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O Pulsar do Campeonato – 27ª Jornada

(“O Templário”, 08.05.2025)
Prestes a comemorar o 90.º aniversário, o Sport Clube Ferreira do Zêzere atingiu o ponto mais alto do seu historial a nível do futebol, tendo-se sagrado, pela primeira vez, Campeão Distrital da I Divisão, assegurando, pois, uma inédita promoção aos campeonatos nacionais.
Na sua 16.ª participação no principal escalão do futebol distrital (tendo registado cinco despromoções, nas oito primeiras presenças, entre 1992-93 e 2008-09), e depois de ter estabilizado na I Divisão (oitava temporada consecutiva, desde 2017-18), após o 4.º lugar alcançado, precisamente em 2018, e da 2.ª posição da época passada – já sob o comando técnico de Mário Nelson –, os ferreirenses conseguiram, enfim, chegar ao degrau mais alto.
E fizeram-no em “grande estilo”, não deixando margem para qualquer dúvida, num título desde há muito anunciado: com 25 vitórias em 27 jogos (totalizando já 76 pontos, quando faltam ainda disputar três jornadas), tendo aberto um fosso de doze pontos face ao par que partilha agora a vice-liderança, com o ataque mais concretizador (81 golos, à média exacta de 3 golos/jogo, com mais vinte que o Fazendense) e a defesa menos batida (apenas doze golos, cerca de metade dos 23 sofridos pelo agora 2.º classificado), o desempenho do Ferreira do Zêzere apenas encontra paralelo no registo do Samora Correia em 1982-83 (27 vitórias e três empates); só sendo superado, em termos de rendimento percentual, pelo do Fátima em 2015-16 (24 vitórias e dois empates).
Destaques – Bastando-lhe obter, na 27.ª ronda, o mesmo desfecho que o Samora Correia alcançasse, os ferreirenses fizeram questão, naturalmente, de resolver a contenda por si próprios, e, mesmo defrontando um adversário valoroso (4.º classificado) – e após superarem alguma compreensível ansiedade –, não deram hipóteses ao Torres Novas, goleando por inequívoco 5-0.
O primeiro golo demorou meia hora a chegar, mas, com o 2-0, ainda antes de completado o 10.º minuto da segunda parte, estava dado o pontapé de saída para a grande festa. Até final, ainda mais três golos, elevaram a contagem para números bem eloquentes da superioridade do Ferreira.
Por seu lado, o Samora Correia, já conformado, procurando fundamentalmente preservar o 2.º lugar, não faria melhor que o empate (1-1) em Alcanena, onde, inclusivamente, começou por estar em desvantagem, tendo igualado logo no minuto inicial do segundo tempo, mas não tendo conseguido consumar a reviravolta, acabando por registar um algo imprevisto desfecho, com o Alcanenense a interromper uma série muito negativa, de cinco desaires sucessivos.
Muito mais difícil do que seria expectável foi, também, o triunfo do Fazendense, batendo o Cartaxo por sofrido 3-2, depois de ter sido deveras surpreendido, tendo visto os anfitriões chegar a vantagem de dois golos, ainda na meia hora inicial de jogo. Com forte reacção, o grupo das Fazendas de imediato restabeleceria a igualdade, num curto intervalo de apenas oito minutos; porém, o tento da vitória só viria a surgir nos derradeiros dez minutos, e numa fase em que os forasteiros se encontravam reduzidos a dez elementos, já desde os 67 minutos.
Em qualquer caso, uma conjugação de resultados que permitiu ao Fazendense, não só igualar o Samora Correia no 2.º posto (tendo, aliás, melhor diferença de golos), como definiu, desde logo, os clubes (para além de U. Santarém e Fátima) que representarão o Distrito na próxima edição da Taça de Portugal: o Campeão, Ferreira do Zêzere; o Samora Correia, enquanto 2.º classificado ou vencedor/finalista da Taça do Ribatejo; e o Fazendense, quer termine na 2.ª ou na 3.ª posição.
Se se tratou da quinta vitória consecutiva do Fazendense (nona nos dez últimos desafios, em que apenas cedeu um empate, ante o Coruchense), teve correspondência, em paralelo, na sétima derrota consecutiva do Cartaxo (que conta apenas oito pontos na segunda volta, só o Salvaterrense tendo feito pior), que vai caindo em situação cada vez ameaçadora: 13.º lugar, agora só dois pontos acima da “linha de água”, portanto, em sério risco de eventual descida à divisão secundária.
Surpresas – E isto porque, contrariando as expectativas, quer a equipa do Entroncamento AC como a da Glória do Ribatejo continuam a somar pontos, tendo, aliás, voltado a ganhar ambas.
Nos Amiais, defrontavam-se duas formações que vinham de vitórias nas duas rondas anteriores, tendo o Entroncamento AC surpreendido uma vez mais, alcançando terceiro triunfo sucessivo, isto depois de ter superado um ciclo terrível, de oito desaires consecutivos. O Amiense até começara por inaugurar o marcador, mas os visitantes empataram de pronto, tendo, na segunda parte, marcado mais dois golos, fixando o resultado em 1-3, a seu favor.
