Posts filed under ‘Semana da História’

“OS CAMINHOS DA DESCENDÊNCIA DE ABRAÃO” (V)

“Todos sabemos que o islamismo é a segunda religião no mundo que tem mais adeptos e que se encontra actualmente com uma dinâmica missionária de grande expansão, sobretudo no continente africano. Por outro lado, é a religião que mais preocupações tem dado à humanidade dos nossos dias com a questão do Irão e do Iraque e com os terrorismos dos fundamentalistas islâmicos, espalhados um pouco por toda a parte, mas especialmente na Argélia. 

Todos estes problemas têm a sua raiz no princípio corânico da sua “revelação directa”. É de desejar que as escolas corânicas saiam deste gueto e apliquem ao Corão um estudo “científico”, à maneira dos judeus e dos cristãos nas suas faculdades e institutos bíblicos, para se poderem distinguir os conteúdos “culturais” e os “não culturais”. 

A história do islamismo, da sua fé, cultura e arte, é demasiado rica e merecedora de toda a nossa gratidão para poder estagnar em fundamentalismos e integralismos teocráticos.” 

“Os caminhos da descendência de Abraão” (Joaquim Carreira das Neves) – “Notícias do Milénio” 

[225]

5 Setembro, 2003 at 1:42 pm

“OS CAMINHOS DA DESCENDÊNCIA DE ABRAÃO” (IV)

“O fundador do islamismo é o profeta Maomé (570-632), que em poucos anos revolucionou o mundo árabe e grande parte do resto da História. Hoje em dia, 40 dos 152 países do mundo estão ligados ao islamismo, e há analistas políticos e sociólogos que pensam que brevemente a população islâmica ultrapassará a do cristianismo.

O islamismo é uma religião que determina a cultura e a história, razão por que a história dos povos árabes anda tão ligada ao islamismo, e razão por que o islamismo é estruturalmente uma religião nacionalista.

O islamismo não se entende sem o seu livro sagrado, o Corão. É uma religião tipicamente do “livro”. A própria palavra árabe “al-qur’na” significa literalmente “a leitura”.

A unicidade de Deus é o dogma fundamental do islamismo, que, neste aspecto, não se distingue do monoteísmo judaico. Quando Maomé começou com a sua revolução religiosa em Meca, aquelas tribos árabes viviam a sua religião animista e politeísta, com muitas divisões e ódios entre elas. O profeta deu-se conta de que o judaísmo e o cristianismo eram superiores às religiões árabes e quis oferecer aos mesmos árabes também uma religião que os identificasse.

Segundo o Corão, o islamismo não tem nem sacerdotes, nem sacrifícios, nem sacramentos. É constituído apenas pela palavra da revelação “final” a Maomé, que é o último profeta duma linha profética que começa em Abraão e acaba nele.”

“Os caminhos da descendência de Abraão” (Joaquim Carreira das Neves) – “Notícias do Milénio”

[219]

4 Setembro, 2003 at 9:07 am

“OS CAMINHOS DA DESCENDÊNCIA DE ABRAÃO” (III)

“O que define o cristianismo na sua essência é a pessoa de Jesus da Nazaré, que os cristãos acreditam ser o Messias prometido do Antigo Testamento, o Filho de Deus, único e próprio, o Salvador do mundo, eterno com o Pai e o Espírito Santo.

A pessoa de Jesus da Nazaré é, ainda hoje, a mais estudada, discutida e amada. A história continua a ser dividida “antes” de Cristo e “depois” de Cristo.

Ninguém duvida de que Jesus viveu em Nazaré da Galileia e que, por volta dos seus 27 anos, deixou a família e começou a pregar a doutrina sobre o “Reino de Deus”, como preparação para a vinda definitiva do mesmo Reino/Reinado/Soberania de Deus. Anunciava que todas as esperanças judaicas patentes nas Escrituras hebraicas desaguavam na sua pessoa. Por isso, apresentou-se como um judeu “reformador” do judaísmo, de cariz totalmente novo, em que a “palavra” tinha a ver com a sua própria “pessoa”.

