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O Pulsar do Campeonato – Campeonato de Portugal – 23ª Jornada

(“O Templário”, 14.03.2024)
Agora já liberto da pressão da “obrigatoriedade” de somar pontos, beneficiando também da situação de quebra de confiança por parte do adversário – que, até há pouco mais de um mês (à 18.ª jornada), liderava o campeonato –, o U. Tomar voltou a ganhar, o que não conseguia quase há dois meses, desde a 15.ª ronda, somando o seu 5.º triunfo na prova (em onze jogos em casa).
No topo, U. Santarém e Lusitânia deram passos importantes na sua caminhada para a fase final. Na parte baixa da tabela, o Gouveia está quase “condenado”, sendo que não se poderá ainda matematicamente garantir que o outrora líder, Alverca “B”, esteja já a salvo do risco de descida, ainda com dez (!) clubes envolvidos na luta pela manutenção, quando restam disputar três jogos.
Destaques – O destaque maior da 23.ª ronda vai, necessariamente, para o triunfo do Lusitânia, na recepção ao Marinhense (2-0, com golos apontados logo na fase inicial de cada uma das partes), num embate entre o 2.º e 3.º classificados, agora separados por seis pontos, mas com o grupo da Marinha (já a oito pontos do líder, U. Santarém) a continuar a dispor de um jogo em atraso.
Justamente, os escalabitanos desenvencilharam-se a contento do difícil compromisso que tinham, na deslocação aos Açores, ganhando ao Rabo de Peixe, mercê de um solitário tento, alcançado ao findar da metade inicial da partida. O U. Santarém está a cinco pontos de garantir a qualificação, mas, no melhor dos cenários, poderia até alcançar tal objectivo já no próximo Domingo.
A outra nota de realce é o triunfo do U. Tomar, ante o Alverca “B”, por 1-0, golo averbado pelo novo “reforço” unionista, o colombiano Juan Mosquera (que se estreara na semana anterior), agravando ainda mais a crise de resultados do rival ribatejano, com uma incrível série de seis desaires sucessivos… por coincidência, o ciclo, de igual extensão, que os unionistas superaram.
Os forasteiros, dispondo de outros argumentos, procuraram, naturalmente, impor o seu poderio, mas uma equipa tomarense a mostrar-se muito solidária, com forte entreajuda, foi procurando repartir o jogo, resistindo a fases de maior intensidade ofensiva contrária, acabando por – ao contrário do que sucedera noutras ocasiões – ser bafejada com a eficácia de ter marcado um golo, talvez em duas oportunidades soberanas de que dispôs neste encontro. Uma saída digna.
Surpresa – A maior surpresa foi a derrota (0-1) caseira sofrida pelo União 1919, na recepção a um aflito Peniche (golo obtido a meio do segundo tempo), logrando, por via deste desfecho, voltar a transpor a “linha de água”, pese embora um único ponto acima do emblema de Rabo de Peixe.
Confirmações – A acesa luta pela manutenção passava também por outros dois confrontos directos, entre Sertanense e Gouveia e Fontinhas e Mortágua, com os resultados, de alguma forma, enquadrados no que seriam as expectativas.
O conjunto da Sertã somou terceira vitória (2-1) nos últimos quatro desafios disputados, igualando o Alverca “B” e o União 1919 no 5.º lugar. Para os serranos foi o terceiro desaire seguido (quarto nos últimos cinco jogos), distando já sete pontos da zona de salvação, cada vez mais uma quimera.
O Fontinhas registou o terceiro empate nas últimas quatro partidas, continuando a denotar enormes dificuldades em libertar-se da zona de despromoção. Bem melhor está o Mortágua, que voltou a pontuar, depois de ter somado três vitórias nas rondas anteriores, dispondo, nesta recta final, de uma margem de quatro pontos em relação a tal sector de maior risco.
