EURO 2024 – 1/8 de final – Portugal – Eslovénia
1 Julho, 2024 at 10:43 pm Deixe um comentário

0-0 (3-0 g.p.)
Diogo Costa, João Cancelo (117m – Nélson Semedo), Rúben Dias, Pepe (118m – Rúben Neves), Nuno Mendes, João Palhinha, Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Vitinha (65m – Diogo Jota), Cristiano Ronaldo e Rafael Leão (76m – Francisco Conceição)
Jan Oblak, Žan Karničnik, Vanja Drkušić, Jaka Bijol, Jure Balkovec, Petar Stojanović (86m – Benjamin Verbič), Adam Gnezda Čerin, Timi Max Elšnik (105m – Josip Iličić), Jan Mlakar (74m – Jon Gorenc Stanković), Andraž Šporar (74m – Žan Celar) e Benjamin Šeško
Desempate da marca de grande penalidade:
Josip Iličić permitiu a defesa a Diogo Costa
1-0 – Cristiano Ronaldo
Jure Balkovec permitiu a defesa a Diogo Costa
2-0 – Bruno Fernandes
Benjamin Verbič permitiu a defesa a Diogo Costa
3-0 – Bernardo Silva
“Melhor em campo” – Diogo Costa
Amarelos – João Cancelo (107m); Vanja Drkušić (32m), Žan Karničnik (37m), Jon Gorenc Stanković (101m), Jaka Bijol (106m) e Jure Balkovec (107m)
Árbitro – Daniele Orsato (Itália)
Frankfurt Arena – Frankfurt (20h00)
Como era esperado, Portugal garantiu o apuramento para os quartos-de-final do Europeu. E alcançou o objectivo de uma forma que acabou por ser épica e intensamente emotiva.
Mas, também, numa partida que gerou enorme sofrimento, e em que estivemos mesmo à beira de ser eliminados, por um adversário sofrível, como é a selecção da Eslovénia, que completou sete jogos em fases finais de Europeus sem nunca ter conseguido uma vitória… mesmo que apenas tenha sofrido uma derrota (frente à Espanha, já em 2020) – ou seja, afastada da presente edição da prova, após ter registado quatro empates nos quatro desafios disputados!
Foi muito pouco, e de muito pouca qualidade, o futebol explanado pela equipa portuguesa esta noite, perante um rival de segunda (ou terceira) linha do futebol europeu.
A selecção nacional até pareceu ter uma boa entrada em jogo, assumindo, naturalmente, a iniciativa, com a Eslovénia remetida ao seu sector defensivo, num encontro com uma toada que se parecia decalcar do confronto com a Chéquia – sendo que Portugal estava alerta para o risco que poderia advir da velocidade dos avançados contrários, Šporar e Šeško.
Na frente, Rafael Leão ainda conseguiria, pela sua acção repentista, forçar cartões amarelos para dois defesas eslovenos, tendo proporcionado a João Palhinha a melhor oportunidade para inaugurar o marcador, mas com a bola a embater no poste. A partir do outro flanco (direito), João Cancelo teria também um cruzamento ao qual Cristiano Ronaldo e Bruno Fernandes não conseguiram chegar por uma “unha negra”.
Todavia, a “paciência” rapidamente se esgotou, a concentração e rigor foram diminuindo, e a Eslovénia aproveitou para se ir libertando, começando a causar problemas ao nosso meio-campo… e a ameaçar, por via das duas “setas”, tendo Diogo Costa defendido um remate de Šeško e Nuno Mendes impedido outra tentativa, de Šporar.
No início do segundo tempo, Portugal tentou imprimir algum maior dinamismo, com Cancelo em maior evidência, pelo que ia procurando construir. Contudo, de novo, seria “sol de pouca dura”. Prontamente se caiu no tradicional “rame-rame”.
Lá se iam obtendo alguns livres a nosso favor. Mas Cristiano Ronaldo usava e abusava da sua marcação: de forma egoísta, monopolizou todas as quatro tentativas de que Portugal dispôs, sem ter conseguido melhor do que um potente remate, que atravessou a barreira, mas saiu à figura de um seguro Oblak.
