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O Pulsar do Campeonato – Campeonato de Portugal – 20ª Jornada

(“O Templário”, 22.02.2024)
Tendo imposto nova derrota ao Alverca “B”, e beneficiando ainda do empate do Lusitânia e do desaire do Benfica e Castelo e Branco, o U. Santarém não só se isolou no comando, como terá colocado a distância de segurança dois competidores na disputa pelo apuramento para a fase final (agora com o Alverca já a oito pontos e os albicastrenses a nove) – pelo que, nesta altura, só Lusitânia e Marinhense parecem poder constituir ainda ameaça a tal objectivo dos escalabitanos.
Na tenaz luta pela manutenção, houve dois principais vencedores (Rabo de Peixe e Mortágua), enquanto, ao invés, o Sertanense – que, praticamente, se mantivera durante todo o campeonato na metade superior da tabela, se “afundou”, caindo pela primeira vez abaixo da “linha de água”, fruto de uma segunda volta bastante negativa, apenas com quatro pontos somados em sete jornadas, tendo, aliás, em curso um ciclo de três derrotas sucessivas.
Por seu lado, V. Sernache e Gouveia – não obstante tenham amealhado mais um ponto cada – começam a ficar em situação periclitante, respectivamente a quatro e a três pontos do 9.º lugar.
Destaques – A partida de maior cartaz da 20.ª jornada colocava frente-a-frente o 1.º e o 4.º classificados, com o U. Santarém, a receber o Alverca “B”, que até entrou melhor no jogo, colocando-se em vantagem ainda antes de completados dez minutos. Denotando personalidade, os santarenos rapidamente repuseram a igualdade, à passagem do quarto de hora. Com um bis de Gilberto Seidi, operando a reviravolta no marcador, a fechar a primeira parte, e ampliando para 3-1, no minuto inicial do segundo tempo, estava consumado o triunfo dos visitados.
Numa excelente série de oito vitórias nas últimas nove rondas (tendo cedido um único empate, ante o Marinhense), o U. Santarém parece embalado para a fase final. Ao contrário, a jovem equipa “B” do Alverca evidencia clara perda de fulgor, tendo acumulado três desaires sucessivos no espaço de uma semana (em casa, com o Marinhense, ante o Lusitânia, e em Santarém)!
Como antes aludido, a disputa pelo acesso à fase final poderá ter ficado resumida a U. Santarém (líder, com 40 pontos), Lusitânia (2.º, com 38) e Marinhense (3.º, com 37, mas um jogo em atraso).
Para tal contribuiu também a inesperada derrota caseira do Benfica e Castelo Branco, ante o Rabo de Peixe, por 1-2, tendo os açorianos chegado mesmo a dispor de vantagem de dois tentos.
A última nota de realce vai para o triunfo, que poderá revelar-se crucial, do Mortágua, na recepção ao Sertanense, também por 2-1. Os donos da casa abriram o activo aos onze minutos, tendo ainda consentido a igualdade, à passagem da hora de jogo, para retomarem a vantagem dez minutos volvidos. O Mortágua partilha o 8.º posto com o Peniche (últimos em zona de permanência), mas com muito escassa margem, só de um ponto, face ao Fontinhas, e com o Sertanense a dois pontos.
Confirmações – O Marinhense – nesta altura, a par do líder, U. Santarém, a turma com menos pontos perdidos (cederam, cada uma delas, quatro empates e outras tantas derrotas) – recebeu e bateu, com naturalidade, uma bastante fragilizada formação do U. Tomar, tendo chegado mesmo à goleada, por 5-1, com os nabantinos a repetirem a marca do desaire sofrido em Alverca.
Dois tentos, apontados entre os 25 e os 29 minutos, praticamente selaram o desfecho da partida; tendo a turma da Marinha Grande ampliado para 4-0, aos 58 e 70 minutos. Os unionistas, não virando a cara à luta, marcaram o ponto de honra a cinco minutos do final, tendo vindo, já em tempo de compensação, a sofrer ainda mais um golo. Fustigado por inúmeras lesões e outras baixas, o grupo tomarense pouca resistência pode oferecer perante adversários com superiores argumentos, como foi o caso desta ronda, e como será o da próxima, em que receberá o guia.
Os restantes três desafios saldaram-se por outras tantas igualdades: 1-1 no V. Sernache-União 1919 e no Peniche-Fontinhas; e 2-2 no Gouveia-Lusitânia.
