Posts filed under ‘1º “Post”’
1º "POST" – PONTO E VÍRGULA – 08.05.2003
“A importância de ser ponto.
Sou um ponto. Final, quando usado por si (mim) só, expectante quando em grupos de três, exemplificativo se estiver em pares e ao alto. O meu papel no mundo gramatical é, indubitavelmente, primordial. Apesar da importância que me é reconhecida, nem sempre me sinto respeitado. Escritores de craveira internacional e lóbulos da orelha bem lusos têm-me prestado as mais lisonjeiras homenagens, usando e abusando de mim em frases de alto gabarito:
Só. Sinto-me só. Porra. Porque é que ninguém me compreende. Afinal, sou um homem.
E os homens precisam de sexo. Porra. Muito sexo. Compreensão. Foda-se, onde é que eu pus a minha cerveja?
Por outro lado, há quem receba nóbeis (leia-se “nó-beich”) e me ignore, pura e simplesmente, optando por narrar momentos de intensidade dramática, como o acasalamento do pardal de bico pardo, em cinco páginas sem qualquer tipo de pontuação. Mas como me sinto melhor é mesmo acompanhado pela minha melhor amiga, a vírgula. Oh, quando nos juntamos os dois é um fartote, uma barrigada! Partimos textos por tudo e por nada, não o conseguimos evitar… às vezes, parecemos o “Boletim Paroquial do Salesianos”, com tanta ideia encadeada.
Sou um ponto, sem final, e estou à espera da vírgula para poder partir este texto. Vírgula?”
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1º "POST" – MAR SALGADO – 08.05.2003
“POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS: Na esteira da tradição lusa, o Mar Salgado anuncia que se prepara para zarpar na blogosfera portuguesa. Não há torpedos relativos nem escorbuto canhoto que nos detenham! Assim que dobrarmos o cabo da nossa iliteracia informática (talvez lá para 2ª feira) prometemos navegar seguramente pelo oceano da blogosfera, enfrentando cara a cara os Adamastores rosas e vermelhos que nos tentem intimidar.
Aproveitamos para saudar calorosamente todos os blogs lusos de esquerda, direita, do Norte, do Sul, do Litoral e do Interior e da diáspora. Resistiremos a ondas e marés, navegaremos por vezes à vista, outras vezes com rumo certo.
Relataremos as nossas descobertas diurnas e nocturnas sobre política, economia, arte e cultura, desporto, astronomia, biologia e astrologia e demais temas caros a todos os marujos, nomeadamente os que andam em torno da magna questão da falta que faz uma mulher no mar alto.
O Mar Salgado é mantido por uma equipa de velhos lobos do mar com vasta experiência oceânica e em portos dos quatro cantos do Mundo, com especial incidência nas vielas do Cais do Sodré. Adeus, até ao nosso regresso. !!!”
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1º "POST" – ABRUPTO – 06.05.2003
“RTP2
5 de Maio de 2003 – Noticiário das 22 horas – apresentação de um livro de poemas contra a guerra no Iraque – Música e imagens de fundo propagandísticas de responsabilidade dos autores do noticiário. Soldados americanos, bombas, sofrimento nos hospitais. Será que os nossos jornalistas não percebem que inserir estas peças num noticiário é pura propaganda e nada tem a ver com jornalismo?”
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1º "POST" – GATO FEDORENTO – 25.04.2003
“Gato Fedorento é, como o próprio nome indica, um blog de opiniões e de polémica.
Aliás, a polémica começa logo nesta apresentação porque, dos quatro autores do Gato Fedorento, um acha que o blog não devia ter polémica, outro defende que não devia ter opiniões e outro entende que não devia ser um blog, mas sim um espectáculo de marionetas. O quarto não quis dar a sua opinião, atitude que os outros três consideraram polémica.
À partida, este blog apresenta-se com ideias claras e com um objectivo preciso.
Infelizmente, perdemos o papel onde tínhamos isso apontado. Mas eram, de facto, ideias mesmo muito claras, e o objectivo, esse, era particularmente preciso.
Aqui serão abordados diversos temas, com destaque para estes: literatura, política, seios femininos, cinema, a carreira de Tonicha (em especial o período que medeia entre 1977 e 1981) e futebol.”
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1º "POST" – BOMBA INTELIGENTE – 02.04.2003
“As bombas inteligentes não são estúpidas; são bombas que aprendem.
Colin Powell, 1991 (segundo me informou a minha querida Ana Albergaria) e Nuno Rogeiro, 2003″.