É por causa deste núcleo histórico que Jesus é condenado à morte pelo Sinédrio, na medida em que tal doutrina e posicionamento de Jesus, frente à ortodoxia judaica daquele tempo, representava uma autêntica “blasfémia”, e os blasfemos deviam ser irradiados do povo da aliança. Jesus constituía um perigo e, como tal, havia que resolver o assunto.

O Novo Testamento, com os seus 27 livros, juntamente com o Antigo Testamento, constituem a Bíblia dos cristãos.

Não há dúvida de que as velhas rivalidades entre católicos, ortodoxos e protestantes estão a desaparecer, sobretudo depois do Concílio Vaticano II. Mas há ainda muito caminho a percorrer. …”

“Os caminhos da descendência de Abraão” (Joaquim Carreira das Neves) – “Notícias do Milénio”

[215]

3 Setembro, 2003 at 8:54 am

“OS CAMINHOS DA DESCENDÊNCIA DE ABRAÃO” (II)

“A Bíblia hebraica com a sua Tanak (Tora, Profetas (Nebiim) e Escritos (Ketubim) é um produto de história nacional e de revelação de Deus, manifestada nessa história através de Patriarcas, Moisés, Profetas, Salmistas, etc. É uma história dum grupo de “judeus” que, pouco a pouco, constituem um pequeno império com David e Salomão, e que, depois, vivem a sujeição de impérios pagãos e estrangeiros…

Como é que um pequeno grupo de “judeus”, saídos da miséria do Egipto, se tornam neste povo tão singular pela religião e pela luta da sua identidade, ao longo dos tempos, ainda hoje constitui um “milagre” histórico e social para qualquer analista.

Ao longo destes dois mil anos, os judeus andaram errantes e foram perseguidos por cristãos e islâmicos, até que chegou a sua hora da verdade em 1948. Nem as inquisições, nem o “shoah” (holocausto) nazi quebraram a fé indomável deste povo, que deixou sempre um rasto de grande cultura e fé por onde andaram.

O regresso à terra natal, depois de dois mil anos de ausência, tem constituído um problema político grave no Médio Oriente. Os milhares de palestinianos que habitavam as terras agora ocupadas pelos judeus foram directa ou indirectamente obrigados a abandonar as mesmas, o que tem desencadeado uma onda de solidariedade entre os grupos árabes e islâmicos, com guerras sem fim de parte a parte.

Os acordos de paz entre Israel e a Jordânia e o Egipto trouxeram muita esperança na resolução do problema. Mas o assunto continua ainda muito longe da sua solução devido a forças integristas ou fundamentalistas das duas partes.”

“Os caminhos da descendência de Abraão” (Joaquim Carreira das Neves) – “Notícias do Milénio”

[213]

2 Setembro, 2003 at 8:32 am

“OS CAMINHOS DA DESCENDÊNCIA DE ABRAÃO” (I)

Considerando nomeadamente a actualidade decorrente das implicações das questões religiosas nos desenvolvimentos mais recentes da história da humanidade, “antecipo” mais uma “semana da história” (tendo sempre por base a publicação que tenho vindo a divulgar, editada pelos jornais do “Grupo Lusomundo” em Julho de 1999 – “Notícias do Milénio”).

Assim, apresentarei nesta semana excertos de artigo da autoria de Joaquim Carreira das Neves, denominado “Os Caminhos da Descendência de Abraão”.

“A história do judaísmo tem quase quatro mil anos. … Tudo começou no século XIX a.C., com a emigração de Abraão e seu clã da Assíria para as terras de Canaã (mais tarde a terra dos filisteus, donde provém o nome “Palestina”).

Mas o mais importante destas “origens” reside no facto das suas consequências ao longo dos séculos, uma vez que judeus, cristão e islâmicos se reclamam de “filhos de Abraão”. Tem sobretudo importância o facto de os islâmicos se reclamarem como filhos herdeiros de Abraão por causa da sua ascendência até Ismael, enquanto os cristãos ultrapassam a religião fundamentada no sangue para realçarem a pessoa “cristã” fundamentada na “fé” em Jesus Cristo, mas tendo sempre como primeiro pai na fé o patriarca Abraão.