No prélio restante, de rivalidade regional, V. Sernache e B. C. Branco repartiram também os pontos (1-1), num confronto com “história”: os donos da casa colocaram-se em vantagem a vinte minutos do final, quando estavam (já desde a metade inicial) em inferioridade numérica, vindo a sofrer o tento do empate ao minuto 97, então já reduzidos somente a nove elementos em campo. Um golo que terá garantido a tranquilidade aos albicastrenses, enquanto os homens de Cernache – tal como o Fontinhas, com três igualdades nas quatro partidas mais recentes – repartem, precisamente com essa turma açoriana, preocupante 11.ª posição, a três pontos do Peniche.
No total, nos sete desafios, registou-se o magro pecúlio de apenas dez golos, marca apenas superada (pela negativa) pelos nove tentos da 17.ª jornada.
I Divisão Distrital – O Distrital está ao rubro, com um trio (Fazendense, Fátima e Abrantes e Benfica) igualado na liderança, e o 4.º classificado (Ferreira do Zêzere) somente um ponto abaixo!
No “jogo grande” da 22.ª jornada, o Abrantes e Benfica recebeu e bateu o Ferreira do Zêzere por 2-1, originando esta incomum aglomeração no topo da tabela. Os abrantinos chegaram a vantagem de dois golos, marcando à passagem do quarto de hora e aos 75 minutos, não tendo os ferreirenses conseguido melhor que reduzir para a diferença mínima ao “cair do pano”.
Por seu lado, o Fazendense, recebendo o Amiense – os dois clubes que, na época passada, disputaram o título com o U. Tomar até à derradeira ronda –, não conseguiu desfazer o nulo, vendo, assim, interrompida uma série triunfal de seis jornadas, desde o início da segunda volta.
Para o conjunto dos Amiais foi um ponto que poderá ser importante na procura de escapar a uma inesperada despromoção ao escalão secundário, mesmo que, no imediato, tenha ficado ainda mais “apertado” pelo At. Ouriense, que obteve uma imprevista vitória, na deslocação ao Cartaxo, por empolgante 4-3, depois de ter estado a perder por 0-2, e de virar o “placard” até ao 4-2.
Numa ronda repleta de golos, esse não foi o único 4-3: o mesmo desfecho se registou também no Samora Correia-Vasco da Gama, sendo que os forasteiros por duas vezes estiveram em vantagem (a 1-0 e a 3-2), vindo a consentir a reviravolta nos últimos cinco minutos do desafio.
Surpreendente foi igualmente o triunfo (por categórico 3-0) do Forense, ante o Mação. O Alcanenense goleou (4-0) o Salvaterrense, tendo apontado os quatro golos, “de rajada”, entre os 53 e os 66 minutos. O Coruchense impôs-se em Torres Novas por 2-0. Por fim, o Fátima teve mais dificuldades do que poderia esperar, para bater o Moçarriense, por tangencial 3-2.
II Divisão Distrital – Terminou a fase regular deste campeonato, tendo garantido o apuramento para a fase final, de apuramento de Campeão e de promoção à I Divisão Distrital, as equipas do Glória do Ribatejo, Marinhais, Águias Alpiarça, Entroncamento AC, Tramagal e Pego.
Os pegachos cederam um incrível empate (1-1) caseiro ante o “lanterna vermelha”, Abrantes e Benfica “B” (que, até então, acumulara 13 derrotas, em todos os jogos, desde a primeira até chegar à derradeira ronda). Beneficiaram, não obstante, do desaire sofrido pelo Caxarias, batido, no último minuto (2-3), no seu reduto, pelo Tramagal, após ter estado em vantagem a 1-0 e 2-1.
Antevisão – No Campeonato de Portugal teremos um embate crucial, entre os dois primeiros classificados, com o U. Santarém a receber o Lusitânia; enquanto o U. Tomar recebe o Sertanense.
Na I Divisão Distrital, o Ferreira do Zêzere volta a ter compromisso do mais alto grau de dificuldade, com a visita do guia, Fazendense. O Fátima terá também saída muito complicada, a Coruche. O Abrantes e Benfica é óbvio favorito na deslocação ao terreno do Vasco da Gama, último classificado (contando só 1 ponto), com série muito negativa, de 17 desaires sucessivos.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 14 de Março de 2024)



