Campeões – 1ª Jornada – Crvena zvezda – Benfica
Crvena zvezda – Omri Glazer, Ognjen Mimović (26m – Euciodálcio “Dálcio” Gomes), Nasser Djiga, Uroš Spajić, Young-woo Seol, Rade Krunić (82m – Luka Ilić), Timi Elšnik, Silas Katompa, Mirko Ivanić, Bruno Duarte (71m – Cherif Ndiaye) e Peter Olayinka (71m – Felício Milson)
Benfica – Anatoliy Trubin, Alexander Bah (37m – Issa Kaboré), Nicolás Otamendi, António Silva, Álvaro Carreras, Florentino Luís, Ángel Di María (88m – Jan-Niklas Beste), Orkun Kökçü (88m – Leandro Barreiro), Benjamín Rollheiser (56m – Fredrik Aursnes), Kerem Aktürkoğlu e Evangelos “Vangelis” Pavlídis (88m – Zeki Amdouni)
0-1 – Kerem Aktürkoğlu – 9m
0-2 – Orkun Kökçü – 29m
1-2 – Felício Milson – 86m
Cartões amarelos – Silas Katompa (25m) e Young-woo Seol (90m); Álvaro Carreras (52m), Issa Kaboré (64m) e Fredrik Aursnes (77m)
Árbitro – Michael Oliver (Inglaterra)
Não foi uma boa exibição a do Benfica esta tarde, mas foi um bom resultado, na estreia do novo formato da “Champions League”, com uma “Liga” única, agregando os 36 clubes.
A exibição não foi boa, sobretudo pela enorme disparidade de desempenho da equipa, entre a primeira e a segunda parte, de tal amplitude que nem sequer se pode falar de uma questão de consistência.
Num desafio que se afigurava crucial para as aspirações de apuramento para a fase seguinte, o Benfica não poderia desejar melhor entrada: aos nove minutos colocava-se em vantagem, por intermédio da sua nova “coqueluche”, Aktürkoğlu, que, ainda antes de inaugurar o marcador, rematara já, de longe, ligeiramente ao lado da baliza.
No lance do golo, o turco teve notável sentido posicional e de oportunidade, não vacilando perante a sobra de um corte/ressalto de bola de um defesa contrário, após cruzamento de Bah para a área.
Colocando intensidade no jogo, empurrando a turma sérvia para o seu reduto defensivo, o Benfica ia calando o “Maracanã de Belgrado”.
E, ainda antes da meia hora, a turma benfiquista ampliava a contagem, para 2-0, numa excelente execução técnica de outro turco, Kökçü, na conversão de um livre directo, sem hipótese de defesa para o guardião.
Esperava-se, para a segunda parte, um Benfica a gerir a vantagem, controlando o jogo, e espreitando a possibilidade de uma transição que pudesse sentenciar o desfecho da partida.
Pois, nada disso funcionou. Nem a gestão, nem o controlo, nem a possibilidade de um terceiro golo benfiquista. Com dificuldade de concentração e de acertar com as marcações e a dinâmica da turma da casa, a formação portuguesa viu-se sem bola, acossada e, ao invés do que começara por suceder, impelida para a sua defensiva.
A saída de Bah, por lesão, rendido pelo burquinense Kaboré, revelar-se-ia uma enorme “dor de cabeça” para o recém-regressado técnico Bruno Lage, dado que o novo defesa lateral nunca conseguiu encontrar-se em campo, cometendo sucessivas falhas.
Adivinhava-se o golo do Crvena zvezda, sendo o aspecto mais surpreendente o tempo que demorou a materializar-se, tendo os centrais benfiquistas sido chamados à acção em várias ocasiões, para evitar males maiores.
Seria o angolano Felício Milson a conseguir surgir isolado nas costas da defesa contrária, sem dificuldades para bater um desamparado Trubin.
Receou-se que o Benfica não conseguisse resistir à pressão sérvia para os derradeiros finais, tendo apostado forte no reforço do seu sector recuado. Mas, paradoxalmente, seria nessa fase que o Benfica teria a melhor ocasião para voltar a marcar, pelo suíço Amdouni, infeliz, a rematar ao poste.
No final, valeu a conquista de três preciosos pontos, que não apaga o irregular desempenho do Benfica, que terá de subir de rendimento para enfrentar adversários em que o nível de exigência será bem maior que o de hoje.
