Archive for 24 Novembro, 2024
Centenário da Associação de Futebol de Santarém (1924-2024)
3. Palmarés Distrital

No terceiro e último artigo desta pequena série, a pretexto dos 100 anos da Associação de Futebol de Santarém (“AFS”), aniversário celebrado a 19 de Novembro, o mote é o palmarés distrital.
Desde a criação do Campeonato de futebol por parte da “AFS”, no ano de 1925, em cem edições disputadas, são trinta os clubes que se sagraram vencedores da sua principal competição:
- 9 vezes – Torres Novas (incluindo-se nesta contagem o título conquistado pelo então denominado Torres Novas F.C., em 1928-29);
- 8 – U. Operária de Santarém;
- 7 – Tramagal;
- 6 – Ac. Santarém; e U. Tomar;
- 5 – “Os Leões” de Santarém; e Ferroviários;
- 4 – Cartaxo; Alcanenense; At. Riachense; U. Almeirim; e Coruchense;
- 3 – Alferrarede; Marinhais; Benavente; Samora Correia, U. Rio Maior; e Fátima;
- 2 – Rossiense; Matrena; Amiense; e Fazendense;
- 1 – Águias de Alpiarça; Abrantes FC; Monsanto; Ouriquense; At. Ouriense; Mação; U. Santarém; e Rio Maior SC.
Começou por vincar superioridade a equipa de “Os Leões” de Santarém, que ganhou os três primeiros torneios (1925 a 1927 – tendo vencido também em 1930), a que se seguiu a supremacia da U. Operária de Santarém (com seis títulos conquistados, logo entre 1928 e 1935, os cinco últimos consecutivos). O predomínio dos grupos da capital do Distrito prosseguiria, depois, com o triunfo, noutras cinco edições (entre 1936 e 1941), por parte da Académica de Santarém.
Até 1946, ano em que se registou a unificação do campeonato (até então, geralmente repartido em diferentes zonas), apenas o mencionado Torres Novas F.C., Matrena (1938) e U. Tomar (1942 e 1943) se tinham intrometido na dominância dos clubes escalabitanos, que, nessa altura, somavam já 18 títulos (U. Operária, com oito; Académica, com seis; e “Os Leões”, com quatro)!
Surgiria então, como novo vencedor, o Ferroviários, com três campeonatos conquistados até 1952. Já depois do primeiro título ganho (1950) pelo ressurgido C. D. Torres Novas – e do último de “Os Leões” (1953) – assinalam-se outros dois ciclos de cinco títulos sucessivos, primeiro por parte do emblema torrejano (de 1955 a 1959), e, de imediato, do Tramagal (de 1960 a 1964).
Num período em que o Campeão Distrital não dispunha da prerrogativa de disputar exclusivamente os Nacionais, os tramagalenses somariam ainda mais dois títulos (1966 e 1967).
De facto, até ao ano de 1968, apuravam-se os primeiros classificados (geralmente quatro) do Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Santarém para participar, nessa mesma época, na III Divisão Nacional – tendo o U. Tomar sido o único clube a conseguir, em 1964-65, sagrar-se, numa única temporada, Campeão Distrital e Campeão Nacional da III Divisão (sendo, então, promovido à II Divisão); por curiosidade, também o Coruchense (1953-54) e “Os Leões” (1962-63) haviam sido Campeões da III Divisão, em épocas em que, no Distrital, não tinham ido além do 4.º e do 2.º lugar, respectivamente. O Tramagal viria a ser vice-campeão da III Divisão na temporada de 1966-67, garantindo também, por fim, a subida à II Divisão Nacional.
Só a partir da época de 1968-69 se iniciou novo modelo, com a promoção do Campeão Distrital (em alguns anos, também do vice-campeão, como ocorreu em 1976, 1987, 1990, 1995, 1997, 2004, 2005 e 2012) aos Nacionais (III Divisão; actualmente, ao “Campeonato de Portugal”), deixando, pois, de integrar o lote de concorrentes ao Distrital na temporada subsequente.
A partir daí, a conquista do título de Campeão como que se “democratizou”, apenas o At. Riachense tendo tido oportunidade de – para além dos triunfos de 2001 e 2013 – bisar o 1.º lugar (2009 e 2010), e isto, somente pelo facto de ter abdicado da promoção, na primeira destas épocas.