As lutas religiosas, políticas e sociais entre judeus, cristãos e islâmicos, por tudo isto, arrancam do Pai comum Abraão, bem como as divisões das respectivas exegeses dos textos bíblicos fundamentantes.”

“Os caminhos da descendência de Abraão” (Joaquim Carreira das Neves) – “Notícias do Milénio”

P.S. Agradecimento (e boas-vindas) ao Oliveira de Figueira.

[211]

1 Setembro, 2003 at 7:18 pm

“O CONCERTO DAS VELHAS SOCIEDADES” (V)

“A maior originalidade das civilizações americanas é o facto de o seu desenvolvimento se ter processado no isolamento, longe de qualquer influência perceptível do velho mundo. No entanto, os grandes focos de criação de sociedades ameríndias complexas, urbanizadas, hierarquizadas e providas de formas originais de escrita, situa-se no eixo contínuo de terras altas e diversificadas que corre de Norte para Sul do continente, enquanto as grandes planícies orientais, de savanas e florestas, apenas conheceram organizações sociais muito mais simples.

Datam de cerca de 1500 a.C. as primeiras aldeias de agricultores sedentários, tanto nos Andes como no actual México. Grandes centros cerimoniais foram sucessivamente construídos, ao longo de três milénios, pelos olmeques, maias e astecas na América central, pelos incas nos Andes. Quando os espanhóis chegaram a Tenotchitlan – México, em 1519, contemplaram com espanto uma enorme aglomeração urbana, que ultrapassava, pelo esplendor, organização e actividade, qualquer das cidades europeias.”

“O Concerto das velhas sociedades” (Suzanne Daveau) – Notícias do Milénio

[173]

22 Agosto, 2003 at 11:12 am

“O CONCERTO DAS VELHAS SOCIEDADES” (IV)

“Alguns dos domínios militares e políticos que foram sucessivamente surgindo tiveram uma vida efémera, como foi o caso do enorme império persa de Dário, cerca de 500 a.C. ou, mais ainda, do de Alexandre, que conquistou, de 334 a 323 a.C., todas as terras que vão da Grécia até ao Indo, Mas outras realizações irão ter vida durável e influência mais profunda, sendo em especial o caso do Império Romano, que subjugou pelas armas e organizou depois pacificamente, durante séculos, todos os países que rodeiam o Mediterrâneo e a parte da fachada atlântica do velho mundo, que vai do Norte de Marrocos até à Inglaterra.”

“O Concerto das velhas sociedades” (Suzanne Daveau) – Notícias do Milénio

[167]

21 Agosto, 2003 at 11:02 am

“O CONCERTO DAS VELHAS SOCIEDADES” (III)

“Há seis milénios, apareceu, no Sul da planície aluvial da Mesopotâmia (actual Iraque), a civilização dos sumérios, que organizou uma agricultura regada, a partir das primeiras aglomerações de tipo urbano, e que criou a escrita cuneiforme, já há cinco milénios. Nesta mesma altura, começava a desenvolver-se, na planície inundável do rio Nilo, a potente e brilhante civilização egípcia, que iria durar milénios, antes de ser finalmente subjugada por Roma.

Diversos centros de poder e de organização social se sucederam, sempre situados nesta mesma parte do mundo. Citam-se, por exemplo, a civilização do Indo (actual Paquistão), a emergência do poder de Babilónia na parte central da Mesopotâmia, a civilização dos hititas no sul da Turquia, a da ilha de Creta, com os seus magníficos palácios. Na Grécia continental, o poderio de Micenas apareceu cerca de 1600 a.C. enquanto os navegadores fenícios começavam a sua expansão para oeste a partir dos portos de Sídon e de Tiro, situados perto da terra onde os hebreus iriam instalar-se, cerca de 1250 a.C.”