Liga Europa – 1/4 de final – Olympique Marseille – Benfica
Olympique Marseille – Pau López, Chancel Mbemba (45m – Michael Murillo), Leonardo Balerdi, Samuel Gigot (100m – Raimane Daou), Emran Soglo (59m – Faris Moumbagna), Iliman Ndiaye (75m – Joaquín Correa), Geoffrey Kondogbia, Amine Harit (110m – Gaël Lafont), Azzedine Ounahi (59m – Luis Henrique Lima), Jordan Veretout e Pierre-Emerick Aubameyang
Benfica – Anatoliy Trubin, Alexander Bah, António Silva, Nicolás Otamendi, Fredrik Aursnes, Florentino Luís, João Neves, Ángel Di María, Rafael “Rafa” Silva (102m – Arthur Cabral), David Neres (61m – João Mário) e Casper Tengstedt (61m – Orkun Kökçü)
1-0 – Faris Moumbagna – 79m
Desempate da marca de grande penalidade
Ángel Di María rematou ao poste
1-0 – Joaquín Correa
1-1 – Orkun Kökçü
2-1 – Geoffrey Kondogbia
2-2 – Nicolás Otamendi
3-2 – Leonardo Balerdi
António Silva permitiu a defesa a Pau López
4-2 – Luis Henrique Lima
Cartões amarelos – Chancel Mbemba (45m), Amine Harit (89m) e Samuel Gigot (89m); António Silva (38m), Casper Tengstedt (60m), Orkun Kökçü (109m) e Florentino Luís (113m)
Árbitro – Felix Zwayer (Alemanha)
O Benfica pôs-se a jeito para um desastre anunciado. Sem ambição, parecendo temerosa, a equipa remeteu-se a uma atitude defensiva, porventura expectante que poderia aguentar o nulo até final – o que, obviamente, era meio caminho andado para que tal “estratégia” corresse mal, perante um notório encolhimento, que, claro, estimulava o adversário, sem nada a perder, a arriscar mais e mais, até acabar por ser premiado.
A culminar uma noite muito pobre em termos exibicionais, também na “lotaria dos penalties”, os jogadores benfiquistas confirmaram a pouca inspiração, desde logo com a infelicidade do remate ao poste por parte de Di María.
Não sei quem terá achado que procurar repetir a abordagem do jogo de Toulouse – apesar de tudo, frente a um adversário ainda de menor potencial –, onde o Benfica já tinha escapado com alguma boa dose de felicidade, poderia ser uma boa ideia…
O pior de tudo, que, uma vez mais, transparece desta partida, é a falta de um colectivo. E, quando as individualidades falham (casos de Di María e Rafa, “ausentes” do jogo – e, também, no sector defensivo, com Otamendi muito intranquilo), é difícil alcançar os objectivos.
Mas, quando o objectivo é falhado perante um adversário notoriamente inferior, fica bastante mais difícil de compreender e aceitar.
Tradicionalmente mexendo tarde na equipa, Schmidt mexeu também mal, neste desafio: Neres, que parecia procurar dar alguns sinais de inconformismo, tendo criado os dois lances mais promissores, no início da segunda parte, viria a ser um dos sacrificados, logo à passagem do quarto e hora (em paralelo, o treinador fez então sair também o único “ponta de lança”, substituindo-o por um médio – entregando a Rafa a responsabilidade de ser o elemento mais ofensivo da equipa).
Ou seja, a partir do banco, a mensagem que era transmitida era a de recuar no terreno, e procurar lançamentos em profundidade, a tentar explorar a velocidade de Rafa. A equipa francesa, claro, aproveitou para se estender ainda mais no ataque, intensificando a pressão, arriscando tudo, e criando ocasiões de perigo.
Tantas vezes o “cântaro vai à fonte”, que lá fica a asa: faltavam cerca de dez minutos para o final do tempo regulamentar, quando o Marseille conseguiu o golo que tanto almejava, empatando uma eliminatória que, a dada altura, chegara a parecer estar resolvida, ainda no Estádio da Luz.
Só no prolongamento Schmidt procuraria “emendar o tiro”, fazendo entrar Arthur Cabral… para a saída de Rafa. A equipa até deu alguns sinais de reacção positiva, mas era tarde demais. De facto, o Benfica fez muito pouco para justificar outro resultado.
O desfecho acabou por ser uma punição severa, mas que não se pode dizer que tenha sido totalmente injusta, perante a atitude demonstrada, em especial nesta 2.ª mão da eliminatória. Um triste adeus às provas europeias, numa temporada repleta de equívocos.
Liga Europa – 1/4 de final – Benfica – Olympique Marseille
Benfica – Anatoliy Trubin, Alexander Bah, António Silva, Nicolás Otamendi, Fredrik Aursnes, João Neves, Florentino Luís, Ángel Di María, Rafael “Rafa” Silva, David Neres (71m – João Mário) e Casper Tengstedt (71m – Marcos Leonardo)
Olympique Marseille – Pau López, Chancel Mbemba (67m – Emran Soglo), Leonardo Balerdi, Samuel Gigot, Quentin Merlin (45m – Iliman Ndiaye), Luis Henrique Lima, Jordan Veretout, Geoffrey Kondogbia, Amine Harit, Pierre-Emerick Aubameyang e Faris Moumbagna (54m – Azzedine Ounahi)
1-0 – Rafael “Rafa” Silva – 16m
2-0 – Ángel Di María – 52m
2-1 – Pierre-Emerick Aubameyang – 67m
Cartão amarelo – David Neres (18m)
Árbitro – Michael Oliver (Inglaterra)
Foi um bom jogo o que o Benfica fez esta noite. Bom… na verdade, até à hora de jogo, altura em que se aguardava o 3-0.
Entrou personalizado – mesmo que o Marseille até tenha, nos minutos iniciais, ensaiado alguns ataques –, marcou cedo, e exerceu claro domínio, alicerçado numa dupla formada por Florentino e João Neves, a controlar e a pautar o jogo. Podia, até, ter chegado ao segundo golo ainda na primeira metade, se Tengstedt ou Neres estivessem mais inspirados.
