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O Pulsar do Campeonato – Campeonato de Portugal – 22ª Jornada

(“O Templário”, 07.03.2024)
Restando apenas quatro rondas por disputar, tendo averbado nova derrota, o U. Tomar viu ampliar-se para 13 pontos a distância face ao 9.º classificado, consumando-se assim, em termos matemáticos, a despromoção ao Distrital – o que sucedeu, igualmente, ao Real e ao Imortal.
Ao invés, o Amarante confirma-se como o primeiro dos oito apurados para a fase final da prova, enquanto ao V. Setúbal bastará ganhar um dos últimos quatro jogos para se qualificar também.
Na senda do que tem vindo a ser o desempenho dos clubes do Distrito, o U. Tomar sofreu dissabor idêntico ao registado pela quase totalidade dos emblemas promovidos do Distrital de Santarém.
Desde a extinção da antiga III Divisão e introdução, na época de 2013-14, do inicialmente designado “Campeonato Nacional de Seniores” (renomeado, dois anos depois, para “Campeonato de Portugal”), vieram a ser, sucessivamente, despromovidos os seguintes Campeões / Vencedores do Distrital: Riachense (2013), At. Ouriense (2014), Coruchense (2015, 2017 e 2021), Fátima (2016), Mação (2018), U. Almeirim (2020), Rio Maior SC (2022) e, agora, o U. Tomar (2023).
De facto, só os projectos profissionais do U. Santarém e do Fátima conseguiram resistir mais do que duas épocas contínuas nos Nacionais (conhecendo-se, no entanto, qual o infausto fim de tal “SAD” fatimense), sendo o emblema escalabitano (Campeão em 2019) o único que neles subsiste.
Fica bem patente que o nível de recursos requeridos para enfrentar uma competição deste grau de exigência não é compatível com a realidade dos clubes do Distrito. O União teve de recorrer à “prata da casa”, com um alargado lote de jogadores com muito reduzida experiência deste escalão.
No início, a equipa pareceu dar indícios de que poderia vir a ser competitiva – nas sete primeiras jornadas conseguiu manter o equilíbrio entre vitórias e derrotas (três – tendo, inclusivamente, vencido rivais bem cotados, como os do Marinhense e do Benfica e Castelo Branco), partilhando então o 4.º posto; mas, com o avançar da temporada, também com alguns “azares” (de súbito muito desfalcada e crescentemente fragilizada) viria, depois, a sofrer comprometedores desaires caseiros: Mortágua (9.ª), Fontinhas (12.ª), Gouveia (17.ª), e a “fatal” derrota com o Peniche (19.ª).
Independentemente de mais aprofundadas análises que se possam vir a fazer às causas do insucesso, o que parece claro é que tal desfecho não deveria, em qualquer caso, constituir motivo de “satisfação” para nenhum tomarense. Será, agora, altura de reflectir… e de meter “mãos à obra”, começando a planear a – também exigente, mesmo que noutro patamar – próxima época.
Destaques – Da 22.ª jornada começa por salientar-se a afirmativa vitória do Lusitânia em Peniche, por 4-1, com a turma açoriana a confirmar as credenciais que fazem dela séria candidata, enquanto, ao contrário, o Peniche vê agravada a já sua difícil situação, em zona de descida.
Nessa matéria, o V. Sernache arrancou, na deslocação a Gouveia, crucial triunfo, por 2-1, depois de operar reviravolta no marcador, resultado que praticamente sentencia o destino dos serranos, agora já a “distantes” seis pontos da “linha de água”, e restando-lhe um único jogo em casa.
Surpresas – Nesta fase, tratar-se-ão já, efectivamente, de “meias supresas”: por um lado, o quinto desaire consecutivo do Alverca “B”, batido pelo Sertanense, mercê de um tento apontado a cinco minutos do final, o que proporcionou ao grupo da Sertã voltar a “respirar” acima de tal linha; por outro, o nulo registado no embate entre Benfica e Castelo Branco e União 1919. Por curiosidade, estas duas formações repartem com o Alverca a 4.ª à 6.ª posição, todos com 32 pontos, ainda não matematicamente a salvo, mas, quase de certeza, já com os pontos necessários à manutenção.
Confirmações – O líder, U. Santarém, somou a quinta vitória sucessiva, estabelecendo assim, nas últimas onze rondas, duas séries de igual êxito, intercaladas por um único empate cedido, tendo batido o “aflito” Fontinhas com maiores dificuldades do que suporia, também por apertado 2-1.