Não obstante, vários outros clubes se evidenciaram, vencendo também o campeonato por mais de uma vez em relativamente curtos intervalos de tempo, em especial nos seguintes casos: Alferrarede (1970, 1973 e 1980); Marinhais (1982, 1987 e 1990); Samora Correia (1983, 1994 e 1997); Coruchense (2015, 2017 e 2021); Alcanenense (1969 e 1974); Amiense (1971 e 1977); U. Tomar (1988 e 1998); U. Rio Maior (1992 e 2002); U. Almeirim (1993 e 2000); Fazendense (1996 e 2007); Cartaxo (2006 e 2011); e, por último, o Fátima, actual detentor do título (2016 e 2024).
Não se encontrarão disponíveis estatísticas fiáveis sobre a integralidade dos campeonatos promovidos pela “AFS”, destacando-se, com base nas pesquisas realizadas, os seguintes “rankings”, de entre cerca de uma centena de equipas que disputaram o principal escalão de futebol do Distrito:
- No que respeita a participações, o extinto Ferroviários, do Entroncamento, é líder, com, pelo menos, 60 presenças, seguindo-se os também históricos Benavente (pelo menos 56), Tramagal (51), Amiense (50), Coruchense e Alcanenense (46 cada), D. Torres Novas e U. Tomar (43 cada), Cartaxo (41) e At. Riachense (40).
- Em relação a vitórias (e, inerentemente, pontuação total), o Amiense é o comandante destacado, a rondar as sete centenas de vitórias (num pouco mais de 1.400 jogos realizados, o que constituirá também “record”), seguido por Ferroviários e Benavente (próximos de seis centenas de triunfos cada), Coruchense, Torres Novas, Riachense, Tramagal e Cartaxo (cerca de cinco centenas); U. Tomar (442) e Alcanenense (cerca de 430).
- No que concerne a golos marcados, só Amiense (mais de 2.200), Benavente (com um total acumulado de ordem similar) e Ferroviários superaram já a marca dos dois mil golos obtidos, de que Coruchense e Torres Novas se aproximarão. Por seu turno, o Benavente é o grupo com mais golos sofridos (cerca de dois mil), seguindo-se o Ferroviários (cerca de 1.800).
Virando agulha para a Taça do Ribatejo, competição introduzida pela “AFS” na temporada de 1976-77, tem em curso a disputa da 48.ª edição, constando do seu palmarés, todavia, apenas 46 troféus atribuídos, dado ter sido suspensa, nas meias-finais, a prova de 2020, devido à pandemia.
O “rei” incontestável da designada “prova rainha” é o Fazendense, com cinco Taças ganhas (2006, 2012, 2014, 2016 e 2022). Seguem-se-lhe, com três troféus conquistados, o Tramagal, At. Riachense, Amiense e Coruchense. Por seu lado, Águias de Alpiarça, Alferrarede, Samora Correia, Cartaxo, U. Rio Maior, Mação, U. Santarém, Torres Novas e Ferreira do Zêzere (actual detentor da Taça) venceram a competição por duas vezes cada. Por fim, com um título, temos: Lagartos do Sardoal, Pego, Vasco da Gama, Benavente, Ferroviários, Azinhaga, Abrantes FC, Monsanto, Ouriquense, U. Tomar e Glória do Ribatejo – num total de 25 emblemas laureados.
Foram também, entretanto, já disputadas, desde a época de 1992-93, trinta edições da “Supertaça Dr. Alves Vieira”, com o seguinte palmarés: At. Riachense, Coruchense, Fazendense e Torres Novas (3 troféus cada); Samora Correia, Ferroviários, U. Rio Maior, Alcanenense, Mação e Fátima (2 cada); Alferrarede, Abrantes FC, Monsanto, Amiense, Cartaxo e At. Ouriense (1 cada).