Foi com os adeptos satisfeitos e confiantes que, ao intervalo, o Estádio da Luz viveu um dos seus grandes momentos, com a bela homenagem proporcionada a Sven-Göran Eriksson (ele que era o treinador aquando da famosa meia-final da Taça dos Campeões Europeus de 1989-90, em que o Benfica afastou o Marseille, apurando-se para a Final de Viena), acompanhado por muitos dos seus jogadores de há 40 (e de há 32) anos (nomes como os de Humberto Coelho, Delgado, Veloso, Álvaro, Vítor Paneira, Shéu, Carlos Manuel, Valdo, Diamantino, César Brito, Rui Águas, Michael Manniche, Filipović, José Carlos, William ou Paulo Madeira, entre outros, acompanhados pelo “adjunto” Toni).
Embalada, a equipa portuguesa ampliaria mesmo a vantagem, logo nos minutos iniciais do segundo tempo, numa boa combinação entre Neres e Di María, parecendo ter “encostado às cordas” o adversário, que dava sinais de estar algo perdido em campo, sem saber como se organizar para suster as investidas benfiquistas, patenteando mesma alguma descrença.
Porém, bastaria uma falha defensiva, que Aubameyang não perdoou, para o Marseille reentrar na eliminatória, e, aliás, no próprio jogo.
Acusando muito o toque, vindo ao de cima a intranquilidade, e começando a denotar maior fadiga – dada a intensiva utilização de vários dos seus jogadores principais –, o Benfica decaiu abruptamente de produção, oferecendo à formação francesa a possibilidade de causar perigo junto da sua baliza.
Ao invés, perdia-se o sentido do colectivo, com Di María e Rafa a procurarem, por si sós, fazer o que a equipa não era já capaz. E o “prejuízo” poderia até ter sido maior, num jogo em que o Benfica ficou a dever a si próprio não viajar a França com a eliminatória praticamente garantida.
Roger Schmidt, perspectivado como principal responsável por uma época aquém das expectativas – depois da eliminação da Taça de Portugal e da derrota ante o Sporting, que deixa o campeonato bastante mais difícil –, não foi poupado, tendo ouvido um coro de assobios.
O Benfica vai ter de se unir e ser corajoso, para enfrentar a “fúria” do Vélodrome.
Liga Europa – 1/8 de final – Rangers – Benfica
Rangers – Jack Butland, James Tavernier, Connor Goldson, John Souttar, Rıdvan Yılmaz, Mohamed Diomande (86m – Nicolas Raskin), John Lundstram, Scott Wright (73m – Rabbi Matondo), Thomas Lawrence (73m – Todd Cantwell), Fábio Silva e Cyriel Dessers (77m – Kemar Roofe)
Benfica – Anatoliy Trubin, Alexander Bah, António Silva, Nicolás Otamendi, Fredrik Aursnes, João Neves, Florentino Luís, Ángel Di María (89m – João Mário), Rafael “Rafa” Silva (90m – Tiago Gouveia), David Neres (65m – Orkun Kökçü) e Marcos Leonardo (45m – Casper Tengstedt)
0-1 – Rafael “Rafa” Silva – 66m
Cartões amarelos – Connor Goldson (55m); Casper Tengstedt (90m)
Árbitro – Ivan Kružliak (Eslováquia)
O Benfica ganhou – pela primeira vez em 12 partidas disputadas por clubes portugueses em Glasgow, frente ao Rangers, que somava, até agora, oito vitórias, obtidas frente ao FC Porto (três), Sp. Braga (duas), Sporting, Boavista, Marítimo; para além de três empates (dois com o Sporting e um com o Benfica). E ganhou porque é melhor. Bastante melhor, aliás.
Porém, ainda não foi desta que ficou patente a grande diferença a nível de qualidade individual entre as duas formações. Não foi, claro, uma exibição brilhante, nem, ainda menos, um jogo extraordinário do Benfica, como a ele se referiu Roger Schmidt.
Logo de entrada, o jogo parecia aberto, com “bola cá, bola lá”, mas sem efectivas ocasiões. À medida que o tempo ia avançando, o Rangers ia deixando transparecer – como já mostrara na Luz – as dificuldades dos seus jogadores a nível técnico, recorrendo, sobretudo, a bolas pelo ar e tentativas de lançamentos em profundidade.
Por seu lado, o Benfica, também com uma primeira metade bastante fraca, teria apenas uma oportunidade para criar perigo junto da baliza contrária.
A turma escocesa veio mais agressiva para a segunda metade, procurando colocar mais intensidade e a equipa benfiquista passou uma fase em que pareceu algo perdida em campo, podendo mesmo o Rangers ter chegado ao golo.
Com o avançar do relógio, o Rangers foi esmorecendo, e, ao contrário, o Benfica ia-se animando.
Até que, num repente, numa jogada com início ainda antes da linha divisória de meio-campo (o que o árbitro assistente pareceu não ter vislumbrado…), num toque subtil de cabeça, Di María, desmarcou um rapidíssimo Rafa, que correu todo o meio-campo contrário, para, isolado na cara do guardião, não vacilar, fazendo anichar a bola no fundo das redes. Uma vez mais seria ainda necessário um longo compasso de espera, até que o “VAR” confirmasse a posição regular de Rafa, no momento do passe.
Faltavam jogar cerca de 25 minutos, mas logo se percebeu que o golo tinha sido a “estocada final” no Rangers, a partir daí absolutamente incapaz de criar algum lance com “pés e cabeça”.
