Centenário da Associação de Futebol de Santarém (1924-2024)

10 Novembro, 2024 at 12:30 pm Deixe um comentário

1. Participação dos clubes filiados em Campeonatos Nacionais

A Associação de Futebol de Santarém (“AFS”) completa, no próximo dia 19 de Novembro, 100 anos de existência. Evocando esta efeméride, “O Templário” publicará um conjunto de três artigos: o primeiro com uma resenha das participações dos clubes da Associação em Campeonatos Nacionais (I, II e III Divisão, Liga 3 e Campeonato de Portugal); outro com uma súmula das participações dos representantes do Distrito na Taça de Portugal; e um último, com breve síntese do palmarés de cem temporadas de provas distritais já disputadas, desde o ano de 1924.

Em nove décadas de Campeonatos Nacionais (desde o seu arranque, sob a égide da Federação Portuguesa de Futebol, na temporada de 1934-35) regista-se um total de sete centenas de clubes que disputaram tais competições, dos quais 39 filiados na Associação de Futebol de Santarém (com a particularidade de se incluírem os casos do Alhandra e do Alverca, até ao ano de 1947).

Desde os pioneiros U. Entroncamento, Sport Coruchense e U. Operária de Santarém, que participaram na edição inaugural da II Liga (abrangendo um total de 34 clubes), na referida época de 1934-35, até ao U. Santarém (Liga 3) e Fátima (Campeonato de Portugal), únicos representantes do Distrito nos Nacionais presentemente em curso, ascende a um total de 544 o número de presenças de filiados da “AFS” em campeonatos de cariz nacional.

Encabeça a lista de participações o Torres Novas, com um total de 52 campeonatos nacionais disputados, sendo o rival mais próximo o U. Tomar, com 42; logo abaixo na tabela surgem, precisamente, o U. Santarém (38) e o Fátima (37). Alcanenense e “Os Leões” de Santarém (32 cada), e U. Almeirim (31) completam o leque de emblemas com mais de três dezenas de presenças – anotando-se a sucessão (por fusão) operada, em 1969, a nível do clube escalabitano.

No que respeita, estritamente, ao número de clubes a disputar tais campeonatos, o “apogeu” do Distrito (também fruto da orgânica de competições então vigente, alargando a mais de duas centenas o total de participantes – o que compara com os actuais 112) registou-se na década de 90, com um máximo de dez clubes do Distrito nas épocas de 1990-91, 1995-96, 1997-98, 1998-99, 1999-00 (e 2000-01) – integrando, fundamentalmente, a então III Divisão Nacional.

Neste âmbito, terá de assinalar-se o significativo declínio verificado a partir da temporada de 2008-09, com uma queda abrupta, de cinco clubes, para apenas dois na época imediata, sendo que, no último decénio, a representação do Distrito tem sido, sistematicamente, limitada a dois ou três emblemas. Lastima-se, pois, a dificuldade de permanência em tal grau de competitividade por parte da generalidade dos recentes Campeões Distritais – casos do Riachense (2013), At. Ouriense (2014), Coruchense (2015, 2017 e 2021), Mação (2018), U. Almeirim (2020), Rio Maior SC (2022) e, por último, do U. Tomar (2023).

Em termos qualitativos, mais profícua se revelou a década de 70 (oscilando geralmente entre os sete e os nove representantes do Distrito), tendo chegado a ter um clube na I Divisão e outros três na II Divisão (na temporada de 1969-70); um no escalão principal e dois no secundário (1971-72, 1972-73 e 1975-76); ou três na II Divisão Nacional (1970-71, 1973-74, 1976-77 e 1977-78). Na época de 1991-92 (já noutro esquema competitivo) foram quatro os clubes na “II Divisão B”.

A nível individual, o U. Tomar justifica posição de singular destaque, dado ter sido o único clube do Distrito a militar (por seis vezes, em três ciclos de duas temporadas) na I Divisão Nacional, no seu auge, entre os anos de 1968 e 1976 – com um sublinhado especial para as vitórias averbadas ante FC Porto e Sporting –, fase coroada com a glória maior do título de Campeão Nacional da II Divisão (1973-74), a que junta ainda a disputa da Final dessa prova em 1967-68 (num total de 16 participações neste escalão); para além de se ter sagrado igualmente Campeão Nacional da III Divisão de 1964-65 (tendo sido ainda vencedor de Série nas épocas de 1982-83 e 1989-90).

