Archive for 23 Fevereiro, 2025
O Pulsar do Campeonato – 18ª Jornada

(“O Templário”, 20.02.2025)
Com 60% da prova disputada, o campeonato da presente época apresenta uma configuração algo inusual, com notória partição da pauta classificativa em duas metades iguais, com o 8.º e o 9.º classificado separados por dez pontos! A 18.ª ronda foi, aliás, bem paradigmática a este respeito: dos oito primeiros, sete saíram vencedores (só o Coruchense perdeu); dos oitos últimos, nenhum logrou vencer e só Cartaxo e Salvaterrense não perderam … dado terem jogado entre si.
Destaques – Foi, pois, uma jornada sem grandes surpresas, em que os clubes teoricamente mais apetrechados confirmaram o seu favoritismo. Começando pela forma natural como o líder, Ferreira do Zêzere arrumou a contenda a seu favor, na recepção ao Entroncamento AC, aplicando uma goleada por 5-0, rapidamente tendo despachado o seu trabalho, com o 3-0 que se registava já ao intervalo, no que constitui o 7.º triunfo consecutivo no campeonato (ou, de modo ainda mais ilustrativo da superioridade que vem patenteando, o 17.º, nos 18 jogos até à data realizados).
Categórica foi também a vitória averbada pelo Samora Correia, que bateu o Coruchense por 3-0 (hat-trick do nigeriano Mathew Okoro), com a turma do Sorraia a encaixar, em apenas oito dias, nada menos de sete golos sem resposta (praticamente metade dos que sofrera em toda a primeira volta – quinze), nas deslocações aos terrenos dos dois primeiros classificados, o que, para já, lhe custou descer da 4.ª à 6.ª posição (e, agora, apenas com dois pontos sobre o 7.º classificado).
O Fazendense superou um mini-ciclo de três jogos sem ganhar, impondo-se, não sem experimentar dificuldades, na visita a Ourém, onde ganhou ao At. Ouriense por tangencial 1-0, golo apontado à passagem da meia hora de jogo, preservando assim o último lugar do pódio.
Em Tomar, o União voltou a entrar a perder – tal como sucedera em Mação e em Torres Novas – , sofrendo o primeiro golo do Alcanenense somente com um minuto decorrido, ou seja, mais cedo ainda do que sucedera nesses dois desaires. Todavia, este foi um encontro com cariz bem distinto, com os tomarenses a dar muito boa réplica, empatando a meio do primeiro tempo… para se verem de novo em desvantagem pouco depois da meia hora, e, outra vez, restabelecer a igualdade (2-2) apenas três minutos volvidos. Só que a formação de Alcanena, muito oportuna a explorar as falhas contrárias, chegaria ao 3-2, logo outros quatro minutos depois, isto é, ainda antes dos quarenta!
Em qualquer caso, numa partida que, pela toada de “parada e resposta” no marcador, terá tido mais similitudes com o jogo da Taça, ante o Fazendense, os unionistas só acabariam por sair derrotados (2-3) devido a um lapso de apreciação do lance em que fariam o 3-3, já próximo do final do tempo regulamentar – no qual, conforme reconhecido pela generalidade dos intervenientes (incluindo o responsável pelo emblema de Alcanena, José Torcato) e observadores diversos, terá havido um equívoco grosseiro, ao ser sancionado um “fora-de-jogo” inexistente.
Assinala-se ainda o desfecho do desafio entre Torres Novas e Águias de Alpiarça, em que os torrejanos, beneficiando de grande eficácia – pese embora defrontando um adversário que tem evidenciado alguma subida de rendimento –, chegaram a estar a golear por 4-0 (!), acabando o “placard” final (4-2) por, de alguma forma, ficar amenizado, por via dos dois tentos apontados pelos alpiarcenses na parte derradeira do jogo, aos 85 minutos e já em tempo de compensação.
Perfilando-se os três emblemas do pódio com relativamente significativo diferencial pontual (sete pontos entre 1.º e 2.º classificados, sendo de doze pontos o atraso do Fazendense), houve como que um reagrupamento nas posições imediatamente a seguir: o Alcanenense (4.º) está apenas a dois pontos do conjunto das Fazendas; o Torres Novas, outros dois pontos mais abaixo, sendo seguido de perto (somente a um ponto) pelo Coruchense; com o Abrantes (7.º) também próximo.