O Benfica estava, agora, muito mais confiante, e confortável na defesa do seu sector recuado, tendo disposto, aliás, de boa ocasião para ampliar a contagem a seu favor.
Num desafio sem grandes primores técnicos, acabou por prevalecer a lei do mais forte – mesmo que, durante larga fatia do encontro, sem a fluidez de jogo que seria expectável, como que algo desconfiado de si próprio…
Pela terceira época consecutiva o Benfica avança para os 1/4 de final (desta vez na Liga Europa, depois de duas temporadas em que alcançou tal fase na Liga dos Campeões), esperando-se que seja possível melhorar ainda este desempenho, mas, necessariamente, com outra qualidade de jogo, em especial a nível colectivo.
Liga Europa – 1/8 de final – Benfica – Rangers
Benfica – Anatoliy Trubin, Alexander Bah (84m – Álvaro Carreras), António Silva, Nicolás Otamendi, Fredrik Aursnes, João Neves, Florentino Luís, David Neres (84m – Tiago Gouveia), Rafael “Rafa” Silva, Ángel Di María e Arthur Cabral (65m – Marcos Leonardo)
Rangers – Jack Butland, James Tavernier, Connor Goldson, John Souttar, Rıdvan Yılmaz, Mohamed Diomande (83m – Nicolas Raskin), John Lundstram, Dujon Sterling (76m – Cole McKinnon), Thomas Lawrence (76m – Ryan Jack), Fábio Silva (90m – Ross McCausland) e Cyriel Dessers (76m – Kemar Roofe)
0-1 – Thomas Lawrence – 7m
1-1 – Ángel Di María (pen.) – 45m+2
1-2 – Dujon Sterling – 45m+5
2-2 – Connor Goldson (p.b.) – 67m
Cartões amarelos – Ángel Di María (35m) e Alexander Bah (72m); Dujon Sterling (27m), Jack Butland (45m) e Rıdvan Yılmaz (67m)
Árbitro – Tobias Stieler (Alemanha)
Pouco mais de três anos volvidos, os caminhos de Benfica e Rangers voltam a cruzar-se na Liga Europa, e, tal como em Novembro de 2020 (na altura, com dois empates, a três golos, em Lisboa, e a dois tentos, em Glasgow – tendo, de ambas as vezes, recuperado, nos minutos finais, desvantagens de dois golos), só a custo a formação benfiquista conseguiu forçar nova igualdade, outra vez a duas bolas (depois de, por duas vezes, ter visto o adversário colocar-se à frente no marcador).
Vindo de dois desaires, ante o Sporting (para a Taça), e, logo de seguida, a traumática goleada (0-5) sofrida no Estádio do Dragão, frente ao FC Porto, o Benfica pareceu entrar em campo determinado a esconjurar os fantasmas, em busca de, rapidamente, chegar ao golo.
A equipa encarnada, bastante pressionante, instalou-se no meio-campo contrário e, logo nos minutos iniciais, ganhou vários cantos… só que, na primeira vez que o Rangers conseguiu libertar-se e chegar próximo da área benfiquista, marcou!
Não se descompondo, o Benfica tentou manter a toada, continuando a conquistar mais cantos, todos eles improfícuos. A melhor oportunidade surgiria a remate de David Neres, com o guardião Butland, a negar o golo, e a evitar ainda que a recarga de Arthur Cabral pudesse ser bem-sucedida.
Com Rafa muito apagado, era Di María a tentar pautar o jogo, mas usando e abusando de sucessivos cruzamentos, que, sistematicamente, saíam mal.
Tal como sucedera na eliminatória anterior, com o Toulouse, valeria outra grande penalidade “de VAR”, quando um defesa escocês, inadvertidamente, tocou na bola com o braço. Di María, chamado novamente a converter, não falhou, empatando, já em período de compensação da primeira parte.
Ninguém esperaria o “golpe de teatro” que, quase de imediato, se seguiria: ao quinto minuto desse tempo adicional, aproveitando a desconcentração e as falhas defensivas oferecidas, o Rangers recolocava-se em vantagem.
O Benfica ia para o intervalo, outra vez, a necessitar de se reerguer. Voltou para a segunda metade, de novo, pressionante – perante um adversário que, à medida que o tempo ia avançando, cada vez mais se ia acantonando na sua zona mais recuada.
A posse de bola era, praticamente, um exclusivo da equipa da casa. Mas o esférico era muito “mal tratado”, com iniciativas bastante atabalhoadas, sem um “fio de jogo”.
Numa das raras saídas da turma escocesa, Fábio Silva teve ainda mais uma oportunidade para marcar, com Trubin, atento, a dar boa resposta a um perigoso remate.
E acabaria por ser em mais um dos inúmeros “cruzamentos falhados” de Di María, que viria a surgir o golo que permitia restabelecer a igualdade, e, ainda assim, levar a eliminatória em aberto para a Escócia: na sequência de um livre, a bola sobrevoou a área, onde o infeliz Goldson, ao tentar a intercepção, cabeceando-a desastradamente para trás, marcou – pela segunda vez em dois jogos no Estádio da Luz, ao serviço do Rangers – na sua própria baliza!