Num exercício teórico de “consolidação” das três competições, são os seguintes (de um total de 36 titulares) os clubes mais galardoados a nível Distrital, no seio da Associação de Futebol de Santarém:
- 14 Troféus – Torres Novas (9 Campeonatos + 2 Taças + 3 Supertaças);
- 10 – Tramagal (7+3+0), Riachense (4+3+3), Coruchense (4+3+3) e Fazendense (2+5+3);
- 8 – Operária de Santarém (8+0+0) e Ferroviários (5+1+2);
- 7 – Tomar (6+1+0), Cartaxo (4+2+1), Samora Correia (3+2+2) e U. Rio Maior (3+2+2);
- 6 – Santarém (6+0+0), Alcanenense (4+0+2), Alferrarede (3+2+1) e Amiense (2+3+1);
- 5 – “Os Leões” de Santarém (5+0+0), Fátima (3+0+2) e Mação (1+2+2).
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 21 de Novembro de 2024)

O Pulsar do Campeonato – 9ª Jornada

(“O Templário”, 21.11.2024)
O líder destacado, Ferreira do Zêzere, superou com distinção mais uma prova que se colocava na sua caminhada, tendo ido vencer, com alguma naturalidade, a Mação, no que constitui já o sexto triunfo dos ferreirenses extra-muros, tendo disputado, até agora, apenas três encontros em casa.
A consistência que vem patenteando, semana após semana, é um forte indício da probabilidade de sucesso no cumprimento do objectivo para esta temporada, mesmo que estejamos ainda em fase relativamente prematura do campeonato.
Destaques – O Ferreira do Zêzere, com um golo praticamente a abrir (logo aos dez minutos) e outro quase a fechar (a cinco minutos do final), não deu possibilidade ao Mação – que vinha de uma goleada (0-4) sofrida em casa, ante o Alcanenense – de rectificar tal desaire com um desfecho positivo, tendo os visitantes, até agora com desempenho muito afirmativo nesta temporada, triunfado por 2-0, relegando o seu adversário para desvantagem já substancial, de dez pontos.
A este afastar de um competidor pelos lugares cimeiros, aliou-se o nulo registado no embate entre Alcanenense e Coruchense, duas formações que vêm dando muito boa conta de si nas últimas semanas (ambos tinham vencido os respectivos quatro últimos jogos), mas, que, desta feita, se neutralizaram, ampliando-se a diferença da turma de Alcanena face ao comandante para sete pontos; por seu turno, o grupo do Sorraia, penalizado pelo mau arranque, dista já onze pontos.
Pelo que, nesta altura, Fazendense e Samora Correia se perfilam como os mais directos concorrentes do guia, não obstante se posicionem cinco pontos atrás do conjunto ferreirense.
A formação das Fazendas deslocou-se ao reduto do Amiense, onde triunfou inapelavelmente, por convincente 3-0, tendo marcado no termo da primeira parte e a findar o tempo regulamentar, isto já depois de ter confirmado a vantagem, chegando aos 2-0 à entrada do último quarto de hora. O Fazendense apenas cedeu pontos no empate caseiro, precisamente ante os samorenses, e pela derrota sofrida em Coruche, somando, pois, sete triunfos nas nove rondas disputadas.
Por seu lado, o Samora Correia somou sexta vitória consecutiva, num ciclo muito positivo, ao ganhar, também em terreno alheio, na Glória do Ribatejo, por 2-1, mas com a particularidade de o tento decisivo ter sido alcançado cinco minutos para além dos noventa, em período de compensação, no que, em paralelo, constitui o quinto desaire sucessivo dos visitantes. Com desempenho muito similar ao do Fazendense, e para além da igualdade na partida entre ambos, o conjunto samorense apenas perdeu um jogo, por coincidência, também com o Coruchense.
A última nota de realce vai para a primeira vitória do Entroncamento AC no presente campeonato, na recepção ao Águias de Alpiarça (tal como a equipa da Glória, com uma série de cinco desaires), igualmente por 2-1, o que proporcionou à turma da cidade ferroviária sair da zona de despromoção, em que ficara imersa desde a 3.ª ronda, precisamente por troca com o adversário.
Surpresa – Hesitei quanto à categorização a atribuir ao desfecho da partida entre Cartaxo e Torres Novas, mas que, em qualquer caso, não deixará de constituir surpresa, mesmo que a confirmar, quer a tendência histórica do confronto entre ambos os emblemas, como a evolução recente do respectivo desempenho: os torrejanos ganharam, por tangencial 1-0, resolvendo bem cedo (estavam decorridos dez minutos) a contenda a seu favor, tal como sucedera na semana anterior.
