Eleições Assembleia da República – 2005 (II)
25 Setembro, 2009 at 8:40 am Deixe um comentário
Apesar da “campanha (pouco) alegre” a que então se assistiu – centrada em rumores sobre a vida privada de José Sócrates, que a classificaria mesmo de «campanha indigna» -, naturalmente pouco clarificadora; não obstante o desencanto generalizado perante a “política” e os políticos, os portugueses mobilizaram-se, votaram e decidiram conferir uma maioria absoluta ao Partido Socialista.
A maior vitória de sempre do partido (com 45 % dos votos e um total de 121 deputados), alcançando finalmente (após 30 anos de democracia!) a maioria absoluta, coincidindo igualmente com a maior votação dos partidos de esquerda (cerca de 60 %) e, paralelamente, a mais severa derrota eleitoral dos partidos de direita e centro-direita (com um total de apenas cerca de 37 % dos votos), capitalizando os anseios dos portugueses de esperança e de abandono do pessimismo, tirando partido das palavras de ordem da campanha de José Sócrates: “Mudança / Confiança / Estabilidade”.
No rescaldo da própria noite eleitoral, Paulo Portas anunciava a sua demissão de líder do CDS-PP, não só por ter ficado aquém do seu objectivo declarado (uma percentagem expressa por via de “dois dígitos”, ou seja, um mínimo de 10 % – atingiria apenas 7,2 %, perdendo dois eleitos, ficando reduzido a 12 deputados), mas também como “protesto” pela “ameaça” traduzida pelo significativo crescimento do Bloco de Esquerda (ultrapassando os 6 % e ampliando a sua representação parlamentar, de 2 para 8 deputados).
Também Santana Lopes viria a ser – pouco tempo depois (a 10 de Abril de 2005) – substituído na liderança do PSD, assumida por Luís Marques Mendes, vencedor das eleições internas, face a Luís Filipe Menezes.
A CDU, com 7,5 %, elegendo 14 representantes parlamentares, subia ligeiramente, face aos 6,9 % alcançados em 2002, ocasião em que elegera apenas 12 deputados; trocando de posições com o CDS-PP, não deixaria de “reclamar vitória”.
No imediato, as intervenções de responsáveis da CDU, do Bloco de Esquerda e de comentadores como Marcelo Rebelo de Sousa ou António Barreto, não deixavam grandes margens para dúvidas… o “estado de graça” do novo Governo seria muito limitado…
PS – 2.588.312 (45,03%) – 121 deputados
PPD/PSD – 1.653.425 (28,77%) – 75 deputados
PCP-PEV-CDU – 433.369 (7,54%) – 14 deputados
CDS-PP – 416.415 (7,24%) – 12 deputados
B.E. – 364.971 (6,35%) – 8 deputados
PCTP/MRPP – 48.186 (0,84%)
PND – 40.358 (0,70%)
PH – 17.056 (0,30%)
PNR – 9.374 (0,16%)
POUS – 5.535 (0,10%)
PDA – 1.618 (0,03%)
Inscritos – 8.944.508
Votantes – 5.747.834 – 64,26%
Abstenções – 3.196.674 – 35,74%
Fonte: CNE
(também publicado no blogue “Eleições 2009“, do Público)
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