Como que “jogando sobre brasas”, com níveis de confiança muito afectados, seriam os adeptos na bancada a tentar “empurrar” a equipa benfiquista para a frente, nos minutos finais. Mas o dia era um “dia não” e Di María desperdiçaria ainda oportunidade para consumar a reviravolta.
Para a segunda mão, em Glasgow, será necessário um importante trabalho de mentalização, para que o Benfica consiga “assentar” o seu jogo, perante um adversário que, esta noite, denotou grandes fragilidades, mas que, no seu reduto, adoptará certamente outro posicionamento e atitude dentro de campo.
Liga Europa – “Play-off” intercalar – Toulouse – Benfica
Toulouse – Guillaume Restes, Mikkel Desler (30m – Warren Kamanzi), Logan Costa, Rasmus Nicolaisen, Moussa Diarra (23m – Kévin Keben), Stijn Spierings, Vincent Sierro, Aron Dønnum, Yann Gboho (80m – Frank Magri), Gabriel Suazo (80m – Shavy Babicka) e Thijs Dallinga
Benfica – Anatoliy Trubin, Alexander Bah, António Silva, Nicolás Otamendi, Felipe Silva “Morato” (45m – Álvaro Carreras), João Neves, Rafael “Rafa” Silva, João Mário, Ángel Di María (85m – Orkun Kökçü), David Neres (68m – Fredrik Aursnes) e Casper Tengstedt (45m – Arthur Cabral)
Cartões amarelos – Aron Dønnum (15m), Gabriel Suazo (74m) e Warren Kamanzi (83m); Alexander Bah (84m)
Árbitro – Maurizio Mariani (Itália)
O Benfica garantiu – como esperado – o apuramento para os 1/8 de final da Liga Europa. Mas conseguiu-o com uma muito grande dose de sorte… Se já a tinha tido, em Lisboa, ganhando mercê de duas grandes penalidades (a decisiva, ao minuto 97), esta tarde/noite, em Toulouse, a sorte foi ainda mais necessária.
E, não obstante, o Benfica até começou por ter, na primeira parte, ocasiões para, definitivamente, “fechar” a eliminatória. Porém, na segunda metade, a exibição da formação portuguesa foi absolutamente desastrosa, sem conseguir “pegar no jogo”, completamente à mercê dos incríveis falhanços do Toulouse, em lances de perigo que se sucediam uns atrás dos outros – para além dos ferros da baliza, valeu, também, a concentração de Trubin, a negar um par de “golos” ao adversário.
Com um Estádio a galvanizar a sua equipa, os jogadores do Toulouse, empolgados, deram tudo o que tinham, tendo estado à beira da que teria sido, porventura, a maior proeza do historial do clube (a par da conquista da Taça de França da época passada, que lhe abriu as portas de acesso a esta competição europeia).
Depois de ter experimentado Carreras na lateral esquerda na 1.ª mão, Roger Schmidt retornou à fórmula inicial, fazendo alinhar Morato, mas as coisas voltaram a não correr bem, nem em termos ofensivos, como, sobretudo, a nível defensivo.
A turma francesa até começara, bem cedo no jogo, por ter a infelicidade de ver os seus dois defesas laterais lesionarem-se, o que, durante um curto período, de necessário ajustamento, após as alterações forçadas, proporcionaria ao Benfica as tais ocasiões para marcar, beneficiando, em especial, da velocidade de Neres.
Logo aos 25 minutos, Rafa rematara por alto, para, dez minutos depois, ser Di María a chegar atrasado, não conseguindo dar o melhor efeito ao desvio da bola, que saiu a rasar o poste. A fechar o primeiro tempo, poderíamos ter tido um “herói improvável”, quando António Silva surgiu isolado frente ao guardião contrário, mas não conseguindo sair vencedor desse duelo, com o jovem Restes a oferecer o corpo à bola.
Para a segunda metade, voltava a ser chamado Carreras, entrando também Arthur Cabral, para o lugar de Tengstedt. Mas, contrariamente ao que seriam as expectativas, as coisas só piorariam… e muito!
O Toulouse assenhoreou-se do jogo, o Benfica deixou de “ter bola”, vindo o conjunto francês a instalar-se no meio-campo benfiquista, dominando a seu bel-prazer, pecando na eficácia, uma vez mais pagando caro o preço da inexperiência a este nível.
“Tantas vezes o cântaro vai à fonte”… Entre os 60 e os 70 minutos, o Benfica esteve à deriva, enquanto, em paralelo, a turma da casa desperdiçava “golos feitos”: aos 65 minutos, Dallinga, isolado, rematou ao poste; apenas dois minutos volvidos, Spierings tinha tudo para marcar, mas Trubin salvou “in extremis” a sua baliza; de imediato Nicolaisen rematou para fora.
O Benfica recuava cada vez mais no terreno, impotente para travar as investidas adversárias. Efectivamente, só nos derradeiros cinco minutos poderá ter começado a acreditar que “sairia vivo” de Toulouse, quando se percebeu que a equipa da casa lutava, já então, algo em desespero, contra o tempo.
O Toulouse tinha deixado fugir o “momentum”. O Benfica, sem brilho, garantia – de forma algo envergonhada, sem dar azo a grandes comemorações – o nulo, e consequente qualificação.