Por seu turno, os clubes que mais próximo estiveram de poder aspirar a chegar ao escalão máximo do futebol português foram: (i) Torres Novas (total de 24 presenças na II Divisão), justamente na temporada de 1967-68 (2.º classificado da Zona Norte, imediatamente após o U. Tomar); (ii) “Os Leões” de Santarém (25 participações no escalão secundário), vencedor da Série B em 1953-54 (tendo sido 4.º na fase final) e 3.º classificado da Zona Norte em 1954-55 (5.º na fase final); (iii) G. D. Coruchense (5 presenças na II Divisão), 2.º classificado da Zona Sul em 1955-56 (5.º na fase final) e 3.º da Zona Sul em 1956-57 (6.º na fase final); e, mais recentemente, (iv) Fátima, único a disputar (por três vezes) a actual Liga 2 (registando mais 14 presenças na II Divisão “B”), tendo sido 8.º classificado em 2009-10, ainda assim algo distante dos dois lugares de promoção.

Relativamente a conquistas, a nível nacional – e para além do já citado caso do U. Tomar –, detalha-se da seguinte forma o palmarés dos emblemas do Distrito:

  • Fátima – Campeão Nacional da II Divisão “B” (2008-09); Vencedor da Série C e vice-campeão Nacional da II Divisão “B” (2006-07); Vencedor da Zona Sul da II Divisão “B” (2011-12); Vencedor da Série D da III Divisão (1990-91 e 1999-00);
  • U. Santarém – Campeão Nacional da III Divisão (1974-75 e 1984-85); Vencedor da Série C do Campeonato de Portugal (2023-24); Vencedor da Série D da III Divisão (1993-94);
  • “Os Leões” de Santarém – Campeão Nacional da III Divisão (1962-63); Vencedor da Série C da III Divisão (1967-68);
  • G. D. Coruchense – Campeão Nacional da III Divisão (1953-54);
  • Tramagal – Vencedor da Série C e vice-campeão Nacional da III Divisão (1966-67);
  • Cartaxo – Vencedor da Série D da III Divisão (1976-77 e 1979-80):
  • Torres Novas – Vencedor da Série C da III Divisão (1965-66);
  • U. Rio Maior – Vencedor da Série D da III Divisão (1980-81);
  • Samora Correia – Vencedor da Série E da III Divisão (1988-89);
  • Alcanenense – Vencedor da Série D da III Divisão (1995-96);
  • Abrantes FC – Vencedor da Série D da III Divisão (2003-04);
  • Monsanto – Vencedor da Série D da III Divisão (2007-08 e 2010-11).

Num prisma histórico – e para além de “Os Leões” – começaram por notabilizar-se a U. Operária de Santarém, Académica de Santarém, Matrena, Águia Vilafranquense, Operário Vilafranquense, Ferroviários e Alhandra, com várias presenças na II Divisão Nacional, na década de 40.

Precisamente, tendo em consideração a sucessão de “Os Leões” por parte do U. Santarém, a agremiação escalabitana regista a mais extensa série de participações em campeonatos nacionais, num total de 63 épocas consecutivas, entre 1938-39 e 2000-01. Após um interregno de 18 temporadas, o U. Santarém é actualmente o clube preponderante do Distrito, militando na Liga 3.

Nos anos 60 predominaram, ainda “Os Leões”, bem como Torres Novas, Tramagal, Matrena e U. Tomar; para, na década de 70, e para além de tomarenses, escalabitanos (então já por via do U. Santarém) e torrejanos, despontarem igualmente o Alferrarede, U. Almeirim, Amiense, Cartaxo e Alcanenense; vindo a evidenciar-se, no decénio de 80, U. Rio Maior, Samora Correia e Fátima.

Só a partir dos anos 90 se tornam mais assíduos nos Nacionais o Benavente, G. D. Coruchense, At. Riachense e Fazendense, surgindo já na década de 2000 epifenómenos como o Abrantes FC e Monsanto. Mais recentemente, o Alcanenense teve também um novo ciclo, entre 2012 e 2018.

No quadro em anexo apresenta-se síntese de todas as 544 participações dos emblemas filiados na “AFS” em campeonatos de índole nacional, nos seus vários escalões, indicando-se a pontuação obtida por cada clube, época a época, no respectivo escalão – as pontuações indicadas a cor verde traduzem casos de promoção; as apresentadas a cor vermelha correspondem a descidas de divisão.

(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 7 de Novembro de 2024)

(clicar na imagem para ampliar)

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