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1º "POST" – CRUZES CANHOTO – 29.03.2003
“Olá! Bem-vindos ao mais jovenzinho blog português! Com efeito, preocupados com a abundância de fachoblogs de qualidade que pululam pelo ciberespaço (Coluna Infame, Marretas, Valete Fratres, etc.) em relação aos canhotoblogs de qualidade (Blog_de_Esquerda) motivou-nos a fazer aquele que é o princípio da esquerda: estar do lado dos mais fracos, dos oprimidos e de quem achamos que tem razão.
Como a política é um assunto de interesse um tanto limitado, vamos também versar sobre cultura, especialmente as culturas mais marginalizadas como teatro, cinema alternativo e de animação, banda desenhada, alguma literatura que nos interesse (pelos bons e pelos maus motivos) e sexo (e quem achar que o sexo não é cultural faça-nos o favor de bater cem vezes com a cabeça numa barra de ferro ou ir para ali!)
Por enquanto este blog é sustentado por duas letrinhas apenas (o J e o N), mas contamos com a vossa colaboração pelo cruzescanhoto@mail.pt. Até breve!.
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1º "POST" – CONTRA A CORRENTE – 19.03.2003
“PONTAPÉ DE SAÍDA
“Aviso à navegação: este é o ‘post’ de apresentação deste recém inaugurado blog. Link: www.contra-a-corrente.blogspot.com. Contacto (para comentários, sugestões, críticas, etc.): carlosccc@mail.telepac.pt. Tratarei de os colocar aqui, à medida da minha (in)disponibilidade.
Chamo-me MacGuffin. Nickname, ou alter-ego, de inspiração Hitchcokiana. Eles não o sabem (nem, aliás, me conhecem), mas foi graças ao blog A Coluna Infame (provavelmente, a minha principal referência no universo bloguiano) – do triunvirato Pedro Mexia, Pedro Lomba & João Pereira Coutinho – que resolvi aventurar-me nestas andanças. Como inflo-excluído assumido, é obra!
Para começar, e para efeitos de apresentação (confesso que tenho pouco jeito para «pontapés de saída»), tratemos já de abusar do name dropping. Vale mais fazê-lo agora, de uma vez por todas.
Se tivesse de escolher alguma fonte de inspiração para este espaço, escolheria… Nelson Rodrigues. Há anos que a qualidade literária e postura deste brasileiro ensombram (no bom sentido) os meus pensamentos. Para um conservador assumido, com uma costela liberal e outra ligeiramente anarquista (lá iremos, lá iremos…), o carácter desalinhado e saudavelmente «reaccionário» das suas posições, o seu apego incondicional à liberdade, a sua verve e humor têm constituído um nutriente precioso para o meu espirito, e um aconchego para a alma.
Nelson Rodrigues, para muitos o maior dramaturgo brasileiro de sempre, foi, para a época, um delicioso reaccionário – em contraponto relativamente à atitude disseminada do revolucionário de serviço. Conduziu um notável trabalho de decomposição do assombramento gratuito, servido por dogmas e iminências pardas, de inspiração esquerdista (by the way: sei que não sou de esquerda; de resto tenho algumas dificuldades em assumir-me como «de direita». Sobretudo em Portugal…). O seu olhar lúcido, incómodo e desassombrado da realidade, representou, e representa ainda hoje, uma verdadeira lição sobre o que significa pensar livremente, pela própria cabeça, contra certos modelos de alienação. Combatia, em particular, aquilo a que hoje denominamos de “politicamente correcto”, bem como o culto do unanimismo, da falsa e gratuita solidariedade, das bebedeiras colectivas e das “vagas de fundo”. A tentativa de imposição de modelos supostamente perfeitos de sociedade, por parte da esquerda, repugnava-o. Amante da diversidade e da liberdade, para ele, o indivíduo – o ser humano – estava acima de tudo. Qualquer tentativa para torná-lo em mais um parafuso de uma engrenagem superior revoltava-o.
Geniais e hilariantes foram, também, as suas posições relativamente à onda do “amor livre” e daquilo a que ele chamaria de “culto da imaturidade”: a glorificação do pior sentido da palavra «jovem».
Se Nelson fosse vivo, estaria hoje aí, na frente de combate contra a «esquerdite» aguda e a «estalinização» sub-reptícia da sociedade. Contra a palavrosa e cega obsessão, que a esquerda teima em repetir ciclicamente, em torno das mesmas falsas aparências, dos mesmo dogmas, da mesma forma simplista e maniqueista de olhar o mundo. Contra o seu moralismo de pacotilha e a arrogância de tentar empurrar, por decreto, os seus modelos e as suas certezas superiores, para cima de nós.
