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O Pulsar do Campeonato – Campeonato de Portugal – 15ª Jornada

(“O Templário”, 18.01.2024)
A derrota dos dois anteriores primeiros classificados provocou um reagrupamento na frente, com os cinco primeiros, outra vez, enquadrados num intervalo de apenas três pontos. Lusitânia (com menos um jogo) e U. Santarém são, agora, os novos líderes, somando mais um ponto que o Alverca “B”, inesperadamente derrotado em casa pelo anterior penúltimo classificado!
Quanto ao U. Tomar, confirmou os bons sinais que tinha transmitido nos Açores, na semana anterior, tendo, enfim (após seis desaires), voltado aos triunfos, de que estava arredado há dois meses e meio. Uma vitória num desafio crucial, que poderá impulsionar o grupo nabantino para novos êxitos, numa fase do calendário que se afigura propícia a amealhar pontos, que lhe possibilitem, não só, dar um salto na tabela, como, sobretudo, recuperar o atraso face ao 9.º posto.
Destaques – Numa partida que colocava frente-a-frente os anteriores 2.º e 3.º classificados, o U. Santarém desembaraçou-se do então vice-líder, Benfica e Castelo Branco, de forma categórica, goleando por 4-1… depois de ter começado por se ver em desvantagem logo no primeiro minuto. Com uma reacção enérgica, os escalabitanos necessitaram apenas de cerca de um quarto de hora – entre os 14 e os 30 minutos – para, marcando por três vezes, sentenciar a vitória, vindo a confirmar tal goleada com o quarto tento, apontado a vinte minutos do final.
Mas se o grupo santareno teve uma jornada bem afirmativa, o Lusitânia não se ficou atrás, indo ganhar por 2-0 ao terreno do Fontinhas, na Praia da Vitória, no “derby” da ilha Terceira. Com uma escassa diferença global de golos (19-13), a verdade é que o conjunto de Angra do Heroísmo – que, recorde-se, vinha de um triunfo tangencial sobre o U. Tomar, mercê de uma grande penalidade – chegou ao comando da prova, dispondo ainda de um jogo em atraso (com o Alverca).
Por coincidência, ambos os líderes (com um total de oito vitórias) seguem com uma série de quatro triunfos consecutivos, máximo até agora registado, no presente campeonato, nesta Série C (anteriormente, só o Alverca “B” e o União 1919 tinham obtido semelhante ciclo de sucessos).
Em destaque esteve também o Sertanense, impondo-se, igualmente por 2-0, nos Açores, frente a uma equipa do Rabo de Peixe que conta uma única vitória nas últimas onze rondas (ante o U. Tomar…), o que proporcionou ao conjunto da Sertã ascender ao 6.º lugar, pese embora mantenha uma ainda curta vantagem de quatro pontos em relação à zona de despromoção.
Justamente, o U. Tomar, recebendo o União 1919 (que, depois da tal série de quatro triunfos, não conseguiu voltar a ganhar, nas seis jornadas mais recentes), voltou a ver sorrir-lhe a vitória: a turma nabantina, entrando praticamente a ganhar, tendo inaugurado o marcador logo aos quatro minutos, manteve-se concentrada, preservando essa preciosa vantagem até ao intervalo.
Na segunda metade, tal como lhe competia, a formação de Coimbra arriscou mais, e chegaria à igualdade, logo aos sete minutos. Não se descompondo, os tomarenses manteriam a toada, e seriam recompensados com o segundo tento, à passagem dos vinte minutos da etapa complementar, na conversão de uma grande penalidade. Os conimbricenses viriam também a beneficiar de um castigo máximo a seu favor, que o guardião Ivo Cristo deteve, salvando os três pontos. Com os forasteiros balanceados no ataque, os locais desperdiçariam ainda duas ou três flagrantes ocasiões para ampliar a contagem, e desfazer a seu favor a “igualdade” que acabou por se registar nos confrontos entre ambos os clubes, depois do 1-2 sofrido na estreia, em Coimbra.
Surpresa – Poucos seriam o que antecipariam o desfecho verificado no Alverca “B”-V. Sernache, então, respectivamente, 1.º e 13.º classificados. Não só os ribatejanos não conseguiriam desfeitear a baliza contrária, como seriam os homens de Cernache a marcar, a cerca de um quarto de hora do final, o golo que lhes proporcionou uma tão inesperada quão preciosa vitória, tendo subido três posições na pauta classificativa, mas mais importante, agora a um escasso ponto da zona de manutenção. O Alverca – cuja possibilidade de promoção à Liga 3 estará inevitavelmente dependente de a equipa principal do clube conseguir subir à II Liga – baixou, assim, ao 3.º posto.