Liga Europa – “Play-off” intercalar – Benfica – Toulouse
Benfica – Anatoliy Trubin, Fredrik Aursnes, António Silva, Nicolás Otamendi, Álvaro Carreras (59m – Alexander Bah), João Neves, Orkun Kökçü, Ángel Di María, Rafael “Rafa” Silva, João Mário (59m – David Neres) e Arthur Cabral (87m – Marcos Leonardo)
Toulouse – Guillaume Restes, Mikkel Desler, Logan Costa, Rasmus Nicolaisen, Moussa Diarra (70m – Christian Mawissa), Stijn Spierings (77m – Cristian Cásseres), Vincent Sierro, Aron Dønnum (70m – Shavy Babicka), Yann Gboho (86m – Naatan Skyttä), Gabriel Suazo e Thijs Dallinga (77m – Frank Magri)
1-0 – Ángel Di María (pen.) – 68m
1-1 – Mikkel Desler – 75m
2-1 – Ángel Di María (pen.) – 90m+8
Cartões amarelos – Orkun Kökçü (90m); Stijn Spierings (37m), Mikkel Desler (43m), Guillaume Restes (58m), Naatan Skyttä (90m), Christian Mawissa (90m) e Frank Magri (90m)
Cartão vermelho – Christian Mawissa (90m)
Árbitro – Donatas Rumšas (Lituânia)
Defrontando um adversário com uma experiência muito limitada a nível das competições europeias (de que, aliás, estava ausente há 14 temporadas), o Benfica voltou a ter uma exibição muito cinzenta, denotando enormes dificuldades para superar a (reforçada) barreira defensiva do Toulouse.
Há que dizer que a equipa francesa – em situação difícil na sua Liga, a procurar escapar à zona de despromoção – foi praticamente inofensiva, limitando-se a procurar preservar a sua baliza, e a ensaiar algumas transições rápidas.
E que, logicamente, coube ao Benfica assumir a iniciativa, com grande domínio em termos de posse de bola, mas que, ao longo do tempo, se ia revelando infrutífero. Faltou intensidade, ritmo, variações de jogo, para desmontar a teia do Toulouse, com um significativo número de elementos aglomerados no seu sector mais recuado.
À medida que o tempo ia correndo, sem que se pudessem assinalar flagrantes oportunidades de golo, o conjunto francês ia ganhando confiança, atrevendo-se mesmo a fazer algumas investidas no meio-campo contrário.
O treinador do Benfica viu-se forçado a mexer no “onze”, para acelerar o jogo, fazendo entrar David Neres (e, em simultâneo, Bah, a ocupar o lugar de lateral direito, passando Aursnes para o lado esquerdo, em detrimento do jovem Carreras, que se estreara como titular).
A equipa ganhou alguma dinâmica, mas o golo só surgiria, já em fase adiantada, na sequência de uma grande penalidade, a sancionar um contacto com o braço, quando o cabo-verdiano Logan Costa saltava para procurar aliviar uma bola na área.
Pensou-se que o mais difícil estaria feito, e, certamente, ninguém esperaria o que, escassos minutos volvidos, viria a ocorrer, aproveitando alguma passividade do meio-campo benfiquista: o golo do Toulouse, a restabelecer a igualdade!
Até final, foi já mais em desespero que o Benfica procurou repor a vantagem, de forma atabalhoada e precipitada, sem um fio de jogo, sem uma jogada com princípio, meio e fim.
Valeu, uma vez mais, ter vindo ao de cima – já “in extremis”, com sete minutos decorridos de tempo de compensação – a tal inexperiência da formação francesa. Num lance confuso na área, mas sem perigo aparente, um defesa do Toulouse falhou o tempo de entrada, acabando por pisar a bota do adversário.
A equipa portuguesa teve a “sorte” de deparar com um árbitro muito atento, que voltou a sancionar os franceses com outra grande penalidade. Dois “penalties”, dois remates de Di María, dois golos. Assim se conseguia evitar o que teria sido uma grande surpresa, para enorme desconsolo do Toulouse.
Perante tão pouco labor, ou, melhor dito, tão pouca qualidade no labor exercido, o Benfica acabou premiado com a vitória, salvo pelos tais “penalties”. Não será todos os dias que terá duas grandes penalidades a seu favor…
Partindo em vantagem (mesmo que tangencial) para a segunda mão, a equipa portuguesa é favorita a seguir em frente, mas terá de trabalhar mais e melhor, em França, onde esperará, porventura, um adversário menos contido do que o que se mostrou na Luz.
Liga dos Campeões – 6ª Jornada – FC Salzburg – Benfica
FC Salzburg – Alexander Schlager, Amar Dedić, Kamil Piątkowski, Strahinja Pavlović, Samson Baidoo, Luka Sučić, Lucas Gourna-Douath, Mads Bidstrup (90+5m – Roko Šimić), Oscar Gloukh (82m – Dijon Kameri), Petar Ratkov (55m – Fernando dos Santos Pedro) e Dorgeles Nene (55m – Sékou Koïta)
Benfica – Anatoliy Trubin, Fredrik Aursnes, Tomás Araújo, Nicolás Otamendi, Felipe Silva “Morato”, João Neves, Orkun Kökçü (68m – Gonçalo Guedes), Ángel Di María, João Mário (90+1m – Arthur Cabral), Rafael “Rafa” Silva (90+4m – Florentino Luís) e Casper Tengstedt (45m – Petar Musa)
0-1 – Ángel Di María – 32m
0-2 – Rafael “Rafa” Silva – 45m
1-2 – Luka Sučić – 57m
1-3 – Arthur Cabral – 90+2m
Cartões amarelos – Lucas Gourna-Douath (10m), Petar Ratkov (51m), Dijon Kameri (82m) e Alexander Schlager (90m); Felipe Silva “Morato” (45m) e Petar Musa (72m)
Árbitro – Daniel Siebert (Alemanha)
O Benfica abordava este último jogo da fase de grupos da Liga dos Campeões, como que a necessitar de um “milagre”. Mas, ao mesmo tempo, um daqueles “milagres” que, racionalmente, até se afigurava ter alguma razoável dose de probabilidade de poder vir a ser alcançado. Afinal, em primeira instância, do que se tratava era de ganhar o jogo, e, daí à imprescindível diferença de dois golos… seria só mais um “pulinho”.
