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O Pulsar do Campeonato – Campeonato de Portugal – 13ª Jornada

(“O Templário”, 21.12.2023)
Era um jogo crucial, o que colocava frente-a-frente as equipas do Rabo de Peixe e do U. Tomar: entre adversários directos, a fechar a primeira volta, com os dois clubes separados por três pontos; sofrendo quinto desaire sucessivo, o União “atrasa-se” ainda mais, agora a seis pontos da “linha de água” delimitada precisamente por esse rival. Tendo somado apenas dez pontos (fruto de três vitórias e um empate), os tomarenses terão, não só de se superar na segunda volta, como esperar que algum (ou alguns) dos emblemas actualmente acima do 10.º lugar possa vir a ter uma quebra.
Num balanço da primeira metade da prova – perturbado pelo facto de haver cinco clubes com jogos em atraso (no caso do Fontinhas, dois jogos) – à excepção da surpreendente posição ocupada pelo Alverca “B” (líder), as equipas teoricamente mais capacitadas (Benfica e Castelo Branco, U. Santarém, Marinhense e Lusitânia) posicionam-se já nos lugares cimeiros (com os albicastrenses, a um ponto do guia, e, em paralelo, com um ponto a mais que o trio perseguidor).
Em zona de despromoção situam-se também já as equipas que, de um modo geral, poderia ser expectável à partida: para além do U. Tomar, V. Sernache (numa série de quatro derrotas consecutivas, três pontos acima dos unionistas), Mortágua e Gouveia (com um ponto mais); constituindo-se, neste caso, como excepção, a imprevista posição do Fontinhas, em igualdade pontual com o V. Sernache (pese embora, como indicado, os açorianos tenham menos dois jogos).
A “chave” estará, pois, depreende-se – para além de uma imprescindível melhoria de desempenho dos unionistas, necessitando de um mínimo de 18 a 20 pontos – no comportamento que União 1919, Sertanense, Peniche e Rabo de Peixe (actuais 6.º a 9.º classificados, separados entre si somente por dois pontos – entre os 16 e os 18) possam vir a ter na segunda metade do campeonato.
Destaques – Numa jornada (13.ª) que tivera já um jogo antecipado, disputado no final de Novembro, entre União 1919 e Mortágua (empate a um golo), tendo sido adiados – devido ao facto de o avião não poder ter aterrado na ilha Terceira – os dois jogos que os conjuntos locais deveriam ter disputado (o embate entre os dois primeiros classificados, Lusitânia-Alverca “B; e o Fontinhas-Sertanense), realizaram-se, no passado Domingo, apenas quatro partidas.
Dos onze golos apontados nesses quatro encontros, mais de metade (seis) registaram-se justamente no Rabo de Peixe-U. Tomar, cujo desfecho se saldou por triunfo dos açorianos por 4-2. Terá sido uma oportunidade perdida pelos unionistas, perante um adversário que não vencia há oito rondas, e denotando algumas fragilidades defensivas (segunda equipa mais batida até agora).
O desafio iniciou-se em toada repartida, pese embora alguma maior iniciativa dos locais, que viriam a inaugurar o marcador na conversão de uma grande penalidade, já próximo da meia hora de jogo. Na segunda metade, os tomarenses tiveram boa entrada em campo, procurando equilibrar a contenda, mas viriam a ser penalizados com o segundo tento sofrido, precisamente com uma hora decorrida. A equipa “acusou o toque”, em termos anímicos, e os visitados aproveitariam, com o “placard” a dilatar-se, aos 78 e 84 minutos (com um segundo “penalty”), até aos 4-0.
Fica a nota, de alguma esperança, da dignidade e orgulho com que o grupo unionista reagiu, reduzindo a desvantagem, com dois tentos apontados já nos derradeiros cinco minutos. O “veterano” Nuno Rodrigues, a comemorar as três centenas de jogos com a camisola do União, constituindo-se num importante símbolo da sua mística, marcou o seu 44.º golo pelo clube.
O U. Santarém e o Marinhense, actuando ambos em terreno alheio, não vacilaram, somando os três pontos, respectivamente nas deslocações a Cernache do Bonjardim e a Gouveia. Os escalabitanos impuseram-se por 2-0, inaugurando o marcador à passagem dos vinte minutos, obtendo o tento da confirmação… a vinte minutos do fim. Por seu, lado à turma da Marinha Grande, de visita à Serra da Estrela, bastou um solitário golo, também cerca dos vinte minutos.