Ainda pela diferença mínima, neste caso, graças a um solitário tento, o Marinhense saiu vencedor na recepção ao Rabo de Peixe. No topo da tabela, tudo se mantém, pois, inalterado, com o U. Santarém com dois pontos de vantagem sobre o Lusitânia, e o Marinhense a cinco pontos do comandante, mas contando ainda com um jogo a menos.
O Mortágua ganhou, igualmente por 1-0 (golo apontado na conversão de uma grande penalidade, à passagem da meia hora de jogo), frente ao U. Tomar, que, sem nada a perder, voltou a exibir-se a nível razoável, dificultando bastante a acção do adversário, mantendo o resultado em aberto até final, mas, de novo, sem, de facto, ter conseguido representar real ameaça à baliza contrária.
Em função destes resultados, o Mortágua deu passo relevante para a consecução do seu objectivo, saltando para os 30 pontos, ocupando o 7.º lugar, agora com uma margem de cinco pontos face à “linha de água”. Com o U. Tomar já despromovido, e o Gouveia muito perto disso, temos quatro clubes (do 9.º ao 12.º classificados – Rabo de Peixe, Peniche, V. Sernache e Fontinhas) concentrados num intervalo de três pontos (entre os 27 e os 24), sendo que apenas um deles se deverá “salvar”… excepto se também o Sertanense (actual 8.º, com 29 pontos, vier a baquear).
Taça do Ribatejo – “Não houve” Taça… Os favoritos ditaram a sua lei e garantiram o apuramento para as meias-finais, a disputar a duas mãos, com o seguinte alinhamento: Fazendense-Alcanenense e Abrantes e Benfica-Ferreira do Zêzere – ou seja, envolvendo também três (dos quatro) candidatos ao título de Campeão Distrital (apenas o Fátima tinha ficado, já anteriormente, afastado; sendo, portanto, o Alcanenense, actual 9.º no campeonato, o único “intruso”).
Regista-se, sobretudo, a impressiva goleada aplicada pelo Ferreira do Zêzere em Ourém, face ao At. Ouriense, por implacável 6-1. O Fazendense foi algo mais “modesto”, na visita a Vilar dos Prazeres, ganhando, não obstante, também de forma categórica, por 4-1.
O Alcanenense impôs-se por 2-0 na deslocação a Marinhais (clube já apurado para a fase final da II Divisão Distrital). Podia ter acontecido surpresa no Porto Alto, onde o Abrantes e Benfica não conseguiu desfazer o nulo, mas acabando por ser mais eficaz no desempate da marca de grande penalidade, pelo que a competição ficou sem qualquer representante do escalão secundário.
Esta é a terceira época sucessiva em que os abrantinos atingem as meias-finais da Taça (finalistas vencidos em 2022), repetindo o Alcanena a presença em tal fase, registada na última temporada (em que viria também a perder na final). Por seu turno, o Fazendense (vencedor em 2022; afastado em eliminatória prévia aos 1/8 de final no ano passado) está de regresso à sua “prova talismã”. Quanto aos ferreirenses, voltam às meias-finais 23 anos depois, após terem alcançado tal fase pela última vez – e por três vezes seguidas – nas épocas de 1998-99 a 2000-01.
Antevisão – No Campeonato de Portugal perfila-se, na 23.ª jornada, um embate “decisivo”, entre Lusitânia e Marinhense, dois (dos três) candidatos ao apuramento para a fase final. Mas o U. Santarém também não esperará facilidades na viagem a Rabo de Peixe. Na luta pela manutenção, as atenções estarão focadas no Fontinhas-Mortágua e no Sertanense-Gouveia. Temos ainda um confronto de interessante rivalidade regional, entre V. Sernache e Benfica e Castelo Branco. O U. Tomar, a pensar no futuro, recebe uma formação do Alverca “B” em manifesta crise de resultados.
Na I Divisão Distrital teremos também um aliciante confronto entre os candidatos Abrantes e Benfica e Ferreira do Zêzere (numa “antecipação” das meias-finais da Taça), sendo, em teoria, Fazendense e Fátima favoritos, na recepção, respectivamente, ao Amiense e ao Moçarriense.
Na derradeira ronda da fase regular da II Divisão, o Pego, anfitrião do “lanterna vermelha”, Abrantes e Benfica “B”, parece dispor de todas as vantagens para se apurar para a fase final, de disputa do título e promoção; até porque o outro aspirante, Caxarias, receberá o guia, Tramagal.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 7 de Março de 2024)