Sucede que, por um lado, numa estatística verdadeiramente incrível, esta foi a 11.ª vez consecutiva, desde o ano de 2014, em que o Cartaxo não conseguiu, no seu reduto, ganhar ao Torres Novas, tendo-se registado quatro empates, e, agora, a 7.ª vitória dos torrejanos! Acresce, por outro, que os cartaxeiros, com trajectória irreconhecível nesta época, acumularam a quarta derrota sucessiva no presente campeonato, ao passo que os forasteiros somaram seis triunfos nas sete rondas mais recentes, o que lhes proporcionou ascender a um notável 5.º lugar na tabela.
Confirmações – Os outros dois resultados enquadram-se no que seriam as expectativas, com a vitória do Abrantes e Benfica (terceira sucessiva no campeonato) frente ao U. Tomar, e o triunfo do At. Ouriense no terreno do “lanterna vermelha”, Salvaterrense (quarto desaire sucessivo).
Em Abrantes, o União terá tido a melhor entrada em campo, desde o início da temporada, com a equipa, de forma personalizada, a assumir a iniciativa, surpreendendo o adversário. Porém, não se tendo tal materializado em golos, o tento abrantino, apontado aos 17 minutos, logo numa das suas primeiras investidas, não terá deixado de abalar a confiança dos tomarenses.
A partir daí, os anfitriões, mais seguros, como que “pegaram no jogo”, acabando por não surpreender o ampliar da contagem, à passagem dos 40 minutos, na sequência de um pontapé de canto, a aproveitar com eficácia mais uma falha de concentração dos opositores. Na segunda parte, o Abrantes optou por gerir o resultado, concedendo posse de bola aos unionistas, que, contudo, revelaram limitada objectividade.
Em Salvaterra de Magos, o At. Ouriense chegou, até com bastante maior facilidade do que seria previsível, a uma categórica vantagem de 3-0, com tentos averbados aos 20, 27 e 55 minutos. A meritória, e digna de nota, reacção dos donos da casa, com dois golos de “rajada”, pouco depois da hora de jogo, ficou aquém das necessidades do Salvaterrense, que não evitou mais uma derrota, outra vez pela diferença mínima, de 2-3, como sucedera em Torres Novas (0-1), e, pelo mesmo “placard” de 2-3, também quinze dias antes, na recepção ao Samora Correia.
II Divisão Distrital – Jogou-se apenas na Série B (Norte), com destaque para a goleada (4-0) do Tramagal na recepção ao Pego, prosseguindo os tramagalenses um percurso totalmente vitorioso nos quatro jogos já realizados. Não obstante, o guia continua a ser o Vasco da Gama (já com cinco partidas disputadas), tendo vencido o Ortiga por 4-1, dispondo de um ponto de vantagem.
Também o Caxarias e Vilarense registam – tal como o Tramagal – doze pontos (mas, à semelhança do Vasco da Gama, tendo jogado nas cinco jornadas já decorridas), depois de terem batido, respectivamente, a equipa “B” do Abrantes (3-1) e o At. Pernes (3-0).
Antevisão – No Distrital da I Divisão, que atinge a 10.ª jornada, destacam-se, principalmente, os seguintes três desafios: Ferreira do Zêzere-Alcanenense, Samora Correia-Mação e Fazendense-Abrantes e Benfica, envolvendo seis das equipas com maior potencial, nos quais, sendo os anfitriões favoritos, se projecta que os visitantes possam oferecer forte réplica.
Quanto ao U. Tomar, reencontra, três semanas depois, o Salvaterrense, procurando repetir o triunfo, que, a ocorrer, poderá revelar-se de crucial importância para o desenrolar da época.
Tendo a Série A da divisão secundária tido um breve interregno no passado fim-de-semana, o realce vai, na retoma da prova, com a 5.ª jornada, para a partida entre Porto Alto e Marinhais. Na Série B (que avança para a 6.ª ronda) as atenções estarão centradas no Riachense-Vasco da Gama.
A Liga 3 e o Campeonato de Portugal continuam em pausa, dado disputar-se a eliminatória relativa aos 1/16 avos de final da Taça de Portugal, já sem qualquer representante do Distrito.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 21 de Novembro de 2024)



