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Centenário da Associação de Futebol de Santarém (1924-2024)
2. Participação dos clubes filiados na Taça de Portugal

Neste segundo artigo evocando o Centenário da Associação de Futebol de Santarém (“AFS”) apresenta-se uma súmula das participações dos seus representantes na Taça de Portugal.
Nas 85 edições da “prova rainha”, desde a estreia na época de 1938-39, participaram na competição cerca de 750 clubes, de Norte a Sul, estendendo-se às ilhas, e, até 1974, alargando-se inclusivamente às então designadas “províncias ultramarinas”. Desse número, 40 correspondem a emblemas com filiação na “AFS”, tendo somado um total de 439 participações, ao longo de 69 temporadas, desde a presença inaugural, do Operário Vilafranquense, em 1940-41.
Tal como sucede a nível de presenças nos campeonatos nacionais, também o Torres Novas é o clube com maior número (42) de participações na Taça de Portugal, sendo, neste caso, seguido de perto pelo U. Tomar (39), Fátima e U. Santarém (38 cada). U. Almeirim (30), Alcanenense (28), Cartaxo (25) e U. Rio Maior (22) registam também mais de vinte presenças.
Tendo começado por dispor de um único representante nas primeiras nove edições em que participaram formações do Distrito (até ao ano de 1965), o “record” é de 14 equipas (na época de 1990-91), tendo-se reduzido, desde 2012, a um lote de quatro ou cinco participantes – depois de, entre 1977 e 2002 ter oscilado, na quase totalidade das temporadas, entre nove e onze.
Nas 439 participações, em 170 delas os clubes filiados não lograram superar a 1.ª eliminatória, sendo que, noutras 97, se quedaram pela 2.ª ronda. Registam-se, pela positiva, 89 participações em estágios mais adiantados do torneio, a partir dos 1/32 avos de final (num total de 55 vezes nesta fase – incluídas duas presenças na 4.ª eliminatória, na época de 1970-71).
Se restringirmos a análise a partir do patamar dos 1/16 avos de final, a amostra reduz-se, pois, a 34 presenças, sendo que a última delas ocorreu já há dez anos, por via do At. Riachense.
Dessas 34 rondas em fase mais avançada, destaca-se o U. Tomar, com cinco participações nos 1/4 de final (1969, 1970, 1973, 1974 e 1975), uma nos 1/8 de final (1976) e uma nos 1/16 avos de final (1972). Só “Os Leões” de Santarém (em 1956) conseguiram alcançar igualmente os 1/4 de final, contando ainda com outras três ocasiões (1948, 1949 e 1969) em disputa de ronda equivalente aos 1/16 avos de final. Nas cinco oportunidades dos tomarenses de poder aceder às meias-finais, viram-se arredados pelo Sporting (duas vezes), Leixões, CUF e Olhanense; tendo “Os Leões” de Santarém (depois de superarem V. Setúbal e Atlético) sido afastados pelo FC Porto.
Marcaram ainda presença nos 1/8 de final: (i) o Torres Novas, por duas vezes (1973 e 1976) – tendo os torrejanos disputado igualmente os 1/16 avos de final noutras duas ocasiões (1992 e 1995); (ii) o Fátima (1993), sendo que os fatimenses chegaram aos 1/16 avos de final noutras três vezes (2006, 2009 e 2010); para além (iii) do Operário Vilafranquense, na estreia, em 1941.
A eliminatória correspondente aos 1/16 avos de final foi também atingida por: U. Almeirim (1971, 1975 e 1986); Benavente (1977 e 1978); Cartaxo (1980 e 1987); Samora Correia (1985 e 1987); At. Riachense (1989 e 2015); Abrantes FC (2006 e 2008); e G. D. Coruchense (1955).
Nos 870 desafios realizados envolvendo equipas da “AFS” ficaram memoráveis, especialmente, as vitórias obtidas frente a adversários a militar na I Divisão: os mencionados triunfos de “Os Leões” de Santarém (1955-56) ante V. Setúbal (4-1) e Atlético (3-2); 1-0 no Marinhais-Salgueiros (1982-83); 1-0 no U. Santarém-Belenenses (1976-77); 2-1 no Cartaxo-Sp. Braga (1986-87); tendo o U. Tomar vencido o Leixões (4-2 em 1967-68; e 2-1 em 1975-76) e a CUF (1-0 em 1969-70).
O Cartaxo foi ainda o único a empatar (também em 1986-87) com o Benfica (que venceu os outros sete encontros com emblemas do Distrito). Em seis jogos frente ao Sporting, regista-se um único empate (do U. Tomar, em 1974-75). O FC Porto venceu todos os cinco desafios disputados.