Até que Roberto Martínez decidiu mexer na equipa. Mas não mexeu bem, ou, pelo menos, não foi nada feliz: primeiro, retirando de campo Vitinha, que ia sendo peça-chave para os equilíbrios na zona central do terreno, para a entrada de Diogo Jota, procurando incrementar o pendor ofensivo, o que, porém, resultaria no “partir do jogo”, dando mais espaços ao rival; e se tal não se revelou produtivo, ainda mais improfícua (e de maior dificuldade de compreensão) seria a troca (directa) de Rafael Leão por Francisco Conceição, encostado à ala esquerda.
Dava então a ideia de que a equipa não dispunha de rotinas ou automatismos. Ninguém parecia saber o que fazer com a bola, como fazer o colectivo funcionar. Uma exibição muito pobre.
Portugal estava a um lance de bola parada ou de eventual ressalto de poder vir a ser eliminado…
O nulo subsistia teimosamente e a contenda teve mesmo de ir para prolongamento. Pensava-se que o factor físico poderia fazer-se sentir, mas a Eslovénia ia aguentando o resultado… até que, já quase a findar a primeira metade do tempo complementar, Diogo Jota conseguiu arrancar uma grande penalidade. Cristiano Ronaldo avançou para a marca de onze metros, não rematou mal, mas possibilitando a defesa a Oblak.
Cristiano teve, então, na mudança de campo, na viragem da primeira para a segunda parte do prolongamento, um momento de evidente descompensação, não tendo conseguido evitar o choro convulsivo, pelo sentimento de frustração e impotência (obcecado que estará por marcar um golo) parecendo não ter condições para prosseguir em campo. Valeriam, então, os incentivos dos colegas, sobretudo dos suplentes, a dar ânimo ao capitão.
Faltavam escassos minutos para os 120, quando, em zona “proibida”, Pepe, ao tentar uma finta, escorregou, entregando a bola “de bandeja” a Šeško, que, isolado frente a Diogo Costa, parecia ir sentenciar o jogo. Saindo bem da baliza, esticando-se todo, a fazer a mancha, o guarda-redes conseguiria, com o pé estendido, suster a marcha da bola, que parecia inexoravelmente dirigida para o fundo das redes.
Um final verdadeiramente agónico, frente a um adversário do nível da Eslovénia! “Porca miseria”… A decisão arrastava-se para o desempate da marca de grande penalidade, e o ascendente psicológico parecia estar, todo, do lado esloveno.
Mas o guardião português não estava de acordo com essa premissa. Porventura confiante pela defesa que, in extremis, acabara de fazer, defendeu a primeira tentativa da Eslovénia. Cristiano Ronaldo, corajoso, fez questão de ser o primeiro a marcar: muito focado, fez um remate irrepreensível, rasteiro, junto ao poste, desta feita sem hipótese de defesa para Oblak, como que a redimir-se do amargo falhanço anterior.
Segunda tentativa da Eslovénia, segunda defesa do guardião luso. Bruno Fernandes colocou Portugal em posição privilegiada, com uma vantagem de dois golos. Quando um soberbo e inspiradíssimo Diogo Costa defendeu o terceiro “penalty” da Eslovénia, a confirmação da vitória portuguesa era já uma questão meramente burocrática, dispondo de três matchpoints; Bernardo Silva não vacilou e colocou a selecção na fase seguinte.
Pela primeira vez na história das fases finais dos Europeus, um guarda-redes defendia três grandes penalidades sucessivas, sem ter sofrido qualquer golo, incluindo no tempo regulamentar e prolongamento. Pela primeira vez desde, pelo menos, o ano de 2000, um desempate da marca de grande penalidade, em Europeus e Mundiais, restringia-se a seis tentativas: três da Eslovénia, todas elas defendidas; três de Portugal, todas elas concretizadas! Empolgante!




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