É um bocadinho desse espírito que pretendo trazer para aqui. Farei deste espaço um espaço de comentário e desabafo livre, sem conotações politiqueiras ou pretensões de qualquer ordem. Não pretendo mudar consciências ou moldar opiniões. Não quero que concordem comigo, ou lançar bases para «capelinhas». Move-me o prazer de discutir pontos de vista. Educada e cortesmente.”
1º "POST" – ENE COISAS – 13.03.2003
“EXCITAÇÕES
Não consegui resistir ao trocadilho fácil (mea culpa) mas existem citações de abertura que são verdadeiras excitações, não só pelo que dizem mas também pelo que anunciam.
Hoje trouxe da biblioteca municipal o último romance (à data) de Francisco José Viegas, Lourenço Marques, que abre com esta citação de Philipe Roth:
«Então, eu pensava no género de histórias em que as pessoas transformam as suas vidas, e no género de vidas em que as pessoas transformam as suas histórias».
A abrir o capítulo VI, Acção, d’A Condição Humana, a que regresso muitas vezes, Hanah Arendt, cita Isak Dinesen (aliás, se não me engano, Karen Blixen):
«Todas as mágoas são suportáveis quando fazemos delas uma história ou contamos uma história a seu respeito».
Fica-se ou não com vontade de mais?
P. S. Como assinala o Luís Ene, havia começado já antes, em Agosto de 2002, com o “Mil e Uma…“; por outro lado, o Ene Coisas começara por estar em http://milmaisuma.blogspot.com.
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1º "POST" – BLOGUE DOS MARRETAS – 23.02.2003
“Estávamos no McDonald e saímos como brinde de um Happy Meal a um garoto mal encarado.
Mais mal encarado que nós.
Lembram-se de nós? Éramos aqueles que estavam no camarote do espectáculo dos Marretas.
(Se querem saber mais cliquem nos nossos perfis. Se não ficarem satisfeitos, procurem no Google, que temos mais que fazer…)
O puto queria que lhe saísse o Urso Fozzie e deixou-nos à solta.
Agora ninguém nos cala, neste Blogástico!!
Quem quiser ajudar a mandar marretadas, é escrever para marretas@tugamail.com
STATLER & WALDORF”
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1º "POST" – BLOG DE ESQUERDA – 01.01.2003
“O PRIMEIRO DIA. Hoje, 1 de Janeiro de 2003, nasce um novo espaço de pensamento e opinião – sobre política e cultura, mas não só – no ciberespaço português. Como é evidente, não pretendemos inventar a pólvora. Desejamos apenas aproveitar esta admirável ferramenta que a Internet nos oferece para chegarmos ao maior número de amigos e cúmplices, tanto no campo da discussão de ideias políticas como na partilha de entusiasmos (ou repugnâncias) intelectuais. Sobretudo, queremos dizer de nossa justiça, num momento histórico em que as direitas vão ganhando um peso cada vez maior, não apenas nos aparelhos do poder político e na esfera económico-financeira, mas também no plano da influência mediática e do combate ideológico.
Com uma guerra à porta e os efeitos securitários do 11 de Setembro a fazerem-se sentir cada vez mais, é imperioso separar as águas. É preciso apontar o dedo, desmascarar as mecânicas de um capitalismo que se alimenta das suas fraquezas e denunciar – sempre, sempre, sempre – as injustiças que os outros calam ou ignoram. Uma esquerda que não seja capaz de remar contra a fortíssima maré conservadora e neo-liberal, é uma esquerda que não vale a pena e que está condenada, a médio prazo, a desaparecer. Ou, o que é pior, a tornar-se um ornamento folclórico.
Aqui, no Blog de Esquerda, estamos disponíveis para todos os debates, todos os diálogos, todos os recomeços. Com uma certeza: ser de esquerda, a sério, é hoje mais importante do que nunca. E nós não vamos faltar à chamada.
PS: Durante as duas primeiras semanas, este blog funcionará em circuito fechado. Vamos aprender a trabalhar com isto, estabelecer hábitos e rotinas, procurar um ritmo certo. Só depois, quando a máquina estiver afinada, começaremos a divulgação deste espaço e faremos os convites a eventuais colaboradores. Nós gostávamos muito que o Blog de Esquerda se transformasse num forum aberto a todos os que se sentem à esquerda das esquerdas convencionais. Gostávamos que fosse um lugar de encontros e partilhas, aprendizagens e discordâncias, polémicas e barricadas.
Nós estaremos cá, para o que der e vier. Quem quiser aderir à causa, com “posts” ou sugestões, pode contactar-nos nos seguintes e-mails:
José Mário Silva – josemariosilva@hotmail.com; josemariosilva@netcabo.pt
Manuel Deniz – manuel.silva@noos.fr”.
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