Confirmação – O agora vice-líder, B. C. Branco, confirmou o favoritismo de que era creditado, batendo o Peniche (derrotado pela segunda semana) por 2-0, com o primeiro tento apontado cerca dos 35 minutos, mas vindo o golo da tranquilidade a surgir apenas aos… 97 minutos.
I Divisão Distrital – O Ferreira do Zêzere, mesmo sem dar mostras de grandes alardes, continuando a ganhar por diferenças escassas, vai, não obstante, fazendo o seu caminho, tendo somado sexta vitória consecutiva, ganhando por 2-1 ao Moçarriense (com o segundo golo dos ferreirenses, e, de seguida, o ponto de honra dos visitantes, apontados, ambos, já em período de compensação) reforçando assim a sua posição de liderança isolada.
Beneficiou do deslize (se tal se poderá caracterizar desta forma) do Fátima, que não conseguiu quebrar o nulo da deslocação ao sempre difícil reduto do Samora Correia (actual 5.º classificado).
Os fatimenses – agora a três pontos do comandante – foram, aliás, ultrapassados na pauta classificativa, pelo Abrantes e Benfica (passando a contar um ponto mais), que recebeu e venceu o Torres Novas por 2-0, mantendo a solidez do seu sector defensivo, com notável registo de apenas cinco golos sofridos, à entrada para a derradeira ronda da primeira volta da competição.
Num embate sempre aliciante, o Fazendense foi “surpreendido”, no seu terreno, pelo Coruchense: depois de ter chegado a dispor de vantagem de dois golos, a meia hora do final, consentiria a reviravolta, com a formação do Sorraia a chegar ao triunfo, por 3-2, já no minuto 94. Os homens das Fazendas, ocupando o 4.º posto, distam agora sete pontos do guia; enquanto a turma de Coruche igualou o Samora Correia, porém, ambos já com um atraso de onze pontos face ao topo.
O Mação, que, se antecipa, terá uma época em competição principalmente “consigo próprio”, na metade superior da tabela, mas, porventura, já demasiado afastado do quarteto da frente, ganhou por 4-2 ao Salvaterrense. É o ataque mais concretizador (33 golos), o mesmo total que sofreu!
Na acesa luta pela manutenção – sendo que serão dois, ou três (dependendo da sorte do U. Tomar no Nacional), os clubes a despromover ao escalão secundário – Amiense (1-0 na recepção ao Alcanenense), Cartaxo (um empolgante 4-3 nos Foros de Salvaterra) e At. Ouriense (2-1) em Boleiros obtiveram importantes vitórias. À parte o Vasco da Gama, com um único ponto averbado, e o destino quase traçado, temos, a partir daí: Forense (penúltimo), com nove pontos; At. Ouriense, com onze; Amiense, com doze; Moçarriense, com 14; e agora, Salvaterrense e Cartaxo (10.º e 11.º), igualados, já com 17 pontos.
II Divisão Distrital – O “derby” entre Marinhais e Glória do Ribatejo terminou sem golos, mantendo-se as duas equipas dos dois lugares cimeiros, separadas por um ponto, a favor da Glória. O Águias de Alpiarça, ganhando por 2-1, nos Riachos, beneficiou do empate (1-1) do Entroncamento AC em Minde, para ascender ao comando da sua série. Na outra série, o Tramagal mantém um fantástico pleno triunfal, já com onze vitórias nesta temporada (sete para o campeonato e quatro para a Taça do Ribatejo), dispondo de sete pontos de avanço sobre o Ortiga.
Antevisão – Os campeonatos apenas serão retomados já no Novo Ano de 2024 (a 7 de Janeiro), com destaque para: B. C. Branco-Marinhense e Lusitânia-U. Tomar (Campeonato de Portugal); e Fátima-Abrantes e Benfica e Coruchense-Ferreira do Zêzere (I Divisão Distrital). Este sábado disputa-se a pré-eliminatória da Taça do Ribatejo, em que sobressaem as partidas: At. Ouriense-Fátima, Salvaterrense-Mação, Coruchense-Cartaxo e Entroncamento AC-Torres Novas.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 21 de Dezembro de 2023)