Um objectivo que, por paradoxal que possa parecer, demoraria apenas 45 minutos a ser alcançado – para depois, acabar por estar à beira de se ter gorado, não fosse o consumar de tal “milagre”, já fora de horas, através de um “mal-amado” Arthur Cabral.
Roger Schmidt teve, uma vez mais, de fazer adaptações no sector defensivo, desde logo com Aursnes e Morato no papel de laterais, mas, desta feita, também com a necessidade de mexer no eixo central, dado o castigo de António Silva, substituído por Tomás Araújo.
A formação austríaca, com todas as vantagens “na mão” (mais pontos, jogando em casa, e podendo inclusivamente perder… por um golo de diferença), começou por ter maior iniciativa nos primeiros minutos, exercendo forte pressão, como se o Benfica tivesse necessitado de algum tempo para perceber como poderia encontrar o antídoto para contrariar o adversário.
A acção de João Neves e de Tengstedt viria a revelar-se determinante para uma exibição personalizada do colectivo. Claro, a sorte também faz parte do jogo, mesmo que possa ser daquela que dá muito trabalho: pouco passava da meia hora, quando, num canto directo, Di María (que, no minuto precedente, ensaiara já um perigoso remate em arco), com um “golo olímpico”, fazia como o código postal: era meio caminho andado.
Marcar primeiro era o segredo para que fosse possível concretizar o indispensável “milagre”: naturalmente, os austríacos sentiram o golo e o perigo, e vacilaram. Perante o maior ritmo imposto pela turma portuguesa, não surpreenderia o ampliar da vantagem, para os tais dois golos de diferença, já em período de compensação do primeiro tempo, por Rafa – que, aliás, logo no quarto de hora inicial, tinha desperdiçado excelente oportunidade –, desta vez a conseguir tirar partido da sua velocidade, antecipando-se à defesa contrária.
Ao intervalo, Schmidt trocaria Tengstedt por Musa, talvez buscando o refrescar de uma posição que, nesta noite, se antecipava ser muito exigente. Não obstante, a toada de jogo não se alteraria significativamente, com o Benfica, mantendo o domínio, a parecer estar mais perto do terceiro golo, não fosse a noite “desinspirada” de Rafa, a nível da concretização, nomeadamente com um remate, já na pequena área, a sair à figura do guardião austríaco.
Seria um pouco “contra a corrente do jogo” que o Salzburg, num remate de longe, tendo sofrido ainda um desvio em Tomás Araújo, reduziria para a desvantagem mínima, ainda antes do quarto de hora da segunda metade, num “balde de água fria” para as aspirações benfiquistas.
Sentindo, ainda assim, que tudo continuava em aberto, o Benfica, denotando uma confiança que lhe tinha faltado noutras ocasiões, não abdicaria, agora com Aursnes em realce, a arriscar nas subidas pelo lado direito. Pouco passava da hora de jogo quando, noutro canto apontado por Di María, Otamendi, com um desvio subtil, fez com que a bola esbarrasse contra o poste. E, ainda antes dos 70 minutos, o mesmo Di María, a rematar, outra vez em arco, outra vez com a bola a embater no poste.
Tudo chegou a parecer “perdido”, quando, o Salzburg introduziu, pela segunda vez, a bola na baliza de Trubin, em lance, contudo, invalidado, por fora-de-jogo.
O tempo ia-se escoando a velocidade acelerada, e, porventura, seriam então já poucos os que confiariam que o Benfica podia ainda “sair vivo” nas competições europeias desta temporada, no que, a ter sucedido, seria dura penalização para a sua falta de eficácia (para além de Rafa, Otamendi e Di María, também Musa desperdiçaria flagrante ocasião de golo).
Foi então, já “nos descontos”, que Arthur Cabral – o qual acabara de entrar em campo, ao minuto 91 –, com um toque de calcanhar, seria feliz, tornando-se no “herói improvável”, a conferir a possibilidade de a sua equipa transitar para a Liga Europa.
Com uma exibição notoriamente diferente – para muito melhor – do que fora o seu padrão nesta fase de grupos (à excepção, apenas, do primeiro tempo da partida frente ao Inter), o Benfica acabaria por, evidenciando a sua notória superioridade, obter uma tão justa quanto categórica vitória, na exacta medida das suas necessidades, a terminar da melhor forma uma algo “sombria” campanha na Liga dos Campeões desta época.