Confirmações – Para além de Lusitânia e U. Santarém, também o Marinhense aproveitou os desaires de Alverca “B” e Benfica e Castelo Branco, para se aproximar do lote da frente, tendo cumprido, com aparente tranquilidade, a sua parte, ganhando por clara margem de 3-0 ao Peniche.
Num jogo entre os anteriores 11.º e 12.º classificados, o Mortágua, tirando partido do factor casa, confirmou o favoritismo, ganhando por 3-2 ao Gouveia, depois de chegar a 2-0 ainda na meia hora inicial, resultado que se manteve até aos derradeiros dez minutos; tendo ainda voltado a beneficiar de vantagem de dois tentos (3-1), antes de o Gouveia marcar de novo, já no minuto 90. Tal proporcionou ao emblema viseense sair da zona de descida (por troca com o Rabo de Peixe).
Temos, agora, na zona perigosa da tabela, União 1919 e Mortágua (8.º e 9.º, últimos acima da “linha de água”), com 18 pontos; V. Sernache a um ponto; Rabo de Peixe e Fontinhas outro ponto mais abaixo; Gouveia (14); e U. Tomar, que reduziu para cinco pontos a distância para o 9.º lugar.
I Divisão Distrital – Depois de uma ronda em que nenhum dos anteriores sete primeiros tinha conseguido vencer, a jornada de abertura da segunda volta “pregou uma partida” aos três clubes do pódio, todos eles derrotados (antes, nunca dois deles, sequer, tinham perdido em simultâneo)!
Se a derrota do guia, Ferreira do Zêzere, em Torres Novas, por 2-1, foi já um feito digno de realce por parte dos torrejanos (que, não obstante, mantêm a 7.ª posição), maior ênfase terá de se colocar no que constitui o 5.º triunfo consecutivo do Cartaxo, batendo o vice-líder, Abrantes e Benfica, por 3-1, depois de terem chegado a 2-0 no início da segunda metade do encontro).
Mais sensacional ainda: num embate entre candidatos, o Fátima registou um muito estranho colapso, sendo goleado por 0-4, no seu próprio reduto, pelo Fazendense, com todos os quatro tentos apontados em pouco mais de um quarto de hora, entre os 7 e os 23 minutos! Em função destes desfechos, a turma das Fazendas de Almeirim volta a aproximar-se do trio da frente, agora a dois pontos dos fatimenses, a três dos abrantinos, e a cinco dos ferreirenses.
Mas esta “alucinante” jornada não se ficou por aqui: ainda de maior magnitude que o colapso do Fátima, o Alcanenense sofreu um descalabro, tendo sido goleado, também no seu terreno, pelo Samora Correia, por inacreditável marca de 7-0 (golos aos 5, 14, 25, 31, 41, 57 e 80 minutos)!
O Coruchense, com um “sofrido” triunfo (3-2) ante o “lanterna vermelha”, reduziu para oito pontos a distância face ao líder, sendo que os samorenses se lhe seguem de imediato, a um ponto. Noutro jogo empolgante, At. Ouriense e Salvaterrense repartiram os pontos, empatando a três bolas, sendo que os forasteiros por três vezes estiveram em vantagem, por três vezes a perderam.
Mação (na Moçarria) e Amiense (nos Foros de Salvaterra) obtiveram importantes triunfos (2-0).
II Divisão Distrital – Marinhais (3-1, fora, com o Rebocho), Entroncamento AC (3-2, nos Riachos) e Tramagal (6-0, em Abrantes, face à equipa “B” local), reforçaram a liderança das respectivas séries, numa ronda também marcada por um invulgar 5-4 no Alferrarede-Vilarense.
Antevisão – Destaca-se, na próxima jornada, o seguinte leque de encontros: Peniche-U. Santarém, Lusitânia-Rabo de Peixe e V. Sernache-U. Tomar (Campeonato de Portugal); Ferreira do Zêzere-Fátima, Fazendense-Cartaxo e Mação-Coruchense (I Divisão Distrital); Marinhais-Porto Alto; Entroncamento AC-Espinheirense; e Tramagal-Ortiga (II Divisão Distrital).
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 18 de Janeiro de 2024)