Em dois confrontos em que estava em jogo a permanência, o empate terá favorecido mais as aspirações dos forasteiros: o União 1919, que subiu à 5.ª posição, com 28 pontos, necessitará, possivelmente, de apenas mais uma vitória; por seu lado, o Fontinhas conta ainda com o facto de manter dois jogos em atraso, em que receberá o Sertanense, tendo de deslocar-se à Marinha.
Aliás, o V. Sernache apenas evitou a derrota ante os conimbricenses, na conversão de uma grande penalidade, já cinco minutos para lá dos noventa. Já o Peniche – cuja posição actual não é, de todo, de molde a poder “relaxar” – tendo entrado a ganhar, marcando logo aos quatro minutos, prontamente veria os açorianos restabelecerem a igualdade, menos de um quarto de hora depois.
O Gouveia, marcando também cedo, igualmente aos quatro minutos, e tendo ampliado para 2-0 antes da meia hora, consentiria, nos derradeiros dez minutos do encontro, a recuperação do Lusitânia, iniciada ao minuto 82 e consumada já em período de compensação. Um desfecho que não terá agradado a nenhuma das partes, apesar de bastante mais penalizador para os serranos.
I Divisão Distrital – Só não ficou tudo igual, principalmente, porque passou a faltar menos uma jornada (agora, dez, para o termo desta “maratona”): dos oito primeiros classificados, só o Samora Correia (derrotado, no seu reduto, pelo Fazendense) não venceu; dos oito clubes da segunda metade da tabela, só o Alcanenense (recebendo e goleando, por 4-2, o “lanterna vermelha”, Vasco da Gama, isto depois de ter chegado a 4-0, logo a abrir a segunda parte) não perdeu.
Claro está que o desaire dos samorenses os afasta definitivamente de eventuais pretensões ao título, agora uma empolgante disputa a quatro, com o Abrantes e Benfica (vitória por 2-1 ante o Amiense) a manter um ponto de vantagem sobre o trio perseguidor, formado por: Fazendense (que prolonga o pleno, já de cinco triunfos, na segunda volta); Fátima (com uma difícil e tangencial vitória, na recepção ao Salvaterrense, só nos dez minutos finais tendo conseguido quebrar a resistência contrária); e Ferreira do Zêzere (goleando, com facilidade, por 4-0, no terreno do Forense, que disputou o jogo, praticamente na sua íntegra, em inferioridade numérica).
Nas outras três partidas, os favoritos impuseram-se com relativa facilidade, pese embora o At. Ouriense por duas vezes tenha estado em vantagem em Torres Novas, mas com os torrejanos, mais fortes, a acabar por golear por 5-2. O Coruchense, recebendo o Moçarriense, chegou a 3-0 no início do segundo tempo, permitindo o ponto de honra do adversário no minuto 90. O Mação, com dois golos, apontados no dealbar do encontro, aos seis e dez minutos, venceu no Cartaxo.
II Divisão Distrital – Marinhais (empatando a zero, fora de casa, com o Paço dos Negros) e Glória do Ribatejo (goleando, por 5-0, o Rebocho) confirmaram também, ainda com duas rondas por disputar, a qualificação para a fase final, em que defrontarão Entroncamento AC, Águias de Alpiarça e Tramagal – restando por apurar o 2.º classificado da Série C.
Para além das pesadas goleadas sofridas pelas equipas “B” de Ferreira do Zêzere (8-1, na Ortiga) e Abrantes e Benfica (6-0, em Caxarias), a grande novidade foi o empate cedido (0-0) pelo Tramagal, na deslocação ao reduto do vice-líder, Vilarense, assim vendo quebrada uma notável série triunfal, que registara ao longo de todas as onze jornadas até então realizadas.
Antevisão – As atenções estarão focadas, em especial, nos seguintes encontros: o clássico U. Tomar-U. Santarém; Lusitânia-Benfica e Castelo Branco; e Fontinhas-Marinhense (Campeonato de Portugal); o aliciante embate Fazendense-Abrantes e Benfica; o “derby” At. Ouriense-Fátima; e Ferreira do Zêzere-Samora Correia (I Divisão Distrital); e Vilarense-Pego, que partilham o 2.º lugar da Série C; e Ortiga-Caxarias, que repartem o 4.º posto da mesma Série da II Divisão.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 22 de Fevereiro de 2024)