Liga dos Campeões – 5ª Jornada – Benfica – Inter
Benfica – Anatoliy Trubin, Fredrik Aursnes, António Silva, Nicolás Otamendi, Felipe Silva “Morato”, Florentino Luís (79m – Orkun Kökçü), João Neves, Ángel Di María (89m – Tomás Araújo), Rafael “Rafa” Silva (90m – Tiago Gouveia), João Mário (90m – Francisco “Chiquinho” Machado) e Casper Tengstedt (79m – Petar Musa)
Inter – Emil Audero, Yann Bisseck, Stefan de Vrij (77m – Federico Dimarco), Francesco Acerbi, Matteo Darmian (67m – Juan Cuadrado), Davide Frattesi, Kristjan Asllani, Davy Klaassen (67m – Nicolò Barella), Carlos Augusto, Marko Arnautović (67m – Marcus Thuram) e Alexis Sánchez (79m – Lautaro Martínez)
1-0 – João Mário – 5m
2-0 – João Mário – 13m
3-0 – João Mário – 34m
3-1 – Marko Arnautović – 51m
3-2 – Davide Frattesi – 58m
3-3 – Alexis Sánchez (pen.) – 72m
Cartões amarelos – João Mário (72m) e Felipe Silva “Morato” (78m); Juan Cuadrado (76m)
Cartão vermelho – António Silva (84m)
Árbitro – Andris Treimanis (Letónia)
Do dia para a noite. De uma exibição luminosa para (mais) uma actuação sombria.
Com um início fulgurante, intenso e, sobretudo, de grande objectividade, o Benfica surpreendeu tudo e todos – podendo conjecturar-se que terá começado por tirar partido do facto de o Inter ter feito rodar, em relação ao jogo da primeira volta, nada menos de dez (!) titulares (o defesa central Acerbi foi o único a alinhar de início nos dois encontros).
Com o entendimento entre a dupla Tengstedt e João Mário a revelar um (raro e, de certo modo, estranho) nível de perfeição (até porque foi o avançado a, por três vezes, “assistir” o médio, para um inaudito “hat-trick”), atingindo plena eficácia ofensiva, com Florentino e João Neves a proporcionar segurança no meio-campo, a equipa portuguesa, que praticamente entrara a ganhar, parecia ter a vitória “no bolso”, com pouco mais de meia hora jogada.
Esse terá sido um dos “pecados” nesta noite: primeiro, por um lado, ter-se-á acreditado, demasiado cedo, que o jogo estava “finito”; depois, num contraponto típico do “8 ou 80”, também cedo demais (logo após ter sofrido o 3-1), de imediato se deixou impor implacável dúvida e instalarem-se ameaçadores “fantasmas”. E, não obstante, o quarto golo até esteve perto de chegar…
O pior foi que, pela quarta vez nesta edição da “Liga dos Campeões” (tal como sucedera em casa, ante o Salzburg, em Milão, e em San Sebastián), o Benfica voltou a ter um monumental “apagão”, de cerca de meia hora, em que, positivamente, andou à deriva, incapaz de suster a forma ágil como a turma italiana explorava as alas.
Simone Inzaghi terá dado uma “dura” aos seus jogadores ao intervalo, que vieram para a segunda parte com disposição radicalmente distinta; e, por curiosidade, a recuperação do 0-3 até ao 3-3, operada em apenas vinte minutos, seria, em larga medida, obra desses “reservistas”.
Quando o técnico italiano apostou na “artilharia pesada” (Cuadrado, Barella e Thuram tinham entrado em campo cinco minutos antes do tento do empate), recorrendo ainda a Dimarco e a Lautaro Martínez, numa deliberada aposta em busca da vitória, o completar da reviravolta que, então, se projectava pudesse ocorrer, acabou por não se concretizar.
Reduzido a dez elementos aos 84 minutos, o Benfica teria de jogar ainda cerca de um quarto de hora em inferioridade numérica, unindo-se, então, de forma brava e solidária, para, pelo menos preservar o empate. Teria ainda oportunidade para poder chegar à vitória, mas sofreria grande “calafrio”, com um remate (de Barella) a embater no poste da baliza de Trubin.
Muito passivo no banco, transmitindo a imagem de não confiar nos “reforços”, Roger Schmidt foi adiando, até ao limite, qualquer substituição, acabando, numa mera táctica de “queimar tempo”, a fazer entrar Chiquinho e Tiago Gouveia ao minuto 90+9! Contrariamente ao que o público pedia (arriscar), privilegiou-se manter em aberto a possibilidade (que subsiste de probabilidade remota) de vir ainda a chegar à Liga Europa, o que implicaria vencer em Salzburgo por dois golos de diferença.
Schmidt volta a lamentar as falhas de arbitragem – e é claro que, nos quatro jogos disputados frente ao Inter, em todos eles houve situações que deixaram grandes dúvidas, sempre em prejuízo do Benfica –, reclamando uma falta no lance que origina o 3-2, do “penalty” (em jogada também precedida de óbvia falta sobre João Neves) que proporcionou o 3-3, e da exagerada expulsão de António Silva, mas terá, principalmente, em focar-se em procurar corrigir o que, de algum modo, será controlável, que são os erros próprios.
Numa campanha europeia de muitos equívocos, o Benfica terá tido de contentar-se com o mínimo dos mínimos, por ora, o evitar a repetição dos zero pontos de há seis épocas.



