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O Pulsar do Campeonato – Campeonato de Portugal – Apresentação dos clubes da Série C

(“O Templário”, 17.08.2023)
22 anos depois o União de Tomar está de regresso aos campeonatos nacionais, fazendo a sua estreia absoluta no “Campeonato de Portugal”, presentemente o 4.º escalão do futebol português.
Após seis participações no campeonato nacional da I Divisão (entre 1968 e 1976), 13 presenças na II Divisão Nacional (a última delas em 1983-84) – a que acrescem outras três épocas na então denominada “II Divisão B” (1990-91 a 1992-93) – e 19 temporadas na III Divisão (de que se despedira em 2001-02), esta será a 42.ª vez que o União disputa um campeonato nacional.
A prova que este fim-de-semana se inicia tem tido, nos últimos anos, formatos de disputa bastante diversos, a nível do número de séries e de clubes. Com efeito, tendo o antigo campeonato da III Divisão tido a sua derradeira temporada em 2012-13, viria a ser introduzido, na época seguinte, de 2013-14, o designado “Campeonato Nacional de Seniores”, o qual, todavia, teve efémera duração, apenas tendo sido realizadas duas edições. A partir de 2015-16 a prova passou a ter a actual denominação, de Campeonato de Portugal, pelo que esta será a sua nona edição.
A competição será disputada, nesta temporada, por um total de 56 clubes, repartidos, com base em critérios geográficos, em quatro séries de 14 equipas cada, estando o U. Tomar integrado na Série C, a par de representantes de sete Associações Distritais, para além da Região dos Açores:
- Açores (3) – Fontinhas (Praia da Vitória – ilha Terceira); Rabo de Peixe (Ribeira Grande – ilha de S. Miguel); e Lusitânia (Angra do Heroísmo – ilha Terceira)
- Castelo Branco (3) – Benfica e Castelo Branco; Sertanense; e V. Sernache
- Leiria (2) – Marinhense; e Peniche
- Coimbra (1) – União 1919
- Guarda (1) – Gouveia
- Lisboa (1) – Alverca “B”
- Santarém (1) – Santarém
- Viseu (1) – Mortágua.
Apresenta-se, de seguida, resumo da evolução do desempenho dos 14 clubes esta época concorrentes da Série C, ao longo das últimas dez temporadas:

(clicar na imagem para ampliar)
Começa por assinalar-se que só dois dos clubes atingiram – no decurso do período de uma década considerado – presença em escalão superior, no caso a “Liga 3”: o Fontinhas (recém-despromovido na época finda) e o U. Santarém (que disputara tal prova há duas temporadas).
Em relação aos 14 clubes desta série poderá traçar-se uma primeira grande linha delimitadora: metade deles (U. Tomar, Gouveia, Lusitânia, Peniche, União 1919, V. Sernache e Alverca “B”) acabaram de ser promovidos dos campeonatos distritais, tendo experiência limitada neste escalão – sendo que U. Tomar e a “repescada” equipa “B” do Alverca serão os únicos estreantes.
Não obstante, assinalam-se alguns casos de clubes já com várias despromoções, com destaque para o Gouveia e Peniche, que, até agora, nunca conseguiram manter-se nesta divisão, com três descidas em outras tantas participações no Campeonato de Portugal (registando o V. Sernache duas despromoções nas suas quatro últimas presenças).
Por seu lado, anota-se ainda que alguns outros clubes (por curiosidade, o U. Santarém e o Fontinhas, para além, igualmente, do V. Sernache) haviam beneficiado da isenção de despromoções, devido à suspensão dos campeonatos, pela pandemia, na época de 2019-20.
Os outros sete clubes – dos quais apenas seis transitam do campeonato da época passada (U. Santarém, Marinhense, Rabo de Peixe, B. C. Branco, Mortágua e Sertanense) – registam, claramente, bastante maior experiência a este nível, sendo que, cinco deles, vão, pelo menos, para a 5.ª época consecutiva em campeonatos nacionais (4.ª temporada, no caso do Rabo de Peixe).
De facto, apenas o Mortágua apresentara alguma menor consistência, com duas descidas nas suas três participações mais recentes. Dos recém-promovidos, e à parte o caso do V. Sernache (já com seis presenças nesta divisão), só o Lusitânia conseguira manter-se na estreia (em 2016-17).
As equipas do Benfica e Castelo Branco e do Sertanense são as únicas duas “totalistas”, com presenças neste campeonato em todas as dez últimas temporadas, sendo que os albicastrenses, evidenciando grande regularidade, praticamente sempre têm ocupado lugares do topo da tabela.
Anota-se, por fim, a curiosidade de alguns dos clubes terem chegado a militar – não há muitos anos, portanto – em divisões secundárias dos respectivos campeonatos distritais, como foram os casos de Fontinhas, U. Santarém, Marinhense, União 1919 e Alverca “B”.
Isto dito, parecem perfilar-se como candidatos a disputar a fase final, de subida, Fontinhas, U. Santarém, Marinhense e B. C. Branco, pelo que se antecipa que será bem renhida a disputa para procurar escapar aos cinco últimos lugares da tabela, que ditarão a despromoção aos Distritais.
Com base no histórico recente, estima-se que, para tal, possam vir a ser necessários, no máximo, 35 ou 36 pontos, que poderão ser atingidos, respectivamente, mediante cenários do tipo: (i) 9 vitórias, 8 empates e 9 derrotas; e (ii) 10 vitórias, 6 empates e 10 derrotas – do que parece decorrer, como “barómetro”, a importância de, pelo menos, nivelar o número total de vitórias e de derrotas.
Na ronda inaugural, tendo o União de Tomar visto o seu jogo frente ao Lusitânia adiado para 15 de Outubro (dado a turma açoriana ter alegado impossibilidade de deslocação, por falta de voo!), destacam-se os embates que se afiguram de maior interesse: o “clássico” regional dos Açores, entre Fontinhas e Rabo de Peixe; e o Marinhense-B. C. Branco, duas equipas com aspirações.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 17 de Agosto de 2023)