Ao invés, não foi possível evitar alguns pesados desaires: 14-1 no Benfica-At. Riachense; 9-0 no V. Setúbal-U. Rio Maior, Paços de Ferreira-At. Riachense e Benfica e Castelo Branco-Amiense; 8-0 no Benfica-U. Almeirim, Sp. Espinho-Amiense, Olhanense-Fátima e Estarreja-U. Rio Maior; para além de dez derrotas por 0-7 (duas do Cartaxo, Torres Novas e do U. Tomar; uma do Amiense, Azinhaga, Matrena e “Os Leões” de Santarém).
Por outro lado, o U. Santarém regista a maior goleada a favor, tendo vencido, fora de casa, o Tabuense, por 10-0. O U. Tomar bateu o Condestável por 9-1; enquanto o Torres Novas ganhou ao Eléctrico de Ponte de Sôr por 8-0, a mesma marca obtida pelo Monsanto ante o Mirandense.
Fátima (em 93 jogos) e U. Tomar (97 jogos) são os que somam mais vitórias na prova (43 cada), seguidos por Torres Novas (35), U. Santarém (31), U. Almeirim (30) e Alcanenense (25).
No quadro em anexo apresenta-se síntese de todas as 439 participações dos clubes filiados na Associação na Taça de Portugal, indicando-se, para cada equipa, a fase atingida, época a época.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 14 de Novembro de 2024)
O Pulsar do Campeonato – 8ª Jornada

(“O Templário”, 14.11.2024)
O facto de ter registado um jogo em atraso, logo da ronda inaugural, tem feito com que o Alcanenense se posicionasse na tabela um pouco abaixo do que potencialmente poderia alcançar, em caso de triunfo em tal partida, agendada para esta quarta-feira, ante o At. Ouriense. É que, em tal cenário, a turma de Alcanena partilharia a vice-liderança com Fazendense e Samora Correia.
Isto não invalida, em qualquer caso, algum espanto pela categórica goleada (4-0) aplicada pelos pupilos de José Torcato em Mação, precisamente frente ao anterior 2.º classificado, que, num só desafio, sofreu tantos golos quantos concedera nas sete jornadas anteriores.
De resto, na frente, nada de novo, com o Ferreira do Zêzere a somar o oitavo triunfo em outros tantos desafios realizados no campeonato, ampliando para cinco pontos a vantagem sobre os seus mais directos perseguidores. Mas não foi “linear” essa vitória, como adiante se verá…
Destaques – A grande nota de realce foi, efectivamente, a goleada do Alcanenense em Mação, proporcionada por uma entrada “a todo o gás”: aos seis minutos, com dois golos de rajada, a formação de Alcanena tinha já (mais de) meio caminho andado para a vitória, tendo chegado a 3-0 ainda antes do intervalo. Perante a impossibilidade de reacção por parte dos maçaenses, a contagem viria a ser fixada pelos visitantes… aos seis minutos do segundo tempo.
Noutro embate que constituía um dos pontos de interesse do passado Domingo, o Samora Correia impôs-se ao Cartaxo, ganhando por 2-0, com golos aos 28 e 45 minutos, firmando a sua candidatura aos lugares de topo (somando quinto êxito consecutivo), enquanto, em paralelo, os cartaxeiros (terceiro desaire sucessivo) não deverão já poder esperar “milagres” deste campeonato, a longínquos quinze pontos do comandante, partilhando o 9.º lugar com o U. Tomar.
Justamente, os unionistas, noutro encontro de maior aliciante da última ronda, mercê do facto de receberem a equipa orientada pelo seu anterior responsável técnico, Marco Marques, voltaram a ganhar – depois da vitória alcançada em Alpiarça, e do triunfo do fim-de-semana precedente, para a Taça, ante o Salvaterrense –, desta feita por tangencial 1-0.
Após onze jogos sucessivos sem conseguir manter a sua baliza inviolada, desde o mês de Março, os tomarenses, num jogo sem grandes primores exibicionais, mostraram-se sempre mais inconformados com o nulo que perduraria até ao quinto minuto do tempo de compensação, altura em que, na sequência de um livre, conseguiram desfeitear o guardião contrário, desfazendo a expectativa de pontuar por parte dos homens dos Amiais, acabando por justificar o resultado.
Um desfecho favorável que possibilitou aos nabantinos distanciar-se da zona perigosa da tabela, agora já com uma margem de sete pontos (9-2) face à “linha de água” (penúltimo classificado).
O último destaque vai para o triunfo (2-1) do Abrantes e Benfica em Ourém, perante o At. Ouriense, tendo os abrantinos chegado, aliás, a dispor de dois tentos de vantagem, apontados em escassos três minutos, entre os 35 e os 38. A turma de Abrantes subiu ao 8.º posto, já afastada da parte inferior da classificação, pese embora diste quatro pontos do lugar imediatamente acima.