“O Concerto das velhas sociedades” (Suzanne Daveau) – Notícias do Milénio

[163]

20 Agosto, 2003 at 1:18 pm

“O CONCERTO DAS VELHAS SOCIEDADES” (II)

“Sabe-se hoje, com efeito, que o homem moderno (Homo sapiens sapiens) apareceu há cerca de 40 milénios, ou seja, no decurso da longa fase de clima frio do último período glaciário do Quaternário…

As primeiras sociedades evoluídas e sedentárias constituíram-se mais tarde, depois da rápida melhoria térmica que há cerca de 12 milénios estabeleceu na Terra um sistema de climas já próximo do actual. Sabe-se que há dez milénios (ou seja, nos anos 8000 a.C.) já se cultivavam cevada e trigo em Jericó, no Próximo Oriente; há sete milénios, milho, feijão e abóbora no México; há seis milénios, arroz na China.”

“O Concerto das velhas sociedades” (Suzanne Daveau) – Notícias do Milénio

[156]

19 Agosto, 2003 at 10:32 am

“O CONCERTO DAS VELHAS SOCIEDADES” (I)

Na lógica de divulgação mais alargada, em cada semana, de um tema específico – e ainda tendo por mote a reduzida matéria de índole histórica nos “blogues” -, inicio hoje a apresentação de excertos de artigos que atravessam transversalmente diferentes épocas e temáticas históricas, socorrendo-me mais uma vez da publicação já antes referida, editada pelos jornais do “Grupo Lusomundo” em Julho de 1999 (“Notícias do Milénio”).

“Antes das descobertas marítimas dos séculos XV e XVI, que estabeleceram uma interligação regular entre as diversas fachadas litorais das grandes massas continentais, as terras emersas eram, havia já muito tempo, completamente ocupadas pelo homem, com excepção do continente antárctico. Mas as sociedades mais desenvolvidas, bem organizadas e diferenciadas, de implantação estável e animadas por vias de comércio activas, continuavam a ocupar apenas áreas circunscritas, separadas por vastas extensões onde as populações, dispersas em pequenos grupos nómadas, sobreviviam graças a actividades elementares, como a colheita de frutos silvestres, a caça e a pesca, ou graças à prática de formas ainda frustes de cultura ou de criação.”

“O Concerto das velhas sociedades” (Suzanne Daveau) – “Notícias do Milénio”

[152]

18 Agosto, 2003 at 5:57 pm

Newer Posts


Autor – Contacto

Destaques


Literatura de Viagens e os Descobrimentos Tomar - História e Actualidade
União de Tomar - Recolha de dados históricosSporting de Tomar - Recolha de dados históricos

Calendário

Dezembro 2025
S T Q Q S S D
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
293031  

Arquivos

Pulsar dos Diários Virtuais

O Pulsar dos Diários Virtuais em Portugal

O que é a memória?

Memória - TagCloud

Jogos Olímpicos

Categorias

Notas importantes

1. Este “blogue" tem por objectivo prioritário a divulgação do que de melhor vai acontecendo em Portugal e no mundo, compreendendo nomeadamente a apresentação de algumas imagens, textos, compilações / resumos com origem ou preparados com base em diversas fontes, em particular páginas na Internet e motores de busca, publicações literárias ou de órgãos de comunicação social, que nem sempre será viável citar ou referenciar.

Convicto da compreensão da inexistência de intenção de prejudicar terceiros, não obstante, agradeço antecipadamente a qualquer entidade que se sinta lesada pela apresentação de algum conteúdo o favor de me contactar via e-mail (ver no topo desta coluna), na sequência do que procederei à sua imediata remoção.

2. Os comentários expressos neste "blogue" vinculam exclusivamente os seus autores, não reflectindo necessariamente a opinião nem a concordância face aos mesmos do autor deste "blogue", pelo que publicamente aqui declino qualquer responsabilidade sobre o respectivo conteúdo.

Reservo-me também o direito de eliminar comentários que possa considerar difamatórios, ofensivos, caluniosos ou prejudiciais a terceiros; textos de carácter promocional poderão ser também excluídos.