Surpresa – Se surpresa (ainda que relativa) houve no passado Domingo, ela registou-se no Cartaxo, onde a turma local, a distância muito longínqua do que prometia no arranque da temporada, voltou a ter desempenho aquém do que seria expectável, não tendo conseguido desfazer o nulo, na recepção ao até então “lanterna vermelha”, Salvaterrense.
Confirmações – Para além dos casos relativos a outras partidas já antes mencionadas, também o Abrantes e Benfica (ganhando por 3-2 na Glória do Ribatejo) e o Mação (vitória por 2-0, na recepção ao Amiense) confirmaram cabalmente o favoritismo que lhes era conferido, com abrantinos e maçaenses, paulatinamente em recuperação, posicionados ainda no 7.º e 8.º lugares, respectivamente (separados por três pontos), mas tendo reduzido de forma significativa a desvantagem face aos clubes acima, com o Abrantes somente a dois pontos do 6.º classificado.
Por seu lado, o Amiense partilha com o Cartaxo e o U. Tomar, o 10.º posto, cada qual com 17 pontos, com margem de onze pontos face à “linha de água”, ainda sem poder repousar; subsistindo Salvaterrense e Glória do Ribatejo (agora igualados na cauda da tabela) em zona de despromoção.
II Divisão Distrital – Jogou-se, no último fim-de-semana, apenas na Série B (14.ª jornada, primeira da segunda volta), com o Tramagal a dar mais um importante passo rumo a um ansiado regresso ao principal escalão, tendo recebido e batido o Vilarense (então um dos vice-líderes) por convincente marca de 3-0.
Os tramagalenses dispõem de avanço de oito pontos sobre o Vasco da Gama (com difícil triunfo, por 2-1, no Pego), tendo o Espinheirense ascendido à 3.ª posição (após golear o Mindense por 6-0), mas já a dez pontos do guia. Riachense e Vilarense estão ainda mais atrasados (onze pontos).
Liga 3 – No arranque da fase de disputa da manutenção (com a realização da primeira de dez jornadas), o U. Santarém recebeu a Académica, tendo o 0-0 subsistido até final do prélio. Os escalabitanos foram alcançados na 2.ª posição pelo Sp. Covilhã, ambos dois pontos abaixo dos academistas, e, agora, com (ainda curta) vantagem de quatro pontos em relação à zona de descida.
Campeonato de Portugal – Começam a faltar adjectivos para qualificar a prestação do Fátima, que segue agora num magnífico ciclo de seis vitórias consecutivas, tendo ido vencer – por curiosidade, frente a outro emblema de Coimbra – ao terreno do União 1919, por 2-1, na 19.ª ronda da prova, continuando a repartir a vice-liderança com o Arronches e Benfica.
Perante um desempenho de muito bom nível, será hora de “olhar para cima” e já não para baixo, com a “linha de água” a distantes 14 pontos, a sete jogos do termo da fase regular do campeonato.
Antevisão – A 19.ª jornada do Distrital da I Divisão tem início agendado para esta quinta-feira, dia 20, com a visita do comandante, Ferreira do Zêzere, ao sempre difícil reduto dos Amiais de Baixo, não obstante os ferreirenses disponham de claro favoritismo. No Domingo, o Samora Correia viaja até ao Entroncamento, sendo também de interesse a disputa directa em jogo no Coruchense-Torres Novas. Por seu lado, o U. Tomar tem mais uma complicada saída, às Fazendas.
De sublinhar ainda o “derby” municipal entre o par que ocupa o último lugar, Salvaterrense-Glória do Ribatejo, em que uma eventual vitória poderá constituir importante suplemento de ânimo; mas, ao invés, uma derrota poderá significar o princípio do ditar da sentença de baixa de escalão.
Na Liga 3, o U. Santarém viaja até aos Açores, à cidade de Angra do Heroísmo, para defrontar o último (6.º) classificado, Lusitânia, sendo fulcral pontuar.
No Campeonato de Portugal, que avança já para a 20.ª ronda, o Fátima terá a visita do Sertanense, em posição muito precária, actual penúltimo classificado, a seis pontos do último lugar de manutenção (Sp. Pombal, 9.º na tabela), que poderá surgir motivado pela vitória obtida ante o Pêro Pinheiro, último da classificação – sendo os fatimenses, ainda assim, favoritos a ganhar.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 20 de Fevereiro de 2025)