O grupo da Glória, recebendo o U. Tomar, impôs-se por categórico 3-0, numa partida em que os unionistas – em dia de (111.º) aniversário do clube – voltaram a desiludir. Tendo tido, até, melhor entrada em jogo, assumindo a iniciativa e controlo, e criando diversos lances de perigo, não conseguiriam, todavia, concretizar qualquer golo. Com o nulo a subsistir ao intervalo, na segunda metade a configuração do jogo alterar-se-ia substancialmente, com a entrada em campo de Emiliano Nambantche, a “revolucionar” a dinâmica do grupo da Glória, que os tomarenses revelaram incapacidade para travar, acabando por, sucessivamente, ver o “placard” dilatar-se.
Ainda assim, em função dos resultados do dia (em particular, da derrota do Cartaxo), o U. Tomar garantiu já, matematicamente, a manutenção: dispondo, agora, de margem de oito pontos sobre a “linha de água”, não poderá ser já ultrapassado, em simultâneo, pelo Cartaxo e Entroncamento AC, dado que estes se defrontarão na derradeira ronda. Mesmo num (improvável) cenário de igualdade a 27 pontos entre vários clubes, o União teria vantagem face a todos eles!
Confirmações – Nos restantes três encontros os desfechos poderão enquadrar-se na lógica, pese embora as vitórias expressivas do Mação ante o At. Ouriense (4-0) e do Águias de Alpiarça, em Salvaterra de Magos (5-2), o que ditou, inapelavelmente, o consumar da descida do Salvaterrense. O Abrantes e Benfica, batendo por tangencial 3-2 o Coruchense, dista só três pontos do 5.º lugar.
II Divisão Distrital – Tendo-se jogado apenas da Série B, o Tramagal garantiu já – ainda com três encontros por disputar – a promoção ao escalão principal, a que regressará, após 18 anos!
Para tal, bastou ao guia o empate (2-2), averbado no seu terreno, na recepção ao vice-líder, Riachense – subsistindo o diferencial de onze pontos entre ambos os emblemas; tendo, por seu lado, a turma dos Riachos beneficiado do desfecho (3-0) do Vilarense-Vasco da Gama para manter a sua posição, todavia, agora só com um ponto de vantagem sobre esse duo perseguidor; sendo que também o Espinheirense (4-0 à Ortiga), quatro pontos abaixo, ainda sonhará com o 2.º lugar.
Liga 3 – Chegou ao seu termo a disputa da fase de manutenção desta prova, sendo de sublinhar a magnífica goleada imposta pelo U. Santarém em Coimbra, frente à Académica, tendo os escalabitanos vencido por concludente 4-0, ultrapassando o adversário e concluindo o torneio no 1.º lugar. Foram despromovidas ao Campeonato de Portugal as equipas do Anadia, Vilaverdense, Oliveira do Hospital e Lusitânia (Açores). Na fase de apuramento de Campeão, ainda com duas jornadas por disputar, o Lusitânia de Lourosa garantiu já a promoção à II Liga.
Campeonato de Portugal – O Fátima reagiu da melhor forma à “entrada em falso” na fase de subida, obtendo notável vitória ante O Elvas (3-1), posicionando-se, após a realização das duas primeiras rondas, no 2.º lugar, a três pontos do Lusitano de Évora, que somou segundo triunfo.
Antevisão – Na antepenúltima jornada do Distrital da I Divisão – e sendo já conhecidos os três clubes que ocuparão os lugares do pódio – as atenções focam-se, agora, sobretudo, na luta pela permanência, com realce para os seguintes desafios: Águias de Alpiarça-Cartaxo; Fazendense-Glória do Ribatejo; Entroncamento AC-Abrantes e Benfica; e, ainda, o Amiense-Alcanenense.
No escalão secundário destaca-se, em especial, o Pontével-Porto Alto, embate que colocará frente-a-frente os dois primeiros classificados, bastando o empate aos visitantes para confirmarem o regresso à I Divisão Distrital; em caso de triunfo dos anfitriões, reduziriam o atraso face ao líder para quatro pontos ((restando disputar duas jornadas), mas, talvez mais determinante, garantiriam matematicamente o 2.º posto, e consequente participação no “playoff” de subida.
Na Série B, já com o vencedor definido, serão, ainda assim, de interesse, na disputa pelo 2.º lugar, as seguintes partidas: Vasco da Gama-Tramagal, Riachense-Espinheirense e Caxarias-Vilarense.
A fechar a primeira volta da fase final do Campeonato de Portugal, o Fátima viaja até à margem Sul do Tejo, para defrontar o Amora, que partilha o 3.º lugar com O Elvas, somente com um ponto.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 8 de Maio de 2025)



