A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO – 50 ANOS EM PORTUGAL (I)
22 Janeiro, 2007 at 8:35 am 2 comentários
A 7 de Março de 1957, pelas 21h30, a RTP iniciava – a partir dos Estúdios do Lumiar, em Lisboa – as emissões regulares de televisão em Portugal.
A propósito da comemoração do 50º aniversário, por aqui pretendo recordar alguns dos programas que marcaram uma época, assim como algumas das principais figuras que a televisão daria a conhecer.
Em termos formais, a constituição da RTP – Radiotelevisão Portuguesa, SARL ocorreu em 15 de Dezembro de 1955 – na sequência de projecto desenvolvido em 1954/55 pelo Gabinete de Estudos da antiga Emissora Nacional –, sendo o seu capital social (60 000 contos) detido pelo Estado, por emissoras de radiodifusão privadas e por particulares.
Tendo a concessão do serviço público de televisão sido atribuída à RTP em 16 de Janeiro de 1956, a primeira emissão televisiva (experimental) em Portugal ocorreria a 4 de Setembro de 1956, em estúdio instalado no recinto da Feira Popular, com cerca de vinte monitores espalhados no Parque de Palhavã, e outros aparelhos expostos em lojas de electrodomésticos (cujo custo rondava entre 6 a 8 contos – cerca de 8 meses do salário médio dos portugueses).
De 17 a 23 de Fevereiro de 1957, a visita oficial da Rainha Isabel II de Inglaterra a Portugal seria pretexto para reportagens televisivas, prenunciando o arranque das emissões regulares, no mês seguinte.
As primeiras estrelas televisivas seriam os locutores Maria Helena Varela Santos, Gina Esteves, Henrique Mendes, Jorge Alves, Fernando Pessa, Gomes Ferreira e José Fialho Gouveia, a par de João Villaret (declamando teatro), Maria de Lurdes Modesto (com o seu programa de culinária), Artur Agostinho (com os primeiros concursos), José Alves dos Santos (“o comentador [desportivo] que o país inteiro consagrou”), Vasco Santana (com a “anedota da semana”), Rui de Carvalho (estreando o “tele-teatro” na televisão, com o “Monólogo do Vaqueiro”, de Gil Vicente, em directo, a 11 de Março de 1957).
No primeiro mês, registam-se vendas de cerca de 1 000 receptores; cerca de um ano depois, em 1958, contavam-se já cerca de 30 000 televisões em Portugal!
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1.
miguel | 22 Janeiro, 2007 às 11:58 am
há muito não comentava, Leonel, mas não passa de hoje dizer que o seu trabalho na blogosfera é inestimável. gosto muito deste novo ‘memória’ e sou fã do carreira das índias.
a única reclamação é mesmo que sentimos a sua falta lá no outro lado, o dos journalinhos mais escondidos.
abraço
2.
Leonel Vicente | 22 Janeiro, 2007 às 12:08 pm
Caro Miguel,
Obrigado pelo comentário. É sempre um prazer ver os amigos passar por aqui!
Tal como é também um prazer passar pelos ‘journalinhos mais escondidos’… o tempo é que não estica e não dá para tudo (mesmo o Memória Virtual tem andado em ‘serviços mínimos’…).
A propósito, é uma pena que continuem tão ‘escondidos’. Numa altura em que a blogosfera ‘mainstream’ anda particularmente ‘amarga’, com debates tantas vezes estéreis, teríamos todos a ganhar se essa parte da blogosfera fosse mais ‘visível’.
Pela minha parte, já tentei fazer alguma coisa por isso (nem sempre bem entendido, mas isso são ‘ossos do ofício’…), mas tenciono voltar a alertar para a sua existência… quando tiver mais algum tempo disponível.
Um abraço!