Confirmações – Numa jornada sem imprevistos de maior – à parte, claro, a expressão da vitória do Alcanenense em Mação – o Glória do Ribatejo não deixou, contudo, de começar por surpreender, no terreno do guia, em Ferreira do Zêzere.
De facto, os forasteiros colocaram-se em vantagem, não uma, mas por duas vezes: o grupo da Glória inaugurou o marcador aos nove minutos; os ferreirenses empataram aos quinze; tendo os visitantes marcado o 1-2 aos 33. Valeu aos anfitriões terem restabelecido de novo a igualdade apenas outros quatro minutos volvidos, tendo atingido o intervalo já em posição de vencedores, por 3-2. Na segunda metade, com maior normalidade, o Ferreira do Zêzere chegou aos 5-2.
Também dentro da lógica se pode enquadrar a vitória (quarta sucessiva) do Coruchense (só a quatro pontos do 2.º lugar), em Alpiarça, frente ao Águias (somando, por seu lado, quarta derrota consecutiva), por 3-0, mas num confronto que, necessariamente, ficou deveras condicionado pelo facto de os alpiarcenses se terem visto reduzidos a nove elementos, por via de duas expulsões, aos 25 e 35 minutos; só depois disso o conjunto do Sorraia chegaria aos (três) golos.
O Fazendense bateu, com aparente tranquilidade, o penúltimo classificado, Entroncamento AC, por 4-1, mas deverá atentar-se que as equipas saíram empatadas a um golo para o intervalo, apenas na etapa complementar se tendo desnivelado o marcador. Uma inaudita curiosidade se assinala: os vinte golos até agora marcados pelo grupo das Fazendas no campeonato foram apontados, todos eles, por apenas três jogadores (Carlos Bacalhau e Torres Gomez, sete cada, e Pedro Costa, que fez um “hat-trick, com seis tentos – perseguidores do ferreirense Rodrigo Antunes, com oito)!
Por fim, o Torres Novas bateu o “lanterna vermelha”, Salvaterrense, pela margem mínima, mercê de um golo obtido logo aos quinze minutos, não se tendo alterado o “placard” até final.
Outra curiosidade ainda: em função dos desfechos da 8.ª ronda, marcaram-se exactamente 200 golos, à média de 25 por jornada, equivalente, portanto, a uma média geral de 3,125/jogo.
II Divisão Distrital – Houve surpresa grande na Série A, com a derrota caseira (0-1) de um dos guias, Marinhais, ante o anterior “lanterna vermelha”, QT-SC Rio Maior. Forense e Porto Alto repartem agora o comando, mantendo, ambos, o pleno de quatro vitórias. Assinala-se também a vitória do Pontével (igualando o Marinhais no 3.º lugar) na recepção ao Moçarriense, por 2-1.
Na Série B, o Vasco da Gama, goleando (8-0) a equipa “B” do Abrantes e Benfica (com os três últimos golos apontados aos 86, 87 e 88 minutos…) mantém a liderança isolada, com dez pontos, um a mais que o Tramagal (vencedor por 3-1 na Atalaia), mas com a particularidade de os tramagalenses – que contam um jogo a menos – terem vencido os três encontros já disputados.
Vilarense (ganhando por 2-0 no Pego) e Caxarias (triunfo por 4-1 em Alferrarede) estiveram também em evidência, partilhando o 3.º posto, com o mesmo número de pontos do Tramagal.
Liga 3 – O U. Santarém, não tendo conseguido evitar novo desaire, perdendo, outra vez pela margem mínima (0-1), na Tapadinha, frente ao histórico Atlético, baixou à 6.ª posição, que, aliás, reparte com o 1.º Dezembro, a três pontos do lugar (4.º) de acesso à fase final; por seu turno, os alcantarenses partilham a vice-liderança com a Académica, só a dois pontos do Belenenses.
Campeonato de Portugal – O Fátima, em excelente fase, somou quarta vitória sucessiva, ganhando em Pêro Pinheiro por 1-0, ascendendo ao 4.º posto, apenas a dois pontos do par que ocupa a 2.ª posição (Arronches e Benfica e Peniche), numa série com o comando destacado de O Elvas. Os fatimenses (15 pontos) dispõem já de margem de cinco pontos face à “linha de água”.
Antevisão – Na I Divisão Distrital temos dois “jogos grandes” em perspectiva na 9.ª jornada: Mação-Ferreira do Zêzere, e Alcanenense-Coruchense. De especial interesse serão também o Abrantes e Benfica-U. Tomar, Amiense-Fazendense e Glória do Ribatejo-Samora Correia.
No escalão secundário destacam-se os embates: entre Porto Alto e Marinhais; e Tramagal e Pego.
Quer a Liga 3, como o Campeonato de Portugal, terão um interregno de duas semanas, apenas sendo retomadas as respectivas provas na viragem do mês de Novembro para Dezembro.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 14 de Novembro de 2024)




